quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A REVOLUÇAO DA MULHER


Prof. Miguel Reale
Quando se fala tanto na revolução global causada pelos processos eletrônicos de comunicação, até o ponto de qualificar-se a nossa era como sendo a da Informática ou da Cibernética, parece-me que assiste razão aos que põem antes a tônica na revolução da mulher, referindo-se ao papel que o chamado belo sexo passou a representar no mundo, subvertendo-lhe as coordenadas fundamentais.
Trata-se de um movimento silencioso e gradual, sem ímpetos e arroubos repentinos e espetaculares, cujas raízes se confundem com as da própria civilização, assinalando o ponto culminante de suas conquistas no desenvolvimento dos valores culturais. Não há dúvida que as condições de sua eclosão se devem sobretudo ao sexo masculino, com o seu avassalador predomínio no campo das ciências naturais e humanas, por mais que se diga que todo grande homem pressupõe uma grande mulher e seu trabalho comum complementar.
O certo é que, no giro de poucas décadas, a mulher veio competir com o homem em todas as suas atividades, não apenas nas que exigem apuradas inteligência e sensibilidade, como se dá com as letras e as artes, mas também nas que exigem vigor físico e muscular. A última delas é nas construções civis, para assentamento de tijolos e blocos de cimento.
Há poucos anos uma minoria, já agora a mulher predomina sobre o homem no exercício de muitas profissões. Para dar um exemplo, em 1930, em minha classe na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, com mais de 250 colegas, havia apenas duas moças, quando agora elas constituem maioria, não raro na vanguarda dos estudos.
Já agora estamos longe do tempo da “senhora do lar” que não tenha outra ocupação senão essa, constituindo o centro de gravidade da família, enquanto que, hoje em dia, prevalece o seu trabalho externo, confiados os filhos às babás e às creches.
Essa emancipação da mulher ocorreu sem perda de nível cultural, primando ela em muitos setores do conhecimento e das artes, superados antigos preconceitos quanto à sua capacidade criadora ou participante. Estamos perante um fato social novo, de outra natureza, como diversa expressão do “eterno feminino”, o qual, de uma forma ou de outra, representa sempre componente essencial de nosso ser social. Trata-se de um valor positivo, sobretudo no plano religioso, onde, a meu ver, o catolicismo se sobressai por ser de Cristo e também de Maria.
Todavia, como toda luz possui a sua sombra, essa alteração substancial no papel da mulher representou uma queda no que se refere à estrutura familiar, mesmo quando ela não abre mão de sua concomitante missão de mãe ou de esposa. A família, que a Constituição continua considerando a “base da sociedade”, já não é a mesma, visto como o seu centro referencial sofreu uma inflexão violenta, alterado que ficou o polo condicionador por excelência de seu equilíbrio, dependente da perene dedicação materna. Diga-se o que se quiser a respeito, o que se deu foi uma diminuição no amor como vivência e convivência.
Como ninguém pode desfazer alterações criadas pela “revolução da mulher”, que, no dizer de Bobbio, é a “maior revolução de nosso tempo”, cabe-nos transformar esse assunto no maior problema de nosso tempo, reclamando a atenção dos filósofos, sociólogos, políticos, de todos, em suma, em busca de adequada solução, que vai desde a intimidade do lar até a responsabilidade da mídia eletrônica, pois, a babá da criança abandonada a si mesma ou entregue aos cuidados de terceiros, pode ser um deformador programa de televisão.
Pode-se dizer que uma das preocupações maiores deste começo de milênio é a indagação sobre a posição social da “dona de casa”, muitas vezes chefe de família, tão freqüente é o abandono imotivado da prole pelo marido ou pelo companheiro, tranqüilamente esquecido de seus deveres paternos. Nesse sentido, sempre estranhei o alheiamento do Ministério Público, ao qual cabe a primordial missão de zelar pelos interesses difusos e coletivos.
Tem-se falado, ultimamente, em “aposentadoria das donas de casa”, quando não exerçam outra função. Tal assunto não pode ser posto de lado com um piparote, pois a “Previdência Social” tem-se tornado cada vez mais um ramo da “Assistência Social”, como se deu com a sua extensão aos trabalhadores rurais, independentemente de qualquer contribuição anterior. O desequilíbrio crônico da Previdência Social resulta, em grande parte, da carência de serviço social prestado pelo Estado, sobretudo no tocante ao “bem da família”, que tem sido objeto de muita promessa e reduzida ação positiva.
O problema da “exclusão social” não pode ser tratado apenas em termos de ordem financeira, reduzido tão somente ao superamento do desemprego – o mal maior da atual e mundial economia capitalista – e ao desequilíbrio que existe na contrastante riqueza existente entre regiões e classes sociais de um País, de que o Brasil é exemplo apavorante.
Pois bem, a análise da “revolução da mulher” põe em pauta uma série de gravíssimos problemas, tanto para o legislador como para os “vigilantes da lei”, uma vez que não se pode deixar de situar no ápice do poder-dever do Estado a obrigação de preservar, acima de tudo, o valor da pessoa humana, que, em meus escritos, tenho considerado o valor-fonte de todos os valores.
http://www.miguelreale.com.br/

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quando a Noite Vem...


Quando a noite chega e o sono não vem, entrego meu corpo ao doce aconchego da cama e, em espírito, alço vôo ao mundo dos sonhos. Encontro amigos, corrijo distorções do pensamento, envio mensagens de esperança a todos os que estão em sofrímento e, me deleito na maravilha de estar nu mundo onde nada além do eu pode acontecer...
Quando a noite vem e o sono não chega, fecho os olhos e penso em Deus na imensidão das pequeninas coisas, dos gestos delicados e das forças que sustentam o fraco na desgraça....
Quando a noite vem e o sono não chega, caminho pelos caminhos dos céus iluminada pelas estrelas que conspiram para que a escuridão não me entorpeça a alma.
Quando a noite vem e o sono não chega, penso nos peregrinos da arte que fazem viagens pelo interior dos seres e, ao final dão concretude aos sonhos que de suas almas não puderam nascer.
Quando a noite chega e o sono demora, rolo na cama qual ave derrapando pela ribanceira e sinto as dores das morte dos sonhos que não foram sonhados por não insistirem que podiam ser.
Quando a noite chega e o sono demora, contemplo as paredes do mundo na certeza de que mesmo acordada muita gente dorme .
Enfim, depois de tanto tempo em atividade na cama, o corpo cansado resolve, ele mesmo, sair e buscar o sono que estava escondido num programa de TV, num livro ou mesmo sentado tranquilo na varanda...
Tilly Monteiro

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A arte no conceito de Platão e Aristóteles.

Fernando Santoro
“... Dizer que a poesia é imitação, para a teoria apresentada na República, é distanciá-la duplamente da verdade, pois em primeiro lugar está a verdade na idéia em si mesma de algo; se um artesão vislumbra esta idéia e produz um objeto, este é gerado a certa distância da verdade, e se um poeta canta nos seus versos este objeto, então ele está afastado mais ainda da verdade.
O poeta, sendo imitador, é um artífice de segunda categoria, o mais afastado da verdade, próximo aos prestidigitadores e ilusionistas, porque não produz mais do que sombra das coisas. Isto é quase uma afronta ao senso comum dos gregos, que cultuavam seus poetas como os mais sábios dentre os homens, porta-vozes de seu panteão tradicional e do conhecimento das virtudes.
Aristóteles herda de Platão a categoria de “arte mimética”, mas, ao menos no tocante ao que nós chamamos de artes literárias, ele está disposto a resgatar-lhes aquele valor arcaico tradicional de sabedoria e verdade. Já no que diz respeito às outras artes miméticas, as não literárias, Aristóteles, por omissão, as deixa no mesmo patamar em que sempre estiveram: ofício de artesão, atividade socialmente inferior, servil.
Quando muito, o Filósofo faz uma distinção entre os mestres arquitetos e os que simplesmente obram com as mãos. Tal distinção ainda salva do total desprestígio alguém como Fídias, o arquiteto e mestre escultor dos monumentos da Atenas de Péricles. ... Se Aristóteles chegou a enquadrar num mesmo gênero mimético as artes literárias e as artes plásticas, como certamente o fez Platão, não era por dar-lhes o mesmo “valor artístico”. A mímesis aristotélica é um contraponto à mímesis de Platão: ela não define o valor artístico (baixo), mas vem resgatar o valor de verdade.
Se, para Platão, a imitação era o distanciamento da verdade e o lugar da falsidade e da ilusão, para Aristóteles, a imitação é o lugar da semelhança e da verossimilhança, o lugar do reconhecimento e, assim, da representação."
Trechos retirados dos ANAIS DE FILOSOFIA CLÁSSICA, vol. 2 nº 4, 2008
ISSN 1982-5323
Fonte: http://www.pec.ufrj.br/ousia/

terça-feira, 24 de novembro de 2009


"Estado chama-se o mais frio de todos os monstros frios. Mente friamente, e eis aqui a mais mesquinha mentira que sai de sua boca: 'Eu, o Estado, sou o Povo'. Mentira! Os que criaram os povos e suspenderam sobre eles uma fé e um amor, eram criadores: serviram à vida. Os que estendem laços ao maior número e a isso chamam Estado, destruidores: suspendem sobre eles uma espada e cem apetites.” — Nietzsche.
Fonte:
http://blog.cybershark.net/miguel/2009/02/28/aqueles-que-criaram-todos-os-povos/

ARQUITETURA ANTIGA.

Situada no Sul da França, na região do Languedoc, entre Narbonne e Toulouse, encontra-se a a cidade feudal de Carcassone, a maior fortaleza medieval de toda a Europa.
Um conjunto arquitectónico que testemunha 2500 anos de história entre as quais, a Basílica de Saint-Nazaire, o castelo do Conde, que abriga hoje o famoso Museu Lapidário, o Museu de Cera, que mostra os costumes da população local na Idade Média, ou o castelo Calhares, onde se encontra o museu dos instrumentos de tortura da Inquisição.
A bela paisagem proporciona um bonito passeio e uma agradável aula de história e arquitetura medieval.
Fonte: Diário de Notícia online Sessão Boa Vida .
Pesquisa feita na internet em 22/10/09.

ALERTA GERAL


UM ALERTA NA PREVENÇÃO DA SAÚDE - A ÁGUA

CAUSA E EFEITO

Quais as causas que mais fazem os idosos terem confusão mental?
Os três responsáveis mais comuns são diabetes, infecção urinária e desidratação.
Os idosos ficam em casa e, sem sentir sede, deixam de tomar líquidos.
Quando falta gente em casa para lembrá-los, desidratam-se com rapidez.
A desidratação tende a ser grave e afeta todo o organismo.
Pode causar confusão mental abrupta, variação de pressão arterial, aumento dos batimentos cardíacos, angina, coma e até morte.
Não é brincadeira.
Ao nascermos, 90% do nosso corpo é constituído de água.
Na adolescência, isso cai para 70%, na fase adulta, para 60% e, na terceira idade, que começa aos 60 anos, temos pouco mais de 50% de água.
Isso faz parte do processo natural de envelhecimento.
Portanto, de saída, os idosos tem menor reserva hídrica.
Mas há outro complicador: mesmo desidratados, eles não sentem vontade de tomar água pois, os seus mecanismos de equilíbrio interno, não funcionam como antes.
Temos sensores de necessidade de água, em várias partes do organismo.
São eles que verificam a adequação do nível. Quando cai, aciona, automaticamente, um "alarme".
Pouca água significa menor quantidade de sangue, de oxigênio e de sais minerais em nossas artérias e veias.
Porisso, o corpo "pede" água.
A informação é passada ao cérebro e a gente sente sede e sai em busca de líquidos.
Nos idosos, esses mecanismos são menos eficientes.
A detecção de falta de água corporal e a percepção da sede ficam prejudicadas.
Alguns, ainda, devido a certas doenças, como a artrose, evitam movimentar-se até para ir tomar água.
Assim sendo, os idosos desidratam-se, facilmente, não apenas porque possuem reserva hídrica menor mas, também, porque percebem menos a falta de água em seu corpo.
Além disso, para a desidratação ser grave, eles não precisam de grandes perdas, como diarréias, vômitos ou exposição intensa ao sol.
Basta o dia estar quente e o verão, vem por aí ou, também, a umidade do ar baixar muito, como tem sido comum no inverno, perde-se mais água pela respiração e pelo suor.
Se não houver reposição adequada, é desidratação, na certa.
Mesmo que o idoso seja saudável, fica prejudicado o desempenho das reações químicas e funções de todo o organismo.
Porisso, ALERTE-SE.
Torne voluntário o hábito de beber líquidos.
Beba toda vez que houver uma oportunidade.
Por líquido entenda-se água, sucos, chás, água-de-coco, leite.
Sopa, gelatina e frutas ricas em água, como melão, melancia, abacaxi, laranja e tangerina, também funcionam.
O importante é, a cada duas horas, botar algum líquido para dentro.
Ofereça, constantemente, líquidos aos idosos.
Lembrem-lhes de que isso é vital.
Ao mesmo tempo, fique atento.
Ao perceber que estão rejeitando líquidos e, de um dia para o outro, ficam confusos, irritadiços, fora do ar, atenção.
É quase certo que, esses sintomas, sejam decorrentes de desidratação.
Líquido neles e rápido, para um serviço médico.

FONTE: USP
Colaboração Roberto Brasil rob.br@hotmail.com

Imagem: Internet (livre).

FILOSOFIA - ESCOLÁSTICA.

A Escolástica (ou Escolasticismo) é uma linha dentro da filosofia medieval, de acentos notadamente cristãos, surgida da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja, considerada então como a guardiã dos valores espirituais e morais de toda a Cristandade.
A Filosofia que até então possuía traços marcadamente clássicos e helenísticos, sofreu influências da cultura judaica e cristã, a partir do século V, quando pensadores cristãos perceberam a necessidade de aprofundar uma fé que estava amadurecendo, em uma tentativa de harmonizá-la com as exigências do pensamento filosófico. Alguns temas que antes não faziam parte do universo do pensamento grego, tais como: Providência e Revelação Divina e Criação a partir do nada passaram a fazer parte de temáticas filosóficas. A Escolástica possui uma constante de natureza neoplatônica, que conciliava elementos da filosofia de Platão com valores de ordem espiritual, reinterpretadas pelo Ocidente cristão. E mesmo quando Tomás de Aquino introduz elementos da filosofia de Aristóteles no pensamento escolástico, esta constante neoplatônica ainda é presente.
Basicamente, a questão chave que vai atravessar todo o pensamento escolástico é a harmonização de duas esferas: a fé e a razão. O pensamento de Agostinho, mais conservador, defende uma subordinação maior da razão em relação à fé, por crer que esta venha restaurar a condição decaída da razão humana. Enquanto que a linha de Tomás de Aquino defende uma certa autonomia da razão na obtenção de respostas, por força da inovação do aristotelismo, apesar de em nenhum momento negar tal subordinação da razão à fé.
Além de Agostinho e Tomas de Aquino, já citados, tem seus nomes ligados à Escolástica: Anselmo de Cantuária, Alberto Magno, Robert Grosseteste, Roger Bacon, Boaventura de Bagnoreggio, Pedro Abelardo, Bernardo de Claraval, João Escoto Erígena, João Duns Scot, Jean Buridan e Nicole Oresme.
Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

FILOSOFIA - PATRÍSTICA.

Patrística é o nome dado à Filosofia Cristã dos primeiros sete séculos, elaborada pelos Pais da Igreja, os primeiros teóricos —- daí "Patrística" —- e consiste na elaboração doutrinal das verdades de fé do Cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos "pagãos" e contra as heresias.
Foram os padres da Igreja responsáveis por confirmar e defender a fé, a liturgia, a disciplina, criar os costumes e decidir os rumos da Igreja, ao longo dos sete primeiros séculos do Cristianismo. É a Patrística, basicamente, a filosofia responsável pelo elucidação progressiva dos dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de Tradição Católica.
A divisão da Literatura Patrística é geralmente feita, mais didaticamente, da seguinte forma:
• Período Ante-Niceno - corresponde ao período anterior ao Concílio Ecumênico de Nicéia (324 d.C). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o século I e início do IV século.
• Período Niceno - corresponde ao período entre os anos anteriores até alguns imediatamente posteriores ao Concilio Ecumênico de Nicéia (324 d.C). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o início do IV século até o final deste.
• Período Pós-Niceno - corresponde ao período compreendido entre os V e VIII séculos.
Fonte: wikipedia, a enciclopedia livre.

POEMA.

FALO
Charles Fonseca

É com ele que me acho
Sem ele desapareço
Profundezas que mereço
Projeções com ele encaixo

Mas só no imaginário
Não ouso jamais dize-lo
A natureza por zelo
Clama a mim tão perdulário

Em não dizer com o falo
Em não falar tanto o medo
Por dizendo não mais tê-lo
E se o tendo mudo calo.

Fonte: www.charlesfonseca.blogspot.com

Ninguém Sabe Coisa Alguma


Porque nós não sabemos, pois não? Toda a gente sabe. O que faz as coisas acontecerem da maneira que acontecem? O que está subjacente á anarquia da sequência dos acontecimentos, às incertezas, às contrariedades, à desunião, às irregularidades chocantes que definem os assuntos humanos? Ninguém sabe, professora Roux. «Toda a gente sabe» é a invocação do lugar-comum e o inimigo da banalização da experiência, e o que se torna tão insuportável é a solenidade e a noção da autoridade que as pessoas sentem quando exprimem o lugar-comum. O que nós sabemos é que, de um modo que não tem nada de lugar-comum, ninguém sabe coisa nenhuma. Não podemos saber nada. Mesmo as coisas que sabemos, não as sabemos. Intenção? Motivo? Consequência? Significado? É espantosa a quantidade de coisas que não sabemos. E mais espantoso ainda é o que passa por saber.

Philip Roth, in "A Mancha Humana"

http://www.citador.pt/cliv.php?op=7&author=20340&firstrec=0

FILOSOFIA

Em Platão encontramos a construção do conhecimento constituído pela união de intelecto e emoção, de razão e vontade: a episteme é o fruto de inteligência e amor. O essencial continua sendo: a Verdade, o Bem e a Beleza, três manifestações diferentes da mesma e única realidade suprema. Enfim compreendemos o ensinamento de Diotima, do próprio Platão, Eros é metaxu: intermediário entre contrários (pobreza/abundância, ignorância/saber); Eros é, também e sobretudo, intermediário entre o humano e o divino, entre o sensível e o inteligível, entre o mortal e o imortal.

Eros é o próprio desejo da imortalidade.
Esta é a única imortalidade possível para o homem, tanto pelo corpo, quanto pela alma. No primeiro caso, a imortalidade, se produz pelo nascimento dos filhos, pela sucessão e substituição de um ser idoso por um outro ser juvenil. Entretanto por cima desta produção e desta imortalidade corporal, há as do segundo caso, segundo o espírito. Estas são próprias do homem que ama a beleza da alma, e que trabalha para produzir numa alma bela, que o tem seduzido, os rasgos da virtude e do dever. Desta maneira, o homem perpetua a sabedoria que na sua alma se alojava e assegura um tipo de imortalidade superior à primeira. Este é o homem verdadeiramente virtuoso, o filósofo, o verdadeiramente imortal
.

Fonte:http://www.geocities.com/profestebanpolanco/eros.htm

REFLEXÃO FILOSÓFICA.

Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo.
A reflexão filosófica, por sua vez, indaga: por quê?, o quê?, para quê?, dirigindo-se ao pensamento, aos seres humanos no ato da reflexão. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir.

LITERATURA.

A única crítica é a gargalhada!
Nós bem o sabemos: a gargalhada nem é um raciocínio, nem um sentimento; não cria nada, destrói tudo, não responde por coisa alguma. E no entanto é o único comentário do mundo político em Portugal. Um Governo decreta? gargalhada. Reprime? gargalhada. Cai? gargalhada. E sempre esta política, liberal ou opressiva, terá em redor dela, sobre ela, envolvendo-a como a palpitação de asas de uma ave monstruosa, sempre, perpetuamente, vibrante, e cruel – a gargalhada! Política querida, sê o que quiseres, toma todas as atitudes, pensa, ensina, discute, oprime – nós riremos. A tua atmosfera é de chalaça.

Eça de Queirós, in 'Uma Campanha Alegre'
Fonte:

ESCULTURA GREGA


Guerreiro do sec. VIII A.C. Museu de Munique.

PSICANÁLISE


“A primeira dessas assertivas impopulares feita pela psicanálise declara que os processos mentais são, em si mesmos, inconscientes e que de toda a vida mental apenas determinados atos e partes isoladas são conscientes. Os senhores sabem que, pelo contrário, temos o hábito de identificar o que é psíquico do que é consciente. Consideramos a consciência, sem mais nem menos, como a característica que define o psíquico, e a psicologia como o estudo dos conteúdos da consciência. Na verdade, parece-nos tão natural os igualar dessa forma, que qualquer contestação à idéia nos atinge como evento absurdo. A psicanálise, porém, não pode evitar o surgimento dessa contradição; não pode aceitar a identidade do consciente com o mental. Ela define o que é mental, enquanto processos como o sentir, o pensar, o querer, e é obrigada a sustentar que existe o pensar inconsciente e o desejar não apreendido.” Freud.
Fonte:
http://www.charlesfonseca.blogspot.com

FILOSOFIA - RENÉ DESCARTES.

Ocupação Feliz

Resolvi examinar as diversas ocupações que as pessoas têm na vida, procurando escolher a melhor entre elas; e, sem desejar dizer algo a respeito delas, concluí que não poderia fazer nada melhor do que continuar naquela que encontrei para mim, ou seja, ocupando toda a minha vida no cultivo da razão e na busca do conhecimento da verdade, seguindo o Método que prescrevi a mim mesmo. Eu senti um contentamento tão profundo desde que comecei a usar esse Método, que não acreditava que alguém pudesse obter algo mais doce ou mais inocente nesta vida; e, ao continuar a descobrir, a cada dia, por meio dele, verdades que me pareciam dotadas de certa importância e das quais os outros não estavam em geral cientes, a satisfação que senti preencheu a minha mente de maneira tão plena que nada mais de modo nenhum me afectava.
René Descartes, in 'Discurso do Método'
Fonte:
http://www.citador.pt/pensar.php

PINTURA.

A SAGRADA FAMILIA -MESTRE DE FRANKFURT.

POEMA.

O Ideal

Nunca poderá ser pálida bonequinha,
Produto sem frescor qual manequim de molas,
Pés para borzeguins, dedos p'ra castanholas,
Que há-de satisfazer almas como esta minha.

Eu deixo a Gavarni, poeta de enfermaria,
Seu rebanho gentil de belezas cloróticas,
Porque nunca encontrei n'essas plantas exóticas
A rubra flor que anela a minha fantasia.

Meu torvo coração, na angústia que o oprime,
Sonha Lady Macbeth, alma fadada ao crime,
Pesadelo infernal que um Ésquilo criou;

E contigo também, ó Noite grandiosa,
Filha de Miguel-Anjo, esfinge misteriosa,
Sereia colossal que algum Titã gerou!

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

Fonte:


http://www.citador.pt/pensar.php

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A PRIMEIRA GERAÇÃO DIVINA. CONTINUAÇÃO.

Titãs
Em grego (Titán), é aproximado, em etimologia popular, de (títaks), rei, e (titéne), rainha, termos possivelmente de procedência oriental: nesse caso, Titã significaria "soberano, rei". Carnoy prefere admitir que os Titãs tenham sido primitivamente deuses solares e seu nome se explicaria pelo "pelágico" tita, brilho, luz. A primeira hipótese parece mais clara e adequada às funções dos violentos Titãs no mito grego. Os Titãs simbolizam, "as forças brutas da terra e, por conseguinte, os desejos terrestres em atitude de revolta contra o espírito", isto é, contra Zeus. Juntamente com os Ciclopes, os Gigantes e os Hecatonquiros representam eles as manifestações elementares, as forças selvagens e insubmissão da natureza nascente, prefigurando a primeira etapa da gestação evolutiva. Ambiciosos, revoltados e indomáveis, adversários tenazes do espírito consciente, patenteado em Zeus, não simbolizam apenas as forças brutas da natureza, mas, lutando contra o espírito, exprimem a oposição à espiritualização harmonizante. Sua meta é a dominação, o despotismo.
Oceano
Em grego (Okeanós), sem etimologia ainda bem definida. É possível que se trate de palavra oriental com o sentido de "circular, envolver". Parece que Oceano era concebido, a princípio, como um rio-serpente, que cercava e envolvia a terra. Pelo menos esta é a idéia que do mesmo faziam os sumérios, segundo os quais a Terra estava sentada sobre o Oceano, o rio-serpente. No mito grego, Oceano é a personificação da água que rodeia o mundo: é representado como um rio, o Rio-Oceano, que corre em torno da esfera achatada da terra, como diz Ésquilo em Prometeu Acorrentado: Oceano, cujo curso, sem jamais dormir, gira ao redor da Terra imensa.
Quando, mais tarde, os conhecimentos geográficos se tornaram mais precisos, Oceano passou a designar o Oceano Atlântico, o limite ocidental do mundo antigo. Representa o poder masculino, assim como Tétis, sua irmã e esposa, simboliza o poder e a fecundidade feminina do mar. Como deus, Oceano é o pai de todos os rios, que, segundo a Teogonia, são mais de três mil, bem como das quarenta e uma Oceânidas, que personificam os riachos, as fontes e as nascentes. Unidas a deuses e, por vezes, a simples mortais, são responsáveis por numerosa descendência.
O em razão mesmo de sua vastidão, aparentemente sem limites, é a imagem Oceano, da indistinção e da indeterminação primordial.
De outro lado, o simbolismo do Oceano se une ao da água, considerada como origem da vida. Na mitologia egípcia, o nascimento da Terra e da vida era concebido como uma emergência do Oceano, à imagem e semelhança dos montículos lodosos que cobrem o Nilo, quando de sua baixa. Assim, a criação, inclusive a dos deuses, emergiu das águas primordiais. O deus primevo era chamado a Terra que emerge. Afinal, as águas, "simbolizam a soma de todas as virtualidades: são a fonte, a origem e o reservatório de todas as possibilidades de existência. Precedem a todas as formas e suportam toda a criação".
Oceano e suas filhas, as Oceânidas, surgem na literatura grega como personagens da gigantesca tragédia de Ésquilo, Prometeu Acorrentado. Oceano, apesar de personagem secundária na peça, um mero tritagonista, é finalmente marcado por Ésquilo: tímido, medroso e conciliador, está sempre disposto a ceder diante do poderio e da arrogância de Zeus. Com o caráter fraco de seu pai contrastam as Oceânidas, que formam o coro da peça: preferem ser sepultadas com Prometeu a sujeitar-se à prepotência do pai dos deuses e dos homens.
Mesmo quando os Titãs, após a mutilação de Úrano, se apossaram do mundo, Oceano resolveu não participar das lutas que se seguiram, permanecendo sempre à parte como observador atento dos fatos...
Dada a pouca ou nenhuma importância dos Titãs Ceos, Crio e Hiperíon no mito grego, a não ser por seus casamentos, filhos e descendentes, vamos diretamente a Crono.
Ciclope
Em grego (Kýklops), "olho redondo", pois os Ciclopes eram concebidos como seres monstruosos com um olho só no meio da fronte. Demônios das tempestades, os três mais antigos são chamados, por isso mesmo, Brontes, o trovão, Estéropes, o relâmpago, e Arges, o raio.
Os mitógrafos distinguem três espécies de Ciclopes: os Urânios (filhos de Úrano e Géia), os Sicilianos, companheiros de Polifemo, como aparece na Odisséia de Homero e os Construtores. Os primeiros, Brontes, Estéropes e Arges são os urânios. Encadeados pelo pai, foram, a pedido de Géia, libertados por Crono, mas por pouco tempo. Temendo-os, este os lançou novamente no Tártaro, até que, advertido por um oráculo de Géia de que não poderia vencer os Titãs sem o concurso dos Ciclopes, Zeus os libertou definitivamente. Estes, agradecidos, deram-lhe o trovão, o relâmpago e o raio. A Plutão ou Hades ofereceram um capacete que podia torná-lo invisível e a Posídon, o tridente. Foi assim, que os Olímpicos conseguiram derrotar os Titãs.
A partir de então tornaram-se eles os artífices dos raios de Zeus.
Como o médico Asclépio, filho de Apolo, fizesse tais progressos em sua arte, que chegou mesmo a ressuscitar vários mortos, Zeus, temendo que a ordem do mundo fosse transtornada, fulminou-o. Apolo, não podendo vingar-se de Zeus, matou os Ciclopes, fabricantes do raio, que eliminaria o deus da medicina.
O segundo de Ciclopes, impropriamente denominados sicilianos, tendem a confundir-se com aqueles de que fala Homero na Odisséia. Estes eram selvagens, gigantescos, dotados de uma força descomunal e antropófagos. Viviam perto de Nápoles, nos chamados campos de Flegra. Moravam em cavernas e os únicos bens que possuíam eram seus rebanhos de carneiros. Dentre esses Ciclopes destaca-se Polifemo, imortalizado pelo cantor de Ulisses e depois, na época clássica, pelo drama satírico de Eurípedes, o Ciclope, o único que chegou completo até nós.
Na época alexandrina, os Ciclopes "homéricos" transformaram-se em demônios subalternos, ferreiros e artífices de todas as armas dos deuses, mas sempre sob a direção de Efesto, o deus por excelência das forjas. Habitavam a Sicília, onde possuíam uma oficina subterrânea. De antropófagos se transmutaram na erudita poesia alexandrina em frágeis seres humanos, mordidos por Eros.
A terceira leva de Ciclopes proviria da Lícia. A eles era atribuída a construção de grandes monumentos da época pré-histórica, formados de gigantescos blocos de pedra, cujo transporte desafiava as forças humanas. Ciclopes pacíficos, esses Gigantes se colocaram a serviço de heróis lendários, como Preto, na fortificação de Tirinto, e Perseu, na construção da fortaleza de Micenas.
Fonte:
http://www.mundodosfilosofos.com.br/pensmoderno.htm

A PRIMEIRA GERAÇÃO DIVINA.


À primeira fase do Cosmo segue-se o que se poderia chamar estágio intermediário, em que Urano (Céu) se une a Géia (Terra), de que procede numerosa descendência: Titãs, Titânidas, Ciclopes, Hecatonquiros, além dos que nasceram do sangue de Úrano e de todos os filhos destes e daqueles.
A união de Urano e Géia é o que se denomina hierogamia, um casamento sagrado, cujo objetivo precípuo é a fertilidade da mulher, dos animais e da terra. É que, o casamento sagrado, "atualiza a comunhão entre os deuses e os homens; comunhão, por certo passageira, mas com significativas conseqüências. Pois a energia divina convergia diretamente sobre a cidade - em outras palavras, sobre a "Terra" - santificava-a e lhe garantia a prosperidade e a felicidade para o ano que começava". Essas hierogamias se encontram em quase todas as tradições religiosas. Simbolizam não apenas as possibilidades de união com os deuses, mas também uniões de princípios divinos que provocam certas hipóstases. Uma das mais célebres dessas uniões é a de Zeus (o poder, a autoridade) e Têmis (a justiça, a ordem eterna) que deu nascimento a Eunomia (a disciplina), Irene (a paz) e Dique (a justiça).
Curioso que o casamento, instituição que preside à transmissão da vida, aparece é muitas aureolado de um culto que exalta e exige a virgindade, simbolizando, vezes assim, a divina da vida, de que as uniões do homem e da mulher são apenas origem projeções, receptáculos, instrumentos e canais transitórios. No Egito havia as esposas de Amondeus da fecundidade. Eram normalmente princesas, consagradas ao deus e , que dedicavam sua virgindade a essa teogamia. Em Roma, as Vestais, sacerdotisas de Vesta, deusa da lareira doméstica, depois deusa da Terra, a Deusa Mãe, se caracterizavam por uma extrema exigência de pureza.
Retornando à primeira geração divina, temos, inicialmente, o seguinte quadro:
Urano e Géia
Titãs: Oceano, Ceos, Crio, Hiperíon, Jápeto, Crono
Titânidas: Téia, Réia, Têmis, Mnemósina, Febe, Tétis
Ciclopes: Arges, Estérope, Brontes
Hecatonquiros: Coto, Briaréu, Gias
Fonte:
http://www.mundodosfilosofos.com.br/pensmoderno.htm

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Metafísica Plotiniana.

Como os graus de conhecimento são quatro - sensibilidade, razão, intelecto, êxtase - assim quatro são os graus do ser : matéria, alma, noûs , Uno. O Uno , Deus - segundo Plotino - é a raiz de todo ser e de todo conhecer, tudo depende dele. No entanto, transcende toda essência e todo o conhecimento, de sorte que é inteiramente indeterminado e inefável, e em torno dele pode-se dizer apenas o que não é - teologia negativa. O universo deriva de Deus, não por criação consciente e livre, mas por emanação inconsciente e necessária, que procede de Deus degradando-se até à matéria. Deus certamente transcende o mundo, mas o mundo é da sua mesma natureza. A primeira emanação é representada pelo noûs , inteligência subsistente, intuitiva e imutável, que se conhece a si mesma e em si as coisas. A segunda emanação do Uno é a alma ; ela procede do pensamento, como este procede do Uno. A alma contempla as idéias - que estão no noûs - e enforma a matéria, segundo o modelo delas. A alma universal, a alma do mundo, por sua vez se multiplica e especifica nas várias almas individuais, que estão em escala decrescente do céu até os homens. Também Plotino sustenta que as almas humanas caíram de uma vida pré-mundana para o cárcere corpóreo; também ensina a metempsicose e a conversão. Com a alma termina o mundo inteligível, divino, e começa o mundo sensível, material. A matéria plotiniana, pois, não é apenas potencialidade, indeterminação, mas também mal, irracionalidade.
Fonte:
http://www.mundodosfilosofos.com.br/neoplatonismo.htm

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

TROIA NA MIDIA.

Arqueólogos acham casal que pode ter morrido na guerra de Troia.

ANCARA (Reuters) -- Arqueólogos encontraram restos de um homem e uma mulher que podem ter morrido por volta de 1200 a.C., na época da lendária guerra de Troia, disse nesta terça-feira o professor alemão Ernst Pernicka, da Universidade de Tubingen, que comanda escavações no sítio arqueológico do noroeste da Turquia.
Pernicka afirmou que os corpos foram achados próximos de uma linha de defesa dentro da cidade, construída no final da era do Bronze.
Isso pode ajudar a comprovar que a parte baixa de Troia no final da era do Bronze era maior do que se imaginava, alterando as percepções dos acadêmicos a respeito da cidade descrita na "Ilíada", de Homero.
"Se os restos forem confirmados como sendo de 1200 a.C., isso iria coincidir com o período da guerra de Troia. Essa gente foi sepultada perto de um fosso. Estamos conduzindo um teste de radiocarbono, mas a descoberta é eletrizante", disse Pernicka à Reuters por telefone.
A antiga Tróia, na entrada do estreito de Dardanelos, relativamente próximo da zona sul de Istambul, foi encontrada na década de 1870 pelo empreendedor e arqueólogo alemão Heinrich Schliemann.
Pernicka disse que cerâmicas encontradas perto dos corpos, que estavam sem as partes inferiores, eram confirmadamente de 1200 a.C., mas que o casal pode ter sido enterrado 400 anos depois em um cemitério naquilo que os arqueólogos chamam de Troia 6 ou Troia 7, diferentes camadas das ruínas de Troia.
Dezenas de milhares de turistas visitam anualmente as ruínas de Troia, onde uma enorme réplica de madeira do famoso cavalo de Troia está exposta ao lado de várias ruínas escavadas.
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2009/09/22/ult729u81852.jhtm

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

FILOSOFIA.

Os Períodos do Pensamento Moderno
O grande movimento especulativo, que é o pensamento moderno, naturalmente não se manifesta na sua significação imanentista senão na plenitude do seu desenvolvimento, através de uma série de períodos, que se podem historicamente (e dialeticamente) indicar assim:
1. - Antes de tudo a Renascença , em que a concepção imanentista, humanista ou naturalista, é potentemente afirmada e vivida. Trata-se, porém, de uma afirmação ainda não plenamente consciente e sistemática, em que o novo é misturado com o velho. Este, muitas vezes, prevalece, ao menos na exterioridade da forma lógica e literária. A Renascença é preparada pelo Humanismo, e tem como seu equivalente religioso a reforma protestante.
2. - A este primeiro período do pensamento moderno, que, substancialmente, abrange os séculos XV e XVI, se seguem o racionalismo e o empirismo, que abrangem os séculos XVII e XVIII. Após a revolução renascentista e protestante, sente-se a necessidade de uma séria indagação crítica, não para demolir aquelas intuições revolucionárias, mas, ao contrário, para dar-lhes uma sistematização lógica. É o que fará especialmente o racionalismo em relação ao conhecimento racional.
3. - E outro tanto fará e empirismo em relação ao conhecimento sensível. Empirismo e racionalismo são tendências especulativas, gnosiológicas, opostas entre si, como a gnosiologia sensista está certamente em oposição à gnosiologia intelectualista. Entretanto, concordam em um comum fenomenismo, pois, em ambos, o sujeito é isolado do ser e fechado no mundo das suas representações. Não se conhecem as coisas e sim o nosso conhecimento das coisas.
4. - Empirismo e racionalismo, após uma lenta, gradual e silenciosa maturação, encontrarão uma saída prática, social, política, moral, religiosa no iluminismo e, portanto, na revolução francesa (Segunda metade do século XVIII); esta representa a concreta realização do pensamento moderno na civilização moderna. Esse movimento começa na Inglaterra, triunfa na França e se espalha, em seguida, na Alemanha e na Itália.

Fonte: http://www.mundodosfilosofos.com.br/pensmoderno.htm

terça-feira, 22 de setembro de 2009

CIÊNCIA

SONDA DA NASA REVELA " CORDILHEIRAS" NOS ANÉIS DE SATURNO

Os cientistas da Nasa estão maravilhados com a extensão das ondulações e nuvens de poeira nos anéis de Saturno durante o equinócio do planeta, registrado no mês passado. Astrônomos costumavam acreditar que os anéis eram perfeitamente planos, mas novas imagens, divulgadas ao público nesta segunda-feira, 21, mostram que a altitude de algumas irregularidades recém-descobertas é comparável á das Montanhas Rochosas do oeste dos EUA.

Descobertos 'morros' nos anéis do planeta Saturno.

"É como pôr óculos 3D e ver a terceira dimensão pela primeira vez", disse, em nota divulgada pela agência espacial, Bob Pappalardo, cientista do projeto Cassini. "É um dos eventos mais importantes que a sonda já nos mostrou".
Em 11 de agosto, a luz do Sol atingiu diretamente a borda dos anéis de Saturno, causando um efeito óptico que fez com que eles praticamente desaparecessem. Isso ocorre duas vezes em cada órbita do planeta, que se completa em cerca de 11 mil dias, ou 30 anos terrestres.

Na Terra, o equinócio de primavera (outono, para o hemisfério norte) ocorre nesta terça-feira, 22 de setembro, quando os raios do Sol brilham diretamente sobre o equador terrestre.

Durante cerca de uma semana, cientistas usaram a Cassini para observar elevações que se projetassem no brilho da iluminação paralela ao plano dos anéis. Os cientistas já sabiam das projeções verticais, mas não eram capazes de medir diretamente a altitude e largura das ondulações sem a ajuda das sombras projetadas pelo equinócio.

"A maior surpresa foi enxergar tantos locais de relevo vertical acima e abaixo de anéis que, de resto, são finos como papel", disse Linda Spilker, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa.
Os blocos de gelo que compõem os anéis principais (chamados A,B, C e D, pela ordem em que foram descobertos) espalham-se por 140.000 quilômetros além do centro de Saturno, mas acreditava-se ocupassem uma faixa de apenas 10 metros de espessura.

Nas novas imagens, partículas parecem acumular-se em formações verticais em todos os anéis. Ondulações corrugadas - que a Cassini já tinha visto estenderem-se por mais de 800 km no anel D - parecem ondular um total de 17.000 km pelos anéis C e B.

A altitude de algumas das protuberâncias descobertas são comparáveis à elevação de cordilheiras na Terra. Uma onda de partículas de gelo, criada pela atração gravitacional da lua Dafne, chega a 4 km de altitude.

domingo, 20 de setembro de 2009

MÚSICA


Chico Buarque Encantando: Trocando em Miúdos.

FOTOGRAFIA


Nas ruínas do Castelo Garcia D'Ávila, minhas princesas fazem arte descontraidamente.

FILOSOFIA. A MORTE DE DEUS.

Ao pronunciar a morte de Deus e o crepúsculo dos ídolos, Nietzsche alveja o Deus fundador das morais e das religiões.
O seu ateísmo releva da consciência trágica e explicita que a vida basta-se a si mesma e não tem qualquer necessidade de ser explicada ou fundada num além dela mesma.
É preciso afirmar a morte de Deus porque essa ideia de Deus sempre negou e desvalorizou os valores da vida, em particular o Deus cristão para quem viver é pecar, ser moral é ser culpado. Contudo, esta morte testemunha a transcendência do homem porque a afirmação da morteprepara a vinda do sobre-homem que só é possível no momento em que o homem enfrenta a morte de Deus e se reconhece responsável dela.
É preciso pois ultrapassar o niilismo porque se nos estabelecermos nessa verificação trágica de que "Deus está morto", ficamos fechados nela e somos incapazes de compreender que essa morte de Deus é um ponto de partida para o impulso criador. Alcançar a compreensão de que não há Deus é também alcançar uma mutação dos valores, é querer que nenhum deles seja intangível: o niilismo deve ser ultrapassado numa afirmação."
(Michel RICHARD - As grandes correntes do pensamento contemporâneo).

POESIA.

A MORTE DOS AMANTES
Charles Baudelaire (1821-1867)


Teremos leitos só rosas ligeiras
Divãs de profundeza tumular,
E estranhas flores sobre prateleiras,
Sob os céus belos a desabrochar.

A arder de suas luzes derradeiras,
Nossos dois corações vão fulgurar,
Tochas a refletir duas fogueiras
Em nossas duas almas, este par

Gêmeos espelhos. Por tarde mediúnica,
Nós trocaremos uma flama única
Um adeus que é um soluço tão cruel;

Pouco depois, um anjo abrindo as portas,
Virá vivificar, o mais fiel,
Os espelhos sem luz e as chamas mortas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

PINTURA.

Itália e Germania - Overbeck. 1815-28.
O rosto das representantes dos dois países foi pintada consoante a idéia de Overbeck relativamente a cada um deles.
Pela data (1815-28) vemos que não se trata de uma pintura do Renascimento Italiano nem Alemão, mas antes de uma pintura próxima dos pré-raphaelitas com os seus temas religiosas retratados com a ortodoxia própria de quem considerava toda a arte pós rafael, arte salubre.
Fonte:
http://obelogue.blogspot.com/2007/07/o-carteiro-under-construction_27.html

A Idéia, a Natureza, O Espírito.



Os três grandes momentos hegelianos no devir dialético da realidade são a idéia, a natureza, o espírito. A idéia constitui o princípio inteligível da realidade; a natureza é a exteriorização da idéia no espaço e no tempo; o espírito é o retorno da idéia para si mesma. A primeira grande fase no absoluto devir do espírito é representada pela idéia, que, por sua vez, se desenvolve interiormente em um processo dialético, segundo o sólito esquema triádico (tese, antítese, síntese), cujo complexo é objeto da Lógica; a saber, a idéia é o sistema dos conceitos puros, que representam os esquemas do mundo natural e do espiritual.
É, portanto, anterior a estes, mas apenas logicamente.
Chegada ao fim de seu desenvolvimento abstrato, a idéia torna-se natureza, passa da fase em si à fase fora de si; esta fase representa a grande antítese à grande tese, que é precisamente a idéia. Em a natureza a idéia perde como que a sua pureza lógica, mas em compensação adquire uma concretidade que antes não tinha. A idéia, todavia, também na ordem da natureza, deveria desenvolver-se mais ou menos, segundo o processo dialético, das formas ínfimas do mundo físico até às formas mais perfeitas da vida orgânica. Esta hierarquia dinâmica é estudada, no seu complexo, pela Filosofia da natureza.
Finalmente, tendo a natureza esgotado a sua fecundidade, a idéia, assim concretizada, volta para si, toma consciência de si no espírito, que é precisamente a idéia por si: a grande síntese dos opostos (idéia e natureza), a qual é estudada em seus desenvolvimentos pela Filosofia do Espírito. O espírito desenvolve-se através dos momentos dialéticos de subjetivo (indivíduo), objetivo (sociedade), absoluto (Deus); este último se desenvolve, por sua vez, em arte (expressão do absoluto na intuição estética), religião (expressão do absoluto na representação mítica), filosofia (expressão conceptual, lógica, plena do absoluto).
Com o espírito subjetivo, a individualidade empírica, nasce a consciência do mundo. O espírito subjetivo compreende três graus dialéticos: consciência, autoconsciência e razão; com esta última é atingida a consciência da unidade do eu e do não-eu. O espírito subjetivo é estudado, em sentido vasto, pela psicologia, que se divide em antropologia, fenomenologia do espírito, psicologia propriamente dita. Não estando, pois, o espírito individual em condição de alcançar, no seu isolamento, os fins do espírito, de realizar a plena consciência e liberdade do espírito, surge e se afirma a fase do espírito objetivo, isto é, a sociedade. No espírito objetivo, nas concretizações da sociedade, Hegel distingue ainda três graus dialéticos: o direito (que reconhece a personalidade em cada homem, mas pode regular apenas a conduta externa dos homens); a moralidade (que subordina interiormente o espírito humano à lei do dever); a eticidade ou moralidade social (que atribui uma finalidade concreta à ação moral, e se determina hierarquicamente na família, na sociedade civil, no estado).
A sociedade do estado transcende a sociedade familiar bem como a sociedade civil, que é um conjunto de interesses econômicos e se diferencia em classes e corporações. O estado transcende estas sociedades, não porque seja um instrumento mais perfeito para a realização dos fins materiais e espirituais da pessoa humana (a qual unicamente tem realidade metafísica); mas porque, segundo Hegel, tem ele mesmo uma realidade metafísica, um valor ético superior ao valor particular e privado das sociedades precedentes, devido precisamente à sua maior universalidade e amplitude, isto é, é uma superior objetivação do espírito, segundo a metafísica monista-imanentista de Hegel, daí derivando uma concepção ético-humanista do estado, denominada por Hegel espírito vivente, razão encarnada, deus terreno.
Segundo a dialética hegeliana, naturalmente a sucessão e o predomínio dos vários estados na história da humanidade são necessários, racionais e progressivos; e necessária, racional e progressiva é a luta, a guerra, grças à qual, ao predomínio de um estado se segue o predomínio de um outro, a um povo eleito sucede um outro. Este, no fundo, tem razão sobre o vencido unicamente porque é vencedor, e aquele tem culpa unicamente porque é vencido. A história do mundo - com todo o mal, as injustiças, os crimes de que está cheia - seria destarte o tribunal do mundo. (O que se compreende, quando se faz coincidir o "ser" com o "deve ser", como acontece de fato no sistema hegeliano, graças à dialética dos opostos, em que os valores - verdadeiro-falso, bem-mal, etc. - são nivelados, porquanto igualmente necessários para a realização da idéia).
Se bem que no sistema hegeliano a vida do espírito culmine efetivamente no estado, põe dialeticamente acima do espírito objetivo o espírito absoluto, em que, através de uma última hierarquia ternária de graus (arte, religião, filosofia), o espírito realizaria finalmente a consciência plena da sua infinidade, da sua natureza divina, em uma plena adequação consigo mesmo.
Na arte o espírito tem intuição, em um objeto sensível, da sua essência absoluta; quer dizer, o belo é a idéia concretizada sensivelmente. Portanto, no momento estético, o infinito é visto como finito. Na religião, pelo contrário, se efetua a unidade do finito e do infinito, imanente no primeiro; mas em forma sentimental, imaginativa, mítica. Hegel traça uma classificação das religiões, que não passa de uma história das mesmas, segundo o seu sólito método dialético. Nessa classificação das religiões o Cristianismo é colocado no vértice como religião absoluta, enquanto no ministério da encarnação do Verbo, da humanação de Deus, ele vê, ao contrário, a consciência que o espírito (humano) adquire da sua natureza divina.
Acima da religião e do cristianismo está a Filosofia, que tem o mesmo conteúdo da religião, mas em forma racional, lógica, conceptual. Na filosofia o espírito se torna inteiramente autotransparente, autoconsciente, conquista a sua absoluta liberdade, infinidade. Como as várias religiões representam um processo dialético para a religião absoluta, assim, os diversos sistemas filosóficos, que se encontram na história da filosofia, representariam os momentos necessários para o advento da filosofia absoluta, que seria o idealismo absoluto de Hegel
.
http://www.mundodosfilosofos.com.br/hegel2.htm

domingo, 30 de agosto de 2009

LITERATURA.

A menina do Teatro Municipal
Por Maria José Silveira


Rosa nasceu no corredor do Teatro Municipal de São Paulo. Seu pai era o zelador; sua mãe, a esposa do zelador. Sua casa, pequeno apartamento nos fundos da coxia.
Quando nasceu, três musas vieram a seu berço.
Uma falou: Rosa! Rosa! Que privilégio o seu! Nascer na morada da arte.
A segunda disse: Rosa! Rosa! Que fardo o seu! Viver ao lado da arte.
A terceira disse apenas: Rosa! Rosa! O que será de você, menina?
E no começo, como foi alegre e fácil! Quando a orquestra tocava para ela e artistas do mundo inteiro se apresentavam em sua casa. Quando, nas horas vazias, o palco imenso e verdadeiro era seu, e lá ela podia ser o que bem queria - cantora, pianista, bailarina. Brincando com sapatilhas que encontrava pelos cantos, artefatos, fantasias. Ou brincando com a boneca que virava atriz, palhaça ou apenas boneca. No dia do seu aniversário, o pai a colocava em um camarote e lhe dizia: a apresentação de hoje é para você, querida! E Rosa, menina, era inteiramente feliz no palco de seu mundo.
Mas eis que um dia o mundo de fora bate à porta do Teatro. Rosa ainda não sabia que o mundo de fora era um ogro e tomaria sua casa e seu palco, seus brinquedos e ilusões. Já não precisavam de zelador.
Pobre Rosa! Que fardo o seu! Que outra casa jamais poderia se comparar à que teve? Que outras brincadeiras jamais poderiam chegar aos pés das que brincava no seu palco-mundo?
Mas Rosa, desde então, jamais deixou de tentar, de alguma forma, voltar para sua casa-Teatro. Passou a ir a todas as apresentações, mas ser público não era, nem de longe, a mesma coisa. Tentou voltar como artista; estudou piano, e se formou - mas não deu. Ela, que tão facilmente tocava em seu palco-casa, descobriu o quanto era difícil ser artista no ogro-mundo de fora. Tentou, então, voltar como monitora de visitantes. Afinal, ninguém tinha nascido ali a não ser ela, ninguém entendia melhor tudo aquilo do que ela. Só que, vindo do berço que viera, ninguém era mais geniosa do que ela - também não deu.
Em um momento de desconsolo, Rosa pensou que talvez soubesse como voltar um dia para sua casa. Como iria outra vez morar no fundo das coxias e se apresentaria como quisesse no palco vazio e, no dia do aniversário, estaria outra vez no camarote onde se sentava quando criança a desfrutar o espetáculo apresentado em sua homenagem. Talvez soubesse quando tudo isso de novo aconteceria: quando ela fosse um fantasma e voltasse.
Mas, não! Assim, não! Seria muito cruel. Teria que achar outro jeito.
E como Rosa nasceu com as musas, Rosa viveu com a arte, Rosa não desistiu.
Aos 83 anos, encontrou seu jeito. Com as histórias que viu e viveu, com os artistas que conheceu, com os espetáculos que amou, ela escreveu um livro sobre sua casa-Teatro. Assim e por fim, os dois ficaram outra vez e para sempre unidos, e Rosa está feliz.

* * *

(Texto feito a partir da reportagem,”Filha única do Teatro Municipal”, de Fernanda Aranda, publicada no Caderno Metrópole, do Estado de São Paulo, dia 16 de agosto, 2009)

Maria José Silveira é escritora, tradutora e editora. Foi jornalista e redatora de publicidade.
É formada em antropologia e mestre em Ciências Políticas. Tem romances, contos e livros infanto-juvenis publicados. Nasceu em Goiás.

sábado, 29 de agosto de 2009

Filosofia da Religião.

A Filosofia da Religião é uma das disciplinas que se constitui numa das divisões da filosofia. Tem por objetivo o estudo da dimensão espiritual do homem desde uma perspectiva filosófica (metafísica, antropológica e ética), indagando e pesquisando sobre a essência do fenômeno religioso: "o que é afinal, a religião?".
Para o estudo da Filosofia da Religião são usados os métodos histórico-crítico comparativo, o filológico e o antropológico.
O primeiro deles compara as várias religiões no tempo e no espaço, em busca de seus aspectos mais comuns e suas diferenças, para verificar o que constitui a essência do fenômeno religioso.
O segundo faz o estudo comparativo das línguas, visando encontrar as palavras utlizadas para descrever e expressar o sagrado e suas raízes comuns e o terceiro método procura reconstruir o passado religioso tendo por base a etnologia (estudo dos povos primitivos e atuais, suas instituições, crenças, rituais e tradições).
A Filosofia da Religião deve fazer uma adequada conjugação desses métodos "para obter a melhor soma de elementos para chegar à conclusão mais correta sobre a essência da religião e suas características universais."

Poema

CONVIDO-TE
Charles Fonseca

Convido-te, amiga, às doces paragens
Campestres, ao silêncio dos prados,
Aos ternos murmúrios dos nossos regatos,
Aos roucos sussurro aquém das miragens.

Convido-te comigo a outros olhares,
A outros dizeres dos nossos silêncios,
A outros perfumes a nós como prêmios,
Tocar nossas harpas, frementes, vibrares.

Convido-te, amiga, pra caminhada
A dois pela praia, o mar por fronteira,
As nossas dores escrever na areia,
Do nosso amor gozar, madrugada.

Pintura - Parmigianino.



Madona com Longo Pescoço, 1535-1540, óleo sobre tábua, 214 x 133 cm, Galeria degli Uffizi, Florença

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Patrística.

É um período que se caracteriza pelo resultado dos esforços dos apóstolos (João e Paulo) e dos primeiros “Padres da Igreja” para conciliar a nova religião com o pensamento filosófico mais corrente da época entre os gregos e os romanos.
Não obstante, tomou como tarefa a defesa da fé cristã, frente as diversas críticas advindas de valores teóricos e morais dos “antigos”. Os nomes mais salientes desse perído são os de Justino, Tertuliano, Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Nazianzo, Basílio, Gregório de Nissa. "Eles representam a primeira tentativa de harmonizar determinados princípios da Filosofia grega (particularmente do Epicurismo, do Estoicismo e do pensamento de Platão) com a doutrina cristã. (...). Eles não só estavam envolvidos com a tradição cultural helênica como também conviviam com filósofos estóicos, epicuristas, peripatéticos (sofistas), pitagóricos e neoplatônicos. E não só conviviam, como também foram educados nesse ambiente multiforme da Filosofia grega ainda antes de suas conversões" (SPINELLI, Miguel. Helenização e Recriação de Sentidos. A Filosofia na época da expansão do Cristianismo – Séculos II, III e IV. Porto Alegre: Edipucrs, 2002, p.5).

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

domingo, 16 de agosto de 2009

Arte - Pintura.

Rembrandt:
"Aristóteles contemplando o busto de Homero"

Utopia de Thomas More.

More descreve uma sociedade organizada racionalmente, através da narração dos feitos que realiza um explorador, Rafael Hytlodeo. Utopia é uma comunidade que estabelece a propriedade comum dos bens. Não enviam seus cidadãos à guerra - salvo em casos extremos -, mas contrata mercenários entre seus vizinhos mais belicosos. Todos os cidadãos da ilha vivem em casas iguais, trabalham por períodos no campo e em seu tempo livre se dedicam a leitura e a arte. Toda a organização social da ilha aponta a dissolver as diferenças e a fomentar a igualdade. Por exemplo, que todas as cidades sejam geograficamente iguais. Na ilha impera uma paz total e uma harmonia de interesses que são resultado de sua organização social. Na ilha se eliminou por completo o conflito e seus potenciais possibilidades de materialização. Em geral se concebe a comunidade utopiana como uma sociedade perfeita em sua organização e completamente equitativa na distribuição dos recursos escassos.
Fonte: Wikipedia, enciclopedia livre.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Ciência.


Nosso cérebro pode processar informações em frações de segundo quando se trata de coisas simples como o ato de perceber sinais de dor física numa pessoa à nossa frente. Entretanto, a capacidade de análise moral de situações com contextos psicológicos e sociais está associada a processos cerebrais que necessitam de mais tempo para reflexão, uma atenção emocional mais persistente, é o que revela um estudo em publicação no Proceedings of the National Academy of Sciences, liderado pelo renomado neurocientista Antonio Damasio da Universidade da Califórnia do Sul.
Os pesquisadores submeteram voluntários a assistir histórias reais contadas por pessoas reais que geram sentimentos de admiração pela virtude humana ou de compaixão à dor física ou social. Exames de neuroimagem demonstraram que o cérebro respondia instantaneamente à percepção de dor física do outro, mas demorava cerca de 6 a 8 segundos para responder às histórias que evocavam admiração ou compaixão pela dor emocional. Essas respostas além de demorarem mais para serem ativadas, também tinham uma duração maior. Outro resultado importante foi que as áreas cerebrais ativadas ao se perceber a dor do outro foram as mesmas que nos fazem ter consciência do nosso próprio corpo – uma expressão biológica daquilo que conhecemos como” não faça aos outros aquilo que não gostaria que fizessem com você”.
Os resultados do grupo de Damasio levantam sérias questões relacionadas ao nível de impacto que a alta velocidade do mundo contemporâneo terá na construção de nossa sociedade. Qual será o impacto dos videogames violentos, em que a rapidez não permite a geração de sentimentos pelo infortúnio das personagens? O quanto de emoção nosso cérebro vivencia numa sociedade que tem cada vez mais se comunicado através de mensagens de texto curtas? A admiração é uma das principais ferramentas que nos ajuda a separar o bom do ruim, e junto à compaixão, representam dois importantes pilares de nosso sistema moral. Nosso cérebro não reclama em correr para entender mensagens Twitter ou reconhecer que o outro está com uma perna quebrada, mas demora para entender que o outro está com o coração partido.

Fonte: http://consciencianodiaadia.com/

domingo, 2 de agosto de 2009

Arte - Pintura.

A Favourite Custom ( Um Costume favorito ) por Sir Lawrence Alma-Tadema (1909); Tate Gallery (museu) , Londres, Inglaterra.

Tempos Líquidos, BAUMAN, Zygmunt. Resenha.


Márcio Pereira Basílio

Zygmunt Bauman é um sociólogo polonês, de descendência judaica, nascido em 1925, em Poznań. Quando a Polônia foi invadida pelo nazismo em 1939, sua família refugiou-se na União Soviética. Bauman serviu na Polish First Army, sob o controle dos soviéticos. Neste período, o autor tomou parte nas batalhas de Kolberg e Berlin. De 1945 a 1953, Bauman passou a servir na Korpus Bezpieczeństwa Wewnętrznego (KBW), esta unidade foi responsável pela repressão à resistência ucraniana e germânica. Neste momento de incertezas, foi que o autor iniciou seus estudos em sociologia na universidade de Varsóvia, onde teve artigos e livros censurados e em 1968 foi afastado da universidade. Logo em seguida emigrou da Polônia, reconstruindo sua carreira no Canadá, Estados Unidos e Austrália, até chegar à Grã-Bretanha, onde em 1971 se tornou professor titular da universidade de Leeds, cargo que ocupou por vinte anos. Responsável por uma prodigiosa produção intelectual, recebeu os prêmios Amalfi, em 1989, por sua obra Modernidade e Holocausto e Adorno, em 1998, pelo conjunto de sua obra. Atualmente é professor emérito de sociologia das universidades de Leeds e Varsóvia.

Em Tempos Líquidos, o assunto primordial que permeia a obra é a insegurança. Um fenômeno que, para o autor, caracteriza a vida nas grandes metrópoles globalizadas. Neste sentido, as cidades são hoje verdadeiros campos de batalha, onde poderes globais se chocam com identidades locais. O resultado desta equação é a eclosão nímia da violência e da insegurança.Tempos Líquidos está subdivido em cinco capítulos. No primeiro, o autor manifesta sua preocupação em relação a liquefação do Estado-nação, face a sua incapacidade responder localmente ao estímulos globais. Segundo o autor, num planeta atravessado por “auto-estradas da informação”, nada que acontece em alguma parte dele pode de fato, ou ao menos potencialmente, permanecer do “lado de fora”. A sociedade não é mais protegida pelo Estado, ou pelo menos é pouco provável que confie na proteção oferecida por este. Ela agora está exposta à rapacidade de forças que não controla e não espera, nem pretende, recapturar e dominar. “Aberto” e cada vez mais indefeso de ambos os lados, o Estado-nação perde sua força, que agora se evapora no espaço global, assim como a sagacidade e a destreza políticas, cada vez mais relegadas à esfera da “vida política” individual e “subsidiadas” a homens e mulheres. O que resta de política a cargo do Estado e de seus órgãos se reduz gradualmente a um volume talvez suficiente para guarnecer pouco mais que uma grande delegacia de polícia. Segundo o Autor, o Estado reduzido dificilmente poderia conseguir ser mais que um Estado da proteção pessoal. Bauman afirma que num planeta negativamente globalizado, todos os principais problemas são globais e, sendo assim, não admitem soluções locais. Num mundo saturado de injustiças e habitado por bilhões de pessoas a quem se negou a dignidade humana vai corromper inevitavelmente os próprios valores que os indivíduos deveriam defender. Desta forma, a democracia e a liberdade não podem mais estar plena e verdadeiramente seguras num único país, ou mesmo num grupo de países. Sendo assim, o autor assevera que o medo é reconhecidamente o mais sinistro dos demônios que se aninham nas sociedades abertas de nossa época. Contudo, é a insegurança do presente e a incerteza do futuro, adverte o autor, que produzem e alimentam o medo mais apavorante e menos tolerável. Essa insegurança e essa incerteza, por sua vez, nascem de um sentimento de impotência.No segundo capítulo intitulado ” A humanidade em movimento”, o autor retrata as conseqüências da globalização, do enfraquecimento do Estado- Nação, quando aborda a questão do aumento de refugiados em diversas áreas do globo. O autor assevera que, a única indústria que floresce nas terras dos retardatários – conhecidas pelo apelido tortuoso e frequentemente enganoso, de “países em desenvolvimento” – seja a produção em massa de refugiados. Neste sentido, o número de vítimas da globalização sem teto e sem Estado cresce rápido demais para que o planejamento, a instalação e a construção de zonas que possam conter esses refugiados. Bauman aponta para a desregulamentação das guerras como um grande efeito da globalização, que em grande medida contribuem diretamente para o aumento destes refugiados. Bauman descreve que, tornar-se um refugiado significa perder os meios em que se baseia a existência social, ou seja, um conjunto de coisas e pessoas comuns que têm significados – terra, casa, aldeia, cidade, pais, posses, empregos e outros pontos de referência cotidianos. Essas criaturas à deriva e à espera não têm coisa alguma senão sua “vida indefesa, cuja continuação depende da ajuda humanitária”. Um outro ponto preocupante relacionado a esta questão, se refere a absorção de parte destes excedentes populacionais pelas guerrilhas, gangues de criminosos e traficantes de drogas, que em seus conflitos aniquilam e reabsorvem o “excedente populacional”. A partir de suas inferências o autor recorrer a Loïc Wacquant para asseverar que, a missão do Estado está sendo redefinida; este recua na arena econômica, alegando a necessidade de reduzir seu papel social à ampliação e ao reforço de sua intervenção penal. Um reflexo desta mudança pode ser observado no tratamento que alguns paises adotam em relação aos estrangeiros, permitem a saída, mas “protegem contra o ingresso indesejado de unidades do outro lado”, isto é, o que o autor denominou de “membranas assimétrica”.No terceiro capítulo, Bauman aponta três possíveis causas para o sofrimento humano: a primeira está relacionada ao poder superior da natureza; a segunda diz respeito a fragilidade de nossos corpos; contudo, a terceira causa se relaciona intimamente a questão central desta obra e emerge da inadequação dos regulamentos que ajustam as relações dos seres humanos na família, no Estado e na sociedade. Robert Castel chegou a conclusão semelhante, depois de descobrir que a insegurança moderna não deriva de uma carência de proteção, mas sim da “falta de clareza de seu escopo”. Castel atribuí à individualização moderna a responsabilidade por esse estado de coisas; sugere que a sociedade moderna, tendo substituído as comunidades e corporações estreitamente entrelaçadas, que no passado definiam as regras de proteção e monitoravam sua aplicação, pelo dever individual do interesse, do esforço pessoal e da auto-ajuda, tem vivido sobre a areia movediça da contigência. Segundo Bauman, a segurança das pessoas e a proteção de suas propriedades são condições indispensáveis para a capacidade de lutar efetivamente pelo direito à participação política, mas não podem se estabelecer de forma definitiva nem serem adotadas com confiança, a menos que a forma das leis impostas a todos tenha se tornado dependente de seus beneficiários. Contudo, devemos fazer uma ressalva: se os direitos políticos podem ser usados para enraizar e solidificar as liberdades pessoais assentados no poder econômico, dificilmente garantirão liberdades pessoais aos despossuídos, que não têm direito aos recursos sem os quais a liberdade pessoal não pode ser obtida nem, na prática desfrutada – deixada à sua própria lógica de desenvolvimento, a “democracia” poderia continuar sendo não apenas na prática, mas também de modo formal e explicito, um assunto essencialmente elitista -, sem direitos políticos, as pessoas não podem ter confiança em seus direitos pessoais; mas sem direitos sociais , os direitos políticos continuarão sendo um sonho inatingível, uma ficção inútil ou uma piada cruel para grande parte daqueles a quem eles foram concedidos pela letra da lei.No quarto capítulo o autor trata da dicotomia social vivida nas grandes cidades. O autor recorre a Manuel Castells que retrata uma crescente polarização e uma distância cada vez maior entre os mundos das duas categorias em que se dividem os habitantes: “o espaço da camada superior geralmente está conectado à comunicação global e a uma vasta rede de intercâmbio, aberta a mensagens e experiências que envolvem o mundo inteiro. Na outra extremidade do espectro, redes locais segmentadas, frequentemente de base étnica, recorrem a sua identidade como o recurso mais valioso para defender seus interesses e, em último instância, sua existência.” Desta forma, as pessoas da “camada superior” não pertencem ao lugar que habitam, pois suas preocupações estão em outro lugar. Segundo Bauman, além de ficarem sozinhas, e portanto livres para se dedicarem totalmente a seus passatempos, e terem os serviços indispensáveis a seu conforto diário assegurados, elas não têm outros interesses investidos na cidade em que se localizam suas residências. Por outro lado, o mundo em que vive a outra camada de moradores da cidade, a camada “inferior”, é o exato oposto da primeira. Os cidadãos urbanos da camada inferior são “condenados a permanecer locais”. Para eles, é dentro da cidade que habitam que a batalha pela sobrevivência, e por um lugar decente no mundo, é lançado, travada e por vezes vencida, mas na maioria das vezes perdida. O acirramento desta segmentação social pode ser observado pelo aumento vertiginoso dos condomínios fechados, como os existentes na Barra da Tijuca – RJ, Região dos Lagos – RJ, São Paulo – SP, e em outras grandes cidades brasileiras que sofrem pelo aumento dos índices de violência contra a vida e ao patrimônio. Pois, como afirma Bauman, qualquer um que tenha condições adquire uma residência num “condomínio”, planejado para ser uma habitação isolada, fisicamente dentro da cidade, mas social e espiritualmente fora dela. O traço mais proeminentes do condomínio é seu “isolamento e distância da cidade… Isolamento significa a separação daqueles considerados socialmente inferiores”. As cercas têm dois lados…Elas dividem em “dentro” e “fora” um espaço que seria uniforme. Desta forma, as cidades, que originalmente construídas para fornecer proteção a todos os seus habitantes, hoje se associam com mais freqüência ao perigo do que à segurança.Finalizando a obra o autor trata da utopia face a incerteza do mundo contemporâneo. Viver em um mundo incerto com a esperança de dias mais equilibrados é necessário para o progresso. Bauman revisita Anatole France que afirma que: “sem as utopias de outras épocas, os homens ainda viveriam em cavernas, miseráveis e nus. Foram os utopistas que traçaram as linhas da primeira cidade…” para nascer, o sonho dos utopistas necessitava de duas condições. Primeiro, um sentimento irresistível de que o mundo não estava funcionando de maneira adequada e de que era improvável consertá-lo sem uma revisão completa. Segundo, a confiança na capacidade humana de realizar essa tarefa, a crença de que “nós, humanos, podemos fazê-lo”, armados como estamos da razão capaz de verificar o que está errado no mundo e descobrir o que usar para substituir suas partes doentes, assim como da capacidade de construir as armas e ferramentas necessárias para enxertar esses projetos na realidade humana. Neste sentido, o autor apresenta três metáforas, diferentes entre si, mais relacionadas ao modo de interagir com o mundo vivido. A primeira diz respeito ao guarda-caça, que tem por princípio defender a terra sob sua guarda contra toda interferência humana, a fim de proteger e preservar. A segunda é a do jardineiro, o qual presume que não haveria nenhuma espécie de ordem no mundo, não fosse por sua atenção e esforços constantes. Essas duas metáforas tipificam a autoridade investida aos Estados-Nações. A terceira metáfora é a do caçador, o qual não dá a menor importância ao “equilíbrio” geral “das coisas”, seja ele “natural” ou planejado e maquinado. A única tarefa que os caçadores buscam é outra “matança”, suficientemente grande para encherem totalmente suas bolsas. Esses são produtos da globalização e do enfraquecimento do Estado-Nação. Contudo, nem todos podem tornar-se caçadores, mas os mais abastados.Ao ler a presente obra, sob a perspectiva do autor, pode-se perceber sua importância no planejamento das políticas públicas. Muitas vezes somos tentados o produzir estratégias locais para resolução de problemas, que se quer, compreendemos. Talvez esta seja a razão de continuarmos tentando. Para ilustrarmos o tema tratado, vamos utilizar como referência um caso recorrente em nossa sociedade, que é o do combate diuturno ao tráfico de drogas. O enfrentamento de grupos criminosos nas favelas cariocas aumenta a sensação de insegurança de nossa sociedade, sem, contudo abalar os pilares do crime organizado. Os EUA lideram uma campanha ao combate de drogas nos cartéis colombianos. Todavia, não são tão impetuosos no comércio de venda de armas. São essas incongruências que nos circundam. Como construir estratégias para essas questões, se não controlamos os insumos de tais processos. O sentimento que advém desta análise é o de impotência, mas o autor nos incentiva a continuar visionando um mundo melhor. Precisamos perseguir a utopia.

BAUMAN, Zygmunt. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, 119 p., ISBN 978-85-7110-993-3
Márcio Pereira Basílio é Mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas – FGV e Oficial Superior da Polícia Militar do Rio de Janeiro (marciopbasilio@terra.com.br).