quarta-feira, 20 de maio de 2009
FILOSOFIA DA IDADE CONTEMPORÂNEA
Juán Manuel NAVARRO CORDÓN; Tomás CALVO MARTÍNEZ.
Consideramos como contemporânea a filosofia que se estende, dentro da imprecisão cronológica própria das produções culturais, a longo da segunda metade do século XIX e da primeira metade do século XX. A filosofia contemporânea, nas suas linhas mais fundamentais e características, só pode ser adequadamente compreendida em relação com a obra de Hegel. Com efeito, a filosofia contemporânea constitui em grande medida uma reação contra o sistema hegeliano,ao mesmo tempo que retoma poucas das suas análises e interrogações.
A mais notável e radical reação contra o sistema de Hegel é feita por Marx, pelo marxismo. O marxismo, entroncado originalmente na esquerda hegeliana, distingue e separa o sistema hegeliano (idealista) do método dialético. Aceitando e transformando este último, a filosofia marxista "inverte" o sistema de Hegel, propondo uma visão dialéctica-materialista da consciência, da sociedade e da história.
Outra reação contra o hegelianismo - reação estreitamente vinculada à situação econômica, social e intelectual resultante da revolução industrial - é representada pelo positivismo, especialmente o de Comte. Neste caso, reage-se contra o "racionalismo" hegeliano naquilo que possa ter de menosprezo da experiência, com a pretensão de instaurar um saber positivo, capaz de fundamentar uma organização político-social nova. Como Marx, Comte conserva, no entanto, embora transformando-o, um momento importante do hegelianismo: a ideia de "espírito objetivo".
O positivismo (tomado, em geral, como uma atitude renitente à especulação filosófica e propenso a considerar a ciência como forma de conhecimento, não só modelar, mas exclusiva) constitui, além disso, uma constante na história do pensamento. Apesar das suas notáveis diferenças na maneira de pôr os problemas, é possível reconhecer esta linha no empirismo do século XVIII, no positivismo do século XIX e no positivismo lógico ou empirismo lógico do século XX. O empirismo lógico ou positivismo lógico do séc. XX constitui um dos movimentos (juntamente com o "atomismo lógico" e a filosofia analítica, integrantes da corrente analítica dos nossos dias, cuja máxima originalidade consiste em haver transformado o próprio conceito de filosofia: para a corrente analítica, a filosofia não tem por objecto a realidade, mas a análise da linguagem acerca da realidade, quer se trate da linguagem ordinária ou comum, ou da linguagem científica acerca da realidade.
Outras correntes da filosofia contemporânea tomaram como objecto principal de consideração o fenômeno da história, da vida e da irredutibilidade da existência pessoal: as filosofias historicistas, vitalistas, existencialistas e personalistas. O existencialismo constitui, originalmente, uma reacção contra o hegelianismo e em favor da individualidade, colocando em primeiro plano a categoria de singularidade, preferida pelo "sistema dialéctico" de Hegel (Kierkegaard). No seu desenvolvimento no século XX (Heidegger, Sartre), a par da reacção anti-hegeliana já apontada, o existencialismo depende directamente da fenomenologia de Husserl, no tocante às suas análises da existência humana. Quanto ao vitalismo d e Nietzsche, representa uma reacção não apenas contra Hegel, mas contra toda a tradição intelectualista-religiosa que se opôs à vida e aos valores vitais, desde que se verificou a aliança do platonismo com o cristianismo.
Mesmo quando as correntes filosóficas que mencionámos remetem directa ou indirectamente para Hegel, seria errado deduzir dele, por oposição ou continuação (ou por ambas as coisas), todo o pensamento contemporâneo. O descrédito geral da especulação filosófica subsequente ao hegelianismo conduziu a atitudes relativistas e cépticas contra as quais se levantou também a filosofia. Este enfrentamento com o relativismo e o cepticismo tornou-se patente a partir de diferentes posições, tanto na fenomenologia de Husserl (intento de fazer da filosofia uma ciência de rigor), como nas investigações acerca da vida e da história levadas a cabo por Dilthey e Ortega y Gasset. Estes dois filósofos pretendem compreender a vida e a história com base em categorias especificas rigorosas.
Talvez a característica externa mais saliente da filosofia contemporânea seja a disparidade de enfoques, sistemas e escolas, face ao desenvolvimento, de certo modo mais uniforme e linear, da filosofia moderna (racionalismo, empirismo, Kant, idealismo hegeliano). Para esta proliferação de pontos de vista e de escolas, contribuíram, em grande medida, factores sócio-culturais, como: a crise contemporânea dos sistemas políticos, o avanço espectacular das ciências naturais e lógico-formais e o desenvolvimento das ciências humanas, cujos métodos e resultados tiveram repercussões e consequências de interesse no campo e nos problemas da filosofia (psicanálise, estruturalismo).
A mais notável e radical reação contra o sistema de Hegel é feita por Marx, pelo marxismo. O marxismo, entroncado originalmente na esquerda hegeliana, distingue e separa o sistema hegeliano (idealista) do método dialético. Aceitando e transformando este último, a filosofia marxista "inverte" o sistema de Hegel, propondo uma visão dialéctica-materialista da consciência, da sociedade e da história.
Outra reação contra o hegelianismo - reação estreitamente vinculada à situação econômica, social e intelectual resultante da revolução industrial - é representada pelo positivismo, especialmente o de Comte. Neste caso, reage-se contra o "racionalismo" hegeliano naquilo que possa ter de menosprezo da experiência, com a pretensão de instaurar um saber positivo, capaz de fundamentar uma organização político-social nova. Como Marx, Comte conserva, no entanto, embora transformando-o, um momento importante do hegelianismo: a ideia de "espírito objetivo".
O positivismo (tomado, em geral, como uma atitude renitente à especulação filosófica e propenso a considerar a ciência como forma de conhecimento, não só modelar, mas exclusiva) constitui, além disso, uma constante na história do pensamento. Apesar das suas notáveis diferenças na maneira de pôr os problemas, é possível reconhecer esta linha no empirismo do século XVIII, no positivismo do século XIX e no positivismo lógico ou empirismo lógico do século XX. O empirismo lógico ou positivismo lógico do séc. XX constitui um dos movimentos (juntamente com o "atomismo lógico" e a filosofia analítica, integrantes da corrente analítica dos nossos dias, cuja máxima originalidade consiste em haver transformado o próprio conceito de filosofia: para a corrente analítica, a filosofia não tem por objecto a realidade, mas a análise da linguagem acerca da realidade, quer se trate da linguagem ordinária ou comum, ou da linguagem científica acerca da realidade.
Outras correntes da filosofia contemporânea tomaram como objecto principal de consideração o fenômeno da história, da vida e da irredutibilidade da existência pessoal: as filosofias historicistas, vitalistas, existencialistas e personalistas. O existencialismo constitui, originalmente, uma reacção contra o hegelianismo e em favor da individualidade, colocando em primeiro plano a categoria de singularidade, preferida pelo "sistema dialéctico" de Hegel (Kierkegaard). No seu desenvolvimento no século XX (Heidegger, Sartre), a par da reacção anti-hegeliana já apontada, o existencialismo depende directamente da fenomenologia de Husserl, no tocante às suas análises da existência humana. Quanto ao vitalismo d e Nietzsche, representa uma reacção não apenas contra Hegel, mas contra toda a tradição intelectualista-religiosa que se opôs à vida e aos valores vitais, desde que se verificou a aliança do platonismo com o cristianismo.
Mesmo quando as correntes filosóficas que mencionámos remetem directa ou indirectamente para Hegel, seria errado deduzir dele, por oposição ou continuação (ou por ambas as coisas), todo o pensamento contemporâneo. O descrédito geral da especulação filosófica subsequente ao hegelianismo conduziu a atitudes relativistas e cépticas contra as quais se levantou também a filosofia. Este enfrentamento com o relativismo e o cepticismo tornou-se patente a partir de diferentes posições, tanto na fenomenologia de Husserl (intento de fazer da filosofia uma ciência de rigor), como nas investigações acerca da vida e da história levadas a cabo por Dilthey e Ortega y Gasset. Estes dois filósofos pretendem compreender a vida e a história com base em categorias especificas rigorosas.
Talvez a característica externa mais saliente da filosofia contemporânea seja a disparidade de enfoques, sistemas e escolas, face ao desenvolvimento, de certo modo mais uniforme e linear, da filosofia moderna (racionalismo, empirismo, Kant, idealismo hegeliano). Para esta proliferação de pontos de vista e de escolas, contribuíram, em grande medida, factores sócio-culturais, como: a crise contemporânea dos sistemas políticos, o avanço espectacular das ciências naturais e lógico-formais e o desenvolvimento das ciências humanas, cujos métodos e resultados tiveram repercussões e consequências de interesse no campo e nos problemas da filosofia (psicanálise, estruturalismo).
Juán Manuel NAVARRO CORDÓN; Tomás CALVO MARTÍNEZ
História da Filosofia, 3º vol., p. 7-9
História da Filosofia, 3º vol., p. 7-9
Texto retirado do blog http://ocanto.esenviseu.net/apoio/fcntmpor.htm em 20/05/09.