sábado, 25 de julho de 2009

ARTE.

Ruinas Antigas - Giuseppe Zais, 1735-40
Galleria dell'Accademia, Veneza
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Teoria do conhecimento em David Hume.


O "Investigação concernente ao entendimento humano" é uma tentativa de definir os princípios do conhecimento humano. O livro apresenta de forma lógica as importantes questões sobre a natureza de todo raciocínio com respeito a matérias de fato e experiência, e resolve os problemas recorrendo à associação.
A base de sua exposição é uma classificação binária dos objetos da consciência: impressões e idéias.
Conhecimento divide-se em "impressões" (dados fornecidos pelos sentidos tanto internos, como a percepção de um estado de tristeza, quanto externos, como a visão de uma paisagem) e "idéias" (representações da memória das impressões).
As impressões: O que tenho de mais vívido em minha mente são as impressões dos sentidos no momento em que ocorrem, isto é, aquilo que vejo, aquilo que ouço, e tudo aquilo que os sentidos produzem em mim é o que é mais forte em minha mente. São os prazeres e as dores.
As idéias: São reproduções, são cópias das impressões. Se penso no sabor da maçã, essa idéia não é tão forte quanto saborear a maçã e ter a "impressão" viva do seu sabor. Não encontro impressões complexas, mas idéias, sim, existem simples e complexas. Minha idéia de uma maçã é uma idéia complexa cujas idéias simples são o vermelho, sua textura crespa, sabor doce, etc. A idéia do triângulo plano, por exemplo, inclui a igualdade dos seus ângulos internos a dois ângulos retos, e a ideia de movimento contem a idéias de espaço e tempo, não importando se realmente existe tais coisas como triângulos e movimentos.
Hume ressalta que cegos e surdos de nascença não possuem esses caracteres, ou seja, não têm idéias correspondentes às cores ou aos sons, e para ele um ser completamente desprovido dos sentidos jamais seria capaz de qualquer conhecimento.
As idéias podem associar-se por semelhança (entre as impressões que representam), contigüidade espacial e temporal, e causalidade.
As coisas não são como queria Aristóteles, possuidoras de uma essência, mas cada coisa é composta de outras coisas. De acordo com Hume, quando examinamos nossa idéia de uma coisa individual, tudo que encontramos são as idéias simples que se juntam para formar uma idéia complexa. Ele mudou a atenção da filosofia das "substâncias" e "propriedades" próprias, para as "relações". Tomando, por exemplo, duas maçãs, uma é mais vermelha que a outra, uma está mais próxima de mim, provando as duas uma é doce, a outra menos, maior e menor, etc.
Teoria do significado. Tudo que a mente contem são, em primeiro lugar, ou "impressões", dados finais da sensação ou da consciência interna, ou idéias, derivadas dos dados por composição, transposição, aumento ou diminuição. Isto equivale a dizer que o homem não cria qualquer idéia. Disto Hume infere uma teoria do significado: uma palavra que não corresponde diretamente a uma impressão só tem significado se ela traz à mente um objeto que pode ser apreendido de uma impressão por um dos processos mentais mencionados (processos associativos).
Note-se que Hume não distingue o sentimento como uma forma particular de conhecimento. Todos os objetos de consciência são ou "relações de idéias" ou "matérias de fato" como impressões.

Extra
ído de artigo David Hume publicado por Rubens Queiroz Cobra em http://www.cobra.pages.nom.br/fmp-hume.html.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mitologia.

A Lenda de Uirapuru: O pássaro que não é pássaro.
Kika Cardarelli

Era uma vez uma moça índia, de nome Oribici,
ela amava seu cacique com ardor e na aldeia todos sabiam do seu amor.
Mas o destino quis diferente, derrubando as estrelas do céu e jogando os sonhos de Oribici ao léu. O cacique casou-se com outra índia, e Oribici chorou tanto pelas montanhas e montes, que suas lágrimas formaram córregos e fontes...
Diante de tanta dor, Oribici pediu para Tupã um corpo de pássaro, só para poder ficar perto do seu amor.
Tupã fez o que Oribici pediu : Oribici transformou-se num pássaro cantador...
Seu nome agora era Uirapuru;
“Uirapuru ! Uirapuru ! Voa triste, ô pobre !
Voa triste por toda a parte, Desde o sul até o norte”
Uirapuru não tinha o corpo muito formoso, mas isso não importava, o que Uirapuru queria mesmo, era estar perto do seu amado.
Mas, " Nem tudo é como a gente quer " O Cacique estava realmente apaixonado e só tinha olhos para sua amada !
Com o coração despedaçado, Uirapuru resolveu sair da aldeia e voar ...voar... para nunca mais ser encontrado.
Voou para as matas da Amazônia com uma tristeza que nunca se viu e Tupã, de longe, toda a dor de Uirapuru assistiu.
Tupã, então, resolveu consolá-lo dando-lhe como presente o canto mais belo que já se ouviu... Hoje, quando Uipururu canta encanta toda a floresta todos param para ouvir seu canto feito seresta...
“Canta Uirapuru, canta a todos com fervor, canta enquanto faz seu ninho, só para esquecer o seu amor....”

Fonte:
Recanto das Letras em 03/08/2006Código do texto: T208287

Poesia. O Pássaro Cativo de Olavo Bilac.

Armas, num galho de árvore, o alçapão;
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada;
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo:
Porque é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo, Arrepiado e triste, sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
“Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi ...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas ...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes?
Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade ...
Quero voar! voar! ... “
Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar. E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição: E a tua mão tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...