sábado, 19 de setembro de 2009
FILOSOFIA. A MORTE DE DEUS.
Ao pronunciar a morte de Deus e o crepúsculo dos ídolos, Nietzsche alveja o Deus fundador das morais e das religiões.
O seu ateísmo releva da consciência trágica e explicita que a vida basta-se a si mesma e não tem qualquer necessidade de ser explicada ou fundada num além dela mesma.
É preciso afirmar a morte de Deus porque essa ideia de Deus sempre negou e desvalorizou os valores da vida, em particular o Deus cristão para quem viver é pecar, ser moral é ser culpado. Contudo, esta morte testemunha a transcendência do homem porque a afirmação da morteprepara a vinda do sobre-homem que só é possível no momento em que o homem enfrenta a morte de Deus e se reconhece responsável dela.
É preciso pois ultrapassar o niilismo porque se nos estabelecermos nessa verificação trágica de que "Deus está morto", ficamos fechados nela e somos incapazes de compreender que essa morte de Deus é um ponto de partida para o impulso criador. Alcançar a compreensão de que não há Deus é também alcançar uma mutação dos valores, é querer que nenhum deles seja intangível: o niilismo deve ser ultrapassado numa afirmação."
(Michel RICHARD - As grandes correntes do pensamento contemporâneo).
O seu ateísmo releva da consciência trágica e explicita que a vida basta-se a si mesma e não tem qualquer necessidade de ser explicada ou fundada num além dela mesma.
É preciso afirmar a morte de Deus porque essa ideia de Deus sempre negou e desvalorizou os valores da vida, em particular o Deus cristão para quem viver é pecar, ser moral é ser culpado. Contudo, esta morte testemunha a transcendência do homem porque a afirmação da morteprepara a vinda do sobre-homem que só é possível no momento em que o homem enfrenta a morte de Deus e se reconhece responsável dela.
É preciso pois ultrapassar o niilismo porque se nos estabelecermos nessa verificação trágica de que "Deus está morto", ficamos fechados nela e somos incapazes de compreender que essa morte de Deus é um ponto de partida para o impulso criador. Alcançar a compreensão de que não há Deus é também alcançar uma mutação dos valores, é querer que nenhum deles seja intangível: o niilismo deve ser ultrapassado numa afirmação."
(Michel RICHARD - As grandes correntes do pensamento contemporâneo).
POESIA.
A MORTE DOS AMANTES
Charles Baudelaire (1821-1867)
Teremos leitos só rosas ligeiras
Divãs de profundeza tumular,
E estranhas flores sobre prateleiras,
Sob os céus belos a desabrochar.
A arder de suas luzes derradeiras,
Nossos dois corações vão fulgurar,
Tochas a refletir duas fogueiras
Em nossas duas almas, este par
Gêmeos espelhos. Por tarde mediúnica,
Nós trocaremos uma flama única
Um adeus que é um soluço tão cruel;
Pouco depois, um anjo abrindo as portas,
Virá vivificar, o mais fiel,
Os espelhos sem luz e as chamas mortas.
Charles Baudelaire (1821-1867)
Teremos leitos só rosas ligeiras
Divãs de profundeza tumular,
E estranhas flores sobre prateleiras,
Sob os céus belos a desabrochar.
A arder de suas luzes derradeiras,
Nossos dois corações vão fulgurar,
Tochas a refletir duas fogueiras
Em nossas duas almas, este par
Gêmeos espelhos. Por tarde mediúnica,
Nós trocaremos uma flama única
Um adeus que é um soluço tão cruel;
Pouco depois, um anjo abrindo as portas,
Virá vivificar, o mais fiel,
Os espelhos sem luz e as chamas mortas.