quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: DOUTRINAS DE ARISTÓTELES.

Lógica formal.

Ainda que os sofistas e Platão já houvessem tratado temas lógicos, foi Aristóteles que deu à lógica sua estrutura sistêmica definitiva, ocorrendo depois apenas novos desenvolvimentos.
Os estóicos, que deram bastante atenção à lógica, cunharam seu nome.
Distinguiu Aristóteles claramente as três operações mentais:
- idéia,
- juízo,
- raciocínio este subdividido em dedução (ou silogismo) e indução.
A idéia apenas oferece a noção do objeto, sem afirmar e nem negar. Admite classificações, de que se fez muito conhecida a das dez categorias: substância, quantidade, qualidade, relação, tempo, lugar, posição, ação, paixão, hábito (ou posse). Mais tarde Porfírio, o Fenício, dará particular atenção `esta classificação, em libreto famoso Intodução (Eisagogué) às categorias de Aristóteles.
O juízo é a operação mental que afirma ou nega um termo de outro; o primeiro se denomina sujeito e o outro predicado, ligados pela cópula. Aristóteles deu especial atenção à análise do juízo, estabelecendo os primeiros princípios, os quais são afirmativas implicitas em afirmativas explícitas.
O raciocínio é produtor de uma conclusão. Aristóteles distingui entre raciocínio indutivo e dedutivo ou silogismo, mas estudou exaustivamente apenas este último. Foi o primeiro a apresentar uma explicação sistemática do mesmo, mostrando suas premissas, bem como figuras e modos, a partir dos quais se produz a conclusão, virtualmente contida no precedente.
"O silogismo é um discurso no qual, postas certas coisas, resulta algo outro que estes dados, pelo fato mesmo destes dados" (Analíticos, 24b 18).

Silogismo é perfeito
"quando três termos estão entre si com relações tais que o menor esteja contido na totalidade do médio e o médio contido ou não contido na totalidade do maior, então haverá entre os extremos silogismo perfeito" (I Anal. 25 b, 35).
Aristóteles mostrou no silogismo o antecedente, como composto de premissas, das quais se extrai a conclusão. Nas premissas se entrelaçam termos, que se distinguem como extremos, entre um termo médio (isto é, instrumental).
Não reaparece o termo médio na conclusão. Mas, o sujeito da conclusão se diz termo menor e o predicado da conclusão termo maior. Respectivamente, a premissa que contém o termo menor (da conclusão), se denomina premissa menor. E a premissa que contém o termo maior (da conclusão) se chama premissa maior.

Veja um exemplo, para atender ao que Aristóteles explica:
(Premissa menor): se Alfa é afirmado de todo Beta
(Premissa maior): e se Beta é afirmado de todo Gama,
(Conclusão): Alfa é afirmado de todo Gama (I Anal. 25b, 38).

Observe-se que "Beta" é termo médio, porque aparece duas vezes no antecedente; que "Alfa" é termo menor, porque é sujeito na conclusão; que "Gama " é termo maior, porque é predicado na conclusão.
Consequentemente a premissa a ser denominada "menor" é "Alfa é Beta". A premissa a ser chamada "maior" é "Beta é Gama".
Quanto ao raciocínio indutivo, peculiar da ciiência experimental, ele foi vastamente estudado apenas modernamente, a partir de Francisco Bacon, que neste sentido publicou um tratado sugestivamente denominado Novum Organum (1620). Mas Aristóteles já lhe deu a definição e o distinguiu da dedução silogistica.

SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: OBRAS DE ARISTÓTELES.

Obras de Aristóteles.
Os escritos de Aristóteles são mais sistemáticos e didáticos que os de Platão, ainda que não tenham a mesma preocupação literária. Assim acontecia até porque havia criado a lógica que trata dos métodos e da classificação das ciências.
Alguns escritos têm aspecto de lições e poderão ter sido notas dos ouvintes.
Outros ter-se-ão perdido, dos quais louvaram Dionísio de Halicarnasso e Cícero a eloquência.

São mais notáveis os seguintes tratados, de títulos óbvios:
- Categorias,
- Primeiros e Segundos Analíticos,
- Física, Metafísica,
- Sobre a alma,
- Ética à Nicômaco,
- Política,
- Retórica,
- Poética..
Além disso, escreveu tratados científicos como Do céu e outros.
Órganon é o nome coletivo dos 6 livros de lógica, assim denominados coletivamente pelos bizantinos, por palavra que significa instrumento, sugerindo que a lógica é instrumento de todo o saber. Escritos em datas diferentes, foram colocados em ordem mais ou menos sistemática:

- Categorias (Kategoríai);
- Da interpretação (Perí hermeneías);
- Primeiros Analíticos (Ta prótera analytiká);
- Analíticos posteriores (Ta ystera analytiká);
- Tópicos (Tà topiká);
- Dos argumentos sofísticos (Perí ton sofistikon).

Dentre eles, Tópicos apresenta ser o mais antigo.

Os livros de metafísica, em número de 14, foram reunidos sob um só título alguns séculos depois: Metafísica (Metafysiká), termo resultante de metá tá Fysiká (depois da Física), como referência aos livros da Física após aos quais aparecem na edição de Proclo.
Quanto ao mesmo livro denominado Física (Fysikà akróasis), trata da filosofia natural e mesmo de assuntos da física experimental e das ciências naturais.

Sobre a natureza: Física (Fysiká), - importante e de fundo filosófico; Sobre o céu (Perí ouranoö); Geração e corrupção (Genéseos kai fthorás); Tratado dos meteoros (Metereologiká).

Textos de psicologia, da qual Aristóteles é um dos fundadores, se destaca:
Sobre a alma (Perí psichês); a eles se juntam os opúsculos assim chamados Parva naturalia:
-Sobre a memória e a reminiscência;
-Sobre o sonho e a vigília;
-Sobre o sonho e a adivinhação pelo sonho;
-Sobre a longevidade e abrevidade da vida;
-Sobre a vida e a morte; sobre a respiração;
-Sobre o sopro, este não de Aristóteles, mas texto de sua escola.
Grupo de escritos sobre os animais e plantas:
Da história dos animais (Perí ta zoa historía), em 10 livros:
-Sobre as partes dos animais (Perí zoon moríon);
-Sobre a marcha dos animais (Perí zoon poreías);
-Da geração dos animais (Perí zoon genéseos);
-Sobre as plantas (Perí fyton).
Escritos éticos:
-Ética a Nicômaco (Ethiká nikomákheia);
-Ética a Eudemo (Éthiká Eudémia), notas de Eudemo, do círculo aristotélico;
-Grande Ética (Ethiká megála), resumo da precedente.
Obras políticas:
-Política (Politiká), paralela à Politéia (República) de Platão;
- A república ateniense (Athenaion politeia), único texto restante do estudo das 156 constituições das cidades gregas estudadas por Aristóteles;
- Economia (Oikonomiká) Costumes dos bárbaros (?) (Nómina barbariká), perdeu-se.
Sobre arte:
-A retórica (He retoriké);
-A poética (Perí poietikés), fragmentária.
Os escritos não didáticos de Aristóteles se perderam, conhecendo-se elogios a sua qualidade literária.
Fonte:
Enciclopédia Simpozio

domingo, 8 de agosto de 2010

SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: ARISTÓTELES.

Biografia.

Notável filósofo grego, Aristóteles (384 - 322 a.C.), nasceu em Estágira, colônia de origem jônica encravada no reino da Macedônia. Filho de Nicômaco, médico do rei Amintas, gozou de circunstâncias favoráveis para seus estudos.
Em 367 a.C., aos seus 17 anos, foi enviado para a Academia de Platão em Atenas, na qual permanecerá por 20 anos, inicialmente como discípulo, depois como professor, até a morte do mestre em 347 a.C.
O fato mesmo de ser filho de médico poderá ter dado a Aristóteles o gosto pelos conhecimentos experimentais e da natureza, ao mesmo tempo que teve sucesso como metafísico.
Depois da primeira estadia em Atenas, ausentou-se por 12 anos, com uma permanência inicial na Ásia menor, onde se dirigiu, ainda solteiro, para uma comunidade de platônicos estabelecida em Assos (Trôade). Ali reinava então sobre Assos e Atarneo, o tirano Hérmias, um eunuco, em cuja corte passou três anos. Casou então Aristóteles com Pítias, irmã de Hérmias. Morto este pelos persas, retirou-se Aristóteles para Mitilene. Depois do falecimento de Pítias, se casará com Hérpilis, da qual nascerá Nicômaco, a quem dedicará posteriormente o livro Ética a Nicômaco.
Entrementes, importantes transformações estavam a ocorrer no mundo helênica, que então se unificou.
Felipe II (rei da Macedônia de 356 a 336 a.C.) desenvolveu o país e criou um exército poderoso. Sucessivamente foi anexando as cidades gregas, aproveitando as velhas discórdias, derrotando finalmente Atenas e Tebas, em Queronéia (338 a.C.). Reuniu as cidades gregas em uma liga, sob sua direção, no Congresso de Corinto (337 a.C.), pregando sempre a guerra contra o então grande Império Persa, que já há mais de um século ocupava as cidades gregas da Ásia Menor.
Ofereceu-se também uma nova oportunidade a Aristóteles, que foi chamado em 343 ou 342 para a corte do rei Felipe II, em Pela, como educador de seu filho Alexandre (356-323 a.C.). Mas ficou nesta função somente dois anos, depois dos quais aconteceu o totalmente inesperado, - o assassinato do rei Felipe II.
Foi assim que já cedo o jovem Alexandre deveu assumir o trono, em 336 a.C., com apenas 20 anos. Atravessando o Bósforo, partiu em 334 a.C. para a conquista do império persa. Foi de um sucesso espetacular, vencendo a Dario, na Batalha de Granico. Completou sua façanha, indo até a Índia. Estabeleceu sua capital em Babilônia. No Egito fundou a Alexandria, que logo passou à ser um grande centro de cultura. Estava mudada a estrutura política do então mundo conhecido, o que não demoraria a ter repercussão na filosofia.
Sem função na Macedônia, voltou Aristóteles para Atenas, pelo ano 335 a. C., com Teofrasto, outro homem notável pelo saber.
Auxiliado sempre por Alexandre que o prestigiava, Aristóteles fundou o Liceu (cerca de 334 a.C.) no ginásio do templo de Apolo Liceu (Liceu é referência ao local do templo). Onde criou escola própria no ginásio Apolo Liceu.
Em pouco mais de dez anos de atividade, fez Aristóteles de sua escola um centro de adiantados estudos, em que os mestres se distribuiam por especialidades, inclusive em ciências positivas.
Falecido Alexandre prematuramete em 323 a.C., com apenas 13 anos de reinado, recrudeceu o sentimento antimacedônico em Atenas, com Demóstenes ativando o partido nacionalista, a situação se tornou difícil para Aristóteles.
Além disto, sua filosofia de idéias objetivas não poderia escapar à reação do sacerdote Eurimedote, que o acusava de impiedade. Teve, então, Aristóteles de optar por retirar-se de Atenas, deixando o Liceu sob a direção de Teofrasto.
Oculto em uma sua propriedade em Cálcis, de Eubea, ali morreu já no ano seguinte aos 62 anos. Mas o Liceu teve continuidade, como também a Academia de Platão
Uma notícia diz que Aristóteles, o mais ilustre dos discípulos de Platão, "tinha a voz débil, pernas delgadas e olhos pequenos; que vestia sempre com esmero, levava anéis e cortava a barba".
A estátua, que dele se conserva, o apresenta com a testa e a cabeça menor, que a de Platão; cabelo aparado, sem ser calvo como Sócrates; barba não alongada; boca pequena, entre lábios finos. Tal foi o maior dos mestres. O nome Escola Peripatética derivou do uso de Aristóteles haver dado lições em amena palestra, ao mesmo tempo que passeava pelos caminhos do ginásio.

Fonte: Enciclopédia Simpoziohttp://www.cfh.ufsc.br