Suely Monteiro
Eu queria muito saber fazer poema, pintar ou escrever contos...
Mas, não fui dotada ou não desenvolvi sensibilidade para produzir o belo.
Sei apreciá-lo e isto me faz muito feliz.
Olho ao meu redor e a beleza me enternece...
Vejo-a nas plantas, nas flores, no céu, nos animais;
Vejo-a nas atitudes gentis e amáveis das pessoas bem resolvidas na vida;
Vejo-a naquelas que, recebendo pedradas, perdoam.
Vejo beleza nas crianças tranquilas e nas que fazem birra para chamar a atenção...
Vejo o belo nos corações daqueles que exibem suas dores ao mundo como se fossem grandes troféus, pois compreendo que estão compartilhando o melhor que possuem e, se é verdade que seus comportamentos desgastam os que lhes dividem a estrada, não é menos verdadeiro que servem de modelos a não serem seguidos.
Mas, onde a beleza mais me encanta é no silencio do coração que ora.
Diante dela me inclino humilde, pois a luz que esse coração emana é como um raio que atinge a minha alma e dobra minha vaidade, meu orgulho até que ficam bem pequeninos e quase somem...
Diante de um coração que ora fico leve, elevo altos voos atraída, qual mariposa, pela luz.
Esqueço do mundo e da sensação de existir, para, somente muito tempo depois, me dar conta de que também, estou orando, e do quanto a paz da minha consciência tranquila supre as faltas que sinto por não possuir das belas artes, a arte de fazê-las.
terça-feira, 3 de setembro de 2013
domingo, 1 de setembro de 2013
IGOR SAVITSKY: Salvador da Arte Russa Contemporânea
Suely Monteiro
Hoje, a saudade bateu
no meu coração. Saudade de minha infância, dos brinquedos que eu fazia com
barros e pequenos vegetais, dos livros que eu tomava emprestado na biblioteca
do bairro e, sobretudo, da solidariedade que reinava entre meus irmãos e eu, naquela
distante cidade do interior de Minas Gerais. A cidade, não oferecia recursos
para o crescimento sócio cultural dos seus jovens e, assim os pais que tinham dinheiro
enviavam seus filhos para estudarem no Rio. Eu, no entanto, precisava
permanecer ali, mas, o desejo de estudar, de saber mais era meu mais fiel
companheiro e me estimulava a vasculhar a biblioteca em busca de livros sobre
diversos assuntos tais como Filosofia, Literatura, Arte. Mas, especialmente, eu gostava de ler
biografias e me identificar com os biografados.
Euzinha, num dia especial. |
Ainda não perdi a mania
de ler biografias, e hoje quero dividir com vocês um pouco sobre o artista, colecionador
e arqueólogo Igor Savitsky. Ele nasceu
em berço esplêndido, renunciou à sua origem
aristocrática para sobreviver ao regime stalinista e refugiando-se na solidão do deserto, no
trabalho paciente de pintar e descobrir as grandezas escondidas debaixo das
areias, conseguiu, desafiando a própria sorte, salvar das mãos desrespeitosas
de Josef Stalin uma coleção de arte que hoje nos trazem prazer aos olhos e
enchem nossos corações de gratidão, pois se há mãos que matam, há mãos que
acariciam e salvam convidando-nos à reflexão de que existem caminhos diferentes
e diferentes modos de existir, mas que a escolha, sempre, será nossa!
Igor Savitsky |
A vida de Savitsky é
uma epopeia em favor do artista e da arte contemporânea. Percorreu, ele,
milhares e milhares de quilômetros de estradas, “vasculhando” lares e armários
de artistas e familiares de artistas em busca de suas composições que comprava
e guardava, cuidadosamente, na garagem de sua casa, esperando um dia poder
construir um templo para abrigá-las. Tapetes, máscaras, roupas, joias, moedas,
quadros foram adquiridos apenas com a promessa de que um dia ele as pagaria. E
consta que ele pagou.
Audacioso e dono de uma
obstinada vontade Savitsky angariou recursos, por vias indiretas, do próprio
governo russo e ergueu, no deserto de Uzbequistão, na
República de Karakalpaquistão, o Museu de Arte de Nukus, templo das artes proibidas
que Moscou tentou, em vão, sufocar; arte que mostrava a distância entre a vida
real do povo e as imagens de operários sorridentes, com seus capacetes e
instrumentos de trabalho mostradas pelo opressor como símbolos de gente feliz,
de povo satisfeito.
Museu de Arte de Nukus em Uzbequistão |
Graças à sua
sensibilidade e persistência conhecemos hoje nomes e obras que estavam
destinados a desaparecerem em função da vaidade dos dirigentes de uma nação que
não amava igualmente a seus filhos, mas que exigia deles sangue e vida para que
alguns pudessem se manter no pedestal erigido pelo orgulho. Mas, como os fatos
valem mais do que mil palavras ai está uma foto do museu e do "Schindler do Deserto".
Assim que eu me acostumar com o meu novo ultrabook acrescentarei algumas das imagens preservadas que foram preservadas nesse museu. Por enquanto, não estou conseguindo postá-las.