terça-feira, 3 de setembro de 2013

Reflexões sobre a oração: a arte de tornar tudo Belo.

Suely Monteiro 


Eu queria muito saber fazer poema, pintar ou escrever contos...
Mas, não fui dotada ou não desenvolvi sensibilidade para produzir o belo.
Sei apreciá-lo e isto me faz muito feliz.
Olho ao meu redor e a beleza me enternece...

Vejo-a nas plantas, nas flores, no céu, nos animais;
Vejo-a nas atitudes gentis e amáveis das pessoas bem resolvidas na vida;
Vejo-a naquelas que, recebendo pedradas, perdoam.

Vejo beleza nas crianças tranquilas e nas que fazem birra para chamar a atenção...
Vejo o belo nos corações daqueles que exibem suas dores ao mundo como se fossem grandes troféus, pois compreendo que estão compartilhando o melhor que possuem e,  se é verdade que seus comportamentos desgastam os que lhes dividem a estrada, não é menos verdadeiro que servem de modelos a não serem seguidos.


Mas, onde a beleza mais me encanta é no silencio do coração que ora.

Diante dela me inclino humilde, pois a luz que esse coração emana é como um raio que atinge a minha alma e dobra minha vaidade, meu orgulho até que ficam bem pequeninos e quase somem...

Diante de um coração que ora fico leve, elevo altos voos atraída, qual mariposa, pela luz.

Esqueço do mundo e da sensação de existir, para, somente muito tempo depois, me dar conta de que também, estou orando, e do quanto a paz da minha consciência tranquila supre as faltas que sinto por não possuir das belas artes, a arte de fazê-las.

domingo, 1 de setembro de 2013

IGOR SAVITSKY: Salvador da Arte Russa Contemporânea

Suely Monteiro



Euzinha, num dia especial.
Hoje, a saudade bateu no meu coração. Saudade de minha infância, dos brinquedos que eu fazia com barros e pequenos vegetais, dos livros que eu tomava emprestado na biblioteca do bairro e, sobretudo, da solidariedade que reinava entre meus irmãos e eu, naquela distante cidade do interior de Minas Gerais. A cidade, não oferecia recursos para o crescimento sócio cultural dos seus jovens e, assim os pais que tinham dinheiro enviavam seus filhos para estudarem no Rio. Eu, no entanto, precisava permanecer ali, mas, o desejo de estudar, de saber mais era meu mais fiel companheiro e me estimulava a vasculhar a biblioteca em busca de livros sobre diversos assuntos tais como Filosofia, Literatura, Arte.  Mas, especialmente, eu gostava de ler biografias e me identificar com os biografados.



Igor Savitsky
Ainda não perdi a mania de ler biografias, e hoje quero dividir com vocês um pouco sobre o artista, colecionador e arqueólogo Igor Savitsky.  Ele nasceu em berço esplêndido, renunciou à sua origem  aristocrática para sobreviver ao regime stalinista  e refugiando-se na solidão do deserto, no trabalho paciente de pintar e descobrir as grandezas escondidas debaixo das areias, conseguiu, desafiando a própria sorte, salvar das mãos desrespeitosas de Josef Stalin uma coleção de arte que hoje nos trazem prazer aos olhos e enchem nossos corações de gratidão, pois se há mãos que matam, há mãos que acariciam e salvam convidando-nos à reflexão de que existem caminhos diferentes e diferentes modos de existir, mas que a escolha, sempre, será nossa!

A vida de Savitsky é uma epopeia em favor do artista e da arte contemporânea. Percorreu, ele, milhares e milhares de quilômetros de estradas, “vasculhando” lares e armários de artistas e familiares de artistas em busca de suas composições que comprava e guardava, cuidadosamente, na garagem de sua casa, esperando um dia poder construir um templo para abrigá-las. Tapetes, máscaras, roupas, joias, moedas, quadros foram adquiridos apenas com a promessa de que um dia ele as pagaria. E consta que ele pagou.

Audacioso e dono de uma obstinada vontade Savitsky angariou recursos, por vias indiretas, do próprio governo russo e ergueu, no deserto de Uzbequistão, na República de Karakalpaquistão, o Museu de Arte de Nukus, templo das artes proibidas que Moscou tentou, em vão, sufocar; arte que mostrava a distância entre a vida real do povo e as imagens de operários sorridentes, com seus capacetes e instrumentos de trabalho mostradas pelo opressor como símbolos de gente feliz, de povo satisfeito.


Museu de Arte de Nukus em Uzbequistão
Graças à sua sensibilidade e persistência conhecemos hoje nomes e obras que estavam destinados a desaparecerem em função da vaidade dos dirigentes de uma nação que não amava igualmente a seus filhos, mas que exigia deles sangue e vida para que alguns pudessem se manter no pedestal erigido pelo orgulho. Mas, como os fatos valem mais do que mil palavras ai está  uma foto do museu e do "Schindler do Deserto".
Assim que eu me acostumar com o meu novo ultrabook acrescentarei algumas das imagens preservadas que foram preservadas nesse museu. Por enquanto, não estou conseguindo postá-las.