quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Introdução à Música Grega

Musa com cítara
ὁ δ' ἐπίκουρος ἰσοτέλεστος,
Ἄϊδος ὅτε Μοῖρ' ἀνυμέναιος
ἄλυρος ἄχορος ἀναπέφηνε,
θάνατος ἐς τελευτάν. [1] 
t
SófoclesOC 1220-3, sæc. -V.
INITpalavra "música" deriva diretamente do grego μοῦσα. No plural,μοῦσαι, ela designa as nove musas, filhas de Zeus e de Mnemósine, a "memória", deusas inspiradoras das artes em geral e da música em particular.
A existência da música é arqueologicamente documentada, no Egeu, desde oNeolítico; em obras de arte, instrumentos musicais estão representados desde o início da Idade do Bronze. A Ilíada, a mais antiga obra literária da Europa (-750/-725), também faz diversas referências a músicos e a instrumentos musicais.
Não era pequena a importância da música entre os gregos; ela representava a própria vida (ver epígrafe supra) e estava presente nas cerimônicas religiosas e em todos os tipos de celebração. Era, portanto, parte importante da educação do homem grego, e desde tempos remotos, como se vê pelo exemplo de Aquiles (Il. (9.186-9). No diálogo RepúblicaPlatão defendeu o papel educativo damúsica (425a) e propôs seu ensino, juntamente com o da literatura, às crianças (376e-377a). Ele, aliás, considerou a literatura uma parte da música (376e)...
Infelizmente, as referências literárias são mais abundantes que os documentos de natureza musical que chegaram até nós. Apesar dessa deficiência, porém, foi possível reconstituir parte da harmonia, da melodia e do ritmo que caracterizavam a música grega antiga. Estamos menos informados a respeito dos músicos gregos históricos, de quem sabemos pouca coisa além do nome.

Notas

  1. Tradução de Donaldo Schuler, in Sófocles - Édipo em Colono, Porto Alegre, L&PM, 2003, p. 108.
  2. Fonte: http://greciantiga.org/. Acesso em 28.10.2015.

Intolerância Religiosa

Veja o texto em:
https://dimusbahia.wordpress.com/2015/10/26/mesa-sobre-intolerancia-religiosa-no-bahia-e-africa-tambem/

PLUTÃO




Olavo Bilac
Negro, com os olhos em brasa,
Bom, fiel e brincalhão,
Era a alegria da casa
O corajoso Plutão.

Fortíssimo, ágil no salto,
Era o terror dos caminhos,
E duas vezes mais alto
Do que o seu dono Carlinhos.

Jamais à casa chegara
Nem a sombra de um ladrão;
Pois fazia medo a cara
Do destemido Plutão.

Dormia durante o dia,
Mas, quando a noite chegava,
Junto à porta se estendia,
Montando guarda ficava.

Porém Carlinhos, rolando
Com ele às tontas no chão,
Nunca saía chorando
Mordido pelo Plutão . . .

Plutão velava-lhe o sono,
Seguia-o quando acordado:
O seu pequenino dono
Era todo o seu cuidado.

Um dia caíu doente
Carlinhos . . . Junto ao colchão
Vivia constantemente
Triste e abatido, o Plutão.

Vieram muitos doutores,
Em vão. Toda a casa aflita,
Era uma casa de dores,
Era uma casa maldita.

Morreu Carlinhos . . . A um canto,
Gania e ladrava o cão;
E tinha os olhos em pranto,
Como um homem, o Plutão.

Depois, seguiu o menino,
Seguiu-o calado e sério;
Quis ter o mesmo destino:
Não saíu do cemitério.

Foram um dia à procura
Dele. E, esticado no chão,
Junto de uma sepultura,
Acharam morto o Plutão.