sexta-feira, 27 de agosto de 2010

TERCEIRO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA:FILOSOFIA HELÊNICO-ROMANA.

Escolas Socráticas remanescentes e novas escolas.

Introdução.
No fim do 4-o século a. C. alteraram-se profundamente as condições políticas e culturais de todo o Ocidente e Ásia Menor. O novo contexto político veio a ser denominado mundo helênico-romano, em função a dois povos que o dominaram, com uma perduração de cerca de mil anos.
A mudança se processou em tais dimensões, mesmo na filosofia, que ficou inadequado usar-se para o novo tempo desta simplesmente o nome de período pós-socrático; contudo, faz-se o uso por mera comodidade. O nome plenamente adequado é o de filosofia helênico-romana.
A transformação política iniciara em 334 a.C., quando Alexandre Magno se lançou à conquista do Império Persa, avançando até a Índia no Oriente. Falecido prematuramente em 323 a.C., seus generais dividiram o grande espaço em vários novos reinos, mantendo todavia o novo espírito. Destacaram-se dois, - o reino dos Seleucidas, com a capital em Antioquia da Síria, e o reino dos Ptolomeus, com capital em Alexandria, no Egito.
Ficaram também alteradas as condições do desenvolvimento cultural. Sobretudo em Alexandria a cultura alcançará notória prosperidade, com suas escolas e grande biblioteca; chegou a ser considerada uma segunda Atenas.
Mais no Ocidente crescerá o poderio de Roma. Esta conquistou as cidades gregas do sul da península itálica, sem todavia destruir a anterior cultura grega. Aos poucos também conquistou o Norte da África Ocidental, vencendo ali sua próspera concorrente, Cartago.
Enquanto durava este processo de conquista do Norte da África Ocidental, - que passaria a ser conhecida como África Latina, - Roma sutilmente fará a política de equilibrio com Alexandria; por sua vez Cartago se havia apoiado em Macedônia e em Antióquia da Síria.
Apoderaram-se os romanos primeiramente da Grécia e Macedônia, de 200 a 197 a.C., a pretexto do apoio ali encontrado por Anibal, de Cartago.
Antióquia da Síria, que houvera apoiado Macedônia, continua combatida por Roma e se enfraqueceu. Dali porque readquiriram os judeus, súditos de Antioquia, a sua independência, estabelecendo-se então o reino dos Macabeus (150-62 a.C.). Mas, em 64 a.C., os romanos integram no seu vasto domínio também a Síria e o reino dos Macabeus.
Agora o maquiavelismo romano já não mais vê sentido apoiar o Egito; derrotando a rainha Cleópatra, anexaram o Egito ao Império Romano em 31 a.C. Estava refeita a unidade do Império de Alexandre Magno, ainda que de um novo modo e em dimensões ainda maiores.
A cultura helênica, já bastante vasta, se expandiu primeiramente por todo o Oriente, no espaço maior criado por Alexandre Magno e seus sucessores seleucidas e ptolomeus. Nesta primeira fase verifica-se a atuação das assim chamadas escolas pós-socráticas, - dos peripatéticos, acadêmicos, epicuristas, estóicos, céticos.
Criado o mundo romano, a cultura helênica, que já cedo existia em várias regiões do Ocidente, expandiu-se ainda mais. Nesta outra fase, a cultura também se processa na língua latina, ao mesmo tempo que prosperando na grega. Institui-se, portanto, uma fase dúplice: helênico-romana. Além disto as formas escolares anteriores assumem formulações renovadas, como quem diz neopitagóricos, neoplatônicos, neo-acadêmicos, novo pórtico (novo estoicismo), céticos novos. No Ocidente o latim se tornará língua exclusiva em relação à grega somente na Idade Média.
No período helênico-romano também se darão profundas transformações sociais; dali o direito romano.
Dão-se mudanças religiosas, pela penetração das formas orientais, igualmente em transformação, de que o cristianismo é o principal exemplo. Com referência ao islamismo é também um exemplo de transformação, todavia mais tardio.
No decorrer do período helênico romano circulava-se do Oriente ao Ocidente. Nesta circulação difundiu-se por toda a parte a filosofia, o mesmo ocorrendo com as religiões, os costumes e as artes.

Subdivisão do período pós-socrático.
É possível determinar vagamente duas fases na filosofia helênico romana.
Uma primeira fase acontece desde o período socrático até o 2-o século d.C. Esta primeira fase é mais tipicamente pós-socrática. Citam-se então as escolas remanescentes, que dão continuidade linear ao pensamento dos grandes mestres Platão e Aristóteles, bem como às escolas socráticas menores.
Na segunda fase do período helênico-romano acontece uma tendência ecleticista, com a penetração do pensamento de umas escolas no das outras. O platonismo penetra no aristotelismo. O pensamento cético em crescimento invade por sua vez o platonismo, de onde resulta a expressão neo-acadêmicos. Cresce também o ativismo religioso, com o domínio final das religiões orientais, sobretudo do cristianismo, num processo todavia bastante ecleticista. Nesta segunda fase acentua-se a importância do neoplatonismo, quer helênico, com Plotino, quer judaico e cristão. O quadro temático da segunda fase do período helênico-romano é o de que se concentrou no ético e religioso.
A distinção entre as duas fases da filosofia helênico-romana não impõe contudo uma divisão didática na exposição de sua história. É possível examinar cada escola mais ou menos linearmente ao longo de todo o período pós-socrático.
O mesmo se pode dizer da distinção entre escolas socráticas remanescentes e as que surgiram com denominações inteiramente novas. Não existe esta inteira novidade, senão de grau. Mas se houvermos de procurar alguma diferenciação maior, elas se encontram no estoicismo, neoplatonismo, e sobretudo na filosofia patrística.
Foi a patrística uma simbiose de estoicismo e neoplatonismo, que, sob inspiração religiosa cristã, se desenvolveu, embora muito de vagar, o suficiente para conseguir atravessar o tempo e finalmente se transpor às novas nações da Idade Média.

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