sábado, 4 de setembro de 2010

TERCEIRO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: O PLATONISMO PÓS-SOCRÁTICO.

Neopitagorismo
O neopitagorismo e o neoplatonismo se desenvolvem com alguma autonomia em relação à Academia; no fundo, entretanto, se trata de um só grande contexto, tendente a um saber racionalista independente da razão fundada na experiência e de tendência para uma fonte mística, em que também participam as religiões de então, o gnosticismo, o judaísmo e o cristianismo. Há ainda uma série de pseudo-escritos atribuídos ao pré-socrático Pitágoras, que, entretanto, são desta época pós-socrática. Entre outros destes escritos pós-socráticos, se citam os Versos de Ouro, ditos de Pitágoras, repertório de moral sentenciosa.
Pela volta do século 1-o a.C. as idéias trinitárias penetram a filosofia. Dali resulta o neopitagorismo e o neoplatonismo, além da atividade da Academia . Tais idéias trinitárias, existentes nos mitos das religiões orientais, ganham agora um embasamento filosófico. O cristianismo também apresenta a doutrina da Trindade, sobretudo a começar do século 3-o, vindo logo a declará-lo um dogma.
O ser é apresentado como polivalente e emanando, de tal maneira que no alto se encontra o Uno, a seguir o Logos (que se traduz ao latim por Inteligentia ou Verbum), em terceiro lugar a Alma do mundo. Finalmente derivam as almas individuais e a matéria. Por espécie de retorno mental, ou místico, se processa a marcha inversa, pela qual a alma humana finalmente se extasiava em união com o Uno. Variações secundárias ocorriam entre os filósofos, mas que não retiram a mentalidade geral do movimento.
Criava-se, assim, uma filosofia de embasamento para as teologias trinitárias. Por isso mesmo adquiriu importância histórica a filosofia místico-platônica dos primeiros séculos cristãos, notadamente o neopitagorismo, o neoplatonismo judaico e finalmente o neoplatonismo de Plotino. Reage entretanto o judaísmo que se conserva unitariano, o mesmo acontecendo depois com o arianismo cristão e o islamismo.
Não há uma data precisa do início do neopitagorismo, como também seus representantes nem sempre se distinguem claramente dos neoplatônico. Talvez sua tradição seja linear, desde às ligas pitagóricas da velha Magna Grécia. Entretanto, alguma diferença acontece.

Nigidio Fígulo (+ 45 a.C.), fez-se conhecer como primeiro neopitagórico. Foi amigo de Cícero e autor de uma obra sobre os deuses.
Numênio de Apaméia, também do fim do 2-o século e já sob a influência do neoplatônico judeu Filo, apresenta uma doutrina de três deuses: o Supremo supra-sensível, o Demiurgo que põe forma na matéria, o universo que ele formou.
A concepção trinitarista de Numênio é uma etapa no desenvolvimento de uma estrutura de pensamento, que terá depois um tratamento mais desenvolto na metafísica de Plotino e finalmente dos pensadores cristãos, particularmente Agostinho. Dos escritos de Numênio restam ainda fragmentos.
Ocorrem reflexos neopitagóricos sobre os essênios e através destes sobre os primeiros cristãos, como sobre Eusébio de Cesaréia (séc. 4-o). Acredita-se que as práticas purificatórias e outros ritos, chamados mistérios ou sacramentos, tenham influenciado aos cristãos. De futuro serão os neopitagóricos bastante aguerridos contra os cristãos. Celso, em 179, escreverá contra os cristãos, tendo estes seu defensor em Orígenes.

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