quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
POEMA
Ou isto ou Aquilo
Cecilia Meireles
Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!
Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.
Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
Não sei se brinque, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.
Mas não consegui entender aindaqual é melhor:
se é isto ou aquilo.
O PROBLEMA DO SER NA OBRA DE E. LEVINAS
Martina Korel*
(Levinas)... concebe nas suas obras vários “níveis” do ser, entre eles o do ser puro, o puro “há” impessoal e anônimo.
Destaca-se a relação entre o ser e o mal,que explica a crítica da ontologia, a necessidade de pensar a evasão do ser, a procura dasuperação do mal no ser.
O que está pressuposto é a idéia platônica do Bem além do ser:
o Bem é anterior ao ser, anterior segundo uma temporalidade que não é a da consciência e dodiscurso, e transcende o ser; o Bem é o outro nome do Infinito, define também o conceito do“outramente que ser”. Isto significa, segundo Levinas, que a distinção entre o bem e o malestá pressuposta em todo o pensamento ontológico, a diferença ética é anterior à diferençaontológica.
Ela se efetua no ser a partir da subjetividade, pois esta não se pode compreender
unicamente na sua relação com o ser. O ser é a posição, a afirmação de si, o movimento depersistência no próprio ser que, no ente humano, impõe interesse por si e indiferença diante
dos outros. Contudo, na subjetividade já se inscreve, por causa da anterioridade do Bem, a necessidade da evasão, o movimento em direção ao Infinito, movimento que transtorna o ser eque se realiza como obrigação à responsabilidade pelos outros, anterior à livre decisão. Nasubjetividade que acolhe o Outro, o ser pode transcender-se em bondade, verdade, multiplicidade pacífica, justiça.
unicamente na sua relação com o ser. O ser é a posição, a afirmação de si, o movimento depersistência no próprio ser que, no ente humano, impõe interesse por si e indiferença diante
dos outros. Contudo, na subjetividade já se inscreve, por causa da anterioridade do Bem, a necessidade da evasão, o movimento em direção ao Infinito, movimento que transtorna o ser eque se realiza como obrigação à responsabilidade pelos outros, anterior à livre decisão. Nasubjetividade que acolhe o Outro, o ser pode transcender-se em bondade, verdade, multiplicidade pacífica, justiça.
*Trecho retirado do resumo da tese apresentada ao programa de Pósgraduação em filosofia da Faculdade de ciências humanas e filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, para a obtenção do grau de doutor.
Área: Ética e Filosofia política
Área: Ética e Filosofia política