SEGUNDO PERIODO DE FILOSOFIA: ESCOLAS SOCRÁTICAS MENORES.

ESCOLA CÍNICA
Tem os seus precedentes no sensismo dos sofistas, o qual, combinado com a frugalidade moral de Sócrates, resultou na indiferença ao formalismo social.
Seu fundador é Antistenes (n. c.450 a.C.), de Atenas, e discípulo de Górgias. Pautando pelo sensismo dos sofistas, o mestre da escola cínica somente admitia que as coisas singulares são reais, não passando os universais de simples nomes. Foi Antístenes filósofo de grande atividade, autor de dezenas de livros. Entretanto, deles só restam os títulos e textos fragmentários. Dão-se como filiados à escola cínica: Diógenes de Sínope, Crates, Hiparquia.
A escola cínica, que teve sua continuação ramificada no estoísmo famoso de Zenão de Citium (340-263 a.C.), persistiu também por muito tempo com representantes próprios.

Do século 2-o. (d.C.) se conhece como cínico Crescêncio, adversário de S. Justino.
Com Diógenes o cínico (413-323 a.C.), a escola socrática menor fundada por Antístenes, adquiriu popularidade.
"Conduzido a uma casa esplêndida, o dono lhe proibiu cuspir, porém ele lhe cuspiu no rosto, dizendo que não havia encontrado lugar mais sujo" (D. Laércio, VI).
"Em certa ocasião em pleno dia, acendeu uma lanterna e saiu gritando: busco um homem" (ibidem).
Estimavam-no até os grandes.
"Um dia que tomava o sol em Cranion (um ginásio) colocou-se-lhe em frente Alexandre e lhe disse, pede-me o que quiseres; replicou-lhe, não me tires o sol" (ibidem).
"De tal maneira estimavam os atenienses a Diógenes, que tendo um rapaz destruído seu tonel (em que morava), eles lho reconstruíram" (ibidem).
"Cumpriu tão bem suas funções que Xemíades (de cujos filhos era educador), costumava dizer: um bom gênio entrou em minha casa" (Ibidem).
Diógenes contestou diretamente a Platão sua teoria da idéias reais universais e teve uma resposta irônica à altura do grande mestre da academia.

Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage

SEGUNDO PERIODO DE FILOSOFIA: ESCOLAS SOCRÁTICAS MENORES.

ESCOLA DE MEGARA
Com precedentes eleáticos, defendendo a unidade do ser, ao lado da moral socrática, a Escola de Mégara, fundada por Euclides, nas proximidades de Atenas, fora evidentemente de fundo cético. Resultou finalmente na escola pós-socrática de Pirro (c. 360-270 a.C.), mentor principal do ceticismo. O unicismo eleático da escola de Euclides terá sido moderado, visto que foi poupado de ataques nos diálogos de Platão. Quanto à moral, conforme informação de Diógenes Laércio,
- "dizia que o bem é um só, porém, que se o designa por diversos nomes, como sabedoria, Deus, Espírito, etc. Enquanto ao oposto ao bem, o suprime, porque não tem realidade alguma".

segunda-feira, 28 de junho de 2010

VIDEO



A CRIANÇA CANADENSE QUE PAROU O MUNDO PARA OUVÍ-LA.
Durante cinco minutos jornalistas, chefes de estados e personalidades do mundo todo pararam para ouvir o discurso de uma jovem de 13 anos alertando sobre a situação do planeta.
Não existe pieguice e nem sensacionalismo no discurso consiso e profundo da jovem Seven Suzuki. Vale a pena ver e divulgar!

HISTORIA DA FILOSOFIA ANTIGA. SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA: ESCOLAS SOCRÁTICA MENORES.

Filósofos de diferentes procedências pré-socráticas insertaram em suas escolas as doutrinas morais de Sócrates. Tais são as Escolas Socráticas menores: de Mégara, cínica, cirenaica, de Elis.
Dizem-se menores, por não haverem adquirido a projeção da Academia de Platão e do Liceu de Aristóteles. Não obstante, por desenvolvimentos vários se transformaram em outras escolas, algumas tornadas significativas no período pós-socrático.
Importa advertir que os pós-socráticos, como o mesmo Sócrates, deram sempre importância à função ética da filosofia. Ainda modernamente ocorre a tendência de entender que o saber se destina à transformação da realidade, a serviço do homem, e não somente à pura contemplação. Eis Sócrates onipresente na história da humanidade, desde as escolas socráticas menores e as escolas filosóficas pós-socráticas.
Fonte:
Enciclopédia Simpozio

ARTE: PINTURA.

VAN GOGH
PESCADOR E BARCO NA PONTE CLICHY - ÓLEO SOBRE TELA - 1887.
THE ART INSTITUTE OF CHICAGO.

HISTORIA DA FILOSOFIA ANTIGA. SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA: A ÉTICA SOCRÁTICA.

Fundador da ética. Sócrates sempre foi visto como um padrão do ser humano, em especial o bom cidadão.
Sócrates não foi somente o bom; procurou também a ciência do ser bom, - a ética, a filosofia moral, - a partir de princípios gerais absolutos, ainda que derivando em aplicações para as particulares da natureza. É considerado mesmo o fundador da Ética como disciplina filosófica, portanto até ali as considerações morais tinham apenas formulações assistemáticas, ao modo dos dizeres sentenciosos. E porque alcançasse o saber moral sistemático, não foi um radical e nem um asceta, mas o homem racionalmente bom.
A Ética de Sócrates é de direito natural; no fundamento das normas positivas há leis não escritas (= ágrafoi nómoi).
A forma da moral é fundamentalmente finalista, portanto teleológica, como todas as éticas antigas. Bom é o que atende aos fins do homem, em especial ao seu desejo de felicidade.
A moral é, portanto, um bem viver. Trata-se, pois, de um eudaimonismo moral .Em vista de uma hierarquia de faculdades do homem, a felicidade procurada se ordena de tal maneira a fazer prevalecer a do espírito.
No caso de Sócrates (ao menos de Sócrates descrito por Platão), este espírito é ainda entendido à maneira órfica; isto resulta em certa rigidez, por causa do sem sentido das coisas materiais e da necessidade do purificar a alma de delitos anteriores. O comportamento quase ascético de Sócrates é resultado desta sua moral com base no dualismo órfico.
Este pensar rígido se transfere para algumas das escolas socráticas menores, em especial para a Escola cínica, transformada finalmente na tendência de disciplina dos estóicos.

Imprimiu também Sócrates à moral uma diretriz intelectualista. A coesão entre inteligência e vontade identifica praticamente o conhecimento da lei, com a própria moralidade. Conforme se conhece, assim se age. Então a moralidade depende de um certo exercício da inteligência, à qual cabe procurar bem conhecer, para poder bem agir. No profissionalismo tal coisa é evidente; o músico sabendo como tocar, evidentemente não deixará de tocar bem. Sócrates entende, no mesmo sentido de "técnica", o exercício da atividade moral.
"Se músico é o que sabe música, pedreiro o que sabe edificar, justo será o que sabe a justiça.
"Os que desejam o mal, crêem que ele é vantajoso ou pernicioso? Quanto aos que pensam que o mal é vantajoso, o conhecem como sendo verdadeiramente o mal?
Estes não desejam o mal como tal, pois não o conhecem; desejam apenas o que lhes parece um bem, o qual neste caso é o mal. Donde podemos concluir que os que desejam o mal e o consideram como bem, estão de fato a desejar unicamente o que é bom...
Ninguém expressamente deseja o mal" (Platão, Menon 77-78).
A consistência do intelectualismo ético de Sócrates tem sido posto em dúvida; embora o conhecimento influa no agir, porque o objeto é sempre uma motivação, este objeto contudo não se apresenta necessitante.
A Ética individual de Sócrates dispõe de uma série de enunciações sentenciosas.
Entre outras, é famosa a advertência conhece-te a ti mesmo.
Talvez nem todas sejam enunciação direta do filósofo, mas dizeres tomados do passado e por ele reafirmados. Outras sentenças poderão ter sido criadas pelos discípulos (Platão, sobretudo), para traduzir exatamente suas doutrinas. O mesmo fenômeno aliás sucedeu com outros filósofos e fundadores de religião.
Fonte: Enciclopédia Simpozio

HISTORIA DA FILOSOFIA ANTIGA. SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA: O MÉTODO SOCRÁTICO.

O método socrático, como é denominado, consiste numa dialética, em que a discussão se desenvolve em dois tempos, - a ironia e a maiêutica.
A ironia socrática consiste em perguntar, fingindo desconhecer o assunto (= dúvida fictícia e metódica), com vistas a refutar a tese contrária e preparar a tese verdadeira. A maiêutica ( = parir) de Sócrates conduz o interlocutor a descobrir paulatinamente o conhecimento sobre o objeto de discussão. No caso de Sócrates que supunha haver idéias inatas, a maiêutica consistia, mais precisamente, em fazer recordar, despertando os conhecimentos virtualmente possuídos.
Como método, a dialética vinha sendo praticada pelos últimos pré-socráticos, como Zenão de Eléia e especialmente os sofistas. Sócrates imprime a ela uma peculiaridade própria, em vista de seu temperamento irônico e seu propósito de combater os sofistas.
Além disto, a maiêutica era caracterizada pela sua concepção inatista, bem como pelo fato de havê-la denominado em função à profissão de sua mãe, que era parteira.
A ciência é um conhecimento do geral. Ou seja, é a explicação das coisas singulares, percebendo-as sob o prisma de uma idéia universal. Eis uma definição de ciência, que se atribui como sendo descoberta de Sócrates.
Com isto teria também esclarecido o conceito de definição, que oferece a noção geral da coisa (conforme texto já citado Met. 897b). Igualmente veio a mostrar o que é uma indução, - um caminhar para o universal, a partir de dados singulares. Isto o fez sobretudo com assuntos morais. Determina, por exemplo, a idéia de justiça, arrolando os elementos comuns em muitos casos particulares.
Teria sido excelente se tivesse aplicado o método indutivo ao estudo da natureza.
"Duas coisas podem ser atribuídas com justiça a Sócrates: os argumentos indutivos e a definição universal, ambos os quais se relacionam com o ponto de partida da ciência" (Arist., Metaf. 1078b 28).
A psicologia de Sócrates desenvolveu consideravelmente os conceitos sobre a pessoa humana. Distinguiu entre matéria e alma, conforme o dualismo, praticado nos termos do orfismo e pitagorismo, ao menos na linguagem de Platão.
Prosseguiu, determinando também as qualidades peculiares do espírito. Suas diversas faculdades são hierarquizadas, com distinção entre sentidos e inteligência, além de uma vontade dotada de liberdade. Esta, portanto, seria capaz de exercer um comportamento ético.
Deus é admitido por Sócrates. Mas não é sem reservas que aborda o assunto, pois nem Deus e nem o mundo diziam respeito à pessoa humana, da qual cuidava em primeiro lugar.
Repudiando os episódios míticos comentava:
"Se, por incredulidade, se procura dar verossimilhança a esses seres, usando para isso de uma curiosa e grosseira sabedoria, perde-se nisso o tempo e não podemos apreciar a vida como convém. O meu lazer, não o destino a essas explicações e eis aí a razão da minha atitude: ainda não cheguei a ser capaz como recomenda a inscrição délfica de conhecer a mim próprio. Parece-me ridículo, pois não possuindo eu ainda esse conhecimento, que me ponha a examinar coisas que não me dizem respeito. Não interessam essas fábulas e conformo-me, nesse sentido com a tradição. Não são as fábulas que investigo; é a mim mesmo" (Platão, Fedon 230).

Na prova da existência de Deus, este é avocado como autor da ordem universal (argumento teleológico, ou 5-a via em Tomás de Aquino) (vd n 305). Esta ação de Deus é vista nos detalhes mínimos, até a harmonia do ser humano, conforme texto de Xenofonte, companheiro do mesmo Sócrates:
"Não lhe parece que aquele que fez os homens desde o início lhes deu órgãos, a fim de que lhes sejam úteis: os olhos, para ver os objetos visíveis; as orelhas, para ouvir os sons? Para que nos serviriam os odores, se não tivéssemos narinas? Que idéias teríamos do que é doce, do que amargo, do que satisfaz agradavelmente ao paladar, se a língua não estivesse ali para decidir? Não é acaso uma maravilha da providência, que nossos olhos, órgãos delicados, estejam munidos de pálpebras, que se abrem como portas, quando deles precisamos e se fecham durante o sono? Que estas pálpebras estejam munidas de cílios, que, à maneira de crivos, os defendem contra o furor dos ventos? Que os sobrecílios se colocam à maneira de telhado por sobre os olhos para impedir que o suor a escorrer da frente os estorve? Que os ouvidos recebam todos os sons, sem se encher jamais? Que os dentes dianteiros de todos os animais sejam cortantes e os molares próprios para triturar os alimentos recebidos dos incisivos? Que direi da boca, que, destinada a receber o que excita o apetite do animal, é colocada junto dos olhos e das narinas? E como as dejeções excitam a aversão, não têm elas afastados os seus canais, de maneira a se encontrarem distantes dos órgãos mais delicados? Duvidais ainda que estas obras feitas com tanta ordem sejam produzidas ao azar ou por uma inteligência? - Percebo bem [concorda Aristodemo, participante do diálogo] que as considerando sob este ponto de vista são reconhecidamente obra dum sábio artista, animado por um terno amor por suas criaturas" (Xenofonte, Ditos memoráveis, I, 37).

Sócrates não levou ainda em conta o princípio da seleção das espécies e outros entraves do argumento que apresentava; para ser válido, o argumento deverá analisar mais sutilmente, até atingir o fundamento dos fatos admiráveis da natureza.
Todavia, a prova, como Sócrates a estruturou, já era um silogismo estruturado, ainda que as premissas não fossem suficientemente fundamentadas, conduzia à existência de Deus e a um conceito elevado do mesmo, muito superior ao das religiões tradicionais.
A criação da matéria não foi proposta por Sócrates; nem o fora pelos outros gregos. Pelo contrário, os eleatas haviam tentado provar que a criação era impossível.
A ação divina se limitava em aperfeiçoar as formas ordenadoras da matéria, criando uma ordem superior, com a atenção nos arquétipos; esta função será destacada por Platão.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage

ARTE - FOTOGRAFIA SUBAQUATICA.


Bruce Mozert nasceu em Newark, Ohio em 1916 e se transformou em um ilustre fotógrafo de pinup e um gênio da fotografia subaquática.

Ele criava cenas incríveis e bem humoradas da vida diária americana, cenas impensáveis para a época, como o da mulher jogando golf embaixo d’água.
Ler um jornal, atender o telefone, ele faria o que fosse preciso para deixar a cena real, fazendo produções meticulosas como usar gelo seco para fazer bolhas, dentre outras invenções.
Fonte: Recebi via e-mail. Se alguém souber, favor informar para eu creditar.

HISTORIA DA FILOSOFIA ANTIGA. SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA: AS DOUTRINAS DE SÓCRATES.

As doutrinas de Sócrates também devem ser vistas em função às dos sofistas.
Elas são análogas às dos sofistas no que se refere aos temas humanos. Sócrates se ocupa, como eles, destes assuntos, situando-os com prioridade frente às teorias sobre a natureza.

Os métodos dialéticos também são similares, destacando-se até pela sua ironia em os conduzir. Por isso mesmo, não faltou que definisse a Sócrates como maior dos sofistas, ainda que em bom sentido.

Divergiu Sócrates no que se refere às soluções dadas pela maioria dos sofistas. Enquanto estes tendem para o probabilismo, relativismo e ceticismo, Sócrates é dogmático.
Além disto, os sofistas são sensistas, materialistas. Sobretudo os sofistas são contra a moral de direito natural, quando Sócrates é intelectualista, racionalista, espiritualista (dualista) e a favor de uma ética natural.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/

domingo, 27 de junho de 2010

HISTORIA DA FILOSOFIA ANTIGA. SEGUNDO PERÍODO DA FILOSOFIA: PERÍODO SOCRÁTICO.


SÓCRATES (469-399 a.C.).

Biografia

Nasceu Sócrates quando apenas iniciava a "ilustração grega" e os sofistas já atuavam. Para o final de seus anos, Sócrates influenciou fortemente o pensamento grego, dando origem, no plano filosófico, ao chamado "período socrático".
É evidente de que se trata de todo um processo de fatores confluentes, e que não dependiam de um só homem. Maior do que Sócrates passariam também a ser Platão e Aristóteles. Todavia Sócrates está cronologicamente no início do processo, e o retrata adequadamente, justificando-se a tomada de seu nome para denominar o seu tempo como um todo.
Foi modesto cidadão, filho de escultor e de parteira. No início foi também ele um escultor.
Casou-se primeiramente com Xantipa, de quem teve Lâmpocles, ao qual ensina a paciência e a submissão à mãe, de difícil temperamento.
Sua outra mulher chamava-se Nirton, sendo posterior, ou simultânea, de acordo com uma lei que, diante da escassez de homens, estimulou o repovoamento de Atenas. Foi assim que, de Nirton, nasceram a Sócrates mais dois varões, Sofronisco e Menéxenes.

Participou, como soldado, na guerra do Peloponeso, para finalmente ser vítima do confucionismo político que se deu ao final, com Esparta vitoriosa e influindo exteriormente sobre o regime político de Atenas.
Na primeira fase da guerra (431-421 a.C.), Sócrates tomou parte nas batalhas infelizes de Potidéia e Délium. Já depois da guerra, participou das "façanhas dos dez mil" gregos, quando Ciro (o moço), sátrapa da Lídia, tentou, mas em vão, a sucessão do trono da Pérsia. Sócrates e Xenofonte comandaram a retirada.

Passada a desastrosa guerra do Peloponeso sucederam-se vários regimes em Atenas. O primeiro, de 404-403, o dos Trinta Tiranos, ainda que progressista, era todavia cruel. Sócrates pertenceu ao novo governo, como Senador eleito. Renuncia, em vista do terror, que não podia aprovar. Restaurada a democracia em 403, com apoio de Tebas, onde se refugiavam anteriormente os exilados, piorou a situação de Sócrates.

A demagogia do governo democrático verteu-se contra os propugnadores progressistas e aristocráticos, que tinham por modelo Esparta; esta, apesar de inimiga, parecera provar que tinha melhor sistema, no qual inclusive as mulheres tinham educação nos ginásios.
A exacerbação tradicionalista condenou a Sócrates a pretexto de pervertedor da juventude, contrário aos usos e aos deuses. É este condenado, sendo-lhe imposto beber cicuta. Platão, um jovem aristocrata de 28 anos e seu discípulo, abandonou temporariamente Atenas, em decorrência da situação política, como ele mesmo diz (Carta, 7-a). Em um outro texto, descreve Platão a morte do sábio mestre, em página, que ficou sendo uma das mais comoventes da história da filosofia.

Nada escreveu Sócrates. Seu pensamento foi retransmitido pelos discípulos das escolas socráticas menores, mas sobretudo por Xenofonte (em Dizeres admiráveis de Sócrates), Platão (em sua trintena de Diálogos) e por Aristóteles (nas introduções históricas aos temas de que passava a tratar).

Platão foi o que mais nos transmitiu, havendo usado o diálogo, em que Sócrates surge como interlocutor. Pretende, de outra parte, Platão defender as mesmas doutrinas que seu mestre. Por isso, nem sempre se distingue entre o que é de Sócrates e o que já vai sendo um novo desenvolvimento de Platão. Quando Aristóteles atribui doutrinas diretamente à Sócrates, sabemos que elas não pertencem à Platão. Acontece então que os primeiros livros de Platão expressam com precisão as doutrinas de Sócrates; as novidades dos seguintes, ainda que venham pela boca de Sócrates, se devem atribuir mais a Platão.

Por via de regra, cabem a Sócrates as doutrinas referentes à especificidade da inteligência (contra o sensismo sofista), à substancialidade e espiritualidade da alma (contra o materialismo monista), à preexistência e imortalidade da alma (orfismo herdado de Orfeu e Pitágoras), à existência de Deus e reação ao antropomorfismo (contra a mitologia), à moral natural (contra os sofistas); sendo embora de Sócrates, as defendia também Platão, que nisto foi portanto um seu discípulo.

Cabem especificamente à Platão as doutrinas sobre a reminiscência (que não é contudo impossível no orfismo), mas sobretudo as doutrinas das idéias reais, as quais também era arquétipas com referência à organização do mundo; este campo de idéias de Platão, ele as desenvolveu sob influência pitagórica. A doutrinação sobre uma nova concepção política, se deve também às preocupações específicas de Platão. Neste particular se distinguem mais claramente os dois mestres.

Encaminhou-se novamente Platão ao estudo da natureza, juntamente com as preocupações humanas de Sócrates; enquanto este havia menosprezado a filosofia sobre a natureza dos pré-socráticos, Platão a reanexou ao programa da Academia.
Aristóteles nos informa a este respeito, asseverando que Sócrates fora um filósofo da moral e sugerindo ainda que fora um metafísico, todavia diferente de Platão e que não cuidou da física:
"Sócrates, cujas, preocupações se dirigiam às coisas morais e, de nenhum modo sobre a natureza em conjunto, procurou neste domínio o universal e fixou primeiro o pensamento sobre as definições. Platão aceitou seu ensinamento, mas sua primeira formação o levou a pensar que este universal devia existir em uma outra ordem que as coisas sensíveis" (Metaf. 987b).

"Para Sócrates, porém, os universais e as definições não são entes separados; os que vieram depois dele é que os separaram, chamando de idéias essa classe de entidades" (Metaf. 1078 b 30).

Nestas informações de Aristóteles está claro que certas doutrinas de Platão resultaram de uma evolução posterior, e já podemos nos imaginar que ele as desenvolvera quando, logo após a morte de Sócrates, freqüentou a escola eleaticista de Mégara e visitara aos pitagóricos na Itália.

HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA. SEGUNDO PERÍODO: PERÍODO SOCRÁTICO.

Introdução.
O apogeu da filosofia grega coincide com a centralização da cultura em Atenas, bem como por algum tempo do poder político, sobretudo sob Péricles (+429 a.C.).
Do ponto de vista filosófico, o tema dominante foi o homem, discutido do ponto de vista da ética; mas a ética se subordinava à metafísica. Foi ainda sob os efeitos da metafísica que a arte se firmou no ponto de vista do idealismo clássico.
Por causa do destaque inicial de Sócrates, o período veio a ser denominado socrático. Todavia as duas figuras máximas do período foram Platão e Aristóteles, que superaram ao seu próprio tempo.
Didaticamente, há a considerar, este primeiro capítulo, em dois artigos ao mesmo Sócrates e às escolas ditas socráticas menores
Depois, mas em capítulos especiais, mais exaustivamente que todos os demais filósofos gregos, a Platão e a Aristóteles.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage