terça-feira, 19 de junho de 2012

MODERNIDADE, MODERNISMO E MODERNIZAÇÃO

                                                                                                                                          Suely Monteiro
                        Filha do Iluminismo e da Revolução Francesa, a Modernidade nasce com a incumbência de realizar o sonho de uma sociedade feliz fundada nos parâmetros da razão, da livre escolha, da ciência e da tecnologia.  A humanidade anseia por novos rumos libertadores. Está cansada da submissão à Igreja. Quer constituir novas instituições mais imanentes que lhe  proporcionem a visão imediata do seu poder de ação. Investe na Ciência, na Tecnologia e ganha horizonte nunca antes experimentados. Sorridente e confiante em seu poder de ação e resolução, a Modernidade lança-se com toda a força de sua jovialidade ao desbravamento do insondável, do inimaginável, do impossível.
                        Entrega-se às Artes e gera o Modernismo, movimento que se volta primeiramente para a Estética e mais tarde, para a Ética, imiscuindo-se, também, na política com o objetivo de fomentar uma sociedade exemplarmente estabelecida nos rigores das leis, do direito e do respeito ao outro.
                      Ambiciosa, ansiando entrar para a História, a Modernidade insufla em sua filha predileta, o desejo de conseguir  maior penetração na sociedade que ela quer transformar. E a Modernização se encarrega de atender o desejo da mãe, especializando-se em desenvolver processos técnicos e econômicos, marcados pela avidez de renovações em tempos cada vez menores.
Máquinas engenhosas, sistemas de telefonia cada vez mais sofisticados, impulsos na navegação, grandes avanços na ciência, proporcionados por invenções que facilitam o diagnóstico e os tratamentos. Nos setores da administração, a cada dia novas técnicas de aprimoramento das relações. As redes sociais ganham espaço e conquistam lugares de destaque em todos os setores da sociedade. Nos transportes e nas indústrias, inovações surpreendentes que reduzem distâncias. O mundo em suas mãos vira uma aldeia: aldeia global.
                     O sucesso da Modernização é rápido e graças a ela o mundo se modifica, elevando alguns setores, rebaixando e embrutecendo outros, gerando medos e forte sentimento de obsoletismo que  se alastra como uma praga.
                     As pessoas passaram a ser valorizadas pelos bens que possuem e por seus poders de penetração e  persuasão. Com isto  exacerba-se  o individualismo e, com ele, a indiferença pelo outro, pelo ser.
                    As dores, as alegrias e os sucessos só ganham importância no âmbito do eu.           
                   O “nós” ainda aparece, mas nas tragédias, nas catástrofes sociais que envolvem multidões e, somente por pouco tempo, para logo serem esquecidas e superadas por outra notícia na primeira coluna do jornal.
                    
                     Amparados pela autonomização, a Modernização e o Modernismo seguem seus caminhos, produzindo tecnologias, beleza e conforto. indiferentes às suas origens.
                     Mas,  como fica  a Modernidade no meio disto tudo? 
                    Ora,  enquanto para alguns essa senhora está sofrendo os estertores da morte, para outros, ela morreu faz tempo.  Não percebemos porque nos mantemos indiferentes,  ilhados em nós mesmos, deixando que a vida , e tudo o que ela contém,  corra  a nossa revelia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seus comentários serão sempre bem vindos.Se deixar e-mail terei o prazer de respondê-los.