sexta-feira, 12 de abril de 2013

DE VOLTA À GRÉCIA

Suely Monteiro

A vida é bela. É preciso viver.
Eu precisava escrever um artigo comparativo entre as concepções de palingenesias platônica e kardeciana, mas as ideias para iniciá-lo não surgiam me deixando bastante  aborrecida e apreensiva, uma vez que o tempo não espera o Tempo da Inspiração chegar. 

Diante da impossibildiade de mudar a situação, tomei o barco da imaginação e rumei para a Grécia do século V. Se, para mim  viajar significa prazer, viajar para a Grécia significa reviver. Tenho, certamente, um pezinho  de alma naquelas terras.

Desembarquei em Atenas no momento em que começava mais um de seus festivais. Acompanhei a procissão em homenagem a Dionísio cantando e dançando com a platéia.

No teatro eu não conseguia distinguir os atores em suas máscaras engomadas, suas roupas acolchoadas e seus discursos que prendiam como correntes  e criavam  um misto de expectativa e medo de que aquele frenesi terminasse e a realidade voltasse a colocar todos no chão. Uma loucura e eu estava alí vivendo-a intensamente!

É preciso ser muito forte para que a estonteante beleza das estátuas gregas não cumpram o seu papel de hipnotizar o seu observador; de  deixá-lo pregado no chão diante de seu olhar pétreo e distante como o de alguém que não está nem aí para a sua adoração...

Não é este o meu caso.  Fiquei alí rendendo homenagens a Fidias, Míron e seus colegas até que  as guerras fratricidas, a derrota, a humilhação  me despertaram e me trouxeram de volta ao mundo real e aos sofrimentos desse povo na atualidade.

A fome, o desemprego e a miséria rondando suas casas, felizmente, não conseguem reduzir a coragem e o orgulho do povo grego que, desta vez,  luta unido, contra os graves problemas relacionados às políticas interna e externa, às questões econômicas e sociais que insistem em abater-lhes o ânimo.

 A força de Esparta e a sensibildiade de Atenas se fundem  naqueles corações e os  tornam, apesar de toda a dor, confiantes.

E, para homenagear-lhes caros amigos, a paciencia de ouvir-me,  escolho, entre os gregos de hoje  o romantismo de Hatzigiannis .

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