quinta-feira, 19 de junho de 2014

DESPERDICIO DE DINHEIRO EM PESQUISA


US$100 bi de pesquisas médicas são jogadas fora, diz pesquisador
A maioria dos gastos mundiais em pesquisa médica está sendo jogada fora.
A afirmação contundente é do Dr. Paul Glasziou, professor de medicina na Universidade Bond (Austrália).

"O desperdício parece ruim, mas a realidade é ainda pior," escreve Glasziou, em um artigo publicado na revista PLOS Medicine.
"A estimativa de que 85% das pesquisas são jogadas fora se refere apenas às atividades antes do ponto de publicação," esclarece ele.
Depois disso, outras barreiras transformam mais pesquisas em "lixo".
Ciência aberta
Apesar de todo o esforço e atenção dados ao financiamento das pesquisas médicas, através do governo e de agências filantrópicas, os modelos de publicação que restringem o acesso aos resultados das pesquisas significa que o lucro vem em detrimento da saúde humana, argumenta Glasziou.
Os sistemas que incentivam pesquisas ruins e má comunicação dos resultados das investigações podem parecer assuntos árduos, mas os resíduos que eles causam cobram seu custo em vidas.
Segundo o pesquisador, as instituições de financiamento devem se assegurar de que os trabalhos que elas financiam e endossam sejam publicados em formato de acesso livre, tornando os resultados muito mais eficazes.
Glasziou há tempos vem analisando como as revistas científicas de acesso aberto podem ajudar a moderar e reduzir o grande desperdício global nas pesquisas médicas. Agora, em seu novo artigo, ele descreve o quanto a situação atual está ruim e sugere como ela pode ser melhorada.
Periódicos acadêmicos baseados em assinaturas rendem dinheiro através de direitos autorais cedidos pelos pesquisadores para os editores das revistas, que trancam os artigos atrás de assinaturas anuais caríssimas. Quase ninguém os leem, impedindo o uso das pesquisas de boa qualidade e escondendo as pesquisas ruins do escrutínio necessário.
Já as revistas científicas de acesso aberto normalmente cobram uma taxa de publicação e, em seguida, tornam os artigos imediatamente disponíveis para todos, o que ajuda na disseminação do conhecimento e melhora sua qualidade.
Similar à corrupção
"Para obter um retorno integral dos investimentos em pesquisa médica," diz Glasziou, "é preciso reduzir tanto os custos anuais de US$ 100 bilhões de pré-publicação (produção da pesquisa) quanto os custos não quantificados de pós-publicação (divulgação da pesquisa).
"Se mais de uma centena de bilhões de dólares de pesquisas médicas estivessem sendo desperdiçados por corrupção, o clamor público e político seria esmagador. Que recursos dessa magnitude estejam sendo desperdiçados por incompetência e falta de atenção é algo que deve ser visto como um escândalo similar.
"Sistemas de pesquisa e disseminação mal projetados e mal pensados subtraem maciçamente recursos da saúde humana global," conclui ele.

Fonte: Diário da Saúde. Glaziou.P;  18/jun/2014. acesso em 19/06/2014.
Imagens livres do Google

segunda-feira, 26 de maio de 2014

DONALD NO PAIS DA MATEMÁGICA HD


 
"Donald no País da Matemágica"   é um curta de 27 minutos estrelado pelo
Pato Donald.. Foi lançado nos Estados Unidos em 26 de junho de 1959
sob a direção de Hamilton Luske.
Disponibilizado a várias escolas ele se tornou um dos vídeos educativos mais
populares da linha Disney.
Em 1959 foi indicado ao Oscar de melhor curta-documentário.
O estudo da matemática através do desenho animado tem estimulado o público
sobre este assunto tão importante, falou Disney certa vez.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

FILME Mito da Caverna Platão - OLHAR PRA VER - Celso Lira - Filosofia Ve...


É sempre bom refletir sobre as coisas ao nosso redor. Mas para ver é preciso,não apenas olhar, mas principalmente ,crer.

Sócrates - filme completo

Com direção do mestre italiano Roberto Rossellini, esta superprodução européia é a cinebiografia de Sócrates, um dos maiores filósofos da humanidade.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Sobre a Política da Paz


 Suely Monteiro

Observo dois grandes grupos atuando firmemente:

a)  que se esforçam para evidenciar e solicitar o combate aos crimes e corrupção em geral; e

  b) aqueles que se esforçam para demonstrar que existem mais ações no bem, mais amor no mundo do que maldade e corrupção.


Não são grupos excludentes, são complementares. Falta-lhes a consciência da importância de suas ações para deixarem de competir ou rivalizar entre si.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Conflitos Contemporâneos: Morte da civilização ou emergência de um novo paradigma social?



                                                 Suely Monteiro

 

Em Aracajú: Paz e reflexão.
                               O voo era longo e eu estava com frio não conseguindo dormir. Assim tomei do meu leitor de livros e comecei a ler um trecho de Filosofia Política quando a conversa no banco da frente me chamou a atenção e fiquei ouvindo o diálogo que desenrolava sobre a violência social, os quebra-quebras que estavam ocorrendo em várias regiões do Brasil, e as possíveis causas de tanto desequilíbrio, de tanta loucura. Em determinado momento um dos debatedores afirmou categoricamente: “É o fim da civilização. Cada vez mais próxima, a morte da civilização vai transformando o homem, tornando-o fera e nossos filhos, brevemente, estarão disputando como no antepassado, territórios uns dos outros, usando a força em detrimento da razão e a inteligência como instrumento de construção de armas para a destruição. Não tenho esperança na humanidade a menos que surja um outro Salvador, pois o primeiro não deu conta do recado” – lamentou rematando.

                                Esta fala direcionou a minha mente para O Mito do Consenso Americano – artigo do americano Gary Andres, 2010, sobre a estratégia eleitoral de Barack Obama referendada sob o mito do consenso político americano, que mostra o desalento do povo ao descobrir que o presidente eleito, longe de ser o messias, não passava de um homem cujos projetos de Salvador da Pátria estavam desmoronando.

                             Fiquei pensando no quanto a ignorância, a falta de conhecimento nos confunde a visão dos fatos. E, confiante que sou, resolvi buscar em outros autores o reforço para mostrar que diferentemente do que pensam os debatedores ,  a civilização não vive seus momentos finais e que as dores, o crime organizado, a violência, as guerras de todas as espécies, sinalizam não o final de uma civilização, mas a transição para um novo modelo de fazer política, baseado na implantação da cultura da Paz
 

O Artigo do Gary Andres

                            Com leveza e muita clareza o jornalista do Hearst Newspaper descreve a campanha de Barack Obama e suas estratégias para vencer as eleições. Segundo Gary, Obama valeu-se do pensamento infiltrado nas mentes americanas em relação ao consenso político que permeiam as relações e negociações governamentais. O consenso político embora exista é muito menor do que a população acredita e, no fundo, no fundo, não passa de um instrumento de oratória para ganhar eleições e que cai por terra na hora de definir situações e elaborar leis. Ele cita como exemplo os casos relacionados à reforma do sistema de saúde e o estímulo à economia a que todos americanos apoiavam. Neste último caso, quando o congresso se reuniu para discutir o assunto, a

... coisa descambou para um circo partidário, no qual todos os democratas apoiavam a sua versão do pacote de estímulo e os republicanos promoviam ideias completamente diferentes (ANDRES,2010).

Assim, ele continua:

...Toda a discórdia gerada durante aqueles e outros debates simplesmente afugentou as pessoas porque elas acreditam que o consenso não deve ser algo difícil de se obter. Hibbing e Theiss-Morse escrevem: ‘As pessoas não gostam do conflito político porque elas pensam que resolver esses conflitos é muito fácil, mas na realidade isso é muito difícil' (GARY,2010).

                           O fato de os políticos fazerem suas campanhas fundamentadas em bases falsas, mitológicas leva o povo a acreditar que tudo é muito simples, quando a realidade é bem diferente. É muito complicado chegar a um consenso quando diferentes posições sócio-econômico-financeira estão em jogo. Citando, ainda, como exemplo a população norte americana, analisada sob a ótica de Gary, mas ampliando a ação do modelo até o Brasil, chegamos a uma constatação muito séria de que o mito pode ajudar a ganhar eleições, mas não colabora para manter coesa a bancada governamental e esta falta de coesão nas tomadas de decisões, macula o congresso como instituição na medida em que o legislativo não cumpre as promessas eleitorais. Isto está acontecendo com Obama e, acontece, no Brasil, com Dilma.

                              A abordagem do congresso americano em relação às legislações de estímulo econômico, o comércio internacional de emissões e o sistema de saúde trouxe à tona as divisões entre o eleitorado americano e os conflitos entre os eleitores pesaram na queda dos índices de aprovação do congresso nos 12 meses seguintes à elaboração do artigo, ou seja no ano de 2011.  Dilma, também, eleita pelos efeitos mitológicos disseminados por uma mitologicamente campanha bem construída, com a imagem de salvadora da Pátria, vem despencando nas pesquisas eleitorais.  A questão é que de messias eles se transformam numa grande decepção para todos os que apostaram neles na expectativa de que viriam solucionar os problemas do povo e imprimir uma nova ordem mundial.

 

MITO E MESSIANISMO COMO OBSTÁCULO À DEMOCRACIA

                                 Abbagnano em Dicionário de Filosofia dá ao verbete “mito” três acepções, originárias de Aristóteles. Uma delas nos interessa para este artigo: O mito como Instrumento de estudo social (ABBAGNANO, 2008, ps.784/5), pois nos ajuda a compreender a ação do marketing eleitoreiro na manipulação das emoções e sentimento do povo, para com eles construir imagens de heróis e ídolos capazes de solucionar todos os problemas a sociedade. Assim sendo, homens e mulheres comuns, candidatos a um cargo de representação social são elevados à categoria mitológicas de messias vindos para salvar o povo do sofrimento e oferecer-lhe na terra um paraíso que o Mestre   dos mestres disse que só seria possível no Céu.

                                  Ao tirar partido dessas situações o político carreia para a democracia as consequências geradas por seus atos inconsequentes, uma vez que prometem um mundo de fantasia, mas encontra dificuldades para colocar em prática no mundo real, as exacerbadas promessas feitas enquanto líder investido do papel de messiânico, salvador da pátria. Cegados pela ambição, caem no fosso que existe entre a retórica messiânica de salvador do mundo e a prática de governar realisticamente ou como no dizer de Maquiavel, com a arte de fazer o possível.  Com o passar do tempo começam a ser cobrados por leis e obras que não conseguiram realizar e que sabiam, antecipadamente, que não seriam viáveis. Para se safarem das responsabilidades não cumpridas e se manterem no poder, atrelam-se a novas concepções míticas para que a população sem condições de analisar profundamente os processos que encobrem esses falseamentos, continuem esperando por um milagre que nunca chega.

                                    Quem poderá me ajudar? – pergunta o jovem vestido de jeans e máscaras, lutando para obter a terra e os frutos prometidos pelo messias ilusório, ao repórter que o leva aos milhares de lares pela televisão.

 
OPINIAO PÚBLICA, IMPRESSA E DEMOCRACIA

                                      Não se pode negar a importância da impressa no processo democrático e tentar calar este instrumento é um retorno impensável à ditadura. A mídia é poderosa. A sua posição ajuda a formar uma opinião pública mais realista, desfazendo os enganos e trazendo à tona as sujeiras que se pretende fique debaixo dos tapetes, ou se o seu exercício estiver a serviço de interesses menos dignos, a mascarar uma situação que impedirá por muito tempo o crescimento, a expansão da liberdade e da iniciativa consciente do cidadão.  Mas, qual é o papel da imprensa? Ela poderá ajudar o jovem vestido de jeans e de máscaras? Ajudar em que sentido?  Estas perguntas, ainda continuam sem respostas, muito embora estejam sendo muito esperadas, uma vez que a imprensa na contemporaneidade, para alguns está ultrapassando sua área de atuação e invadindo a área da fiscalização, quando o seu papel é somente informar os fatos tais como esses apresentam a ela. Por outro lado, existem aqueles que advogam que se o modelo clássico de uma democracia evoca os três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário, na atualidade, a impressa forma o quarto poder e por isto sua área de atuação expande-se para que ela possa ir além de como os fatos lhe são apresentados para apurá-los em sua profundida e informar com segurança.  Enquanto não se definem estes papeis, é importante ter em mente, que não existe democracia com uma imprensa controlada, com censura prévia do material cultural produzido e, que cada vez mais, a imprensa se torna um instrumento para que o cidadão se manifeste, troque experiência e cobre dos poderes a realização daquilo a que a sociedade tem direitos estabelecidos por contrato. 


A POLITICA COMO OUTRA FORMA DE FAZER A GUERRA

                        Ligar a televisão, abrir o jornal é deparar-se com cenas de violência, de guerras no Irã, no Iraque e ficamos contentes por que afinal de contas no Brasil não existem guerras. Será? A noção ainda mais divulgada de guerra é a que se relaciona com tiros, canhões, bombardeios aéreos, marítimos e bombas nucleares. No entanto, cada vez mais as guerras estão se formando como nuvens poderosas, nos bastidores das grandes instituições que se monitoram mutuamente, nas redes sociais e, por incrível que pareça, na política.  Todavia é uma guerra diferente, sem o uso das armas, mas uma guerra de poderes e saberes. É uma guerra feita de estratégia, tática, recurso, meio e expediente. Foucault dirá que a política é a guerra continuada por outros meios e esta afirmação

 
... em primeiro lugar, decorre de que as relações de poder, em nossa sociedade, caracterizam-se, sobretudo, como relação de força, estabelecida em determinado momento, historicamente precisável, na guerra e pela guerra. Portanto o poder político pode parar a guerra ou fazer reinar a paz, mas não pode suspender os efeitos da guerra. O poder político tem a função de “reinserir perpetuamente” essa relação de força mediante uma “guerra silenciosa (FOUCAULT, 1999, p. 23).


                       A afirmação pressupõe que a maneira de acabar com a guerra continuada é dar fim ao poder político. Para o pensador francês, a sociedade mudou e o poder expandiu-se para além do Estado, instalando-se em micro-organismos, tais como escolas, famílias, locais de trabalho entre outros, ou seja, o poder está na sociedade o que de certa forma responsabiliza cada um pelos acontecimentos. O poder deixa de central para ser constelações de micro poderes, vinculados aos diferentes saberes, pois Foucault vincula saber e poder ao pensar na força política.


 CONCLUSÃO

                      Existe, portando, uma vinculação, ainda que imperceptível ao primeiro olhar, às ideias tratadas neste trabalho quando se pensa que a grande solução da sociedade contemporânea - a Comunicação -  é, também, seu grande problema quando esbarra com o jogo que se faz do poder-saber, da (des)-informação. Cristóvam Buarque em “Democracia e Globalização: os noves tipos de paz” (BUARQUE,2007 pg. 17) sugere que:

... o mundo global do sec. XXI é um imenso Mundo Terceiro Mundo, com países de maioria da população de baixa renda e países com maioria de população de alta renda, (grifo do autor), mas em ambos os grupos havendo parcelas ricas e parcelas pobres, diferenciando-se apenas, dentro de cada país, a proporção entre uma e outra dessas parcelas (...) o resultado será a tragédia moral da exclusão aceita, pelo sentimento de dessemelhança que já começa a espalhar pelo mundo entre ricos e pobres.

 

                        Entendendo que estas divergências no campo econômico, embora não sejam únicas, se refletem no campo social traduzindo-se por maiores ou menores facilidades para a aquisição do conhecimento, supõe-se que a Democracia tem também este obstáculo para superar. É bom ter em conta que vivemos num mundo em que existem muitos políticos, empresários e marqueteiros criadores de mitos de vida curta e ídolos da vaidade, que dificultam a promoção do conhecimento e que governam desalinhados do desejo de atender ao bem comum, mas com vistas aos interesses próprios. Para esses quanto mais ignorantes e desordeiros melhor, pois justificam suas ações e prepotência.

                         Então, não existe um meio de solucionar esta situação-problema? Claro que existe.  Trata-se de implantar uma política voltada para o cultivo da paz. Somente esta política poderá solucionar e responder a pergunta do jovem de jeans e máscara. E um dos principais e primordiais passos para a implantação dessa política é a Educação voltada para a paz, começando na individualidade do lar, para agregar, aos poucos, Escolas, Igrejas, Centros Comunitários, até que alcance os palanques para finalmente formar um novo paradigma político social. O reencontro com os valores esquecidos que aproximam os seres humanos e os transforma em irmãos, fará os políticos atuarem com Ética. Uma Ética preferencialmente planetária, na medida em que este novo modelo for se expandindo.
 

                       Longe de pensar neste novo modelo como uma utopia, aquele jovem de jeans realiza suas revoluções esperando colaboração para constitui-lo. Ele luta, na verdade, por Liberdade, Igualdade e Fraternidade, planta que não frutificou com a revolução francesa, desejando que novos frutos surjam dos brotos que ficaram e que ele sejam doces como são o respeito pelo outro, a solidariedade com o outro e a cooperação com o outro. 

                       Este, parece à autora o novo paradigma político que o mundo almeja e que desponta com a principiante renovação dos valores civilizatórios, acontecendo entre estertores que lembram a morte, mas que na verdade, significam somente as dores do parto.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS


ABBAGNANO, Nicola.  Dicionário de Filosofia. Martins Fontes.  São Paulo-SP. 2007
 
CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus. Mitologia Ocidental.  Palas Athenas. Rio de Janeiro-RJ. 2008.

BUARQUE, Cristóvam. Democracia e globalização: Os nove tipos de paz in A paz como caminho. Qualitymark. Rio de Janeiro. RJ 2007

HEARST NEWPAPER. Andres, Gary. O mito do consenso político norte-americano. Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/hearst/2010/04/17/o-mito-do-consenso-politico-norte-americano.jhtm. Acessado em 17/04/2010.

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segunda-feira, 28 de abril de 2014

A ARTE DE CARLOS VILARÓ

 
 
 
Hoje senti saudades dos bons momentos vividos no pequeno e belo Uruguay. Por isto escolhi homenagear um dos seus filhos maravilhosos: Carlos Vilaró.
 





quarta-feira, 9 de abril de 2014

FILOSOFIA NA CANÇÃO INFANTIL

Por que o Sapo não lava o Pé?

Os filósofos respondem…



Olavo de Carvalho: O sapo não lava o pé. Não lava porque não quer. Ele mora lá na lagoa, não lava o pé porque não quer e ainda culpa o sistema, quando a culpa é da PREGUIÇA. Este tipo de atitude é que infesta o Brasil e o Mundo, um tipo de atitude oriundo de uma complexa conspiração moscovita contra a livre-iniciativa e os valores humanos da educação e da higiene!
Karl Marx: A lavagem do pé, enquanto atividade vital do anfíbio, encontra-se profundamente alterada no panorama capitalista. O sapo, obviamente um proletário, tendo que vender sua força de trabalho para um sistema de produção baseado na detenção da propriedade privada pelas classes dominantes, gasta em atividade produtiva alienada o tempo que deveria ter para si próprio. Em conseqüência, a miséria domina os campos, e o sapo não tem acesso à própria lagoa, que em tempos imemoriais fazia parte do sistema comum de produção.

Friedrich Engels: isso mesmo.

Michael Foucault: Em primeiro lugar, creio que deveríamos começar a análise do poder a partir de suas extremidades menos visíveis, a partir dos discursos médicos de saúde, por exemplo. Por que deveria o sapo lavar o pé? Se analisarmos os hábitos higiênicos e sanitários da Europa no século XII, veremos que os sapos possuíam uma menor preocupação em relação à higiene do pé – bem como de outras áreas do corpo. Somente com a preocupação burguesa em relação às disciplinas – domesticação do corpo do indivíduo, sem a qual o sistema capitalista jamais seria possível – é que surge a preocupação com a lavagem do pé. Portanto, temos o discurso da lavagem do pé como sinal sintomático da sociedade disciplinar.

Max Weber: A conduta do sapo só poderá ser compreendida em termos de ação social racional orientada por valores. A crescente racionalização e o desencantamento do mundo provocaram, no pensamento ocidental, uma preocupação excessiva na orientação racional com relação a fins. Eis que, portanto, parece absurdo à maior parte das pessoas o sapo não lavar o pé. Entretanto, é fundamental que seja compreendido que, se o sapo não lava o pé, é porque tal atitude encontra-se perfeitamente coerente com seu sistema valorativo – a vida na lagoa.

Friedrich Nietzsche: Um espírito astucioso e camuflado, um gosto anfíbio pela dissimulação – herança de povos mediterrâneos, certamente – uma incisividade de espírito ainda não encontrada nas mais ermas redondezas de quaisquer lagoas do mundo dito civilizado. Um animal que, livrando-se de qualquer metafísica, e que, aprimorando seu instinto de realidade, com a dolcezza audaciosa já perdida pelo europeu moderno, nega o ato supremo, o ato cuja negação configura a mais nítida – e difícil – fronteira entre o Sapo e aquele que está por vir, o Além- do-Sapo: a lavagem do pé.

John Locke: Em primeiro lugar, faz-se mister refutar a tese de Filmer sobre a lavagem bíblica dos pés. Se fosse assim, eu próprio seria obrigado a lavar meus pés na lagoa, o que, sustento, não é o caso. Cada súdito contrata com o Soberano para proteger sua propriedade, e entendo contido nesse ideal o conceito de liberdade. Se o sapo não quer lavar o pé, o Soberano não pode obrigá-lo, tampouco recriminá-lo pelo chulé. E ainda afirmo: caso o Soberano queira, incorrendo em erro, obrigá-lo, o sapo possuirá legítimo direito de resistência contra esta reconhecida injustiça e opressão.



Immanuel Kant: O sapo age moralmente, pois, ao deixar de lavar seu pé, nada faz além de agir segundo sua lei moral universal apriorística, que prescreve atitudes consoantes com o que o sujeito cognoscente possa querer que se torne uma ação universal.
Nota de Freud: Kant jamais lavou seus pés.

Sigmund Freud: Um superego exacerbado pode ser a causa da falta de higiene do sapo. Quando analisava o caso de Dora, há vinte anos, pude perceber alguns dos traços deste problema. De fato, em meus numerosos estudos posteriores, pude constatar que a aversão pela limpeza, do mesmo modo que a obsessão por ela, podem constituir-se num desejo de autopunição. A causa disso encontra-se, sem dúvida, na construção do superego a partir das figuras perdidas dos pais, que antes representavam a fonte de todo conteúdo moral do girino.

Carl Jung: O mito do sapo do deserto, presente no imaginário semita, vem a calhar para a compreensão do fenômeno. O inconsciente coletivo do sapo, em outras épocas desenvolvido, guardou em sua composição mais íntima a idéia da seca, da privação, da necessidade. Por isso, mesmo quando colocado frente a uma lagoa, em época de abundância, o sapo não lava o pé.

Soren Kierkegaard: O sapo lavando o pé ou não, o que importa é a existência.
George Hegel: podemos observar na lavagem do pé a manifestação da Dialética. Observando a História, constatamos uma evolução gradativa da ignorância absoluta do sapo – em relação à higiene – para uma preocupação maior em relação a esta. Ao longo da evolução do Espírito da História, vemos os sapos se aproximando cada vez mais das lagoas, cada vez mais comprando esponjas e sabões. O que falta agora é, tão somente, lavar o pé, coisa que, quando concluída, representará o fim da História e o ápice do progresso.

Auguste Comte: O sapo deve lavar o pé, posto que a higiene é imprescindível. A lavagem do pé deve ser submetida a procedimentos científicos universal e atemporalmente válidos. Só assim poder-se-á obter um conhecimento verdadeiro a respeito.

Arthur Schopenhauer: O sapo cujo pé vejo lavar é nada mais que uma representação, um fenômeno, oriundo da ilusão fundamental que é o meu princípio de razão, parte componente do principio individuationis, a que a sabedoria vedanta chamou “véu de Maya”. A Vontade, que o velho e grande filósofo de Königsberg chamou de Coisa-em si, e que Platão localizava no mundo das idéias, essa força cega que está por trás de qualquer fenômeno, jamais poderá ser capturada por nós, seres individuados, através do princípio da razão, conforme já demonstrado por mim em uma série de trabalhos, entre os quais o que considero o maior livro de filosofia já escrito no passado, no presente e no futuro: “O mundo como vontade e representação”.

Aristóteles: O [sapo] lava de acordo com sua natureza! Se imitasse, estaria fazendo arte . Como [a arte] é digna somente do homem, é forçoso reconhecer que o sapo lava segundo sua natureza de sapo, passando da potência ao ato. O sapo que não lava o pé é o ser que não consegue realizar [essa] transição da potência ao ato.



Platão:
Górgias: Por Zeus, Sócrates, os sapos não lavam os seus pés porque não gostam da água!
Sócrates: Pensemos um pouco, ó Górgias. Tu assumiste, quando há pouco dialogava com Filebo, que o sapo é um ser vivo, correto?
Górgias: Sou forçado a admitir que sim.
Sócrates: Pois bem, e se o sapo é um ser vivo, deve forçosamente fazer parte de uma categoria determinada de seres vivos, posto que estes dividem-se em categorias segundo seu modo de vida e sua forma corporal; os cavalos são diferentes das hidras e estas dos falcões, e assim por diante, correto?
Górgias: Sim, tu estás novamente correto.
Sócrates: A característica dos sapos é a de ser habitante da água e da terra, pois é isso que os antigos queriam dizer quando afirmaram que este animal era anfíbio, como, aliás, Homero e Hesíodo já nos atestam. Tu pensas que seria possível um sapo viver somente no deserto, tendo ele necessidade de duas vidas por natureza,ó Górgias?
Górgias: Jamais ouvi qualquer notícia a respeito.
Sócrates: Pois isto se dá porque os sapos vivem nas lagoas, nos lagos e nas poças, vistos que são animais, pertencem e uma categoria, e esta categoria é dada segundo a característica dos sapos serem anfíbios.
Górgias: É verdade.
Sócrates: precisando da lagoa, ó Górgias meu caro, tu achas que seria o sapo insano o suficiente para não gostar de água?
Górgias: não, não, não, mil vezes não, Ó Sócrates!
Sócrates: Então somos forçados a concluir que o sapo não lava o pé por outro motivo, que não a repulsa à água
Górgias: de acordo


Diógenes, o Cínico: Dane-se o sapo, eu só quero tomar meu sol.

Parmênides de Eléia: Como poderia o sapo lavar os pés, ó deuses, se o movimento não existe?

Heráclito de Éfeso: Quando o sapo lava o pé, nem ele nem o pé são mais os mesmos, pois ambos se modificam na lavagem, devido à impermanência das coisas.
Epicuro: O sapo deve alcançar o prazer, que é o Bem supremo, mas sem excessos. Que lave ou não o pé, decida-se de acordo com a circunstância. O vital é que mantenha a serenidade de espírito e fuja da dor.



Estóicos: O sapo deve lavar seu pé de acordo com as estações do ano. No inverno, mantenha-o sujo, que é de acordo com a natureza. No verão, lave-o delicadamente à beira das fontes, mas sem exageros. E que pare de comer tantas moscas, a comida só serve para o sustento do corpo.

Descartes: nada distingo na lavagem do pé senão figura, movimento e extensão. O sapo é nada mais que um autômato, um mecanismo. Deve lavar seus pés para promover a autoconservação, como um relógio precisa de corda.

Nicolau Maquiavel: A lavagem do pé deve ser exigida sem rigor excessivo, o que poderia causar ódio ao Príncipe, mas com força tal que traga a este o respeito e o temor dos súditos. Luís da França, ao imperar na Itália, atraído pela ambição dos venezianos, mal agiu ao exigir que os sapos da Lombardia tivessem os pés cortados e os lagos tomados caso não aquiescessem à sua vontade. Como se vê, pagou integralmente o preço de tal crueldade, pois os sapos esquecem mais facilmente um pai assassinado que um pé cortado e uma lagoa confiscada.

Jacques Rousseau: Os sapos nascem livres, mas em toda parte coaxam agrilhoados; são presos, é certo, pela própria ganância dos seus semelhantes, que impedem uns aos outros de lavarem os pés à beira da lagoa. Somente com a alienação de cada qual de seu ramo ou touceira de capim, e mesmo de sua própria pessoa, poder-se-á firmar um contrato justo, no qual a liberdade do estado de natureza é substituída pela liberdade civil.

Max Horkheimer e Theoror Adorno: A cultura popular diferencia-se da cultura de massas, filha bastarda da indústria cultural. Para a primeira, a lavagem do pé é algo ritual e sazonal, inerente ao grupamento societário; para a segunda, a ação impetuosa da razão instrumental, em sua irracionalidade galopante, transforma em mercadoria e modismo a lavagem do pé, exterminando antigas tradições e obrigando os sapos a um procedimento diário de higienização.



Antonio Gramsci: O sapo, e além dele, todos os sapos, só poderão lavar seus pés a partir do momento em que, devido à ação dos intelectuais orgânicos, uma consciência coletiva principiar a se desenvolver gradativamente na classe batráquia. Consciência de sua importância e função social no modo de produção da vida. Com a guerra de posições – representada pela progressiva formação, através do aparato ideológico da sociedade civil, de consensos favoráveis – serão criadas possibilidades para uma nova hegemonia, dessa vez sob a direção das classes anteriormente subordinadas.

Norberto Bobbio: existem três tipos de teoria sobre o sapo não lavar o pé. O primeiro tipo aceita a não-lavagem do pé como natural, nada existindo a reprovar nesse ato. O segundo tipo acredita que ela seja moral ou axiologicamente errada. A terceira espécie limita-se a descrever o fenômeno, procurando uma certa neutralidade.

Liberal de Orkut (esse indivíduo cada vez mais anônimo): o sapo não lava o pé por ser um indivíduo liberto da opressão estatal. Mas qualquer coisa é só arrumar um emprego público
e utilizar o lavado do Leviatã!



Fonte: Carlos Frederico Pereira da Silva Gama ( Usina das Letras)
http://blogfilosofiaevida.com/index.php/2010/03/14/por-que-o-s

quinta-feira, 6 de março de 2014

Texto de gratidão


A você Jan Hlavinicka que retorna à Casa Espiritual

 Suely Monteiro

Certa vez, conversávamos sobre religião e religiosidade e eu lhe disse que era espírita, que acreditava na sobrevivência da alma, na comunicação dos espíritos e na reencarnação.

Disse-lhe, também, que praticava o Evangelho no Lar, desde a mais tenra idade.

Você sorriu e me disse que Marisa, sua cunhada, também como eu, era espírita e fazia o culto no lar e que você não participava diretamente, mas ficava na porta, algumas vezes , fumando seu cigarrinho e impedindo os espíritos atrasados de atrapalhar a reunião.

Rimos muito e foi bom para mim, pois naquela ocasião eu estava num leito hospitalar, recém operada de um câncer raro, por suas habilidosas mãos.

Jamais imaginei que você retornaria antes de mim. No entanto, Deus, na sua bondade infinita quis livrá-lo de tantas dores e tantas maldades que assolam nosso pais, levando-o antes para receber, num mundo melhor, a recompensa por ter utilizado com maestria e humanidade os instrumentos de trabalho com que Ele dotou sua alma para que, num período determinado de tempo, servindo-O através do serviço ao próximo, efetivasse a sua própria evolução espiritual.

No que se refere a mim, querido amigo, asseguro-lhe que você cumpriu com louvor, a tarefa.

Assim sendo, desejo que a estrada que você está percorrendo em outra dimensão esteja coberta de flores;

Que a brisa soe como as mais belas canções aos seus ouvidos sensíveis  e que o amor personificado nas pessoas que você amou e que o antecederam à Pátria Espiritual seja seu companheiro nesta nova etapa da vida;
 
Desejo, também, que as portas das universidades espirituais estejam abertas para que você continue seus estudos e que os bancos de serviço lhe admitam, após umas merecidas férias, para que não sejamos privados de seus conhecimentos e de seu amor.

Daqui, ficarei vigilante, como estive desde que o conheci, orando, sem o cigarrinho, claro, para que nenhum espirito mal intencionado ouse impedir-lhe de continuar seguindo a via que dá acesso ao Pai.

Vá fundo Jan, nesta nova fase!

Estude, trabalhe e ame pois são duas as asas que nos permite alcançar a perfeição e você já possui mais do que simplesmente o broto delas.

Essas asas são o Amor e a Sabedoria e com elas você me trouxe até onde estou.

Jamais o esquecerei e, com licença da Iara e de Charles, beijo-o com todo amor que  suas ações fizeram nascer e florescer em minha alma.

Deus lhe guarde!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Arte Poética

Mônica Monteiro Klein
 
 
HOMENAGEM A MÔNICA KLEIN
Astênio Oliveira
 

Vejo o teu sorriso diariamente,
E através dele, a tua alma colorida,
Estás distante, mas pareces bem contente,
E ainda assim, alegras a nossa vida.

As tuas fotos, divulgadas pela rede,
Estampando o seu sorriso lirial,
Com certeza, saciam muito a sede,...

Daqueles que te amam sem igual.

Sua mãezinha, à distância, te abençoa,
Os seus amigos sempre te querem muito bem.
Mas você, como um pássaro, sempre voa,
Acreditando na Justiça e no Bem.

Que Deus te abençoe, jovem querida,
Que em sua alma nunca venha a faltar luz.
Pra garantir o sucesso nesta vida,
Não desprezes a companhia de Jesus.
 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

PARA QUEM TEM MEDO DA VELHICE



 Tilly Monteiro

A Maturidade abriu os portais da minha vida para a chegada da Velhice.


Recebi-a e, como eu imaginava desde a juventude, foi amor à primeira vista.
A simpática senhora sorriu-me de modo doce e quand
o a convidei para conversarmos no jardim de inverno, preferiu que fossemos para o salão de visitas por ser mais amplo. 

Explicou-me que gostava de ser vista, admirada e , também de mostrar seus dotes ao mundo. Como é Vaidosa essa senhora - eu pensei -, mas notei pelo seu sorriso que lera meu pensamento e não se importou muito com minha opinião sobre o assunto. 

Disse-me que sua chegada mudaria minha vida. 

Amei o jeito suave com que tomou meu braço e, talvez por isto, não esbocei reação negativa quando percebi que ela foi ocupando todos os espaços que considerava razoável e redecorando-os (à medida em que conversávamos sobre diferentes assuntos ) com sobriedade, elegância e muito bom gosto, mas a seu modo. 


Arrastando algumas peças que considerava pesadas para mim , confidenciou-me que guardaria na galeria central as obras da minha infância, adolescência e maturidade, mas que elas não deveriam servir , daquele momento em diante, senão como suporte ou base para as novas construções que faríamos juntas. Riu, como uma menina levada, e continuou detalhando seu projeto para o meu futuro com ela. 

Gente, vcs não imaginam com que rapidez ela tomou conta da minha vida!


Parecíamos velhas conhecidas perfeitamente harmonizadas passeando por avenidas, ruas, vielas, lagos, montanhas, sob climas variados e coloridos de emoções , sentimentos, enfim, de reações de gradações tão ricas, diferentes e, algumas vezes, tão sutilmente discordantes entre si, que eu quase não me dava conta de que aquelas paisagens musicadas que serviam de mobiliário para meu novo ambiente, nada mais eram do que a minha vida que readquirira valor e beleza pela forma com que a sábia cenógrafa a estava dispondo...
Ela ensinou-me a olhar e sentir de um modo totalmente novo, rápido e eficiente.
Mostrou-me como mergulhar fundo nas coisas sem me machucar, usando a instrumentação adequada.


Como num passe de mágica retirou muitas de minhas arestas adelgando meu perfil psicológico ao mesmo tempo em que o enrijecia sem ser em demasia, esculturando-o com o mármore do amor (material que só então compreendi), se constitui ou pelo menos se encontra em abundância no self.


Descobri que ao expandir a visão e percepção de mim, das pessoas e, consequentemente, do mundo, a Velhice estava, sim, mudando minha vida, pra melhor.


Eu estava encantada!
 


Eu continuo encantada!

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

RELIGIÂO

MÁXIMAS EXTRAÍDAS DO ENSINAMENTO DOS ESPÍRITOS

 (O Espiritismo em sua mais simples expressão)



35. O objetivo essencial do Espiritismo é o melhoramento dos homens. Não é preciso procurar nele senão o que pode ajudar no progresso moral e intelectual.

36. O verdadeiro Espírita não é o que crê nas manifestações, mas aquele que aproveita o ensinamento dado pelos Espíritos. De nada adianta crer, se a crença não faz com que dê um passo adiante na via do progresso, e não o torne melhor para seu próximo.

37. O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como antídoto: a caridade e a humildade.

Allan Kardec
38. A crença no Espiritismo só é proveitosa para aquele de quem se pode dizer: hoje está melhor do que ontem.

39. A importância que o homem atribui aos bens temporais está na razão inversa de sua fé na vida espiritual; é a dúvida sobre o futuro que o leva a procurar suas alegrias neste mundo, satisfazendo suas paixões, ainda que às custas do próximo.

40. As aflições na terra são os remédios da alma; elas salvam para o futuro, como uma operação cirúrgica dolorosa salva a vida de um doente e lhe devolve a saúde. É por isso que o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, pois eles serão consolados."

41. Em vossas aflições, olhai abaixo de vós e não acima; pensai naqueles que sofrem ainda mais que vós.

42. O desespero é natural para aquele que crê que tudo acaba com a vida do corpo; é um contra-senso para aquele que tem fé no futuro.

43. O homem é, muitas vezes o artífice de sua própria infelicidade neste mundo; se ele voltar à fonte de seus infortúnios, verá que a maior parte deles são o resultado de sua imprevidência, de seu orgulho e avidez, e por conseguinte, de sua infração às leis de Deus.

44. A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar­-se dele; é pôr-se em comunicação com ele.

45. Aquele que ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir. É um auxílio que jamais é recusado quando é pedido com sinceridade.

46. O essencial não é orar muito, mas orar bem. Certas pessoas crêem que todo o mérito está na extensão da prece, enquanto fecham os olhos para seus próprios defeitos. A prece é para elas uma ocupação, um emprego do tempo, mas não uma análise de si mesmas.

47. Aquele que pede a Deus o perdão de seus erros não o obtém senão mudando de conduta. As boas ações são a melhor das preces, pois os atos valem mais que as palavras.

48. A prece é recomendada por todos os bons Espíritos; é, além disso, pedida por todos os Espíritos imperfeitos como um meio de aliviar seus sofrimentos.

49. A prece não pode mudar os desígnios da Providência; mas, vendo que há interesse por eles, os Espíritos sofredores se sentem menos desamparados; tornam­-se menos infelizes; ela exalta sua coragem, estimula neles o desejo de elevar-se pelo arrependimento e a reparação, e pode desviá-los do pensamento do mal. É nesse sentido que ela pode não só aliviar, mas abreviar seus sofrimentos.

50. Cada um ore segundo suas convicções e o modo que acredita mais conveniente, pois a forma não é nada, o pensamento é tudo; a sinceridade e a pureza de intenção é o essencial; um bom pensamento vale mais que numerosas palavras, que se assemelham ao barulho de um moinho e onde o coração não está.

51. Deus fez homens fortes e poderosos para serem os sustentáculos dos fracos; o forte que oprime o fraco é maldito de Deus; em geral ele recebe o castigo nesta vida, sem prejuízo dos reservados ao futuro.

52. A fortuna é um depósito cujo possuidor é tão-somente o usufrutuário, já que não a leva com ele para o túmulo; ele prestará rigorosas contas do emprego que dela tenha feito.

53. A fortuna é uma prova mais arriscada que a miséria, porque é uma tentação para o abuso e os excessos, e porque é mais difícil ser moderado que ser resignado.

54. O ambicioso que triunfa e o rico que se sustenta de prazeres materiais são mais de se lamentar que de se invejar, pois é preciso ter em conta o retorno. O Espiritismo, pelos terríveis exemplos dos que viveram e que vêm revelar sua sorte, mostra a verdade desta afirmação do Cristo: "Aquele que se eleva será rebaixado e aquele que se abaixa será elevado."

55. A caridade é a lei suprema do Cristo: "Amai-vos uns aos outros como irmãos; - amai vosso próximo como a vós mesmos; perdoai seus inimigos; - não façais a outrem o que não gostaríeis que vos fizessem"; tudo isso se resume na palavra caridade.

56. A caridade não está só na esmola, pois há a caridade em pensamentos, em palavras e em ações. É caridoso por pensamentos aquele que é indulgente para com as faltas do próximo;  caridoso por palavras, o que nada diz que possa prejudicar seu próximo; caridoso por ações, quem assiste seu próximo na medida de suas forças.

57. O pobre que divide seu pedaço de pão com um mais pobre que ele é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus do que o que dá o que lhe é supérfluo, sem se privar de nada.

58. Àquele que nutre contra seu próximo sentimentos de animosidade, ódio, ciúme e rancor, falta caridade; ele mente, se se diz cristão, e ofende a Deus.

59. Homens de todas as castas, de todas as seitas e de todas as cores, vós sois todos irmãos, pois Deus vos chama a todos para ele; estendei-vos, pois, as mãos, qualquer que seja vossa maneira de adorá-lo, e não vos lanceis o anátema, pois o anátema é a violação da lei de caridade proclamada pelo Cristo.

60. Com o egoísmo, os homens estão em luta perpétua; com a caridade, estarão em paz. Somente tendo por base de suas instituições a caridade, podem ter assegurada sua felicidade neste mundo; segundo as palavras do Cristo, só ela pode também garantir sua felicidade futura, pois encerra implicitamente todas as virtudes que podem os conduzir à perfeição. Com a verdadeira caridade, tal como a ensinou e praticou o Cristo, não mais o egoísmo, o orgulho, o ódio, a inveja, a maledicência; não mais o apego desordenado aos bens deste mundo. É por isso que o Espiritismo cristão tem como máxima: FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO.

Incrédulos! Podeis rir dos Espíritos, zombar daqueles que creem em suas manifestações; ride, pois, se ousardes, desta máxima que eles vêm ensinar e que é vossa própria salvaguarda, pois se a caridade desaparecesse da terra, os homens se estraçalhariam, e talvez vós fosseis as primeiras vítimas. Não está longe o tempo em que esta máxima, proclamada abertamente em nome dos Espíritos, será uma garantia de segurança e um título à confiança naqueles que a trouxerem gravada no coração.

Um Espírito disse: "Zombaram das mesas girantes; não zombarão nunca da filosofia e da moral que dela decorre". É que, com efeito, hoje estamos longe, depois de alguns anos apenas, desses primeiros fenômenos que serviram, por um instante, de distração para os ociosos e os curiosos. Esta moral, dizeis, está obsoleta: "Os Espíritos deviam ter espírito bastante para nos dar algo de novo." (Frase espirituosa de mais de um crítico). Tanto melhor! se ela está obsoleta, isso prova que ela é de todos os tempos, e os homens são mais culpados por não tê-la praticado, pois não há verdadeiras verdades senão as que são eternas. O Espiritismo vem lembrá-la, não por uma revelação isolada feita a um único homem, mas pela voz dos próprios Espíritos que, como uma trombeta final, vêm lhes proclamar: "Crede que aqueles que chamais de mortos estão mais vivos do que vós, pois eles veem o que não vedes, e ouvem o que não ouvis; reconhecei naqueles que vos vêm falar, os vossos parentes, vossos amigos, e todos aqueles que haveis amado na terra e que acreditáveis perdidos para sempre; infelizes aqueles que creem que tudo acaba com o corpo, pois serão cruelmente desenganados, infelizes daqueles a quem terá faltado a caridade, pois sofrerão o que tiverem feito os outros sofrer! Escutai a voz daqueles que sofrem e que vos vêm dizer: "Nós sofremos por não termos reconhecido o poder de Deus e duvidado de sua misericórdia infinita; sofremos por nosso orgulho, nosso egoísmo, nossa avareza e por todas as más paixões que não soubemos reprimir; sofremos por todo o mal que fizemos ao nosso semelhante pelo esquecimento da lei de caridade".

Incrédulos! Dizei se uma doutrina que ensina tais coisas é risível, se ela é boa ou má. Vendo-a tão somente do ponto de vista da ordem social, dizei se os homens que a praticam seriam felizes ou infelizes, melhores ou piores!
Fonte: IPEAK: Instituto de Pesquisa Espírita Allan Kardec.
http://www.ipeak.com.br/site/index.php. Acesso em 22/01/14.
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