quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Defeito da Mulher

Para minha filha Mônica Monteiro Klein

Quando Deus fez a mulher, já estava nas horas extras de seu sexto dia de
trabalho.

Um anjo apareceu e perguntou:
- Senhor, por que gastas tanto tempo com esta criatura?

E o Senhor respondeu:
- Você viu a 'Folha de Especificações' para ela?
- Ela deve ser completamente flexível, porém não será de plástico, deve
ter mais de 200 partes móveis, todas arredondadas e macias e deve ser
capaz de funcionar com uma dieta rígida, ter um colo que possa acomodar
quatro crianças ao mesmo tempo, ter um beijo que possa curar desde um
joelho raspado até um coração ferido'

O anjo se maravilhou com os requisitos e indagou curioso:
- E este é somente o modelo Standard?

E ponderou:
- Senhor, é muito trabalho para um só dia, espere até amanhã para
terminá-la.

E o senhor retrucou:
Não. Estou muito perto de terminar e esta criação é a favorita de Meu
próprio coração. Ela se cura sozinha, quando está doente; e pode trabalhar
18 horas por dia.

O anjo se aproximou mais e tocou a mulher.
- Porém a fizeste tão suave Senhor!

E Deus disse:
- É suave, porém, a fiz também forte. Não tens idéia do que pode agüentar
ou conseguir.

- Será capaz de pensar? - perguntou o anjo.

Deus respondeu:
- Não somente será capaz de pensar, mas também de raciocinar e negociar,
mesmo que pareça ser desligada ela prestará atenção em tudo o que for
importante.

Então, notando algo, o anjo estendeu a mão e tocou a pálpebra da mulher...
- Senhor, parece que este modelo tem um vazamento... Eu Te disse que
estavas colocando muitas coisas nela.

- Isso não é nenhum vazamento... . É uma lágrima - corrigiu o Senhor.
- Para que serve a lágrima?' - perguntou o anjo.

E Deus disse:
- As lágrimas são sua maneira de expressar seu amor, sua alegria, sua
sorte, suas penas, seu desengano, sua solidão, seu sofrimento e seu
orgulho.

Isto impressionou muito ao anjo.
- És um gênio, Senhor. Pensaste em tudo. A mulher é verdadeiramente
maravilhosa.

- Sim, ela é!

- A mulher tem forças que maravilham os homens.
- Agüentam dificuldades, carregam grandes cargas físicas e emocionais,
porém, têm amor e sorte.
- Sorriem, quando querem gritar.
- Cantam, quando querem chorar.
- Choram, quando estão felizes e riem, quando estão nervosas.
- Lutam pelo que acreditam.
- Enfrentam a injustiça.
- Não aceitam 'não' como resposta, quando elas acreditam que haja uma
solução melhor.
- Privam-se, para que sua família possa ter algo.
- Vão ao médico com uma amiga que tem medo de ir sozinha.
- Amam incondicionalmente.
- Choram quando seus filhos não triunfam e se alegram quando suas amizades
conseguem prêmios.
- São felizes, quando ouvem falar de um nascimento ou casamento.
- Seu coração se despedaça, quando morre uma amiga.
- Sofrem com a perda de um ser querido, mas são ainda mais fortes quando
pensam que já não há mais forças.
-Sabem que um beijo e um abraço podem ajudar a curar um coração ferido.

Porém, há um defeito que não consegui corrigir:..

-É que às vezes elas se esquecem o quanto valem!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

ROB GONSALVES

As coisas não são como parecem à primeira vista ?
Temos muitos modos de ver?
Ou as coisas se mostram de muitas maneiras?
Essas são perguntas que Rob Gonsalves
deixa a critério do público responder. Para










Rob Gonsalves, Fantástico

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

SABER VIVER

Poema de Cora Coralina, a grande poetisa de Goiás.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

A Raposa e a Parreira

“É fácil desdenhar daquilo que não se alcança”

Uma raposa faminta entrou num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras, cujos cachos se penduravam, muito alto, em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar aquelas uvas, mas, por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse: - Estão verdes ...
Fonte:
www.mensagenscom amor.com.br
Acesso em 17 nov 2015.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Camille Claudel

Camille Claudel,  grande escultora francesa viveu com o escultor Augusto Rodin,inicialmente, seu mestre,    uma complicada relação de amor e ódio  tão profunda que acabou levando-a à loucura ao ser abandonada por ele.
Durante trinta anos abandonada até por seus familiares Camillê viveu num hospício de onde morreu sem voltar a esculpir. 


domingo, 15 de novembro de 2015

Música: Sempre um enorme prazer.
A paulistana Tarsila do Amaral, junto com Anita Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia, forma o mais importante grupo da Semana de Arte Moderna.
Sob a influência do cubismo, suas  obras retratam temas sociais e do cotidiano brasileiro, com cores forte e vibrantes. Vejam algumas:






O RIO QUE ERA DOCE


Moema Leite

Morreu o lugar que eu nasci,
Morreu meu cavalo
Meu cachorro e minha história;
O que eu tinha de mais bonito,
Agora, só na memória.
O peixe virou cimento;
E a igreja, e a escola?
Nem sino, nem movimento!
Sobrou nada da plantação!
Nenhum quadro na parede;
Nada prova que sou José,
nada diz que sou João;
Enlameados documentos,
Soterrados com crianças
E adultos sem esperança;
Acabou-se a minha Bento;
Chorou Elvira, retratando o fato,
que cortou seu coração
Mas choro não limpa o rio,
Nem devolve a vida ao chão...
Correu longe o leito de morte
Uma lama sem distinção,
Cobrindo os sonhos de todos
Matando a paz e a mansidão
E o Rio, que era doce até então,
Hoje, Vale nada não!

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O Patriarca Brasileiro

Suely Monteiro

José Bonifácio, orquestrador da nossa independência, ao lado de D. Pedro e da Princesa Leopoldina, era,  além de homem de vasta cultura, cientista reconhecido internacionalmente, abolicionista, um apaixonado por mulheres e  poeta  nada medíocre.

Segundo o jornalista Laurentino Gomes, a viajante inglesa Maria Graham ao receber um de seus poemas o descreve "como brilhante como o sol sob o qual foi escrito, e tão puro quanto sua luz".

O final da ode a Eva, companheira de Adão no Jardim do Éden, retirado do livro 1822, do jornalista acima citado, diz assim:

" Ao vê-lá o homem
   Pasma, estremece!
   Quer abracá-lá,
   Corre, enlouquece!
   Ela responde
   Sou tua esposa:
   Deixa a tristeza,
   Ama-me, e goza"

Muito bonita e acalentadora esta imagem de integração humana no amor pleno!

Mas, o  estadista e poeta Bonifácio foi muito além de de escrever versos e ajudar a libertar o Brasil de Portugal.

Enfrentou a corte portuguesa na tentativa de fazer uma reforma social capaz de resolver as questões Agrária, da Saúde e da Educação.

Buscou, de todas as formas, materializar as expectativas do nosso povo generoso.

Acreditava que não estávamos preparados para a república, pois éramos quase todos analfabetos, ignorantes e incapazes de desenvolver ações propiciadoras do crescimento da nação. Precisávamos da mão guiadora de um monarca para nos conduzir.

Hoje, distanciados do contexto da época nossas visões se contradizem, sem que isso invalide ou diminua sua importância histórica.  Fez muito. Deixou muito por fazer.

Infelizmente, os séculos transcorrem sem soluções definitivas para os problemas que se acumulam desde aquela remota era.

Nossos políticos se não são hoje, todos, analfabetos, continuam despreparados para o cargo,  perdidos na vaidade do poder, da ambição desmedida e, cada vez mais hábeis na arte de enganar.
Será que o Parlamentarismo nos ajudaria?

De qualquer forma, quando  reflito sobre nosso momento atual a pergunta que me vem a mente é nostálgica e nada poética .

Eu me  pergunto consternada :
Até quando Pátria amada e mãe gentil seus  filhos chorarão lágrimas amargas sob um lábaro estrelado nas maos de políticos vis? !!!





quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O Maquinista do Trenzinho Caipira

Temperamental, autodidata, “era a fúria organizando-se em ritmo”, como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade. Há 125 anos vinha ao mundo um dos maiores compositores e divulgadores da nossa música brasileira.
Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro em 5 de março 1887. Filho de Noêmia Monteiro Villa-Lobos e do músico amador Raul Villa-Lobos, Heitor começou a aprender música com o pai, que adaptou uma viola para que o filho
pudesse estudar violoncelo. Autodidata, recebeu influência de grandes artistas da época, que vinham cantar e tocar na casa de seus pais. Pesquisou o folclore brasileiro, viajando
Heitor Villa-Lobo
pelo interior do país, quando entrou em contato com gêneros musicais diferentes do que estava acostumado a ouvir. Modas caipiras e tocadores de viola vieram
a universalizar-se a partir da sua arte. Em 1915, passa a apresentar-se oficialmente como compositor, sendo duramente criticado pela imprensa pela modernidade de sua música. Em 1922, participa da Semana de Arte Moderna com uma série de três espetáculos.
Em 1923 começa a ganhar a Europa. Desembarca em Paris a fim de mostrar o que já havia produzido. Se impôs em menos de um ano. Em 1930, volta ao Brasil maduro e, consciente de seu valor, faz então uma turnê em 66 cidades do país. Como Secretário da Educação Musical no governo Getúlio Vargas tornou obrigatório o ensino de música nas escolas. Em 1945 criou a Academia Brasileira de Música, no Rio de Janeiro, cidade onde morreu em 17 de novembro de 1959.
O Trenzinho do Caipira é uma composição de Heitor Villa Lobos e parte integrante da peça Bachianas Brasileiras nº 2(1930). A obra se caracteriza por imitar o movimento de uma locomotiva com os instrumentos da orquestra 1930.

Fonte: https://novacharges.wordpress.com/2012/03/07/o-maquinista-do-trenzinho-caipira/
Acesso em 04.nov.2015.

domingo, 1 de novembro de 2015

Escultura

William Wetmore Story, 1860 The Libyan Sibyl Private Collection. E43.

Fink

Dia de Todos os Santos equivale a Dia de Todos os Homens.
Minha homenagem aos homens de minha vida (pai,marido, irmão, tios, primos, sobrinhos, cunhados e amigos), que dividem comigo suas vidas, seus encantos, seus saberes.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Introdução à Música Grega

Musa com cítara
ὁ δ' ἐπίκουρος ἰσοτέλεστος,
Ἄϊδος ὅτε Μοῖρ' ἀνυμέναιος
ἄλυρος ἄχορος ἀναπέφηνε,
θάνατος ἐς τελευτάν. [1] 
t
SófoclesOC 1220-3, sæc. -V.
INITpalavra "música" deriva diretamente do grego μοῦσα. No plural,μοῦσαι, ela designa as nove musas, filhas de Zeus e de Mnemósine, a "memória", deusas inspiradoras das artes em geral e da música em particular.
A existência da música é arqueologicamente documentada, no Egeu, desde oNeolítico; em obras de arte, instrumentos musicais estão representados desde o início da Idade do Bronze. A Ilíada, a mais antiga obra literária da Europa (-750/-725), também faz diversas referências a músicos e a instrumentos musicais.
Não era pequena a importância da música entre os gregos; ela representava a própria vida (ver epígrafe supra) e estava presente nas cerimônicas religiosas e em todos os tipos de celebração. Era, portanto, parte importante da educação do homem grego, e desde tempos remotos, como se vê pelo exemplo de Aquiles (Il. (9.186-9). No diálogo RepúblicaPlatão defendeu o papel educativo damúsica (425a) e propôs seu ensino, juntamente com o da literatura, às crianças (376e-377a). Ele, aliás, considerou a literatura uma parte da música (376e)...
Infelizmente, as referências literárias são mais abundantes que os documentos de natureza musical que chegaram até nós. Apesar dessa deficiência, porém, foi possível reconstituir parte da harmonia, da melodia e do ritmo que caracterizavam a música grega antiga. Estamos menos informados a respeito dos músicos gregos históricos, de quem sabemos pouca coisa além do nome.

Notas

  1. Tradução de Donaldo Schuler, in Sófocles - Édipo em Colono, Porto Alegre, L&PM, 2003, p. 108.
  2. Fonte: http://greciantiga.org/. Acesso em 28.10.2015.

Intolerância Religiosa

Veja o texto em:
https://dimusbahia.wordpress.com/2015/10/26/mesa-sobre-intolerancia-religiosa-no-bahia-e-africa-tambem/

PLUTÃO




Olavo Bilac
Negro, com os olhos em brasa,
Bom, fiel e brincalhão,
Era a alegria da casa
O corajoso Plutão.

Fortíssimo, ágil no salto,
Era o terror dos caminhos,
E duas vezes mais alto
Do que o seu dono Carlinhos.

Jamais à casa chegara
Nem a sombra de um ladrão;
Pois fazia medo a cara
Do destemido Plutão.

Dormia durante o dia,
Mas, quando a noite chegava,
Junto à porta se estendia,
Montando guarda ficava.

Porém Carlinhos, rolando
Com ele às tontas no chão,
Nunca saía chorando
Mordido pelo Plutão . . .

Plutão velava-lhe o sono,
Seguia-o quando acordado:
O seu pequenino dono
Era todo o seu cuidado.

Um dia caíu doente
Carlinhos . . . Junto ao colchão
Vivia constantemente
Triste e abatido, o Plutão.

Vieram muitos doutores,
Em vão. Toda a casa aflita,
Era uma casa de dores,
Era uma casa maldita.

Morreu Carlinhos . . . A um canto,
Gania e ladrava o cão;
E tinha os olhos em pranto,
Como um homem, o Plutão.

Depois, seguiu o menino,
Seguiu-o calado e sério;
Quis ter o mesmo destino:
Não saíu do cemitério.

Foram um dia à procura
Dele. E, esticado no chão,
Junto de uma sepultura,
Acharam morto o Plutão.

sábado, 24 de outubro de 2015

Galileu frente ao tribunal da inquisição romana. Pintura de Cristiano Banti.  

Galileu Galilei nasceu na Itália no ano de 1564 e desde jovem se mostrou bastante talentoso.
A História nos mostra sua trajetória incluindo escritos de juventude sobre Dante e Tasso , suas descobertas da lei dos corpos e do principio da inercia. 
Contestou  a teoria aristotélica da Terra como centro do Universo, adotando a posição favorável ao Heliocentrismo  descrito por Copérnico. Sua postura o levou ao tribunal da inquisição romana, sob a acusação de herege e para fugir da fogueira teve que assinar um documento declarando  que  o heliocentrismo não passava de simples hipótese.
Livre da fogueira, no entanto, o sábio não desistiu, apenas se tornou mais discreto. 
Galileu morreu cego em 1642 e somente em 1983 a Igreja que o condenou e condenou suas obras, o absolveu.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Kafka e a Boneca

Suely Monteiro

       Minha avó materna era uma excelente contadora de estórias. 

      Sentando-nos aos seus pés, preenchia nossas horas com belos contos que algumas vezes tinham a finalidade de nos ensinar alguma regra familiar, mas na maioria delas, era somente uma forma de estar conosco, decorando as prateleiras de nossas mentes com belíssimos exemplares de sabedoria em frascos de ludicidade.  

      Herdei dela o gosto pelos contos e quando minha filha nasceu nos entretinhamos à beira dos maravilhosos jardins dos palácios das belas princesas , aventurávamos pelos sombrios bosques dos animais ferozes, escondíamos dos ladrões nas grutas de Ali Babá  e viajávamos pelo mundo em tapetes voadores. 

   Minha filha e eu, hoje, voamos pelo mundo espremidas na barriga de um monstro de asas de ferro, que nos mantém sentadas e amarradas pela cintura  para evitar, certamente, que pulemos amarelinha nas nuvens de seus céus.              

   Para afugentar o tédio, enganamos o poderoso deus Kronos ouvindo imagens que falam num livro de vidro ou lendo num livro sem páginas. Muito diferente de antigamente, mas muito bom também...

        Foi num  desses livros  que li o texto que divido com vocês hoje:                           

       “Franz Kafka, conta a história, certa vez encontrou uma menininha no parque onde ele caminhava diariamente. Ela estava chorando. Tinha perdido sua boneca e estava desolada. Kafka ofereceu ajuda para procurar pela boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte no mesmo lugar. 

Incapaz de encontrar a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a garotinha quando se encontraram. “Por favor, não se lamente por mim, parti numa viagem para ver o mundo. Escreveu para você das minhas aventuras”. 

Esse foi o início de muitas cartas. Quando ele e a garotinha se encontravam ele lia essas cartas compostas cuidadosamente com as aventuras imaginadas da amada boneca. A garotinha se confortava. 

Quando os encontros chegaram ao fim, Kafka presenteou a menina com uma boneca. 

Ela era obviamente diferente da boneca original. 
Uma carta anexa explicava: “minhas viagens me transformaram…”.

Muitos anos depois, a garota agora crescida encontrou uma carta enfiada numa abertura escondida da querida boneca substituta.

Em resumo, dizia: “Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”.

May Benatar, no artigo “Kafka and the Doll: The Pervasiveness of Loss” (publicado no Huffington Post).

Nota : Recebi este texto por email. Não possuo outras referencias. 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O CONCEITO DE AUTENTICIDADE EM SARTRE

  
Suely Monteiro

         Jogado no mundo como um projeto condenado a se realizar, o homem é livre para fazer escolhas e o único responsável pelas escolhas que faz e à medida que faz escolhas vai se construindo em pessoa.

Refúgio para  meditar  em Terrebone-CA.
         Desta forma, e diferentemente do ser potencial que se atualiza, na concepção de Aristóteles, para Sartre o ser é somente aquilo que é, e mais nada. A este ser que apenas é, ele chama de ente-em-si e o contrapõe ao ser especificamente humano que é o ente-para-si. O ente-para-si não tem a plenitude do ente-em-si. Ele é um espaço sem nada, “aberto”, às múltiplas possibilidades.  Com este entendimento, Sartre faz do nada a principal característica humana e, consequentemente, impossibilita de falar da existência humana como uma coisa universal, mas ela é entendida somente como uma condição humana.

           Mas, se cabe ao homem fazer escolhas e adotar comportamentos auto realizadores, auto constituidores, cabe a ele, também, respeitar os limites do outro, ou dizendo de outro modo, ele não pode fazer o que quiser, pois existem obstáculos que precisam ser superados (situação) ao longo do tempo, na busca da sua construção a partir do projeto.
Portanto, para Sartre Projeto, Liberdade, Situação e Responsabilidade são vigas estruturadoras da realidade do homem, e, também, para ele, a existência precede a essência, na medida em que o homem só se realiza através da existência e o desvelamento da sua essência está subordinada à sua realização.

           Por tudo o que foi dito, a busca constante de si mesmo, a autoconstrução, o caminhar em direção à realização é o que entendo por autenticidade no sentido sartreano, pois se é verdade que para Sartre a autenticidade é adquirida de vez, em bloco, não é menos verdadeiro que ele considera que é preciso inventá-la a cada minuto novo, a cada nova situação, do mesmo modo que o homem se realiza, no mundo, de minuto a minuto a cada escolha.  É importante considerar, nesta análise, que a autenticidade não apenas livra o homem de ser inautêntico, de não realizar o seu projeto, como também, lhe confere a responsabilidade pelo seu modo de agir e de construir –se como pessoa.

        Todavia, compreender a autenticidade vinculada ao modo de agir, de se autoconstruir, também favorece o desenvolvimento do egoísmo, do individualismo, uma vez que, se ele não pode acusar Deus, a família e o Estado pelas consequências de suas escolhas, ele se desobriga de ajudar, de colaborar com o outro, porque vê nas escolhas do outro, os seus desejos de realizar sua essência e entende que não deve interferir. O amor solidário poderia virar uma opressão.

domingo, 9 de agosto de 2015

Sérgio Bittencourt & Elizete Cardoso - Naquela Mesa

Vi este vídeo no blog do meu marido e resolvi copiar a ideia para homenagear nossos pais que partiram em diferentes épocas para o País dos Sonhos, deixando em, nossos corações, seus espaços preenchidos por saudades e imagens que jamais se desfarão. Ouçam, conosco, Sérgio Bittencourt e Elizete Cardoso cantando Naquela Mesa.

Pablo Picasso no Rio de Janeiro

Minha sugestão para quem gosta de arte é visitar a exposição de Pablo Picasso no Centro Cultural Banco do Brasil. Sonho e realidade se confundem na obra deste grande espanhol que se fez entre Barcelona, Madri e Paris, tornando-se um dos grandes revolucionários da arte no mundo.
Veja:
Pierrot

Barbie


A mulher sentada.

Conflitos Contemporâneos: Morte da civilização ou emergência de um novo paradigma social?

       Suely Monteiro



Em Aracajú: Paz e reflexão.
                               O voo era longo e eu estava com frio não conseguindo dormir. Assim tomei do meu leitor de livros e comecei a ler um trecho de Filosofia Política quando a conversa no banco da frente me chamou a atenção e fiquei ouvindo o diálogo que desenrolava sobre a violência social, os quebra-quebras que estavam ocorrendo em várias regiões do Brasil, e as possíveis causas de tanto desequilíbrio, de tanta loucura. Em determinado momento um dos debatedores afirmou categoricamente: “É o fim da civilização. Cada vez mais próxima, a morte da civilização vai transformando o homem, tornando-o fera e nossos filhos, brevemente, estarão disputando como no antepassado, territórios uns dos outros, usando a força em detrimento da razão e a inteligência como instrumento de construção de armas para a destruição. Não tenho esperança na humanidade a menos que surja um outro Salvador, pois o primeiro não deu conta do recado” – lamentou rematando.

                                Esta fala direcionou a minha mente para O Mito do Consenso Americano – artigo do americano Gary Andres, 2010, sobre a estratégia eleitoral de Barack Obama referendada sob o mito do consenso político americano, que mostra o desalento do povo ao descobrir que o presidente eleito, longe de ser o messias, não passava de um homem cujos projetos de Salvador da Pátria estavam desmoronando.

                             Fiquei pensando no quanto a ignorância, a falta de conhecimento nos confunde a visão dos fatos. E, confiante que sou, resolvi buscar em outros autores o reforço para mostrar que diferentemente do que pensam os debatedores ,  a civilização não vive seus momentos finais e que as dores, o crime organizado, a violência, as guerras de todas as espécies, sinalizam não o final de uma civilização, mas a transição para um novo modelo de fazer política, baseado na implantação da cultura da Paz

O Artigo do Gary Andres

                            Com leveza e muita clareza o jornalista do Hearst Newspaper descreve a campanha de Barack Obama e suas estratégias para vencer as eleições. Segundo Gary, Obama valeu-se do pensamento infiltrado nas mentes americanas em relação ao consenso político que permeiam as relações e negociações governamentais. O consenso político embora exista é muito menor do que a população acredita e, no fundo, no fundo, não passa de um instrumento de oratória para ganhar eleições e que cai por terra na hora de definir situações e elaborar leis. Ele cita como exemplo os casos relacionados à reforma do sistema de saúde e o estímulo à economia a que todos americanos apoiavam. Neste último caso, quando o congresso se reuniu para discutir o assunto, a

... coisa descambou para um circo partidário, no qual todos os democratas apoiavam a sua versão do pacote de estímulo e os republicanos promoviam ideias completamente diferentes (ANDRES,2010).

Assim, ele continua:

...Toda a discórdia gerada durante aqueles e outros debates simplesmente afugentou as pessoas porque elas acreditam que o consenso não deve ser algo difícil de se obter. Hibbing e Theiss-Morse escrevem: ‘As pessoas não gostam do conflito político porque elas pensam que resolver esses conflitos é muito fácil, mas na realidade isso é muito difícil' (GARY,2010). 

                           O fato de os políticos fazerem suas campanhas fundamentadas em bases falsas, mitológicas leva o povo a acreditar que tudo é muito simples, quando a realidade é bem diferente. É muito complicado chegar a um consenso quando diferentes posições sócio-econômico-financeira estão em jogo. Citando, ainda, como exemplo a população norte americana, analisada sob a ótica de Gary, mas ampliando a ação do modelo até o Brasil, chegamos a uma constatação muito séria de que o mito pode ajudar a ganhar eleições, mas não colabora para manter coesa a bancada governamental e esta falta de coesão nas tomadas de decisões, macula o congresso como instituição na medida em que o legislativo não cumpre as promessas eleitorais. Isto está acontecendo com Obama e, acontece, no Brasil, com Dilma.

                              A abordagem do congresso americano em relação às legislações de estímulo econômico, o comércio internacional de emissões e o sistema de saúde trouxe à tona as divisões entre o eleitorado americano e os conflitos entre os eleitores pesaram na queda dos índices de aprovação do congresso nos 12 meses seguintes à elaboração do artigo, ou seja no ano de 2011.  Dilma, também, eleita pelos efeitos mitológicos disseminados por uma mitologicamente campanha bem construída, com a imagem de salvadora da Pátria, vem despencando nas pesquisas eleitorais.  A questão é que de messias eles se transformam numa grande decepção para todos os que apostaram neles na expectativa de que viriam solucionar os problemas do povo e imprimir uma nova ordem mundial.


MITO E MESSIANISMO COMO OBSTÁCULO À DEMOCRACIA

                                 Abbagnano em Dicionário de Filosofia dá ao verbete “mito” três acepções, originárias de Aristóteles. Uma delas nos interessa para este artigo: O mito como Instrumento de estudo social (ABBAGNANO, 2008, ps.784/5), pois nos ajuda a compreender a ação do marketing eleitoreiro na manipulação das emoções e sentimento do povo, para com eles construir imagens de heróis e ídolos capazes de solucionar todos os problemas a sociedade. Assim sendo, homens e mulheres comuns, candidatos a um cargo de representação social são elevados à categoria mitológicas de messias vindos para salvar o povo do sofrimento e oferecer-lhe na terra um paraíso que o Mestre   dos mestres disse que só seria possível no Céu.

                                  Ao tirar partido dessas situações o político carreia para a democracia as consequências geradas por seus atos inconsequentes, uma vez que prometem um mundo de fantasia, mas encontra dificuldades para colocar em prática no mundo real, as exacerbadas promessas feitas enquanto líder investido do papel de messiânico, salvador da pátria. Cegados pela ambição, caem no fosso que existe entre a retórica messiânica de salvador do mundo e a prática de governar realisticamente ou como no dizer de Maquiavel, com a arte de fazer o possível.  Com o passar do tempo começam a ser cobrados por leis e obras que não conseguiram realizar e que sabiam, antecipadamente, que não seriam viáveis. Para se safarem das responsabilidades não cumpridas e se manterem no poder, atrelam-se a novas concepções míticas para que a população sem condições de analisar profundamente os processos que encobrem esses falseamentos, continuem esperando por um milagre que nunca chega.

                                    Quem poderá me ajudar? – pergunta o jovem vestido de jeans e máscaras, lutando para obter a terra e os frutos prometidos pelo messias ilusório, ao repórter que o leva aos milhares de lares pela televisão.

OPINIAO PÚBLICA, IMPRESSA E DEMOCRACIA

                                      Não se pode negar a importância da impressa no processo democrático e tentar calar este instrumento é um retorno impensável à ditadura. A mídia é poderosa. A sua posição ajuda a formar uma opinião pública mais realista, desfazendo os enganos e trazendo à tona as sujeiras que se pretende fique debaixo dos tapetes, ou se o seu exercício estiver a serviço de interesses menos dignos, a mascarar uma situação que impedirá por muito tempo o crescimento, a expansão da liberdade e da iniciativa consciente do cidadão.  Mas, qual é o papel da imprensa? Ela poderá ajudar o jovem vestido de jeans e de máscaras? Ajudar em que sentido?  Estas perguntas, ainda continuam sem respostas, muito embora estejam sendo muito esperadas, uma vez que a imprensa na contemporaneidade, para alguns está ultrapassando sua área de atuação e invadindo a área da fiscalização, quando o seu papel é somente informar os fatos tais como esses apresentam a ela. Por outro lado, existem aqueles que advogam que se o modelo clássico de uma democracia evoca os três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário, na atualidade, a impressa forma o quarto poder e por isto sua área de atuação expande-se para que ela possa ir além de como os fatos lhe são apresentados para apurá-los em sua profundida e informar com segurança.  Enquanto não se definem estes papeis, é importante ter em mente, que não existe democracia com uma imprensa controlada, com censura prévia do material cultural produzido e, que cada vez mais, a imprensa se torna um instrumento para que o cidadão se manifeste, troque experiência e cobre dos poderes a realização daquilo a que a sociedade tem direitos estabelecidos por contrato. 


A POLITICA COMO OUTRA FORMA DE FAZER A GUERRA

                        Ligar a televisão, abrir o jornal é deparar-se com cenas de violência, de guerras no Irã, no Iraque e ficamos contentes por que afinal de contas no Brasil não existem guerras. Será? A noção ainda mais divulgada de guerra é a que se relaciona com tiros, canhões, bombardeios aéreos, marítimos e bombas nucleares. No entanto, cada vez mais as guerras estão se formando como nuvens poderosas, nos bastidores das grandes instituições que se monitoram mutuamente, nas redes sociais e, por incrível que pareça, na política.  Todavia é uma guerra diferente, sem o uso das armas, mas uma guerra de poderes e saberes. É uma guerra feita de estratégia, tática, recurso, meio e expediente. Foucault dirá que a política é a guerra continuada por outros meios e esta afirmação

... em primeiro lugar, decorre de que as relações de poder, em nossa sociedade, caracterizam-se, sobretudo, como relação de força, estabelecida em determinado momento, historicamente precisável, na guerra e pela guerra. Portanto o poder político pode parar a guerra ou fazer reinar a paz, mas não pode suspender os efeitos da guerra. O poder político tem a função de “reinserir perpetuamente” essa relação de força mediante uma “guerra silenciosa (FOUCAULT, 1999, p. 23).


                       A afirmação pressupõe que a maneira de acabar com a guerra continuada é dar fim ao poder político. Para o pensador francês, a sociedade mudou e o poder expandiu-se para além do Estado, instalando-se em micro-organismos, tais como escolas, famílias, locais de trabalho entre outros, ou seja, o poder está na sociedade o que de certa forma responsabiliza cada um pelos acontecimentos. O poder deixa de central para ser constelações de micro poderes, vinculados aos diferentes saberes, pois Foucault vincula saber e poder ao pensar na força política.


 CONCLUSÃO

                      Existe, portando, uma vinculação, ainda que imperceptível ao primeiro olhar, às ideias tratadas neste trabalho quando se pensa que a grande solução da sociedade contemporânea - a Comunicação -  é, também, seu grande problema quando esbarra com o jogo que se faz do poder-saber, da (des)-informação. Cristóvam Buarque em “Democracia e Globalização: os noves tipos de paz” (BUARQUE,2007 pg. 17) sugere que:

... o mundo global do sec. XXI é um imenso Mundo Terceiro Mundo, com países de maioria da população de baixa renda e países com maioria de população de alta renda, (grifo do autor), mas em ambos os grupos havendo parcelas ricas e parcelas pobres, diferenciando-se apenas, dentro de cada país, a proporção entre uma e outra dessas parcelas (...) o resultado será a tragédia moral da exclusão aceita, pelo sentimento de dessemelhança que já começa a espalhar pelo mundo entre ricos e pobres.


                        Entendendo que estas divergências no campo econômico, embora não sejam únicas, se refletem no campo social traduzindo-se por maiores ou menores facilidades para a aquisição do conhecimento, supõe-se que a Democracia tem também este obstáculo para superar. É bom ter em conta que vivemos num mundo em que existem muitos políticos, empresários e marqueteiros criadores de mitos de vida curta e ídolos da vaidade, que dificultam a promoção do conhecimento e que governam desalinhados do desejo de atender ao bem comum, mas com vistas aos interesses próprios. Para esses quanto mais ignorantes e desordeiros melhor, pois justificam suas ações e prepotência.

                         Então, não existe um meio de solucionar esta situação-problema? Claro que existe.  Trata-se de implantar uma política voltada para o cultivo da paz. Somente esta política poderá solucionar e responder a pergunta do jovem de jeans e máscara. E um dos principais e primordiais passos para a implantação dessa política é a Educação voltada para a paz, começando na individualidade do lar, para agregar, aos poucos, Escolas, Igrejas, Centros Comunitários, até que alcance os palanques para finalmente formar um novo paradigma político social. O reencontro com os valores esquecidos que aproximam os seres humanos e os transforma em irmãos, fará os políticos atuarem com Ética. Uma Ética preferencialmente planetária, na medida em que este novo modelo for se expandindo.

                       Longe de pensar neste novo modelo como uma utopia, aquele jovem de jeans realiza suas revoluções esperando colaboração para constitui-lo. Ele luta, na verdade, por Liberdade, Igualdade e Fraternidade, planta que não frutificou com a revolução francesa, desejando que novos frutos surjam dos brotos que ficaram e que ele sejam doces como são o respeito pelo outro, a solidariedade com o outro e a cooperação com o outro. 

                       Este, parece à autora o novo paradigma político que o mundo almeja e que desponta com a principiante renovação dos valores civilizatórios, acontecendo entre estertores que lembram a morte, mas que na verdade, significam somente as dores do parto.


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS


ABBAGNANO, Nicola.  Dicionário de Filosofia. Martins Fontes.  São Paulo-SP. 2007
CAMPBELL, Joseph. As Máscaras de Deus. Mitologia Ocidental.  Palas Athenas. Rio de Janeiro-RJ. 2008.

BUARQUE, Cristóvam. Democracia e globalização: Os nove tipos de paz in A paz como caminho. Qualitymark. Rio de Janeiro. RJ 2007

HEARST NEWPAPER. Andres, Gary. O mito do consenso político norte-americano. Fonte: http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/hearst/2010/04/17/o-mito-do-consenso-politico-norte-americano.jhtm. Acessado em 17/04/2010.