quarta-feira, 30 de março de 2016

A Arte de Amar, de Ovídio.

Suely Monteiro

Inteligente, audaz, e se dizendo profundamente conhecedor das artes de sedução, o autor, num livro dividido em três partes, desvela para os supostos discípulos o modo de agir para conseguir êxito nas conquistas.


Escrito entre os séculos 1 a.C e 1 d.C., o manual do amor é dividido em três como segue: a) Ovídio orienta o homem como seduzir a amada; 
b), uma vez conquistada a amada e tendo-a por mulher/amante, ele aborda a ternura masculina; e, 
c) a terceira parte é totalmente voltada para as mulheres.  Segundo estudiosos, o livro foi considerado um dos maiores escândalos da época e motivo da expulsão do escritor de Roma

Vestir, dançar, cantar, tocar cítara são armas imprescindíveis para uma mulher conquistar seu amor. Ele assegura que é a arte que faz perdurar o amor. Os Comportamentos em sociedade também contam pontos. Ele diz no Livro III que “palavras elegantes, mas usuais no convício social, ó mulheres, é tudo o que deveis escrever! ”

 Ele vai além e ensina aos mais destemidos a corromper servidores (atualíssimo para os nossos políticos) para ajudar no caso de amores considerados impossíveis ou ilegais e as formas de trair e não ser descoberto, embora com certos riscos para dar sabor ao romance.

Tudo isto e muito mais você encontra descrito diretamente, mas com uma eloquência e beleza de linguagem que não desperta, como em alguns manuais do amor da atualidade, repugnância.

Eu destacaria, como bem atual, o fato da mulher não ser vista como objeto de contemplação e beleza insignificantes. Mas, como um ser independente, com os mesmos direitos do homem (pelo menos na maior parte da obra, com destaque depreciativo na terceira parte quando ele ensina os modos como a mulher deve fingir o gozo para manter o seu amado), dando a ela a liberdade que nunca tivera antes e que continuou não tendo mesmo depois do lançamento do livro.


Minha intenção ao compartilhar este texto é apresentar como sugestão de leitura poética, um livro bem-humorado que aborda as relações humanas, no aspecto da sedução, de modo muito intrigante e atual e nos tira por uns instantes dessa guerra cruenta de brigas partidárias, nos dando folego para continuar vivendo uma vida digna de ser vivida com responsabilidade, respeito aos direitos e deveres nossos e alheios, mas também com poesia, amor, fé, esperança e muita alegria!

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