Suely Monteiro
Dos vários tipos
de sociedade que existem entre os homens, Cícero estabelece como universal, a
sociedade do gênero humano, e a de círculo mais limitado, a da familia. Ele ressalta, no entanto, que a ”mais bela e a mais sólida das sociedades são
as que a amizade, pela conformidade de inclinação, estabelece entre pessoas de
bem”.
Sua fala não é
novidade hoje, tanto quanto não era na sua época, pois muitos outros sábios que
o antecederam a enalteceram na prosa, na poesia, na filosofia. Na teoria e na
prática.
Curiosamente,
observo que o desenvolvimento desta última, além de ampliar os limites da
sociedade dos laços consanguíneos consagra à sociedade universal, uma grande
dose de distinção, à medida que tornam seus membros espontaneamente compromissados
com o bem. Ora, uma sociedade de homens de bem, não engana, não humilha, não espolia,
não destitui uns e outros de seus valores materiais e não pleiteia a unicidade
comportamental e ideológica.
Pelo contrário, reconhece
e valoriza o valor individual de seus membros, sabe que o alicerce da justiça é
a boa vontade e que esta é estimulada pelo exemplo, pela fé que, segundo,
ainda, o grande pensador, vem da palavra fazer,
por que se diz o que se faz.
Forçando um pouco a barra para adaptar a sociedade Brasil ao texto de Cícero, podemos dizer que, teoricamente, formamos
uma sociedade distinta, pois nossas leis, os discursos de nossos políticos em
suas assembleias ou nas mídias diversas, conformam com este estado de coisa. Todavia,
quão longe disso estamos na prática!
Para alcançar a glória
e o poder, nossos governantes insensatamente, substituem demonstrações de amor,
confiança e admiração que o povo lhes votam, por ações injustas, e, conforme
diz Ennius: ” traem a amizade, desprezam
conselhos."
Ouso acrescentar
que eles roubam do povo. Roubam não apenas os recursos materiais, muitas vezes
necessários à sua subsistência, mas a esperança e o sonho, sentimentos sem os
quais os passos em direção à ordem e progresso são fortemente reduzidos e fragilizados.
Em conformidade
com suas más inclinações, desqualificam aqueles que lhes emprestaram, temporariamente,
o poder com a condição de promoverem uma sociedade justa e igualitária.
Metem os pés pelas
mãos. Levam às comunidades internacionais a vergonha ao serem estampados nas páginas
policiais. A tudo isto parecem insensíveis.
Infelizes, não
percebem que a sociedade está amadurecendo e, que como eles, embora em direção oposta,
vem substituindo o ardor jovial que nem sempre examina os atos, pela solidez e assídua
presença na cobrança dos deveres que lhes instituíram através do voto.
Os passos são
lentos eu disse, mas isto não significa que não estejam sendo dados.
Mais de duzentos
milhões cantam “Pra frente Brasil” de diferentes formas, com diferentes palavras e diferentes acentos, indiferentes que já se tornaram
às mentiras e promessas eleitoreiras.
Pra frente
Brasil, cantemos, rumo a construção da mais bela e mais sólida das sociedades, constituída
pela amizade em conformidade de inclinação entre pessoas de bem!
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