A importância da civilização e da religião do Egito, na história do pensamento, está em haver transmitido cedo influências sobre os judeus (de procedência mesopotâmica) e sobre os gregos (fundadores da civilização ocidental).
Os egípcios alcançam uma adiantada cultura neolítica pelo ano 5000 antes de Cristo. Por volta de 3000 se instituem as dinastias, que unificam politicamente o Egito, ao mesmo tempo que se difundem o uso dos metais e se inaugura a escrita hieroglífica.
Apesar do esplendor dos períodos chamados Antigo Império (desde 3000), Médio Império (desde 2100) e Novo Império (desde 1580), a importância do Egito na história do pensamento ocorreu, quando,(desde 1100), passou a declinar política mente e a se retalhar. É o tempo em que saem do Egito os judeus, sob o comando de Moisés (c. de 1100). Desenvolve-se a navegação, tal como entre os fenícios e os gregos. Os faraós buscam por vezes apoio no exterior, para se manter; é quando os contatos e as concessões permitem a intercomunicação das culturas.
É significativo que uma das numerosas esposas do rei Salomão, admirado até por Jesus, fora egípcia.
Numa tentativa de expansão, o faraó Nécao II é derrotado por Nabucodonosor, de Babilônia, em Karkemish, em 605 a.C.
A penetração indo-européia no Egito se aprofundou, quando os persas, que já haviam conquistado Babilônia (538 a. C.), converteram igualmente a este outro país em uma satrapia (525 a.C.).
Abriam-se amplamente as portas das cidades egípcias à curiosidade dos estrangeiros, inclusive dos gregos, porquanto uma parte de suas cidades, as da Jônia, também estavam integradas no império persa. Heródoto, pai de História, visitará o Egito cerca do ano 425 a.C., cem anos após a conquista, descrevendo para os gregos longos relatos sobre o que vira, bem como sobre o que pudera entender da religião dos curiosos adoradores de animais totêmicos.
Reconquistou a terra dos faraós uma relativa independência em 404 a.C., que é de novo perdida pela reconquista persa de 341, logo sucedida pela de Alexandre Magno em 332.
Criada a cidade de Alexandria, nela se procedeu o cadinho das culturas do Egito e da Grécia.
Também ali os judeus desenvolveram uma literatura helenística. Traduziram a Bíblia hebraica para o grego, e que veio a ser conhecida como Septuaginta.
Passaram os judeus a escrever, também, livros em grego. Dentre estes alguns foram anexados pelos cristãos católicos ao elenco dos livros do Velho Testamento. Estes livros são considerados apócrifos pelos judeus e protestantes. De qualquer maneira, eles se tornaram acessíveis, porque se encontram na Bíblia católica.
O alfabeto egípcio, em uma variante fonética do Sinai, que se transpôs para a região palestinense e depois para a Fenícia, foi ser finalmente, com algumas transformações, a escrita grega e ocidental.
No alfabeto fenício a letra R era um rosto, virado para a esquerda. O rosto foi virado para a direita, pelo alfabeto grego. Finalmente este recebeu a perna inclinada, no alfabeto romano. Acontece assim que hoje o P no grego significa a letra R, e no alfabeto Ocidental o P significa o A grego (ou Pi matemático).
A religião egípcia é inicialmente totêmica, com o culto às forças naturais, além de sua diversificação em deuses locais. A transformação através dos milênios a tornou mais profunda, com progressão do simbolismo.
As potências transcendentais da religião do Egito são menos enfáticas que as divindades desenfreadas e violentas da Mesopotâmia. Enquanto a serenidade domina nos tempos dinásticos do Egito, aumenta o caráter guerreiro dos babilônios, ninivitas e hititas, expresso em potências infernais e monstros disformes, acrescidos depois ainda, de uma fé em um fim de mundo catastrófico persa.
A divindade egípcia é concebida como tendo acima um Deus universal e onipotente, com entidades divinas menores, masculinas e femininas, além de figuras demoníacas.
Ocorrem alterações no decorrer das substituições dinásticas sobre qual seja o Deus principal. O mesmo acontece a respeito das conceituações, ora mais, ora menos politeísta. Há também alterações nos conceitos de alma e de moral.
Destaca-se Osiris, Deus do sol noturno, senhor do mundo inferior (inferno dos mortos). Assassinado por seu irmão Set, foi ressuscitado por Isis, de quem Osiris também era irmão e esposo. Osiris é Deus dos mortos e juiz supremo. Isis, esposa e irmã de Osiris, com este fazia o par mais importante dos deuses egípcios. O culto de Isis se difundirá no império romano assumindo aspectos análogos aos que depois adquirirá a Virgem Maria dos cristãos. Era protetora das mulheres e das crianças.
Quanto a Set, é Deus das trevas, havendo assassinado seu irmão Osiris, como já se disse.
O culto ao Sol é associado aos faraós. As pirâmides, enquanto apresentam sua face ao sol, se exercem como um apoio dos raios deste. Expressam não apenas um monumento funerário, mas também constituem manifestação religiosa como culto ao sol, ao qual ainda se associava o culto aos faraós.
O trabalho de sua construção não fora tão só um esforço de trabalho escravo, mas uma atividade de cunho religioso, em que participava a própria nação, inclusive com cerimoniais.
Um estranho associamento havia entre os deuses e os animais sagrados. No primeiro instante este culto surpreendia aos gregos e romanos, porque eram adorados num sentido totêmico e simbólico que não era óbvio aos estranhos. Como tótens, eram intimamente associados, pelas suas qualidades, aos homens.
Dali era apenas mais um passo para se chegar à simbolização dos deuses com as imagens dos animais. A deusa Hator, em figura de novilha, e Anúbis, um cão de guarda, bem associavam a vivência de um povo agrícola. E assim, por razões peculiares, se tornavam símbolos, o touro, a serpente, o leão, o escaravelho, a rã, o gato, o falcão. Nesta coesão universal das coisas, até os astros do firmamento passavam a expressar a divindade.
O fetichismo, com suas práticas, encontrava nesta maneira de ver, o caminho aberto. Que seria a serpente de Moisés, no deserto, senão um animal sagrado egípcio, associado a virtudes divinas? E por que teriam os israelitas adorado um bezerro de outro, no deserto? De novo reflexos do pensamento egípcio.
As rãs servem de amuleto, porque expressam a ressurreição. Supunha-se antigamente, não somente no Egito, que elas nasciam diretamente do limo, sem pai e sem mãe. O simbolismo da rã passou aos cristãos, para indicar a ressurreição, conforme se induz das lâmpadas da necrópole de Edfu.
Os judeus poderiam ter recebido as idéias da ressurreição, tanto do Egito, como depois, na Pérsia, ao terem contato com o zoroastrismo; todavia, mais facilmente deste último.
As doutrinas sobre a alma, da religião egípcia, a distinguiam claramente do corpo, ao mesmo tempo que a relacionavam intimamente com ele.
Não era a alma um espírito vindo de fora, como castigo, para se purificar no corpo material; esta outra maneira de ver, que Heródoto narra haver encontrado no Egito, ao modo dos pitagóricos, deviam ser doutrinas posteriores. No pensamento pré-pitagórico, alma e corpo faziam um todo natural, ao modo quase da maneira de ver homérica. A morte era considerada uma desgraça, e não uma retomada da transmigração.
A felicidade da alma, a subsistir após a morte, ficava associada à conservação do corpo. Em decorrência desta afinidade entre corpo e alma, desenvolveram os egípcios a prática do embalsamento e a construção de monumentos funerários, como as pirâmides e as câmaras funerárias. Estas serão ainda no futuro praticadas pelo judeus, e logo também pelos cristãos, em vista da idéia da permanência da alma. Muito mais que dos babilônios, a idéia da permanência da alma em função a um corpo era um conceito egípcio.
O julgamento dos mortos, com destino determinado pelo bem ou o mal praticados em vida, são convicções egípcias, que depois também permanecerão entre algumas seitas judias, das quais finalmente derivarão para o cristianismo. Eis, pois, o julgamento dos mortos uma particularidade que por primeiro se desenvolveu na religião do Egito.
O Livro dos mortos, que remonta ao Novo Império (1580 a.C.) é um significativo documentário da crença do julgamento dos mortos. As representações pictóricas, encontradas nos monumentos, visualizam o seu conteúdo. Osiris, como senhor da eternidade, senta-se em seu trono, com o cetro na mão. Por trás, suas irmãs Isis e Nefthys. O morto é introduzido por Maat, deusa da justiça. Há 42 juízes, representando as 42 províncias do Egito.
A crença do julgamento dos mortos persistiu entre os judeus e se transferiu aos cristãos, com alguns arranjos imaginativos. Note-se que os judeus substituem os 42 juízes pelos 12 juízes representando as 12 tribos; os cristãos, ao somarem aos 12 patriarcas os 12 apóstolos, imaginaram um tribunal de 24 juízes, e com Jesus em lugar de Osíris.
No julgamento egípcio se encontra em destaque uma grande balança, na qual o peso do coração é equiparado ao da pluma de avestruz (símbolo da verdade). A pesagem cabe a Horus (Deus da Luz, filho de Osiris e Isis) e a Anúbis, com sua cabeça de chacal, e guardião das múmias. O resultado é anotado sobre um papiro, por Tot, caracterizado pela cabeça de Íbis, e Senhor da Sabedoria e da Escrita.
Os egípcios alcançam uma adiantada cultura neolítica pelo ano 5000 antes de Cristo. Por volta de 3000 se instituem as dinastias, que unificam politicamente o Egito, ao mesmo tempo que se difundem o uso dos metais e se inaugura a escrita hieroglífica.
Apesar do esplendor dos períodos chamados Antigo Império (desde 3000), Médio Império (desde 2100) e Novo Império (desde 1580), a importância do Egito na história do pensamento ocorreu, quando,(desde 1100), passou a declinar política mente e a se retalhar. É o tempo em que saem do Egito os judeus, sob o comando de Moisés (c. de 1100). Desenvolve-se a navegação, tal como entre os fenícios e os gregos. Os faraós buscam por vezes apoio no exterior, para se manter; é quando os contatos e as concessões permitem a intercomunicação das culturas.
É significativo que uma das numerosas esposas do rei Salomão, admirado até por Jesus, fora egípcia.
Numa tentativa de expansão, o faraó Nécao II é derrotado por Nabucodonosor, de Babilônia, em Karkemish, em 605 a.C.
A penetração indo-européia no Egito se aprofundou, quando os persas, que já haviam conquistado Babilônia (538 a. C.), converteram igualmente a este outro país em uma satrapia (525 a.C.).
Abriam-se amplamente as portas das cidades egípcias à curiosidade dos estrangeiros, inclusive dos gregos, porquanto uma parte de suas cidades, as da Jônia, também estavam integradas no império persa. Heródoto, pai de História, visitará o Egito cerca do ano 425 a.C., cem anos após a conquista, descrevendo para os gregos longos relatos sobre o que vira, bem como sobre o que pudera entender da religião dos curiosos adoradores de animais totêmicos.
Reconquistou a terra dos faraós uma relativa independência em 404 a.C., que é de novo perdida pela reconquista persa de 341, logo sucedida pela de Alexandre Magno em 332.
Criada a cidade de Alexandria, nela se procedeu o cadinho das culturas do Egito e da Grécia.
Também ali os judeus desenvolveram uma literatura helenística. Traduziram a Bíblia hebraica para o grego, e que veio a ser conhecida como Septuaginta.
Passaram os judeus a escrever, também, livros em grego. Dentre estes alguns foram anexados pelos cristãos católicos ao elenco dos livros do Velho Testamento. Estes livros são considerados apócrifos pelos judeus e protestantes. De qualquer maneira, eles se tornaram acessíveis, porque se encontram na Bíblia católica.
O alfabeto egípcio, em uma variante fonética do Sinai, que se transpôs para a região palestinense e depois para a Fenícia, foi ser finalmente, com algumas transformações, a escrita grega e ocidental.
No alfabeto fenício a letra R era um rosto, virado para a esquerda. O rosto foi virado para a direita, pelo alfabeto grego. Finalmente este recebeu a perna inclinada, no alfabeto romano. Acontece assim que hoje o P no grego significa a letra R, e no alfabeto Ocidental o P significa o A grego (ou Pi matemático).
A religião egípcia é inicialmente totêmica, com o culto às forças naturais, além de sua diversificação em deuses locais. A transformação através dos milênios a tornou mais profunda, com progressão do simbolismo.
As potências transcendentais da religião do Egito são menos enfáticas que as divindades desenfreadas e violentas da Mesopotâmia. Enquanto a serenidade domina nos tempos dinásticos do Egito, aumenta o caráter guerreiro dos babilônios, ninivitas e hititas, expresso em potências infernais e monstros disformes, acrescidos depois ainda, de uma fé em um fim de mundo catastrófico persa.
A divindade egípcia é concebida como tendo acima um Deus universal e onipotente, com entidades divinas menores, masculinas e femininas, além de figuras demoníacas.
Ocorrem alterações no decorrer das substituições dinásticas sobre qual seja o Deus principal. O mesmo acontece a respeito das conceituações, ora mais, ora menos politeísta. Há também alterações nos conceitos de alma e de moral.
Destaca-se Osiris, Deus do sol noturno, senhor do mundo inferior (inferno dos mortos). Assassinado por seu irmão Set, foi ressuscitado por Isis, de quem Osiris também era irmão e esposo. Osiris é Deus dos mortos e juiz supremo. Isis, esposa e irmã de Osiris, com este fazia o par mais importante dos deuses egípcios. O culto de Isis se difundirá no império romano assumindo aspectos análogos aos que depois adquirirá a Virgem Maria dos cristãos. Era protetora das mulheres e das crianças.
Quanto a Set, é Deus das trevas, havendo assassinado seu irmão Osiris, como já se disse.
O culto ao Sol é associado aos faraós. As pirâmides, enquanto apresentam sua face ao sol, se exercem como um apoio dos raios deste. Expressam não apenas um monumento funerário, mas também constituem manifestação religiosa como culto ao sol, ao qual ainda se associava o culto aos faraós.
O trabalho de sua construção não fora tão só um esforço de trabalho escravo, mas uma atividade de cunho religioso, em que participava a própria nação, inclusive com cerimoniais.
Um estranho associamento havia entre os deuses e os animais sagrados. No primeiro instante este culto surpreendia aos gregos e romanos, porque eram adorados num sentido totêmico e simbólico que não era óbvio aos estranhos. Como tótens, eram intimamente associados, pelas suas qualidades, aos homens.
Dali era apenas mais um passo para se chegar à simbolização dos deuses com as imagens dos animais. A deusa Hator, em figura de novilha, e Anúbis, um cão de guarda, bem associavam a vivência de um povo agrícola. E assim, por razões peculiares, se tornavam símbolos, o touro, a serpente, o leão, o escaravelho, a rã, o gato, o falcão. Nesta coesão universal das coisas, até os astros do firmamento passavam a expressar a divindade.
O fetichismo, com suas práticas, encontrava nesta maneira de ver, o caminho aberto. Que seria a serpente de Moisés, no deserto, senão um animal sagrado egípcio, associado a virtudes divinas? E por que teriam os israelitas adorado um bezerro de outro, no deserto? De novo reflexos do pensamento egípcio.
As rãs servem de amuleto, porque expressam a ressurreição. Supunha-se antigamente, não somente no Egito, que elas nasciam diretamente do limo, sem pai e sem mãe. O simbolismo da rã passou aos cristãos, para indicar a ressurreição, conforme se induz das lâmpadas da necrópole de Edfu.
Os judeus poderiam ter recebido as idéias da ressurreição, tanto do Egito, como depois, na Pérsia, ao terem contato com o zoroastrismo; todavia, mais facilmente deste último.
As doutrinas sobre a alma, da religião egípcia, a distinguiam claramente do corpo, ao mesmo tempo que a relacionavam intimamente com ele.
Não era a alma um espírito vindo de fora, como castigo, para se purificar no corpo material; esta outra maneira de ver, que Heródoto narra haver encontrado no Egito, ao modo dos pitagóricos, deviam ser doutrinas posteriores. No pensamento pré-pitagórico, alma e corpo faziam um todo natural, ao modo quase da maneira de ver homérica. A morte era considerada uma desgraça, e não uma retomada da transmigração.
A felicidade da alma, a subsistir após a morte, ficava associada à conservação do corpo. Em decorrência desta afinidade entre corpo e alma, desenvolveram os egípcios a prática do embalsamento e a construção de monumentos funerários, como as pirâmides e as câmaras funerárias. Estas serão ainda no futuro praticadas pelo judeus, e logo também pelos cristãos, em vista da idéia da permanência da alma. Muito mais que dos babilônios, a idéia da permanência da alma em função a um corpo era um conceito egípcio.
O julgamento dos mortos, com destino determinado pelo bem ou o mal praticados em vida, são convicções egípcias, que depois também permanecerão entre algumas seitas judias, das quais finalmente derivarão para o cristianismo. Eis, pois, o julgamento dos mortos uma particularidade que por primeiro se desenvolveu na religião do Egito.
O Livro dos mortos, que remonta ao Novo Império (1580 a.C.) é um significativo documentário da crença do julgamento dos mortos. As representações pictóricas, encontradas nos monumentos, visualizam o seu conteúdo. Osiris, como senhor da eternidade, senta-se em seu trono, com o cetro na mão. Por trás, suas irmãs Isis e Nefthys. O morto é introduzido por Maat, deusa da justiça. Há 42 juízes, representando as 42 províncias do Egito.
A crença do julgamento dos mortos persistiu entre os judeus e se transferiu aos cristãos, com alguns arranjos imaginativos. Note-se que os judeus substituem os 42 juízes pelos 12 juízes representando as 12 tribos; os cristãos, ao somarem aos 12 patriarcas os 12 apóstolos, imaginaram um tribunal de 24 juízes, e com Jesus em lugar de Osíris.
No julgamento egípcio se encontra em destaque uma grande balança, na qual o peso do coração é equiparado ao da pluma de avestruz (símbolo da verdade). A pesagem cabe a Horus (Deus da Luz, filho de Osiris e Isis) e a Anúbis, com sua cabeça de chacal, e guardião das múmias. O resultado é anotado sobre um papiro, por Tot, caracterizado pela cabeça de Íbis, e Senhor da Sabedoria e da Escrita.
Fonte: Enciclopedia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio
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