sexta-feira, 25 de junho de 2010

HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: O PENSAMENTO JUDAICO ANTIGO.


O sucesso do cristianismo tornou o pensamento judaico importante no mundo e, por sua vez também o pensamento semita primitivo, porquanto dele depende em última instância. A história inicial dos judeus apresenta o mesmo estilo heróico dos mesopotâmicos e egípcios, com seus patriarcas longevos.
A primeira figura de fisionomia histórica definida é Abraão, cerca de 1700 antes de Cristo, do tempo de Hamurabi. Procedente de Ur (Mesopotâmia), veio instalar-se em Canaan, depois denominada Palestina. O texto bíblico declara que Deus prometeu esta terra aos seus descendentes.
A tribo israelita se transfere para o Egito, onde prosperou. Ao sentir-se com força de abandoná-la, tentou rumos próprios, conquistando a partir do Sinai a terra de Canaan. Moisés comandou o povo; o narrador diz que ele recebeu de Deus, as leis. Estes sucessos datam de cerca do ano 1270 a.C., o que torna pouco fiável a narrativa datada de meio milênio após.
As doze tribos de Israel são governadas inicialmente por juízes. Instala-se o reino por volta de 1020 a. C., sucessivamente sob Saúl, David, Salomão. Divide-se em 929 a.C. em dois reinos, respectivamente chamados de Israel e de Judá.
O reino de Israel (10 tribos), chamado também de Samaria (nome da capital), foi conquistado pelos Ninivitas em 722 a.C. Desapareceu esta parte dos descendentes de Abraão, por efeito de miscigenação, o que parece significar que a suposta promessa de Deus à Abraão deixou de se cumprir para a maioria dos seus descendentes.
O reino da Judéia (tribo de Judá), com capital em Jerusalém, é tomado pelos babilônios em 587 a.C. Termina aqui a fase áurea do povo de Israel, restando praticamente uma só tribo, a qual trouxe através do tempo uma tradição que já perdura 3000 anos.
Ciro, rei da Pérsia, ao vencer Babilônia em 587 a.C., permitiu uma liberdade relativa aos judeus. Parte destes retornou a Jerusalém, onde reconstruíram um modesto templo. Os demais se difundiram por todo o vasto império persa.
É importante observar que os contatos com o mundo exterior sujeitaram os judeus a influências, que uns rejeitam, tornando-se eminentemente tradicionalistas, enquanto outros as assimilam.
As novas circunstâncias persistem com as conquistas de Alexandre Magno (334 a.C.), que anexou ao Império Helênico o já vasto mundo persa, que então incluia a Judéia e o Egito. Em 64 a.C., tudo passaria a um esquema ainda maior, o dos romanos.
Entrementes ocorria o episódio passageiro do reino dos Macabeus (164-63 a.C.), que representava uma aparente restauração do reino dos judeus.
Neste tempo o reino helênico seleucida de Antióquia da Síria havia enfraquecido, frente à política romana. Conseguiram então os Macabeus a independência da Judéia; contaram inclusive com apoio romano, enquanto isto era estratégico contra Antioquia. Depois que os mesmos romanos conquistaram o reino seleucida de Antioquia, tomaram também a Judéia (63 a.C.).
Reino submisso sob Herodes, a Judéia foi integrada na província romana da Síria em 6 d.C. Com a revolta, a cidade de Jerusalém é destruída em 70. Depois disto os judeus serão uma nação errante pelo mundo, mas sempre unida e influente.
O universalismo judaico se mantém ainda após a criação do Estado de Israel, em 1948. O nacionalismo, tanto árabe, quanto judeu, dificulta a convivência pacífica. Mas no dia em que a humanidade for por eles colocada acima da nacionalidade, os descendentes do patriarca Abraão certamente conviverão prósperos e felizes.

Os livros sagrados dos judeus são aqueles que os cristãos denominam Velho Testamento. Ainda que os primeiros livros se atribuam a Moisés (século 13a.C.); a análise interna dos mesmos os situa 500 anos depois. Daquela remota época somente poderiam ter vindo tradições, leis, lendas, poemas, crônicas de reis e de suas guerras.
Os cristãos católicos anexaram ao cânon bíblico obras escritas em grego por judeus de Alexandria. O cânon judeu foi fixado definitivamente em Jâmnia (Palestina) pelos anos 90 e 100 d.C. Mas não obsta que os demais livros sirvam para indicar o pensamento judaico daquele tempo.

A Lei e os Profetas, eis uma divisão classificatória freqüente dos livros do Antigo Testamento. A Lei (ou Torah) reunia os livros mais antigos, próximos da mentalidade mosaica. Os Profetas são os livros posteriores, indicando um pensamento mais recente. Os saduceus admitiam a Lei e não os Profetas, aceitos pelos fariseus, zelotas, essênios, cristãos. (vd 4251y032 e 4251y040).

O Talmud tem origem no segundo século de nossa era e reúne as tradições orais e leis, inclusive comentários. Complementa a Bíblia judaica.


A religião judaica não oferece um sistema dogmático fechado. Explica-se o fato pela circunstância de haver desaparecido cedo uma autoridade religiosa central, muito antes da época em que as outras religiões desenvolveram sua teologia em função àquelas autoridades. O judaísmo oscila bastante e se divide em orientações divergentes sem que estas sejam tratadas como heréticas - saduceus, fariseus, zelotas, essênios (vd 4251y125). As seitas judaicas unem-se em torno de Javé e de seus livros sagrados.



O monoteísmo é uma das principais características do judaísmo. É todavia substituído o elenco dos deuses secundários pela presença de entidades intermediárias, como os anjos; estes, após o exílio em Babilônia, crescem de importância no judaísmo posterior, por influencia da religião zoroastrica dos persas.
Acresce dizer, que já houvera no Egito algumas tentativas de introdução do monoteísmo. Também os filósofos gregos insistiam numa revisão do conceito de divindade.
De outra parte, a noção de Deus, por parte do velho judaísmo, é rudimentar e antropomórfica. Sem especulação filosófica a respeito de Deus e sem cuidado em defini-lo, era vagamente concebido como um ser pessoal, quase ao modo humano, que age e fala, que tem mãos, braços, olhos, lábios, que se apresenta em certo lugar e mora nos céus.
A melhoria dos conceitos judaicos sobre a divindade ocorre ao se estabelecer contato com a cultura grega, apesar de odiada. Esta influência haveria de acontecer sobretudo em Alexandria, a grande metrópole helênica do Egito.
Na tradução da Bíblia ao grego, conhecida por Septuaginta (séc. 2 a.C.), vários antropomorfismos são substituídos por circunlóquios, o que revela uma melhoria de mentalidade filosófica. Também será em Alexandria que se desenvolverá uma exegese alegórica ou simbolista, entre judeus e cristãos, substituindo os episódios fantásticos por interpretações místicas.
Entretanto, não se deixou o judaísmo influenciar pela conceituação trinitarista platônica e neoplatônica, como aconteceria no cristianismo, cujo Deus é constituído por três pessoas
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio

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