sábado, 26 de junho de 2010

ARTE - PINTURA.

O FRUTO PROIBIDO

Michelangelo

Pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano é considerado um dos maiores gênios da história do ocidente.

Trabalhou por mais de setenta anos entre Florença e Roma onde viveram seus grandes mecenas, a família Medici de Florença e vários papas romanos.

Sua carreira se desenvolveu na transição do Renascimento para o Maneirismo e s eu estilo sintetizou influências da arte da Antiguidade Clássica, do Primeiro Renascimento, dos ideais do Humanismo e do Neo-platonismo, centrado na figura humana e, especialmente no nú masculino.

HISTORIA DA FILOSOFIA ANTIGA: OS SOFISTAS.


Sofista, equivalente do substantivo grego sofistés, que quer dizer sábio, no sentido de especialista (ou homem de saber). O termo se forma a partir de sofós ( = sábio).
Pela orientação filosófica generalizada dos sábios da ilustração grega do 5-o século a.C., veio sofista a significar "filósofo cético".
Em acepção pejorativa, difundida sobretudo pela reação de Sócrates, significava aquele que ensinava com salário. É todavia, necessário levar em conta que, em vista da grande procura do ensino com o desenvolvimento grego, o mestre remunerado era uma decorrência necessária da estrutura social que se formava. O mesmo Platão, após a morte de seu mestre Sócrates, instituiu sua escola, a academia (c. 387 a.C.). Deve-se também a Platão a tendência no sentido de ridicularizar aos filósofos com os quais não se afinava.
Os sofistas deram amplo desenvolvimento à cultura grega, em virtude dos temas humanos de sua preferência. Substituíram a dominância dos temas especulativos da natureza, pelas disciplinas gnosiológicas e práticas. Os temas sobre a natureza do conhecimento, da lógica, da linguagem e ainda as questões morais, políticas, eis por onde se desdobraram os ensinamentos sofísticos. Não tivessem debatido tudo isto, Sócrates e Platão haveriam ficado sem assunto...
Importa não subestimar a importância dos sofistas. A contestação às variadas teorias filosóficas e científicas, induziu aos filósofos, tanto sofistas como não sofistas, a uma reflexão mais cautelosa, de onde resultou uma geral melhoria nas escolas filosóficas.
A vulgarização da cultura foi outro mérito dos sofistas. Vale dos sofistas o mesmo que Cícero afirmará de Sócrates; dizia que este fizera descer a filosofia do céu às cidades e às casas.
Em vista do número considerável de sofistas, são geralmente arrolados em:
grandes sofistas, que são Protágoras (c. 480-410 a.C.) e Górgias de Leôncio (c. 480-375 a.C.),
sofistas menores, como Crítias, Cálicles, Polus, Pródicos, Trasímaco, etc.
Protágoras de Ábdera (c. 480-410 a.C.). Filósofo grego, n. em Ábdera, Trácia. O mais antigo e o mais destacado sofista, com mais magistério em várias cidades. Foi um sábio profícuo do mesmo porte do seu contemporâneo atomista Demócrito.
Transitou várias vezes por Atenas. Pela volta de 443 a. Cr., Péricles aproveitou a Protágoras para escrever uma constituição à colônia ateniense de Túrion, no Golfo de Tarento, Sul da Itália. Numa outra estadia em Atenas, pelos anos 432 e 430 a.C., de acordo com o que Platão refere em um diálogo, está frente à frente com Sócrates. Foi então descrito com ironia. Mas é preciso amenizar o que é dito ali, por causa do hábito de Platão levar aos interlocutores de outras doutrinas ao ridículo.
O final infeliz de Protágoras foi consequência de sua filosofia agnóstica frente as crenças dos populares. Tendo posto em dúvida a existência dos deuses, foi expulso da cidade de Atenas e queimados os seus livros. Morreu num naufrágio quando seguia para Sicília.
"A primeira obra de Protágoras lida por ele ao público é seu tratado Sobre os deuses. Foi acusado por causa desta obra" (D. Laércio IX).
Dentre seus muitos escritos Platão cita outro livro Sobre a verdade (Teeteto, 161 c), de que sobra expressivo fragmento. Com este e outros se reconstrói a doutrina do grande mestre.
"Foi também o primeiro que exigiu por suas lições um salário de cem minas" (D. Laércio IX).
Outros títulos que se lhe atribuem, podem ser partes destas duas, ambas perdidas, de que restam poucos fragmentos.
A doutrina de Protágoras foi entretanto mencionada com frequência, começando pelas menções de Platão, o qual entretanto se omitiu sobre o atomista Demócrito, também de Ábdera, talvez mais erudito que seu colega sofista.
Os prelúdios da lógica se encontram em Protágoras. Foi um dos precursores da lógica, como aliás os sofistas em geral, todavia sendo ele o mais antigo. É óbvio que Aristóteles, conhecido como fundador da lógica, já encontrasse os primeiros indícios em filósofos anteriores.
As indicações históricas, que de então nos restam, são lacônicas e, não nos permitem chegar a conclusões sobre o que efetivamente realizaram os sofistas.
Os escritos de Platão, que se transmitiram integralmente, não revelam a presença de uma grande lógica, mas também não a negam diretamente.

A respeito de Protágoras se afirma que foi
"o primeiro... que ideou as lutas oratórias e introduziu sofismas nas exposições... o primeiro que estabeleceu argumentos para as teses" (D. Laércio IX, 52).

"Foi também o inventor da argumentação chamada socrática. Platão em Eutidemo diz que foi o primeiro em servir-se de raciocínio por meio dos quais Antístenenes buscava estabelecer que nada se pode contradizer.
Artemidoro dialético, no Tratado contra Crísipo, lhe concede a primaza em instituir a argumentação regular acerca de um assunto dado...
Foi também o primeiro em dividir o discurso em quatro partes: prece, interrogação, resposta e prescrição.
Outros dizem que distingue sete partes: narração, interrogação, resposta, prescrição, declaração, prece, invocação e que chamava a estas partes dos fundamentos do discurso" (D. Laércio IX).
O sensismo é uma tese gnosiológica fundamental de Protágoras, como também da sofística em geral.
"O conhecimento não é outra coisa que a sensação ... " (Teeteto 151 e).
Contrariava assim aos atomistas e eleatas, que distingam claramente a sensação e a inteligência, pela diversidade específica de objeto.
O sensismo dos sofistas será também combatido por Sócrates, Platão e Aristóteles. Só modernamente o sensismo será amplamente retomado por alguns setores empiristas e positivistas.
Relativismo. Do ponto de vista gnosiológico, Protágoras foi também relativista. O relativismo tem como fundamento o fluxo universal dos seres, conforme a doutrina proveniente já de Heráclito. Enquanto a sofística de Górgias se filiava ao racionalismo dos eleatas, a de Protágoras procedia do materialismo positivista da filosofia dos jônicos, agravada ainda pela interpretação do conhecimento como não sendo outra coisa que sensação.
A gnosiologia relativista de Protágoras é uma espécie de ceticismo. Ocorrendo a impressão dos objetos em função às disposições de cada indivíduo, ensinou que "o homem é a medida de todas as coisas", conforme transmitiu Platão (Teeteto 152 a).
Repete-se a notícia em Aristóteles:
"Dizia Protágoras que o homem é a medida de todas as coisas, o que significa que o que parece a cada um, também o é para ele com certeza" (Metaf. 1062b 12).
Sexto Empírico complementa:
"Admite, em consequência, somente aquilo que parece a cada um e, assim introduz a relatividade" (Pyrrhon. Hyp., I, 216).
Protágoras também aduz exemplos:
"Não ocorre às vezes que o mesmo sopro de vento faz a um tiritar de frio e a outro não? Que a uma acaricia ligeiramente e a outros de maneira pronunciada? "(Teeteto 152b).
Arranja também uma explicação especulativa para a relatividade, situando-a no fluir dos entes, que tanto altera as coisas que se fazem conhecer, como mudam as disposições subjetivas do indivíduo conhecedor.
A tese da relatividade admite a identidade dos contrários, identificando a verdade e a falsidade.
Percebeu-o Protágoras e o admitiu:
"Sobre cada argumento podem-se enunciar dois discursos com esta antítese entre si" (Fragmento encontrado em D. Laércio).
Do assunto também se ocupou Aristóteles, procurando contestar ao sofista (Cf. Metaf. 1009a 7-14).
Agnosticismo. No que se refere às questões metafísicas Protágoras conduz coerentemente sua filosofia relativista e sensista, colocando-se no agnosticismo:
"Dos deuses nada posso dizer. Quanto à questão se eles existem ou não, muitas razões impedem que se possa chegar a sabê-lo, entre outras a obscuridade da questão e a curta duração da vida" (em D. Laércio IX).

Como para os sofistas em geral, para Protágoras não há a lei natural, nem em ética e nem em política.
A sociedade política resulta da compreensão dos mais fortes ou de um acordo, sem que exista por natureza.
Górgias (c.483-375 a.C.). Filósofo de expressão grega, principal sofista depois de Protágoras. Nasceu no Ocidente, em Leôncio, Sicília. Atuou nesta região até cerca de 55 anos, quando acompanhou em 427 a.C. uma legação que foi a Atenas pleitear o apoio desta contra a poderosa Siracusa. Foi quando impressionou pela sua eloquência. A partir de então atuou nas cidades da Grécia, até falecer mais que centenário em Larissa.
Do ponto de vista gnosiológico foi Górgias relativista e sensista. Partiu da dialética eleática, ao contrário do sofista Protágoras, que alegava a mutabilidade de todas as coisas segundo Heráclito. Os sentidos não conferem com o que diz a inteligência sobre o ser; por sua vez a doutrina do ser da inteligência é insustentável, porquanto conduz à paradoxos.
Portanto o ser não existe: mesmo que exista alguma coisa, não conseguimos conhecê-la; se conseguimos conhecer algo, isto de novo não o conseguiríamos comunicar.
A gramática, a lógica e a retórica têm em Górgias e nos sofistas em geral os seus precursores, aos quais Aristóteles leu, para criar a lógica. Ainda que a produção dos sofistas se tenha perdido praticamente toda, ela se conservou em Platão e sobretudo em Aristóteles. Nas citações restam alguns fragmentos. Obras: escreveu um tratado de retórica, o qual poderia ter tido reflexos no diálogo Górgias de Platão. Um tratado sobre o não-ser teria sido escrito no curso da 74. olimpíada (444-441 a.C.), de que se conservam dois fragmentos. Restam ainda fragmentos de 5 discursos: uma oração fúnebre, que terá sido enunciada depois da Paz de Nícias (421 a.C.); um discurso olímpico, pelo ano 408 ou ainda mais tarde; um elogio de Helena, talvez anterior às Troianas de Eurípides (415 a.C.); uma defesa de Palomedes.
Antifon o Sofista (Antifonte de Atenas) (século 5-o a.C.). Filósofo sofista grego. Ainda que Antifonte de Atenas não seja mencionado por Platão, que se refere a tantos outros sofistas, é de Antifonte de Atenas que resta o maior número de fragmentos citados por outros autores.
Dado que os sofistas consideravam a lei humana apenas uma convenção, Antifonte declarou que podemos transgredir tranquilamente tal lei, desde que ninguém o saiba. Mas advertiu que não podemos transgredir do mesmo modo uma lei natural.
Reportou-se profusamente sobre a alma humana, a cidade política, a natureza. Dos escritos de Antifonte restam fragmentos, entre os quais o papiro Oxyrinchus, editado por Hunt em 1898.
Pródicos de Ceos (Queos) (c. 470- ). Filósofo grego, n. em Juli, na Ilha de Ceos (arquipélago das Cíclades). Pela proximidade com Atenas, frequentou a esta, finalmente nela permanecendo. Era da mesma idade de Hipias de Elis. Provavelmente como os sofistas em geral, ocupou-se no ensino da gramática e dialética.
Destacou-se como filósofo sofista, seguidor de Protágoras. Acentuou a importância da virtude. Apresenta-a como condição para a conquista dos bens da vida. Refutando a crença popular sobre os deuses, mostra que tais convicções surgiram em virtude de falsas interpretações sobre as forças da natureza. A reinterpretação dos deuses gregos lhe valeu a fama de ateu, ainda que não o fosse por isso necessariamente.
Obras. Autor do apólogo Hércules in bivio. Dos seus escritos restam apenas fragmentos (em Diels-Kranz, 84).
Modernamente os sofistas terão um paralelo nos fazedores de paradoxos.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y013.htm#BM2216y018

ARTE BARROCA.

A Virgem do Rosário

Bartolomé Esteban Murillo é o pintor que melhor define o barroco espanhol. Nasceu em Sevilha onde passou a maior parte de sua vida. Foi muito influenciado pelo seu mestre Del Castillo.

PRIMEIRO PERIODO DA FILOSOFIA ANTIGA: ESCOLA ATOMISTA.


Preliminar sobre a ilustração grega. O período pré-socrático contém uma fase de transição, no qual o pensamento se encaminha para sua nova forma.
Nesta transição se encontram os últimos filósofos das primeiras escolas pré-socráticas, como ainda modalidades consideravelmente novas, como as escolas dos atomistas e dos sofistas.
Entre os últimos das primeiras escolas pré-socráticas se arrolam Anaxágoras (jônico), Àrquitas (da Liga pitagórica nova), Zenão (eleata).
Restam-nos as últimas escolas pré-socráticas, a atomista, de que os principais nomes são Leucipo e Demócrito, e a sofista, em que se destacam Protágoras e Górgias. Tais escolas já pertencem originariamente à Grécia continental. Elas surgiram dentro do novo clima político e cultural conhecido por ilustração grega.
Em meados do século 5-o a.C. após a consolidação da vitória sobre os persas, ocorreu, ao lado
so econômico, um desenvolvimento do espírito grego em todos os sentidos, com especial destaque para o lado humano, seja das liberdades democráticas, seja para a cultura do espírito e da forma física. No futuro este acontecer será comparado com o século das luzes (1688-1789) e por isso denominado por analogia, ilustração grega.
Terminadas as guerras contra os persas, marcadas pelas vitórias de Maratona (490a.C.), centralizou-se em Atenas o comércio e a cultura, consolidando-se especialmente esta.
O tempo ateniense foi também conhecido como século de Péricles, (44-429), referência ao grande líder da cidade. O destaque político dos atenienses foi logo eclipsado pelas desventuras da Guerra do Peloponeso (431-404). A perda da hegemonia política em favor de Esparta, não retira, todavia, à Atenas sua importância cultural, em vista da conservação de suas escolas, que perdurariam até 429 d.C., quando o imperador cristão de Constantinopla as forçaria a fechar.
São apreciáveis, no decurso da ilustração grega, os desenvolvimentos do teatro (com anfiteatro) e dos ginásios de esporte. Os jogos olímpicos, ainda que existissem desde 776 a.C, crescem, agora, em esplendor). A literatura, que até cerca de 475 a.C. era quase só épica e lírica, ganha todas as formas, como prosa, história, filosofia, teatro, etc. Heródoto (c.484-425 a.C.) é o renomado iniciador da história como ciência.
Nas artes plásticas, o arcaico já vai sendo substituído por volta de 500 a.C., pelo clássico. A arquitetura também progride e ainda hoje se aprecia nos restos da Acrópole. Esculturas destacadas de Miron, Fídias, Plícleto, Praxítiles, Scopas ainda se conservam, demonstrando o adiantado grau atingido pelos gregos neste setor, que talvez fosse o que mais se distinguiu dentre todos. A pintura de Zeuxis e Polignoto era muito decantada. O lado humano da arte grega será perdido de vista pelos primeiros cristãos, em troca de um radicalismo ascético; mas é retomado por eles mesmos na Renascença do século 16.
A escola atomista se originou ao norte da Grécia, em Ábdera, representativa cidade da Trácia. Desconhecida ao que parece de Platão, é citada como respeitável entre as doutrinas do seu primeiro representante, Leucipo e seu sucessor Demócrito, deveríamos tratar ao fundador como um pré-socrático e ao seu mais ilustre representante como um socrático. Entretanto, as notícias, que nos chegaram da escola atomista tratam suas doutrinas como corpus, atribuído globalmente aos seus seguidores. Presume-se que os aspectos peculiares à sofística e que se encontram embutidos nas doutrinas atomistas sejam posteriores; seriam, consequentemente, mais próprios de Demócrito. Aquilo que é mais essencial à escola, - o atomismo, - seria em primeiro lugar doutrina de Leucipo, do qual Demócrito terá sido o continuador e aperfeiçoador. Alguns autores, como Windelband, tentaram a exposição em separado, mas sem resultados concretos.
Com referência ao grande número de livros atribuídos a Demócrito, poder-se-á opinar o mesmo, re-atribuindo alguns ao velho Leucipo. Infelizmente perdidos todos estes livros, presume-se que antes de Platão fosse a única obra capaz de lhe ser comparada, tanto pelo valor, como pelo número de tratados.
Leucipo (c.490-420 a.C.), que precede 40 anos talvez a Demócrito, é o autor essencial da escola. O mesmo Demócrito citou o sistema de Leucipo, dizendo - o "grande sistema cósmico".
Foi Leucipo discípulo de Zenão de Elea; este fato explica algumas semelhanças entre as doutrinas atomistas e as eleáticas.
Demócrito (c.460-360 a.C.), Filósofo grego, nascido em Abdera. Embora considerado do período pré-socrático, viveu, adentradamente, no socrático.
Rico, Demócrito viajou muito, dispendendo sua fortuna em viagens de estudos, na Grécia, Ásia e Egito, conquistando um vasto saber. Discípulo de Leucipo conheceu, também, ao jônico Anaxágoras, a quem contrariou em alguns aspectos.
Foi Demócrito o principal representante da escola atomista, bem como dos maiores expoentes de todo o quadro de homens sábios da antiguidade grega, rivalizando com Platão, ao qual superou em conhecimentos sobre a natureza.
Antístenes descreveu a Demócrito na soledade e retirado entre as tumbas, a fim de poder meditar desembaraçadamente e exercitar livremente sua inteligência. Segundo o mesmo autor, gastou toda sua fortuna em viagens e regressou em completa nudez, tanto que seu irmão Dámaso se viu obrigado a mantê-lo.
Sabendo Demócrito, que uma lei proibia enterrar em sua pátria aquele que houvesse gasto seu patrimônio e, não querendo dar razão aos invejosos e caluniadores, leu a seus concidadãos seu Mega Diacosmos, sem dúvida a melhor de todas as suas obras. Foi tal o entusiasmo que, não contentes com um obséquio de 500 talentos, lhe levantaram estátuas. Quando morreu, foi enterrado à expensas do público. Havia vivido cerca de 100 anos (D. Laércio, IX,43).
Escreveu Demócrito, um grande número de tratados, os quais, depois de muito servirem a cultura antiga, desapareceram no início da era cristã. Restam os títulos de suas obras, que nos orientam sobre os temas abordados, entre outros Pequeno sistema cósmico, Grande sistema cósmico (Méga diákosmos), Sobre a paz interior, O corno da abundância.
Conservam-se cerca de 300 fragmentos dos escritos de Demócrito, dos quais uns 10 são de texto mais considerável, perfazendo no total cerca de 15 páginas.

O pensamento atomista de Demócrito também se afirmou em forte contraste com a nova orientação humanística impressa por Sócrates e Platão em Atenas. Nem Sócrates, nem Platão se interessaram por Demócrito. Apenas Aristóteles o destacou.
Avesso ao misticismo, Demócrito estruturou um sistema coerentemente mecanicista, concebendo as forças da natureza sem os elementos antropomórficos contidos na filosofia da escola jônica nova. Em vez das forças denominadas guerra e paz, por Heráclito, amor e ódio por Empédocles, inteligência, ou nous, por Anaxágoras, propôs que os átomos imutáveis simplesmente se movem no vazio e compõem as coisas pela diversidade de suas colocações.
Modernamente o sistema atomista foi retomado por aquelas concepções que admitem um espaço e um tempo absolutos, dentro do qual se moveriam e durariam os átomos. Diferentemente Aristóteles estabelecerá que o espaço e o tempo são determinações intrínsecas das coisas, direcionando a explicação do movimento e da duração para formulações mui diferentes.
Átomo (do grego – J @ : @ H = sem parte em que a é partícula privativa, tómos, parte, tomo, partícula indivisível). Propõe o atomismo que a natureza se componha de partículas insecáveis, de cuja composição variada se fariam todas as coisas; desta maneira, tudo se poderia transformar sem que fundamentalmente nada perecesse.
Ao lado do átomo existiria o vazio, o qual permitiria o movimento mecânico no espaço. É no vazio que se encontra o problema do atomismo e, por isso mesmo também no átomo. Em que consistiriam exatamente o átomo e o vazio, segundo os primeiros atomistas?
"Leucipo e seu companheiro Demócrito tomam por elementos o pleno e o vazio, que eles chamam respectivamente de ser e não ser. Desses princípios, o pleno e o sólido, é o ser; o vazio é o rarefeito, o não ser" (Arist., Metaf. 985b 5).
"Demócrito admitia por princípio do universo os átomos e o vácuo; todo o mais não tem existência, senão na opinião" (D. Laércio, IX).
Em princípio, o atomismo não implica em supor o vazio ao seu lado, porque se poderia conceber tudo pleno de átomos; resta então explicar o movimento sem o vazio.
O átomo não é necessariamente equivalente a uma partícula de espaço, ao modo como era entendido por Descartes. Ele é ser, ainda que como ser possa ser extenso. O atomismo nesta condição, poderá não ser um materialismo rijamente mecanicista.
O mecanicismo abderitano deriva de uma especulação filosófica, semelhante à dos eleatas. Funda-se numa doutrina do ser. Não resulta de uma experimentação científica testável em laboratório, embora ela não esteja teoricamente excluída, como tenta a moderna teoria física da matéria. O atomismo é um eleaticismo reformulado. O que não é de se admirar, porque doutrina eleática do ser encontrava-se muito difundida em todo o mundo grego. Ela está também na escola socrática menor de Euclides de Mégara. Inspira mesmo a Aristóteles, o qual se ocupou seriamente em esclarecer por outro modo os problemas levantados pelos grandes metafísicos de Elea.
O atomismo, ao estabelecer que o átomo é imutável, segue mais uma vez o eleaticismo. E procura contornar a variedade dos entes pela disposição meramente acidental das partículas, atribuindo o resto à aparência dos sentidos. Ao tentar explicar o movimento mecânico, mediante o vácuo sem objetivo e, mais uma vez evitar admitir as mudanças no mesmo, para conseguir seu objetivo, o atomismo teve, contudo, de admitir a multiplicidade dos entes, sem o que não poderia apelar às composições. Aristóteles, que tentara uma explicação mediante novas concessões contrárias aos eleatas, comentou introdutoriamente as tentativas dos atomistas, com informes muito interessantes sobre as tendências eleáticas dos mesmos.

O conhecimento sensível é subjetivo, ao passo que o da inteligência e objetivo. Encontra-se aqui mais uma vez o ponto de vista gnosiológico dos eleatas. Para a inteligência é visível a teoria dos átomos. Não para os sentidos. Tudo o que se apresenta com feitio qualitativo, como de cor, som, gosto e temperatura, não cabe na concepção quantitativa e mecânica do átomo; não é verdadeira expressão objetiva da natureza, mas opinião subjetiva dos sentidos, ou seja, uma convenção e não uma lei.
"Pela opinião há o doce, pela opinião o amargo, pela opinião o quente, pela opinião o frio, pela opinião o calor; pela verdade, somente há átomos e o vazio" (Frag. 5 de Demócrito).
Encontra-se ali a moderna doutrina da subjetividade das qualidades sensíveis. Aliás, esta doutrina, é uma última decorrência do imobilismo eleático.
A vida e a alma são explicadas ao modo atomístico, por um equilíbrio de elementos de maior mobilidade, como o fogo, distribuído no organismo. A perda do equilíbrio é a decomposição e a morte. Temos aqui uma concepção similar a da moderna teoria bioquímica da vida.

Através dos tempos escola atomista teve continuadores, da mais diversa procedência, tanto no período socrático, como pós-socrático.
Anaxarco de Abdera (4-o século a.C.) é mencionado como um representante grego da Escola Atomista posterior. Acompanhou a Alexandre Magno na expedição a Ásia. Sua importância está em haver convivido com Pirro, ao qual transferiu o agnosticismo da peculiar dos atomistas, como seu contemporâneo atomista Nausífanes os transferiu ao quietismo epicureu, consagrado depois pelo poeta latino Lucrecio Caro.
Fonte: Enciclopedia Simpozio

PRIMEIRO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: ESCOLA ELEÁTICA

Elea está situada entre Roma e Nápoles. Pequena embora, foi palco da mais profunda escola pré-socrática, em vista do desenvolvimento que deu à doutrina do ser, portanto à Ontologia.
Tal como acontecia com a escola pitagórica, estabelecida em Crotona, a filosofia dos eleatas vem da Ásia menor, de onde continuavam a emigrar gregos, agora porque insatisfeitos com o domínio persa.
Xenófanes (c. 576-480 a.C.), fundador da escola eleática, veio de Colófon, da Ásia menor, como pouco antes para Crotona, Pitágoras de Samos. Como rapsodo, tivera trânsito fácil pelas cidades, radicando-se finalmente em Elea.
Suas idéias sobre a unidade do ser imprimem a orientação básica do sistema eleático. A multiplicidade é apenas uma representação dos sentidos.
A metafísica é a glória de Xenófanes. Por mais ligeiros sejam os conceitos enunciados, eles são especificamente metafísicos. A partir deles, os filósofos seguintes atingirão novas alturas.
A diversidade múltipla da natureza, ordenada por Xenófanes em água e terra, finalmente é reduzida a algo de eminentemente fundamental, atingido pela razão, - o ser.
Percebendo a unidade da natureza, intuiu Xenófanes o conceito do todo, simplesmente como um todo entitativo, que transcende à estreiteza dos elementos determinados pela particularidade. O ser se oferece como um conceito raciocinado, instituído por uma especulação abstrata, que se alteia acima das diferenciações sensíveis.
Este ser, o qual se qualifica como uno, eterno, imutável, infinito, também se diz Deus. A infinitude é na ordem da extensão material, o que resulta, portanto, em monismo materialista.
Combateu a concepção antropomórfica que se fazia de Deus:
"Não há Deus parecido com o homem. O todo vê, o todo ouve, porém não respira. Ele é ao mesmo tempo todas as coisas, inteligências, pensamento, eternidade" (D. Laércio, IX).
Os deuses não existem; eles têm a imagem dos homens, porque são os homens que os criam. Os trácios os fazem com olhos azuis, porque eles mesmos os têm azuis. Os cavalos, se pudessem pintar, os fariam como cavalos.
Parmênides (c. 540-470 a.C.), de Eléia, é reconhecido já na antiguidade como um sábio importante, a maior figura da escola a que pertenceu, talvez o mais profundo de todos pré-socráticos.
Platão, em O Sofista, o denomina O Grande Parmênides.
Sabe-se que deu leis aos seus concidadãos, o que significa haver ocupado posição de destaque em sua cidade e que era uma recente fundação dos jônicos.
Dos fragmentos que ainda restam de seu poema Da natureza, dois terços se referem à metafísica e um terço à física, num total de cerca de 6 páginas.
Tratou do ser como objeto da inteligência, do problema da mutação do ser (declarando-o imutável), da questão da unidade e multiplicidade do ser (decidindo-se pela unidade). Colocava assim os temas mais decisivos da filosofia geral; não se restringiu tanto quanto os seus antecessores aos problemas dos entes particulares da natureza.
O objeto da inteligência é o ser; e o objeto dos sentidos são as qualidades sensíveis. Esta distinção incisiva referente à especificidade do conhecimento se contrapõe ao sensismo, que se tornará o ponto de vista dos sofistas. Fazendo a metafísica do ser, Parmênides destaca a oposição deste ao nada: -o ser é, o nada nada é.
Em função a esta oposição discute o problema da mutação. Se algo se fizesse, o elemento novo teria de proceder, ou do ser, ou do nada. Ora, do ser não pode vir, porque o ser já é seu ser; o que se houvesse pois de tirar dele, já existe. Também não poderá vir do nada; este nada é, nele nada se podendo achar para tirar.
O problema se perenizou na filosofia. Heráclito contesta a imutabilidade, mas apenas apresenta o fato do devir. De futuro Aristóteles tentará rejeitar a afirmativa de que do ser nada poderá vir; acredita haver no ser aquilo que atualmente já é ato e aquilo que está em potência para ser. Opõe-se, portanto, contra si a doutrina do ser em ato, de Parmênides e a doutrina do ato e potência de Aristóteles.
Nos tempos modernos, Hegel tentará incluir o próprio nada na estrutura do ente, de tal maneira que o ente e o nada se combinam em síntese, chamada devir.
Continua ainda hoje o problema de Parmênides. Ainda que em nova forma, a doutrina de Sartre, afirmando o ato, sem a potência, é uma sobrevivência do eleaticismo. Mas é sobretudo nas doutrinas atomísticas que se dá o paradoxo, pois discutem as mudanças sem se advertirem do problema do movimento em si mesmo.
Não menos grave é a questão sobre a unidade e a multiplicidade do ente; a ela se aliam as perguntas conexas da infinitude e outras. Monismo e pluralismo dos entes, está ali uma problemática, dividindo entre si os filósofos de todos os tempos.

Importa ler Parmênides no seu próprio texto, ainda que fragmentário. Imaginou-se poeticamente que fora conduzido, depois de uma longa viagem, em carruagem conduzida por velozes corcéis, até junto dos portais do grande céu. Aproximando-se do trono da deusa, esta lhe ensinou sobre o assunto do ser:
"É preciso que conheças tudo, tanto o coração imperturbável da verdade bem rotunda, como as opiniões dos mortais, nas quais não reside a verdadeira crença... As aparências são um saber parente" (Frag. 1,25).
"Pois bem, eu te quero instruir sobre os quais os únicos caminhos da investigação que são pensáveis: o primeiro, o que é, é, não ser, não é; esta é a vereda da convicção. O outro: o não ser é; e o ser necessariamente não é; esta vereda, eu te digo, é totalmente impraticável. Pois não conheceria o não ente, nem o expressarias" (Frag. 2).
"Pois o mesmo é pensar e ser" (Frag. 3,1).
"É necessário dizer e pensar que o ente permanece; pois o ser é, o nada não é" (Frag. 6,1).
"Pois é impossível conseguir que o ser não seja; afasta, pois, teu pensamento deste caminho de investigação" (Frag. 7,5).
"Resta, então, um só caminho para o discurso: é. Há nele muitos sinais: que é ente ingênito e imperecível, é completo, imóvel e sem fim.
Não terá sido e nem será, pois é agora tudo de uma vez, uno, contínuo. Pois que nascimento lhe acharias? Como, de onde teria nascido? Nem do não-ente permitirei que digas ou penses. Porque não é nem expressável, e nem pensável que o é, seja como o não é.
Que necessidade teria de nascer, antes ou depois, se procedesse do nada? Assim é necessário que seja todo ou nada.
Tão pouco a força da verdade permitirá que do não-ser nasça algo. Por isso, a justiça não relaxa as cadeias, nem para que engendre, nem para que pereça algo, porém as mantém firmes.
O juízo sobre isto, a este respeito, é: é ou não é. Decidido está, como fora necessário, que um (caminho) é impensável e inexpressável (pois não é o caminho da verdade), em vista de que o outro avança e é verdadeiro. Como poderia, aliás, o ente perecer? Como poderia nascer? Se tem nascido, não é, nem mesmo é se houver de ser alguma vez. Assim, está extinto o nascimento e inacreditável a destruição.
Nem é tão pouco divisível, pois é todo homogêneo.
Nem é mais aqui, pois impediria fosse contínuo; nem é menos ali, pois tudo está pleno de ente.
Todo ele é contínuo, pois o ente toca o ente.
É imóvel entre o vínculo de poderosas cadeias; é sem começo e nem fim, pois o nascimento e a destruição foram afastados mui longe, rechaçados pela verdadeira crença.
Ele mesmo permanece e descansa sobre si mesmo, e assim residirá imutável ali mesmo. A poderosa necessidade o mantém nas cadeias envolventes, cercando-o inteiramente. Por isso não é permitido ao ente ser incompleto (indefinido), pois não é indigente; e se o fosse, de tudo careceria.
O mesmo é pensar e aquilo por o que é o pensamento. Pois sem o ente, em que ele é expresso, não encontrarás o pensar.
Não há, pois, o nada, ou será outro, que o ente, visto que o fado o encadeou para que permaneça inteiro e imóvel.
Por isso são apenas nomes, o que os mortais em sua linguagem têm como sendo verdade: nascer e morrer, ser e não ser, troca de lugar e alteração de cores resplendentes.
Sendo o seu limite o último, ele está completo por todos os lados, à maneira da massa de uma esfera bem redonda, desde o centro igual em equilíbrio. Não é nem maior e nem mais pesado aqui ou ali. Já que não é, nem o não-ente, que o pudesse impedir de ser homogêneo; nem um ente que tivesse mais de ente aqui, menos lá, porquanto é todo inviolável. Em sendo igual em todas as direções, encontra de igual maneira todos os seus limites" (Frag. 8, 1-49).
A física de Parmênides não deixa de ser menos subtil e oferece semelhanças com a dos Pitagóricos como elementos constitutivos das coisas o quente e o frio, correspondendo ao fogo e à terra.
"Destes dois princípios reduz o quente ao ente, o outro ao não ente" (Arist., Metaf. 987a 2).
A concepção cosmogônica de Parmênides é excepcional. Defendeu a esfericidade da terra e seu interior ígneo. O universo teria a terra como centro; em torno se formariam círculos sucessivos de fogo e terra, com sucessões, ora de fogo puro, ora de misturas.
"Foi o primeiro a demonstrar a esfericidade da terra e sua posição no centro do mundo " (D. Laércio, IX).
Notável é ainda a conceituação da lua como "luz noturna, em torno à terra, errante e com lua de outro" (Frag. 14) e "sempre olhando para os raios do sol" (Frag. 15).
Alcançados estes avanços especulativos e tais teorias científicas superavam os filósofos eleáticos de maneira extraordinária os antropormorfismos das cosmogônias religiosas.
Zenão de Elea (c.490-430 a.C.), se fez conhecido pelos seus sofismas, visando provar a doutrina da imutabilidade do ser. Filósofo de expressão grega nascido em Elea, Itália. Cronologicamente situado entre Parmênides e Melisso, foi também o segundo em importância da escola a que pertence, destacando-se mais que todos pela sua dialética e retórica.
Platão deu a um dos seus diálogos o nome de Zenão, como também a outro o de Parmênides.
No contexto do diálogo, Platão atribui a Parmênides a idade de 65 anos, enquanto a Zenão 40.
Como bom cidadão, opôs-se Zenão de Elea à tirania, razão porque foi morto por um tirano.

Doutrinariamente Zenão retomou o pensamento central de Parmênides, colocando o ser como objeto específico da inteligência.
O ser é visto pela inteligência como uno e imutável, ao contrário do que o observam os sentidos, os quais são subjetivos, ou seja, falsos. Demonstra-o dialeticamente Zenão mediante argumentos, que se fizeram conhecer por isso memo como os sofismas de Zenão.
Mencionando-os em sua Física, Aristóteles procurou dar aos mesmos uma resposta, com vistas a readmitir a multiplicidade do ser e seu movimento.
"O primeiro (argumento) é o da impossibilidade de se mover, em vista do móvel dever alcançar o meio, antes que o fim" (Física, 239b 12).
"O segundo é o chamado de Aquilles: o mais lento jamais será alcançado pelo que corre mais velozmente: antes é necessário que o perseguidor chegue de onde se moveu o fugitivo. Desta sorte o mais lento está sempre um pouco à frente " (219b 14-18).
"O terceiro diz que a flecha, ao ser posta em movimento, está imóvel. Decorre isto do fato, de que o tempo se compõe de instantes. Mas, se isto não for pressuposto, não haverá argumento" (239b 30).
"O quarto trata de elementos iguais que se movem em sentido contrário no estádio ao longo de outros elementos iguais, uns a partir do fim do estádio, outros do meio, com velocidades iguais: a consequência pretendida é a de que a metade do tempo seja igual ao seu dobro. O paralogismo consiste em se pensar que uma grandeza igual, com velocidade igual, se movimente num tempo igual, tanto ao longo do que está em movimento como ao longo do que está em repouso" .
Escreveu Zenão 4 obras, das quais restam apenas fragmentos, mas cujos títulos se conservaram: Discussões: Contra os físicos: Sobre a natureza: ...
Teve a escola eleata continuadores em Meliso de Samos (c. 485-425 a.C. 5) e outros, os quais tenderam a conciliações. O significado maior de Melisso como filósofo eleata é o fato mesmo de seu situamento no outro lado do mundo helênico, revelando a expansão das idéias de Parmênides. Nascido na Ilha de Samos, teve parte na vida política, como comandante da frota. Não se sabe todavia como teria tomado contato com as doutrinas da escola ocidental. Tratou de ajustar os extremismos do eleaticismo com a filosofia jônica, além de mudar alguns pontos de vista. Contra o ser rotundo de Parmênides, estabeleceu que o ser é infinito, tal como é infinito no tempo, ou seja eterno. Simplício se referiu a um seu livro, denominando-o Tratado sobre a física ou do ente (E L ( ( D V : : " J @ H B , D Â N b F , T H ³ B , D Â J @ Ø Ð < J @ H ).
Sem concessões consideráveis foi seguidora do eleaticismo a escola socrática menor de Euclides, em Megara (vd), frequentada inclusive por Platão. A filosofia deste frisa a imutabilidade dos arquétipos e menospreza o mundo sensível como sombra daquele.
Também o atomismo foi influenciado pela imutabilidade do ser eleático, ao estabelecer aos átomos como em si mesmos consistentes.
Mas foi, sobretudo, Aristóteles o herdeiro da filosofia do ser defendida pelos eleatas. Por acréscimo, definiu a Filosofia Primeira como tendo por tema o ser como tal. Quanto aos problemas do movimento e da multiplicidade, procurou manter os fatos, passando a explicá-los a partir do próprio ser.

Fonte: Fonte: Enciclopédia Simpoziohttp://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y013.htm#BM2216y018

ARTE : PINTURA.

A DANÇA DE SALOMÉ -
1461-62, National Gallery of Art, Washington
BENOZZO GOZZOLI
Renascentismo italiano.

PRIMEIRO PERIODO DA FILOSOFI A ANTIGA: ESCOLA PITAGÓRICA.


Os pitagóricos, com seu ponto de partida em Crotona, sul da Itália, difundiram-se vastamente. Trata-se da escola filosófica grega mais influenciada exteriormente pelas religiões orientais, e que por isso mais se aproximou das filosofias dogmáticas regidas pela autoridade. O pitagorismo influenciou ao futuro platonismo, ao cristianismo e ainda foi invocado por sociedades secretas que atravessaram o tempo até alcançarem os dias de hoje.
As chamadas doutrinas pitagóricas, nem todas são do mesmo Pitágoras. Os discípulos e historiadores atribuíram-nas ao mestre, quando na verdade se devem ao grupo. Entre outros se destacaram Filolaos, notório matemático e Hicetas, que já ensinava o movimento da terra em torno de seu próprio eixo.
Não sobram escritos de Pitágoras e sim fragmentos de seus discípulos. Destacam-se todavia as informações que vêm de Platão e os comentários de Aristóteles.
Pitágoras (c. 580 a.C. - 500 a. C.) nasceu em Samos, da Ásia Menor. A circunstância de já então estarem integradas no império persa a Ásia grega e o Egito, possibilitou as viagens de Pitágoras por todas aquelas vastas regiões. Desgostoso todavia da ocupação persa, veio, como muitos outros, para o ocidente.
Em Crotona criou uma comunidade ao modo oriental, que veio a ser conhecida como escola pitagórica (ou também escola itálica). Seu grupo dominou politicamente a cidade, como uma espécie de aristocracia. Foi dispersado, ainda em vida de Pitágoras, por uma revolta popular (ou democrática).
Em decorrência os pitagóricos se difundiram amplamente. Árquitas de Tarento fundou uma liga pitagórica (conhecida como liga pitagórica recente), que era a do tempo em que Platão visitou a Itália. Mais tarde ainda haverá os neopitagóricos.
A comunidade pitagórica apresenta aspectos inovadores para o Ocidente. Hoje há quem fale em analogias com a sociedade maçônica. Esta, na busca de remotas origens, refere-se também aos pitagóricos. Todas as modalidades religiosas do Ocidente resultam, em última instância, do evolver transformante de formas orientais. As futuras ordens religiosas cristãs também virão do Oriente. Seria, porém, Pitágoras o primeiro a fazer uma tal transposição para o Ocidente.

Filolaos. Citam-se pelo nome numerosos pitagóricos, sendo que o mais destacado foi Filolaos, ao qual sobretudo se atribui o desenvolvimento da doutrina sobre os números como arquétipos. Pelos anos 410 a.C., Filolaos se encontra em Tebas, conforme referência de Platão, havendo retornado por último à Itália. Ali Platão adquiriu sua obra Sobre a natureza.

Outros pitagóricos citam-se as dezenas, dos quais a maioria é conhecida apenas pelo nome:
- Lisis, discípulo direto de Pitágoras e mestre de Filolaos; - Hipasus, também da fase inicial; - Hicetas, que ensinou o movimento da terra, em torno de seu próprio eixo; - Alcmeon de Crotona; - Árquitas, fundador de uma influente liga pitagórica; - Clínias; - Cebes.
As doutrinas pitagóricas são inteletualistas, espiritualistas, metafísicas, ao mesmo tempo que vêem no universo um corpo ígneo, situado no centro, girando em torno do seu próprio eixo.
O saber é considerado elemento de perfeição. Dali a tendência da escola, de transferir as preocupações ascéticas para a do estudo. Progrediram consequentemente as ciências, como da filosofia, da matemática, da astronomia. O mesmo transformismo ocorreria de futuro em alguns setores das ordens cristãs, todavia muito mais vagarosamente, enquanto outros mantinham a perfeição apenas na rigidez das práticas ascéticas de purificação.
Os métodos pedagógicos do aprendizado são passivos, com exaltação do mestre. O silêncio era imposto 5 anos aos discípulos, sendo depois facultado dialogar com o mestre. É possível tratar-se de um reflexo das convicções orientais da "inspiração" das grandes doutrinas e que por isso dariam ao mestre uma posição excepcional; o mesmo se dará com o dogmatismo cristão.
Mantinha-se segredo das doutrinas dentro do grupo; outros negam ter havido segredo doutrinário, mas apenas o das questões de comunidade.
A mundivisão pitagórica é dualista. Todas as coisas se compõem de elementos contrários: limitado - ilimitado; par - ímpar; unidade - pluralidade; direito -esquerdo; macho - fêmea; repouso - movimento; reto - curvo; luz - escuridão; bem -mal; quadrado - oblongo.
É significativa a advertência para o caráter binarista da natureza e do ser em geral, aspecto que modernamente será explorado por alguns filósofos.
Dentre estas oposições advertidas pelos pitagóricos é significativa a oposição entre bem e mal, porque sobretudo este dualismo orienta a mundivisão pitagórica. Este dualismo do bem e do mal, bem como o dualismo irredutível matéria e espírito, não é original no mesmo pitagorismo, porquanto já era advertido nas práticas do dualismo da religião persa, de onde a recebeu Orfeu (e dali orfismo).
A matéria é má e o espírito é bom. Não podem misturar-se, senão por castigo, em vista da dor que a matéria provoca ao espírito. Mas o sofrimento é purificador. Dali resulta a doutrina geral do pitagorismo: os espíritos vêm de fora, para cumprirem penalidade em função a alguma delito cometido, do qual se purificam no sofrimento. Finalmente retornam ao mundo exterior ou seja ao céu. Repetem-se as reencarnações até completar a purificação. Tal doutrina, que se funda em equívocos psicológicos, se repete através dos tempos, tanto na filosofia, especialmente na de Platão, como na religião, quase sempre nas tradicionais.
A doutrina dos números, interpretada como arquétipos, é peculiar aos pitagóricos, e deve ser de uma fase posterior à Pitágoras, criada por seus discípulos. A realidade total é composta de matéria e números; estes são como que paradigmas, que dão forma às coisas. Não se entendem apenas no sentido aritmético, mas também como formas geométricas, harmonia e ordem.
Encontra-se também aqui em embrião, tal como já em Anaximandro, a teoria do hilemorfismo (hilematéria e formé = forma), de Platão e Aristóteles. Em Platão os paradigmas ou arquétipos, em vez de números, são idéias reais; situadas num mundo exterior, servem de modelos arquétipos às formas que o Demiurgo aplica à matéria. Tais influências as teria tido Platão ao visitar os pitagóricos na Itália, como ainda pela presença dos mesmos na Grécia continental.
De outra parte, não se sabe ao certo o sentido que os pitagóricos davam aos seus números. Não era seguramente na acepção gráfica (na época escritos com letras). Os números são concebidos como unidades, linhas, formas.
Todavia neste plano há duas maneiras de conceituar os números pitagóricos. A interpretação paradigmática é a de que cada unidade concreta teria a sua unidade arquétipa exterior; este é o sentido que também possuem as idéias reais de Platão, que simplesmente teria substituído a noção dimensional de número pela idéia exemplar em geral. A outra interpretação seria a não paradigmática; os números seriam as unidades concretas, combinadas diretamente com a matéria; não haveria a dualidade entre o número paradigma e o número concretizado.
É insegura a versão que atribui a Pitágoras a autoria do nome de filósofo, para não denominar-se sofós ( = sábio). O fragmento 35 de Heráclito é uma versão mais antiga (Os homens amantes da sabedoria = philosophus).
Igualmente antiga é a narrativa de Heródoto (Hist. I, 30) que introduz o nome no diálogo havido entre Creso e Solon; dizia o rei ao sábio - "ouvi que percorreste muitos países como filósofo = hòs philosopheon".
A atribuição a Pitágoras veio através de Heráclides Pôntico (cujo texto já está perdido e que foi citado por Cícero e Diógenes Laércio. De Cícero: "Todos os que se dedicavam ao estudo pela contemplação das coisas, eram tidos e nomeados sábios (= sofói); e este nome deles se manteve até a época de Pitágoras, o qual interrogado pelo príncipe Leonte com o qual dissertara doutamente e copiosamente, em que principalmente se apoiava, respondeu: que nenhuma arte ele sabia; mas que era filósofo ou amante da sabedoria ou estudioso" (Cicero., Tusculanae disputationes, L.5, c.3 § 8-9).
As informações de Heráclides, amigo dos pitagóricos, pertencem ao círculo platônico do tempo de Aristóteles. Poderão ser vagas atribuições ao antigo mestre Pitágoras, sem que efetivamente tenha criado o nome de filósofo, poderá tê-lo usado de preferência ao de sábio, como também sucedera a Creso, Sólon, Heráclito, Heródoto. Ainda hoje, os estudiosos não se denominam a si mesmos de sábios, mas antes de filósofos e cientistas.

Fonte: Fonte: Enciclopédia Simpozio
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PRIMEIRO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: ESCOLA JÔNICA

A Escola Jônica Nova prosseguiu os trabalhos dos filósofos milésios em diferentes outras cidades.
Quanto à Mileto, como já se disse, fora destruída em 494 a.C., depois de uma revolução, reprimida pelos persas.
Os novos representantes da Escola Jônica, por serem mais recentes, sofrem as influências de outras escolas.

Tematicamente a Escola Jônica Nova não se limitou ao estudo do princípio primordial das coisas.
Preocupou-se também com o exame das causas transformadoras da natureza, ou seja das leis naturais. Este último aspecto é importante em si mesmo e ainda porque o estudo das causas naturais afasta a visão animista, mágica e mitológica do universo.
Heráclito de Éfeso (c. 535-475 a.C.). Filósofo de língua grega, do período pré-socrático, da escola jônica nova, nascido em Éfeso, cidade da Jônia, Ásia Menor. Socialmente era da nobreza de Éfeso, que, em seu tempo, fora alijada do poder. Esta fato poderá explicar sua aversão à massa popular. Certamente um misantropo, ou ao menos um aristocrata cheio de originalidades, esta condição pessoal contribuiu para que em seu torno se criassem ficções biográficas, que não podemos hoje tomar como precisas. Nem mesmo a doutrina do mobilismo de todas as coisas, que o caracterizou, não teria sido tão radical.
Escreveu um livro Sobre a natureza (A , D Â N b F , T H ). Mas não se pode afirmar fosse este o título, porquanto foi um hábito posterior atribuir este mesmo título aos escritos dos filósofos antigos sobre o referido tema. O texto certamente existiu como provam os poucos fragmentos que dele restam.
Diante da mobilidade de todas as coisas, Heráclito elegeu o fogo, como sendo o elemento primordial de constituição da natureza.
O logos, concebido por Heráclito como uma lei natural ordenadora, a tudo comanda; esta ordenação se dá em forma dialética, cujas direções contrárias denominou antropomorficamente como sendo a concórdia e a discórdia. O fogo é indefinido, ao modo do ar de Anaximandro, a quem não inclui entre os que criticou.
Afirmando enfaticamente que "tudo flui e nada permanece" (B V < J " Õ , Ã 6 " Â @ Û * ¥ < : X < , 4 ), antecipou um dado importante da ciência moderna. A preocupação com a causa da mudança é também um elemento novo, pelo qual a escola jônica nova se distingue da anterior escola jônica antiga (Tales, Anaximandro, Anaxímenes), que cuidaram quase só dos elementos estruturais.
O mobilismo de Heráclito terá também na sua oposição o imobilismo da escola eleática e a imutabilidade dos átomos da escola atomista, bem como dos números arquétipos dos pitagóricos.
O fogo, e o logos que o dinamiza e ordena, oferece uma visão monista e hilozoista do mundo. Tudo é vivo e se move com inteligência, de onde a ordem do universo.
"Bem dizia Heráclito:
Homens são deuses e deuses são homens,
porque o Lógos é um só" (Hipólito, Refutações, IX, 10,6).

A mutabilidade das coisas também conduz ao probabilismo a respeito dos sentidos e à crença na razão. No Extremo Oriente, à este tempo, Laotse defendia concepção monista e mobilista semelhante.

Empédocles de Agrigento (c. 495-435 a.C.), primeiro filósofo nascido no Ocidente, na Sicília, é seguidor da filosofia jônica. Foi também poeta, orador, além de curandeiro, com fama de taumaturgo.
Concebeu uma cosmologia com 4 elementos, - água, ar, fogo e terra, - às quais chamou raízes (rizomata). Posteriormente outros falarão em elementos (stoicheiai).
Às duas forças naturais contrárias, denominou amor e ódio. Na linguagem mítica e antropomórfica, seriam dois deuses.
Como em Heráclito, todos os elementos são vivos.
O evolucionismo, já apregoado por Anaximandro, é explicado por Empédocles pela seleção dos mais aptos. É sugestivo este fragmento:
"E nasceram muitos com o rosto duplo e o peito duplo, bois com faces de homem ou busto humano com fisionomia de boi, formas mistas de machos e fêmeas, com membros peludos" (Frag. 61).

Comenta neste sentido Aristóteles, contrariando-o todavia:
"Sem dúvida, conservaram-se aqueles seres constituídos vantajosamente pelo azar, nos quais tudo aconteceu como se se produzisse com finalidade para algo; porém os que não o foram assim, pereceram e perecem, tal como disse Empédocles... Mas (conclui Aristóteles) é impossível que este fosse o modo ... " (Arist., Física, 199a 29).
Anaxágoras de Clazomena (c. 500-428 a.C.). Filósofo pré-socrático, de língua grega, nascido em Clazomene, Jônia (Ásia Menor). Usualmente classifica-se numa lista de três, após Heráclito e Empédocles, formando a Escola Jônica Nova.
Foi o primeiro filósofo jônico significativo a estabelecer-se em Atenas, ao tempo de Péricles, por volta 440 a.C., razão de sua importância, por haver assim influenciado a formação do pensamento de Sócrates e logo também de Platão e Aristóteles. Mas, por causa de suas doutrinas naturalistas, teve de fugir de volta para a Jônia, acusado de impiedade para com os deuses Suas doutrinas contrárias aos mitos, forçaram-no finalmente a retornar ao seu país, fundando uma escola em Lâmpsaco.
Escreveu um livro Sobre a natureza (A , D Â N b F , T H ), do qual restam fragmentos e referências inúmeras às suas doutrinas.
Como Heráclito e Empédocles, tratou Anaxágoras não somente dos componentes dos corpos, mas também das causas que operam as mudanças. Contra a doutrina unicista dos eleatas, Anaxágoras concebeu os corpos como sendo compostos de um número indefinido de partículas invariáveis e homogêneas, as homeomerias. A uma delas atribuiu inteligência (< @ Ø H ), a qual seria a ordenadora de tudo. A causa do movimento e da ordem seria a partícula inteligente, o nous.
"Estando todas as coisas reunidas, - disse Anaxágoras, - e em repouso por um tempo infinito, o nous introduziu o movimento e separou-as" (Arist., Física, VIII, 1. 250b 25).

Não mais concebeu as forças da natureza como opostas entre si, pela guerra e paz (Heráclito), amor e ódio (Empédocles); nem ao modo dos muitos contrários de Pitágoras.
As colocações de Anaxímenes são conciliatórias entre o mobilismo de Heráclito e o imobilismo dos eleatas, porque concebe as partículas como em si mesmas imutáveis, ao mesmo tempo que se compõem de maneira variada, resultando em consequência em seres muito diversos.
Os astros não são deuses, mas pedras incandescentes, conforme inferia de um meteorito então caído do céu .
Sobre a natureza exata do nous se tem discutido muito. De qualquer forma, como explicação racional do movimento, mereceu os encômios de Aristóteles. O nous representa o início da idéia de um Deus alcançado por via filosófica, diferente dos deuses antropomórficos populares. De qualquer maneira é a introdução do conceito do supra-sensível na filosofia.
Não substitui Anaxágoras totalmente as forças naturais pelo nous, porquanto reconhece a existência da força de gravidade. Este particular teórico, do filósofo de Clazomena, é significativo, porque nele apoia a formação do universo.
"Os corpos mais pesados, como a terra, tendem a colocar-se debaixo, e os mais leves em cima; o ar e a água no meio" (D. Laércio, II, 9 sobre Anaxágoras).
Epígonos da escola jônica. Com perduração no tempo, a Escola Jônica Nova terá alguns representantes no período seguinte, o socrático.
Hipon de Samos (5-o século a.C.). Filósofo e médico grego, citado como epígono da escola jônica, contemporâneo de Péricles (+429 a.C.). Como Pitágoras, que também foi de Samos, Hipon veio para o Ocidente, aqui talvez fazendo os estudos de medicina em Crotona, com os pitagóricos. Dos seus escritos resta apenas um fragmento nos Escólios homéricos, além das referências ao seu pensamento em vários autores.
Propôs a água como elemento primordial, prosseguindo, pois, os ensinamentos a este respeito de Homero e Tales de Mileto.
Ocupou-se Hipon também do homem, de acordo com a tendência humanística do período da ilustração grega. Estabeleceu o cérebro com sede da alma e centro da coordenação dos sentidos.
Filósofo monista, como todos os jônicos, foi como estes, dito ateísta. Sendo, entretanto, um monista, não é um ateu agnosticista.
Fonte: Fonte: Enciclopédia Simpozio

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ARTE: PINTURA.

O BEIJO DE JUDAS - GIOTTO.
Giotto di Bondone é considerado o primeiro gênio do Renascimento italiano. Sua arte modificou a maneira de conceber os temas religiosos e superou a pintura bizantina, dando-lhe um caráter tridimensional e humanizado.
Dante Alighieri, o autor da "Divina Comédia", incluiu Giotto na parte do Purgatório, citando-o como o grande pintor que superou Cimabue.

PRIMEIRO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: PRÉ-SOCRÁTICA.

Antes que chegassem à criação da filosofia, os gregos já tinham uma longa história política e uma adiantada cultura. Indo-europeus, como os persas, haviam afluído no segundo milênio a. C. da região do Mar Cáspio e atravessado o Estreito do Bósforo.
Derramando-se os gregos pelo Mediterrâneo, deram origem a um bordado de cidades em todo o seu contorno, se concentraram sobretudo na região da Grécia atual e de suas Ilhas, onde hoje ainda têm seu país. O nome grego, originariamente graikós, foi, segundo Aristóteles, mais antigo que heleno, o qual também denomina o mesmo grupo étnico.
A primeira manifestação significativa da civilização deste povo admirável se operou na Ilha de Creta, quando também ocorreu a influência egípcia através da navegação. Sobram as ruínas do Palácio de Cnossos, pinturas, vasos artísticos, além de uma tradição de lendas, como a do rei Minos.
Também em Creta iniciaram os gregos os esportes e jogos ginásticos, que depois teriam sua principal manifestação nas olimpíadas, - referência à Olímpia, cidade do Peloponeso,- em louvor a Zeus Olimpo. A partir dos ginásios finalmente se desenvolveram as escolas.
Quando cerca de 1400 a.C. se destruiu a civilização cretense, por razões não claramente hoje conhecidas, ela já se encontrava em transplante para os aqueus da Grécia continental. Comandaram estes a guerra contra Tróia (ou Ilion), pelo ano 1.100 a.C., e que se converteu no tema da imortal Ilíade de Homero. Neste tempo, além da interação dos gregos com a civilização egípcia, ocorreram sobre eles também as influências, vindas do Oriente babilônico, finalmente do Oriente persa e hindu.
As colônias gregas diluíam-se em torno do Mediterrâneo. É o que Cícero descreveu como "bordado helênico". O mar servia de união, mais do que a influência polarizante de uma influente capital. A circulação era mais ou menos livre, de sorte a efetivamente acontecer uma confederação implícita.
Pelo ano 800 a.C. principia a literatura, destacando-se o já citado Homero, autor dos poemas Ilíada e Odisséia. Ambos em função à guerra de Tróia (chamada Ílion) e de um herói (denominado Ulisses ou Odisseus). Nestas duas obras primas da literatura universal se codificaram dominantemente a mitologia e os mais antigos princípios morais helênicos. Sobre eles trabalhariam os filósofos, reformulando conceitos religiosos e criando a filosofia.
Analogamente os outros povos tinham os seus livros sagrados, avantajando-se os textos gregos pelo seu caráter menos sacral, porquanto não eram considerados diretamente revelados. Por isso os gregos não ficaram presos a um pensamento dogmático, havendo podido desenvolver mais espontaneamente sua filosofia.

O desenvolvimento dos povos helênicos se deu sem que uma polarização inicial os unisse em torno de uma capital única. A forte concentração em torno de Atenas ocorrerá apenas quando já ia adentrado o século 5-o. a. C., no período denominado Ilustração Grega, iniciada ali pelos anos de 470 a.C. Mesmo assim, esta concentração ocorreu por tempo limitado.
Depois deste século brilhante, - conhecido também por Século de Péricles (+ 429 a.C.), referência ao seu principal mentor, - Atenas continuou capital, mais do ponto de vista cultural, que político, porquanto também passaram a se destacar Alexandria e Antioquia. Ambas capitais helênicas.
Já antes da concentração em Atenas, se havia desenvolvido a filosofia em diferentes cidades gregas do Mediterrâneo. Inicialmente o fenômeno ocorreu sobretudo na periferia, a saber, na Jônia (Ásia Menor, hoje Turquia) e Magna Grécia (atual Sul da Itália), esta depois conquistada pelos romanos e diluída no mundo latino.

Dos escritos pré-socráticos sobram apenas fragmentos, em citações feitas pelos filósofos posteriores em seus respectivos livros. Além destes fragmentos há as simples referências ao pensamento dos pre-socráticos, e que se fizeram conhecer como doxografias.
São os fragmentos pré-socráticos muito apreciados, em vista de expressarem a origem do pensamento filosófico. Foram reunidos em volumes especiais para melhor manuseio. A coleção mais notável, conhecida como Fragmentos pré-socráticos (3 vols., 1922), é a de Hermann Diehls (com texto original grego, acompanhado de tradução alemã).

O problema cosmológico (de 6 ` F : @ H = ordem, organização, astros, mundo) foi a preocupação principal dos filósofos pré-socráticos. Os tema humanos entrarão a ser vastamente tratados no período seguinte.
As principais perguntas dos filósofos pré-socráticos incidem sobre a composição das coisas e sobre as causas da transformação.
Estabelecendo hipóteses, ainda que precárias e passando a tentativa das provas, superam o estágio teológico dos mitos.
Em vez do caos inicial e da transformação mirabolante acionada sobrenaturalisticamente pela magia dos deuses, os novos pensadores gregos apelam a causas naturais. A estas caberia a transformação das coisas.

Ainda que errando nos resultados, os fundadores da filosofia operaram corretamente quanto ao método racional de pensar.
Variaram muito as opiniões dos filósofos gregos; mas a colocação do problema estava certa. Assim continua hoje, porquanto a filosofia natural e a ciência ainda não respondeu grande parte das prístinas indagações pré-socráticas
Fonte: Enciclopédia Simpozio

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ARTE PERSA: ARQUITETURA.

RUÍNAS DO PALÁCIO DE DARIO - PERSEPOLIS.
A finalidade da Arte Persa era reproduzir a vida do rei para engrandecê-lo.
Construiram grandes palácios de beleza exuberante.
Trabalhavam a arte do relevo, a ourivesaria e a decoração de ladrilhos.
Ah, importante lembrar a beleza dos tapetes.

HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: O PENSAMENTO DA PERSIA.

A religião persa, com influência sobre o judaísmo e o cristianismo, é dualista, personificando o bem e o mal, como dois princípios em eterna luta.
Assumiu nova forma com as pregações de Zaratustra (no Ocidente conhecido também como Zoroastro), pela volta de 700 ou 600 a.C. Considerava-se Zaratustra inspirado, tendo tido, no seu entender, aparições. Pregou sob a proteção de um príncipe, contra o clero vigente. Seus escritos constituem o Avesta. A tradução posterior com comentários é conhecida por Zendavesta.
Além do tradicional dualismo em luta, o zoroastrismo encoraja o homem a uma atitude de luta contra as forças do mal. Mantendo-se puro, terá a merecida recompensa da luz eterna. São potências da luz Ahurá-Mazdá e Mithra. Lutam contra Ahriman, príncipe das trevas.
Esta foi a filosofia e religião dominante da Pérsia, quando esteve no seu esplendor sob os reis Aquemênidas 550-330 a.C., até ao tempo da helenização. Foi também o tempo em que os judeus, após o término do cativeiro da Babilônia (585 a 538 a.C.), puderam circular par todo aquele mundo oriental da Pérsia como comerciantes.
Dali a hipótese de que as doutrinas judaicas da luta entre o bem e o mal, como a dos anjos bons e maus (ou demônios), as hierarquias entre eles, como anjos e arcanjos, sejam influências da religião e filosofia dos persas.
Tais influências diretas atuariam depois também sobre o cristianismo, no decurso do império romano, em vista da difusão do Culto de Mitra. Este culto teria sido levado para o Ocidente pelos soldados de Pompeu, que conquistaram o império seleucida e a Judéia em 64 a.C. Supõe-se que a festa do nascimento de Mitra, celebrada em 25 de dezembro em Roma, tenha dado origem ao natal cristão.
Os judeus tradicionais, como os saduceus, repudiavam, por isso mesmo tais doutrinas. "Pois os saduceus negam a ressurreição, bem como a existência de anjos e espíritos, ao passo que os fariseus admitem uma e outra coisa" (Lucas, em Atos 23, 8).
Outra forma de influência do dualismo de Zoroastro foi o maniqueísmo, de Manes (c.215-276 d.C., Pérsia), com forte incidência no Oriente e Ocidente, nos primeiros tempos cristãos. Inicialmente teve as simpatias de Santo Agostinho (354-430).
Ensinava o maniqueísmo a existência de dois princípios eternos, o da Luz e o das Trevas, em luta entre si. As emanações de ambos se mesclam no homem. Para separá-las vieram os profetas, Jesus e Manes, em corpo de mera aparência.
A purificação dos indivíduos já em estado superior se faria pela gnosis (saber) e abstenção do matrimônio, da carne, do vinho e trabalhos manuais. E dos indivíduos inferiores, o cumprimento dos dez mandamentos.
Diretamente e indiretamente tais conceitos penetram o cristianismo da época.
Houve também as influências diretas das religiões dualistas orientais sobre a filosofia grega. É bem o caso do orfismo, como ele ocorre em Pitágoras, logo depois em Sócrates e Platão. Finalmente Aristóteles retomará o ponto de vista homérico, do homem sem a maldade de dois princípios, em que matéria e forma são componentes normais e complementares.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y013.htm#BM2216y0
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sexta-feira, 25 de junho de 2010

ARTE: FOTOGRAFIA.

MOSTEIRO DE SÃO BENTO - SÃO PAULO. (ANTIGO)

HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: O PENSAMENTO JUDAICO ANTIGO.


O sucesso do cristianismo tornou o pensamento judaico importante no mundo e, por sua vez também o pensamento semita primitivo, porquanto dele depende em última instância. A história inicial dos judeus apresenta o mesmo estilo heróico dos mesopotâmicos e egípcios, com seus patriarcas longevos.
A primeira figura de fisionomia histórica definida é Abraão, cerca de 1700 antes de Cristo, do tempo de Hamurabi. Procedente de Ur (Mesopotâmia), veio instalar-se em Canaan, depois denominada Palestina. O texto bíblico declara que Deus prometeu esta terra aos seus descendentes.
A tribo israelita se transfere para o Egito, onde prosperou. Ao sentir-se com força de abandoná-la, tentou rumos próprios, conquistando a partir do Sinai a terra de Canaan. Moisés comandou o povo; o narrador diz que ele recebeu de Deus, as leis. Estes sucessos datam de cerca do ano 1270 a.C., o que torna pouco fiável a narrativa datada de meio milênio após.
As doze tribos de Israel são governadas inicialmente por juízes. Instala-se o reino por volta de 1020 a. C., sucessivamente sob Saúl, David, Salomão. Divide-se em 929 a.C. em dois reinos, respectivamente chamados de Israel e de Judá.
O reino de Israel (10 tribos), chamado também de Samaria (nome da capital), foi conquistado pelos Ninivitas em 722 a.C. Desapareceu esta parte dos descendentes de Abraão, por efeito de miscigenação, o que parece significar que a suposta promessa de Deus à Abraão deixou de se cumprir para a maioria dos seus descendentes.
O reino da Judéia (tribo de Judá), com capital em Jerusalém, é tomado pelos babilônios em 587 a.C. Termina aqui a fase áurea do povo de Israel, restando praticamente uma só tribo, a qual trouxe através do tempo uma tradição que já perdura 3000 anos.
Ciro, rei da Pérsia, ao vencer Babilônia em 587 a.C., permitiu uma liberdade relativa aos judeus. Parte destes retornou a Jerusalém, onde reconstruíram um modesto templo. Os demais se difundiram por todo o vasto império persa.
É importante observar que os contatos com o mundo exterior sujeitaram os judeus a influências, que uns rejeitam, tornando-se eminentemente tradicionalistas, enquanto outros as assimilam.
As novas circunstâncias persistem com as conquistas de Alexandre Magno (334 a.C.), que anexou ao Império Helênico o já vasto mundo persa, que então incluia a Judéia e o Egito. Em 64 a.C., tudo passaria a um esquema ainda maior, o dos romanos.
Entrementes ocorria o episódio passageiro do reino dos Macabeus (164-63 a.C.), que representava uma aparente restauração do reino dos judeus.
Neste tempo o reino helênico seleucida de Antióquia da Síria havia enfraquecido, frente à política romana. Conseguiram então os Macabeus a independência da Judéia; contaram inclusive com apoio romano, enquanto isto era estratégico contra Antioquia. Depois que os mesmos romanos conquistaram o reino seleucida de Antioquia, tomaram também a Judéia (63 a.C.).
Reino submisso sob Herodes, a Judéia foi integrada na província romana da Síria em 6 d.C. Com a revolta, a cidade de Jerusalém é destruída em 70. Depois disto os judeus serão uma nação errante pelo mundo, mas sempre unida e influente.
O universalismo judaico se mantém ainda após a criação do Estado de Israel, em 1948. O nacionalismo, tanto árabe, quanto judeu, dificulta a convivência pacífica. Mas no dia em que a humanidade for por eles colocada acima da nacionalidade, os descendentes do patriarca Abraão certamente conviverão prósperos e felizes.

Os livros sagrados dos judeus são aqueles que os cristãos denominam Velho Testamento. Ainda que os primeiros livros se atribuam a Moisés (século 13a.C.); a análise interna dos mesmos os situa 500 anos depois. Daquela remota época somente poderiam ter vindo tradições, leis, lendas, poemas, crônicas de reis e de suas guerras.
Os cristãos católicos anexaram ao cânon bíblico obras escritas em grego por judeus de Alexandria. O cânon judeu foi fixado definitivamente em Jâmnia (Palestina) pelos anos 90 e 100 d.C. Mas não obsta que os demais livros sirvam para indicar o pensamento judaico daquele tempo.

A Lei e os Profetas, eis uma divisão classificatória freqüente dos livros do Antigo Testamento. A Lei (ou Torah) reunia os livros mais antigos, próximos da mentalidade mosaica. Os Profetas são os livros posteriores, indicando um pensamento mais recente. Os saduceus admitiam a Lei e não os Profetas, aceitos pelos fariseus, zelotas, essênios, cristãos. (vd 4251y032 e 4251y040).

O Talmud tem origem no segundo século de nossa era e reúne as tradições orais e leis, inclusive comentários. Complementa a Bíblia judaica.


A religião judaica não oferece um sistema dogmático fechado. Explica-se o fato pela circunstância de haver desaparecido cedo uma autoridade religiosa central, muito antes da época em que as outras religiões desenvolveram sua teologia em função àquelas autoridades. O judaísmo oscila bastante e se divide em orientações divergentes sem que estas sejam tratadas como heréticas - saduceus, fariseus, zelotas, essênios (vd 4251y125). As seitas judaicas unem-se em torno de Javé e de seus livros sagrados.



O monoteísmo é uma das principais características do judaísmo. É todavia substituído o elenco dos deuses secundários pela presença de entidades intermediárias, como os anjos; estes, após o exílio em Babilônia, crescem de importância no judaísmo posterior, por influencia da religião zoroastrica dos persas.
Acresce dizer, que já houvera no Egito algumas tentativas de introdução do monoteísmo. Também os filósofos gregos insistiam numa revisão do conceito de divindade.
De outra parte, a noção de Deus, por parte do velho judaísmo, é rudimentar e antropomórfica. Sem especulação filosófica a respeito de Deus e sem cuidado em defini-lo, era vagamente concebido como um ser pessoal, quase ao modo humano, que age e fala, que tem mãos, braços, olhos, lábios, que se apresenta em certo lugar e mora nos céus.
A melhoria dos conceitos judaicos sobre a divindade ocorre ao se estabelecer contato com a cultura grega, apesar de odiada. Esta influência haveria de acontecer sobretudo em Alexandria, a grande metrópole helênica do Egito.
Na tradução da Bíblia ao grego, conhecida por Septuaginta (séc. 2 a.C.), vários antropomorfismos são substituídos por circunlóquios, o que revela uma melhoria de mentalidade filosófica. Também será em Alexandria que se desenvolverá uma exegese alegórica ou simbolista, entre judeus e cristãos, substituindo os episódios fantásticos por interpretações místicas.
Entretanto, não se deixou o judaísmo influenciar pela conceituação trinitarista platônica e neoplatônica, como aconteceria no cristianismo, cujo Deus é constituído por três pessoas
Fonte: Enciclopédia Simpozio
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: O PENSAMENTO EGÍPCIO.

A importância da civilização e da religião do Egito, na história do pensamento, está em haver transmitido cedo influências sobre os judeus (de procedência mesopotâmica) e sobre os gregos (fundadores da civilização ocidental).
Os egípcios alcançam uma adiantada cultura neolítica pelo ano 5000 antes de Cristo. Por volta de 3000 se instituem as dinastias, que unificam politicamente o Egito, ao mesmo tempo que se difundem o uso dos metais e se inaugura a escrita hieroglífica.
Apesar do esplendor dos períodos chamados Antigo Império (desde 3000), Médio Império (desde 2100) e Novo Império (desde 1580), a importância do Egito na história do pensamento ocorreu, quando,(desde 1100), passou a declinar política mente e a se retalhar. É o tempo em que saem do Egito os judeus, sob o comando de Moisés (c. de 1100). Desenvolve-se a navegação, tal como entre os fenícios e os gregos. Os faraós buscam por vezes apoio no exterior, para se manter; é quando os contatos e as concessões permitem a intercomunicação das culturas.
É significativo que uma das numerosas esposas do rei Salomão, admirado até por Jesus, fora egípcia.
Numa tentativa de expansão, o faraó Nécao II é derrotado por Nabucodonosor, de Babilônia, em Karkemish, em 605 a.C.
A penetração indo-européia no Egito se aprofundou, quando os persas, que já haviam conquistado Babilônia (538 a. C.), converteram igualmente a este outro país em uma satrapia (525 a.C.).
Abriam-se amplamente as portas das cidades egípcias à curiosidade dos estrangeiros, inclusive dos gregos, porquanto uma parte de suas cidades, as da Jônia, também estavam integradas no império persa. Heródoto, pai de História, visitará o Egito cerca do ano 425 a.C., cem anos após a conquista, descrevendo para os gregos longos relatos sobre o que vira, bem como sobre o que pudera entender da religião dos curiosos adoradores de animais totêmicos.
Reconquistou a terra dos faraós uma relativa independência em 404 a.C., que é de novo perdida pela reconquista persa de 341, logo sucedida pela de Alexandre Magno em 332.
Criada a cidade de Alexandria, nela se procedeu o cadinho das culturas do Egito e da Grécia.
Também ali os judeus desenvolveram uma literatura helenística. Traduziram a Bíblia hebraica para o grego, e que veio a ser conhecida como Septuaginta.
Passaram os judeus a escrever, também, livros em grego. Dentre estes alguns foram anexados pelos cristãos católicos ao elenco dos livros do Velho Testamento. Estes livros são considerados apócrifos pelos judeus e protestantes. De qualquer maneira, eles se tornaram acessíveis, porque se encontram na Bíblia católica.
O alfabeto egípcio, em uma variante fonética do Sinai, que se transpôs para a região palestinense e depois para a Fenícia, foi ser finalmente, com algumas transformações, a escrita grega e ocidental.
No alfabeto fenício a letra R era um rosto, virado para a esquerda. O rosto foi virado para a direita, pelo alfabeto grego. Finalmente este recebeu a perna inclinada, no alfabeto romano. Acontece assim que hoje o P no grego significa a letra R, e no alfabeto Ocidental o P significa o A grego (ou Pi matemático).
A religião egípcia é inicialmente totêmica, com o culto às forças naturais, além de sua diversificação em deuses locais. A transformação através dos milênios a tornou mais profunda, com progressão do simbolismo.
As potências transcendentais da religião do Egito são menos enfáticas que as divindades desenfreadas e violentas da Mesopotâmia. Enquanto a serenidade domina nos tempos dinásticos do Egito, aumenta o caráter guerreiro dos babilônios, ninivitas e hititas, expresso em potências infernais e monstros disformes, acrescidos depois ainda, de uma fé em um fim de mundo catastrófico persa.
A divindade egípcia é concebida como tendo acima um Deus universal e onipotente, com entidades divinas menores, masculinas e femininas, além de figuras demoníacas.
Ocorrem alterações no decorrer das substituições dinásticas sobre qual seja o Deus principal. O mesmo acontece a respeito das conceituações, ora mais, ora menos politeísta. Há também alterações nos conceitos de alma e de moral.
Destaca-se Osiris, Deus do sol noturno, senhor do mundo inferior (inferno dos mortos). Assassinado por seu irmão Set, foi ressuscitado por Isis, de quem Osiris também era irmão e esposo. Osiris é Deus dos mortos e juiz supremo. Isis, esposa e irmã de Osiris, com este fazia o par mais importante dos deuses egípcios. O culto de Isis se difundirá no império romano assumindo aspectos análogos aos que depois adquirirá a Virgem Maria dos cristãos. Era protetora das mulheres e das crianças.
Quanto a Set, é Deus das trevas, havendo assassinado seu irmão Osiris, como já se disse.
O culto ao Sol é associado aos faraós. As pirâmides, enquanto apresentam sua face ao sol, se exercem como um apoio dos raios deste. Expressam não apenas um monumento funerário, mas também constituem manifestação religiosa como culto ao sol, ao qual ainda se associava o culto aos faraós.
O trabalho de sua construção não fora tão só um esforço de trabalho escravo, mas uma atividade de cunho religioso, em que participava a própria nação, inclusive com cerimoniais.

Um estranho associamento havia entre os deuses e os animais sagrados. No primeiro instante este culto surpreendia aos gregos e romanos, porque eram adorados num sentido totêmico e simbólico que não era óbvio aos estranhos. Como tótens, eram intimamente associados, pelas suas qualidades, aos homens.
Dali era apenas mais um passo para se chegar à simbolização dos deuses com as imagens dos animais. A deusa Hator, em figura de novilha, e Anúbis, um cão de guarda, bem associavam a vivência de um povo agrícola. E assim, por razões peculiares, se tornavam símbolos, o touro, a serpente, o leão, o escaravelho, a rã, o gato, o falcão. Nesta coesão universal das coisas, até os astros do firmamento passavam a expressar a divindade.
O fetichismo, com suas práticas, encontrava nesta maneira de ver, o caminho aberto. Que seria a serpente de Moisés, no deserto, senão um animal sagrado egípcio, associado a virtudes divinas? E por que teriam os israelitas adorado um bezerro de outro, no deserto? De novo reflexos do pensamento egípcio.
As rãs servem de amuleto, porque expressam a ressurreição. Supunha-se antigamente, não somente no Egito, que elas nasciam diretamente do limo, sem pai e sem mãe. O simbolismo da rã passou aos cristãos, para indicar a ressurreição, conforme se induz das lâmpadas da necrópole de Edfu.
Os judeus poderiam ter recebido as idéias da ressurreição, tanto do Egito, como depois, na Pérsia, ao terem contato com o zoroastrismo; todavia, mais facilmente deste último.
As doutrinas sobre a alma, da religião egípcia, a distinguiam claramente do corpo, ao mesmo tempo que a relacionavam intimamente com ele.
Não era a alma um espírito vindo de fora, como castigo, para se purificar no corpo material; esta outra maneira de ver, que Heródoto narra haver encontrado no Egito, ao modo dos pitagóricos, deviam ser doutrinas posteriores. No pensamento pré-pitagórico, alma e corpo faziam um todo natural, ao modo quase da maneira de ver homérica. A morte era considerada uma desgraça, e não uma retomada da transmigração.
A felicidade da alma, a subsistir após a morte, ficava associada à conservação do corpo. Em decorrência desta afinidade entre corpo e alma, desenvolveram os egípcios a prática do embalsamento e a construção de monumentos funerários, como as pirâmides e as câmaras funerárias. Estas serão ainda no futuro praticadas pelo judeus, e logo também pelos cristãos, em vista da idéia da permanência da alma. Muito mais que dos babilônios, a idéia da permanência da alma em função a um corpo era um conceito egípcio.
O julgamento dos mortos, com destino determinado pelo bem ou o mal praticados em vida, são convicções egípcias, que depois também permanecerão entre algumas seitas judias, das quais finalmente derivarão para o cristianismo. Eis, pois, o julgamento dos mortos uma particularidade que por primeiro se desenvolveu na religião do Egito.
O Livro dos mortos, que remonta ao Novo Império (1580 a.C.) é um significativo documentário da crença do julgamento dos mortos. As representações pictóricas, encontradas nos monumentos, visualizam o seu conteúdo. Osiris, como senhor da eternidade, senta-se em seu trono, com o cetro na mão. Por trás, suas irmãs Isis e Nefthys. O morto é introduzido por Maat, deusa da justiça. Há 42 juízes, representando as 42 províncias do Egito.
A crença do julgamento dos mortos persistiu entre os judeus e se transferiu aos cristãos, com alguns arranjos imaginativos. Note-se que os judeus substituem os 42 juízes pelos 12 juízes representando as 12 tribos; os cristãos, ao somarem aos 12 patriarcas os 12 apóstolos, imaginaram um tribunal de 24 juízes, e com Jesus em lugar de Osíris.
No julgamento egípcio se encontra em destaque uma grande balança, na qual o peso do coração é equiparado ao da pluma de avestruz (símbolo da verdade). A pesagem cabe a Horus (Deus da Luz, filho de Osiris e Isis) e a Anúbis, com sua cabeça de chacal, e guardião das múmias. O resultado é anotado sobre um papiro, por Tot, caracterizado pela cabeça de Íbis, e Senhor da Sabedoria e da Escrita.
Fonte: Enciclopedia Simpozio
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HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: RELIGIÕES MESOPOTÂMICAS; DE SUMER E BABILÔNIA.

As mais remotas raízes da tradição cultural e religiosa do Ocidente se situam na Mesopotâmia, às margens do rio Eufrates e rio Tigre, onde floresceram inicialmente os sumeros, os babilônios e os ninivitas. Praticamente ao mesmo tempo se desenvolveu a civilização egípcia, no vale do rio Nilo.
Inventaram estes povos a escrita, através da qual deixaram, em documentos, a expressão de sua cultura e ideologia. Alguns reflexos se transmitiram até os primeiros escritos bíblicos, os quais, além de não serem de conteúdo original, servem de texto comparativo no estudo do que ainda resta de notícias sobre o segundo e terceiro milênios antes da era cristã.
Sumeros é o nome que se deu ao povo pré-semítico que viveu ao sul da Mesopotâmica, com uma história que vem dos remotos 5000 anos antes de Cristo e perdura até 2000. Vivem em cidades que têm os nomes de Sumer (de onde foi tomado o nome Sumeros), Akad, Uruk, Shurupak, Lagash e outras, de cujos reis restaram estátuas e inscrições.
Por volta do ano 2800 a.C. entram os sumeros a exercer a escrita. Superam então também a fase neolítica e passam a utilizar os metais.
Superados, cerca do ano 2000, pelos semitas, em especial pelos babilônios, permanece a cultura sumeriana, porquanto algumas de suas narrativas foram traduzidas ao semítico. Também a língua permaneceu na liturgia. Praticaram o calendário lunar e a semana de 7 dias.
Os templos sumeros têm a forma de torres volumosas, com acessos externos, com altar no topo, criando a imagem da aproximação com o céu.
Esta forma se transmitiu aos babilônios, cuja capital Babilônia se fez famosa pela chamada Torre de Babel. Significa Babel portão do céu.
A Bíblia Judaica transcreveu um episódio referente à construção da referida torre, interpretando ao nome Babel como significando confusão (- de línguas) (cf. Gênesis 9, 1-9).
Os dez reis fundadores dos sumeros teriam reinado milhares de anos e sua história apresenta feições míticas e sobrenaturalistas.
Estes episódios lembram mais uma vez as narrativas bíblicas sobre os patriarcas de alta longevidade e relacionados de perto com a divindade. Entre estes um é o fabuloso Noé, herói do dilúvio e que tem o seu correspondente sumero em Ut-Napishtim.
O poema de Guilgamesh, que narra sobre o dilúvio, cerca de 200 linhas, remonta aos séculos 17 e 18 nas versões babilônicas; fragmentos sumeros conduzem a narrativa até cerca dos séculos 15 e 16.
O texto bíblico mais recente, é de cerca do século 8.
A narrativa do dilúvio, dos sumeros, coloca em cena o herói Guilgamesh, um rei de Uruk. Este, em busca da imortalidade, procurou Ut-Napishtim, ao qual ela havia sido concedia. Encontrando-o, este lhe conta a respeito do dilúvio, do qual se evadira pela construção de uma arca, em que também colocou os animais. Não falta o episódio do pombo, que parte no sétimo dia.
Quanto ao dilúvio, as escavações revelaram que ele ocorrera na forma de grande inundação pela volta do terceiro milênio; poderia efetivamente ter dado motivo para as narrativas heróicas, do tipo Ut-Napishtim e Noé.
Babilônia, cidade principal da Mesopotâmia e fundada por volta de 2350 pelos habitantes de Akad, foi herdeira e retransmissora da cultura suméra. Destacou-se o rei Hammurabi (c. 1728-1686 a. C.), que unificou amplamente o mundo mesopotâmico.
Vem ainda de Hammurabi um antigo código de leis. Seu texto de 282 preceitos foi reencontrado em Susa (1901-1902), numa estela cilíndrica em diorito, conservada no Louvre. Codifica a jurisprudência de seu tempo, já que resultou de um reino de cidades unificadas.
No alto da estela se apresenta o deus Shamash transmitindo ao rei as leis, figuração esta indicativa do conceito de que o poder político vem do alto.
Ainda que existam fragmentos pouco mais antigos que o código de Hammurabi, eles expressam apenas uma legislação local. É, pois, o código redescoberto em Susa a mais antiga importante fonte do direito, inclusive com influências sobre os judeus, como se observa na legislação mosaica.
Enuma-Elisch, poema babilônico denominado pelas suas primeiras palavras e encontrado em 1875 na biblioteca do rei Assurbanipal, é o mais importante documentário sobre a origem do mundo, ao modo como o entendiam os babilônios. Poderá expressar as idéias mais antigas dos sumeros, dos quais teriam sido herdadas pelos semitas.
Nas origens existia um caos aquoso, de duas entidades, masculina e feminina - o velho Apsu, como um oceano primordial; e Tiamat, personificação do mar.
Criados os primeiros deuses, opõem-se ao velho Apsu. Tiamat resiste aos deuses, criando onze monstros horríveis. Marduk, o mais inteligente dos deuses, vence Tiamat, e constrói o mundo com o corpo desta, separando a terra e o firmamento do céu.

Texto inicial do Enuma-Elisch;
"Quando no alto não se nomeava o céu,
e em baixo a terra não tinha nome;
do oceano primordial (Apsu), seu pai,
e da tumultuosa Tiamat, a mãe de todos,
as águas se fundiam,
e os campos não estavam unidos uns com os outros,
nem se viam os canaviais;
quando nenhum dos deuses tinha aparecido,
nem eram chamados pelo seu nome,
nem tinham qualquer destino fixo,
foram criados os deuses no seio das águas".

Texto sobre a formação do mundo por Marduk com o corpo de Tiamat vencida:
"Divide a carne monstruosa, concebe idéias artísticas.
Despedaça-a como um peixe nas suas duas partes.
Instalou uma das suas metades, cobrindo com ela o céu.
Colocou o ferrolho; pôs um porteiro e
ordenou-lhe que não deixasse sair as águas".

Segue a criação dos luzeiros do céu, formação dos dias e finalmente do homem, como servidor dos deuses.
O modelo criacionista babilônico se refletirá sobre as cosmogonias posteriores, com as adaptações e melhorias peculiares aos tempos em curso. O paralelismo com o Gênesis bíblico é evidente.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
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ARTE ANTIGA. ESCULTURA.

Laocoonte e seus filhos
Escultura em mármore. Provaveis autores: Agesandro, Atenodoro e Polidoro, escultores da Ilha de Rodes, segunda metade século século I a.C.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: O PENSAMENTO PRÉ-HELÊNICO.

O espaço geográfico do pensamento ocidental inclui o norte da África, sobretudo Egito, e a Ásia Menor, até a Mesopotâmia e o Iran.
Nesta região, antes dos povos helênicos, a filosofia não conseguiu alcançar sistematizações rigorosas. Não se desprendeu, senão em casos raros, das religiões sobrenaturalistas e ritualistas, as quais geralmente foram obra coletiva, ao passo que uma filosofia bem estabelecida teria o cunho pessoal de um autor mais genial ou esforçado. Não há como examinar as filosofias mencionadas senão juntamente com as religiões de cujo contexto fazem parte.
Do ponto de vista da filosofia da religião, devem-se distinguir três perspectivas:
a religião materialmente é o conjunto de doutrinas em que se apoia, tais como as noções de Deus, alma, natureza e mundo sobrenatural;
a religião objetivamente (ou essencialmente, ou formalmente) é o culto;
a religião subjetivamente é a prática deste culto.
Do ponto de vista filosófico e da história das idéias filosóficas, é claro que o aspecto material da religião é o que agora mais importa. Aquele conjunto de doutrinas em que se apoia é, em grande parte, filosófico, mesmo quando tais doutrinas sejam muito primárias.
Sem Deus e sem conceituar o mundo como criatura não há um sentido verdadeiramente religioso. Além disto, as variações dos conceitos a este respeito podem dirigir para horizontes mui diversos as religiões.
Aspecto freqüente nas religiões, sobretudo as populares e tradicionais, é o seu sobrenaturalismo. Este caráter pode, de outra parte, diminuir a ênfase filosófica, mais peculiar às religiões naturalistas. Nas religiões sobrenaturalistas, os fatos relacionados às revelações criam um elenco episódico notavelmente grande.
Enfim, a moral, sobretudo das religiões primárias, tem grande impacto na conduta dos seus seguidores. Trata-se de um elemento de fundo filosófico. Nas religiões primárias a mundivisão, em decorrência do antropomorfismo, se concentra na justiça e na recompensa, porquanto Deus é visto como um régio senhor a administrar seus servos. Ou ainda na idéia de purificação pelo sofrimento, sobretudo no caso da metempsicose.
Mais distantes do Ocidente estão as religiões e filosofias da Índia, - Bramanismo e Budismo, - e da China, - Taoismo e Confucionismo, - sem ação pré-helênica sobre o Ocidente. As comunicações modernas, a partir da Renascença, abriram suas influências sobre os países ocidentais e destes sobre os orientais.
Já na antiguidade ocorrem as influências sobre o ocidente helênico-romano das religiões mesopotâmicas, egípcias e persas. É especial o fenômeno judaico e cristão.
Suplantando a mitologia grega e romana, as religiões do Oriente Próximo assumiram em determinado momento da história uma função importante na mentalidade popular do mundo helênico-romano, com marcas que a história da filosofia adverte no orfismo, pitagorismo, platonismo.
O fenômeno cresce a partir do período helênico-romano inaugurado por Alexandre Magno; este em seu curto reinado de 336 - 323 a.C., alterou a fisionomia política da antiguidade e produziu as condições de um processo mais vasto de sincretismo substancial.
Fonte: Enciclopedia Simpozio
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FOTOGRAFIA.

Na França, vesti o verde do meu Brasil.