De volta ao circo romano?
Às vésperas do julgamento do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, leio, com muita tristeza, trechos desumanos publicados na imprensa em referência aos momentos cruciais que ela vive.
Ela não está sendo julgada por questões morais, como querem alguns, até porque na Politica a subjetividade da moral é pouco contributiva. A Justica alcança um patamar mais alto e, prevalece, portanto, acima da primeira.
E, também, não existe golpe, pois ela tem tido todas as oportunidades para se defender, acessando, abertamente, organismos e mídias no âmbito nacional e internacional.
E como todos sabemos liberdade de expressão e defesa passam longe da cartilha de golpistas.
Contudo, mesmo lhe sendo assegurados todos os direitos, o momento não é para fazer piadas e deboches, em função da possível perda do mandato que ela adquiriu pelas urnas.
Como também, este último fato não obriga o povo a aceitar uma gestão ineficiente.
A mesma Constituição que lhe garantiu a posse tem o poder para a retirar se for necessário.
Assim pensando, eu considero que o momento é para profundas reflexões e falas muito ponderadas.
Vivemos num mundo onde a felicidade é pouco mais do que um belo sonho, mas, com certeza, já atravessamos os tempos em que as pessoas se divertiam nos circos romanos com o sacrifício do seu semelhante.
E, além do mais, para aqueles que estão rindo, ela não está sendo sacrificada para o divertimento público.
Está sendo julgada pelo mal exercício da coisa pública o que é bem diferente.
Apesar dos muitos problemas da nossa contemporaneidade a Lei prevalece e está mais aperfeiçoada.
Ao penalizar o réu ela leva em conta valores que a antiguidade desconhecia, reconhecendo na pessoa que a descumpre, outros aspectos e dimensões além daqueles que estão sendo julgados ou punidos. Preservando esses valores os tornam pontos de sustentação para que o reu possa recomeçar sua vida,sem ser marginalizado, depois de cumprida a pena.
No caso presente, busca-se condenar ou absolver a presidente, temporariamente, afastada do exercício oferecendo-lhe as garantias de defesa, cabendo ao cidadão (não executor do Direito) deferência com a Lei e com quem está sendo julgado.
Ao não concordar com sua administração, o eleitor tem o direito de exigir sua saída do cargo a que foi alçada com o sua ajuda, mas deve fazer isso sem apelar para a violência física ou psicológica .
A democracia impõe respeito às diferentes formas de pensar e agir, mas celebra o dever de servir à Lei.
Amanhã, portanto, cumpramos nosso dever cívico de acompanhar o processo, mas com a elegância, para dizer o mínimo, de não brincar com coisa séria, e, torcendo (eu pelo menos) para que isto acabe bem para que possamos virar a página e ver o Brasil caminhar .
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