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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

REFLEXÕES SOBRE A AMIZADE

Suely Monteiro
Sou naturalmente acolhedora e isto faz com que as pessoas desabafem comigo seus segredos, seus problemas, suas mágoas. Inúmeras vezes eles são tão graves que me limito a ouvir com atenção sem pretensão de ajudar.
Problemas financeiros, com vizinhos, com colegas de trabalhos, cônjuges, filhos e outros eram muito constantes. Mas, ultimamente as queixas tem sido em relação à solidão, ao vazio na alma, a falta de amigos.
Ontem, uma pessoa me disse que possuía quase tudo para ser feliz: bom emprego, bela casa, dinheiro para viajar e atender aos seus desejos de comprar, mas nada disso adiantava, pois o seu sonho de consumo não estava à venda: a amizade.
Eu, que até então,  nunca havia parado para pensar sobre a amizade disparei a perguntar mentalmente: podemos situar a amizade na lista de bens de consumo? O que significa ser amigo? O que uma pessoa precisa fazer pelo outro para ser considerada amiga? Amigo é o que abre mão de si para agradar o outro? É aquele que vive fazendo graças? É o que empresta dinheiro, carros, celulares etc.?
No livro “Ética a Nicômaco” Aristóteles discorre sobre três espécies de amizades: amizade segundo o prazer, segundo a utilidade e segundo a virtude.
Vamos ver o que significa isto?
A amizade segundo o prazer é aquela amizade cujo elo se dá pelo prazer de estar juntos, ou seja, amigos que fazem rir contando piadas, que são engraçados que deixam tudo “correr frouxo” e estão sempre de "bem com a vida". Os amigos segundo o prazer fazem programas juntos, vão às danceterias, aos bares, futebol etc.
Compartilham todos os prazeres, e nesse tipo de amizade não se leva em conta o caráter. O foco da relação está na quantidade, na qualidade e na durabilidade do prazer que se proporcionam mutuamente.
O segundo tipo de amizade é a amizade segundo a utilidade. E, ainda desta vez o caráter da pessoa não conta na seleção. Conta o que ela pode receber.
Eu conheci duas pessoas que se relacionavam com base nessa amizade.
Elas trabalhavam juntas, faziam supermercados juntas, iam ao cinema juntas e, aos domingos a mais jovem sempre almoçava na casa da mais velha.
Elas não eram namoradas. Tinham interesses mútuos: uma tinha carro e não gostava de dirigir, a outra adorava dirigir, mas não tinha dinheiro para comprar carro. Uma cozinhava divinamente, a outra não sabia fritar um ovo e por aí vai...
Finalmente, a amizade segundo a virtude é baseada na bondade já desenvolvida na pessoa, ou dizendo de outra maneira, é a amizade despretensiosa entre pessoas que se buscam por que têm em comum os mesmos ideais, os mesmos gostos, o mesmo padrão de conduta. O bem manifestado nessa relação é originário da evolução alcançada. Tem poder de atrair pelo ser que é.
Diferentemente das duas primeiras que acabam tão logo tenham conseguido realizar seus objetivos, a amizade com base na virtude é duradoura, pois está fundamentada em valores que não são perecíveis e que se realimentam constantemente.   Ela  é fruto do auto-desenvolvimento, do aprimoramento da alma, além de ser essencial à vida.
Esta breve reflexão me faz concluir que para termos amigos verdadeiros, pelo menos segundo Aristóteles, precisamos desenvolver a virtude, elevar o padrão de nossos pensamentos, de nossos comportamentos e de nossas ações e atos pessoais e socias.
Não significa virar santo.  Significa sermos, pelo menos, éticos.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ARISTÓTELES

Sobre a responsabilidade de construção de nosso próprio caráter.

Segundo Aristóteles, os homens só se tornam justos (ou virtuosos, pois a justiça é a virtude que abarca todas as outras), através do hábito e da prática de atos justos. Mas para se praticar atos justos, é estritamente necessário um mestre (um tipo de treinador), que já tenha adquirido uma disposição de caráter permanente (hexis), e necessariamente virtuosa, para que possa ensinar, e despertar a virtude nos homens que se submetem (ou são submetidos) à tal educação. Mas assim como atletas olímpicos, que só conseguem se sair vitoriosos porque treinaram voluntariamente e habitualmente, para se adquirir a “hexis” virtuosa, os homens devem querer agir e praticar atos voluntários, pois apenas o ensino do mestre, sem a prática (e a vontade) do estudante, não lhes garante a aprendizagem das virtudes.
(…)mas porque os atos que estão de acordo com as virtudes tenham determinado caráter, não se segue que sejam praticados de maneira justa ou temperante. Também é mister que o agente se encontre em determinada condição ao praticá-los:
- em primeiro lugar deve ter conhecimento do que faz;
- em segundo, deve escolher os atos, e escolhê-los por eles mesmos;
- e em terceiro, sua ação deve proceder de um caráter firme e imutável(…), aquelas mesmas que resultam da prática amiudada de atos justos e temperantes – são, numa palavra, tudo” .
Logo, os próprios homens são co-responsáveis pela disposição de caráter que adquiriram através da práxis.

http://projetophronesis.wordpress.com/category/filosofia-antiga/aristoteles/

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O QUE É FILOSOFIA DA LINGUAGEM - William P. Alston

Parte VII

A Filosofia como Análise

A questão final diz respeito à noção de que a tarefa primordial, senão integral, da Filosofia consiste na análise conceptual. A análise de conceitos básicos foi sempre uma preocupação dominante dos filósofos. Nos Diálogos de Platão, Sócrates é representado como se passasse a maior parte do tempo fazendo perguntas como "0 que é justiça?" e "0 que é sabedoria?"

As obras de Aristóteles foram dedicadas, em grande parte, a tentativas para chegar à definição adequada de termos como "causa", "bem", "movimento'' e "conhecimento". Tradicionalmente, tem-se considerado que, por mais importante que seja essa atividade, é ainda preliminar às tarefas básicas do filósofo - as de chegar a uma concepção adequada da estrutura fundamental do mundo e a um adequado conjunto de normas para a conduta e organização social humanas. Mas, em nosso tempo, vem-se fixando a convicção de que o método usado na Filosofia, que pode ser sucintamente definido como reflexões de gabinete, sem a suplementação de observações ou experimentações especiais, não é realmente suficiente para produzir quaisquer conclusões substantivas sobre a natureza do mundo ou as condições em que a vida é bem ou mal vivida; e de que o que está apto a produzir é a clareza no tocante aos conceitos básico em cujos termos pensamos no mundo e na vida humana. Essa transferência maciça do centro de gravidade da atividade filosófica é de particular relevância para a filosofia da linguagem, por causa de uma concomitante mudança da própria idéia da análise conceptual. Há três maneiras muito diferentes de formular um problema em filosofia analítica, quer estejamos tratando de causação, verdade, conhecimento ou obrigação moral. Tomando o problema do conhecimento para nosso modelo, podemos dizer que ; 1. estamos investigando a natureza do conhecimento; 2. estamos analisando o conceito de conhecimento; ou 3. estamos tentando tornar explícito o que uma pessoa está dizendo quando afirma saber que uma coisa é dessa ou daquela natureza. É possível que 1 e 2 sejam metodologicamente falazes. 1 sugere, falsamente, que a tarefa consiste em localizar e examinar uma certa entidade chamada "conhecimento", uma entidade que existe e é o que é independentemente do nosso pensamento e discurso. Infelizmente, ninguém descobriu até hoje uma técnica aceitável para localizar e examinar tais entidades. 2 está sujeito a nos desorientar se não for simplesmente reconhecido como uma forma alternativa de 3, pois sugere que a tarefa consiste em analisar introspectivamente algo chamado "conceito" e descobrir as partes que o compõem e o modo como estão reunidas. Também, neste caso, parece não ser possível desenvolver uma técnica objetiva para fazer tal coisa. Aumenta a convicção de que mesmo quando um filósofo, ao tratar do conhecimento, formula os seus problemas como 1 ou 2, o que ele realmente faz, à medida que os seus resultados têm qualquer valor, é refletir sobre os vários aspectos do uso de "saber" e seus cognatos.

OBRA DE ARTE

OBRA DE ARTE
Amores na bela Capital Catarinense.