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segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O CONCEITO DE AUTENTICIDADE EM SARTRE

  
Suely Monteiro

         Jogado no mundo como um projeto condenado a se realizar, o homem é livre para fazer escolhas e o único responsável pelas escolhas que faz e à medida que faz escolhas vai se construindo em pessoa.

Refúgio para  meditar  em Terrebone-CA.
         Desta forma, e diferentemente do ser potencial que se atualiza, na concepção de Aristóteles, para Sartre o ser é somente aquilo que é, e mais nada. A este ser que apenas é, ele chama de ente-em-si e o contrapõe ao ser especificamente humano que é o ente-para-si. O ente-para-si não tem a plenitude do ente-em-si. Ele é um espaço sem nada, “aberto”, às múltiplas possibilidades.  Com este entendimento, Sartre faz do nada a principal característica humana e, consequentemente, impossibilita de falar da existência humana como uma coisa universal, mas ela é entendida somente como uma condição humana.

           Mas, se cabe ao homem fazer escolhas e adotar comportamentos auto realizadores, auto constituidores, cabe a ele, também, respeitar os limites do outro, ou dizendo de outro modo, ele não pode fazer o que quiser, pois existem obstáculos que precisam ser superados (situação) ao longo do tempo, na busca da sua construção a partir do projeto.
Portanto, para Sartre Projeto, Liberdade, Situação e Responsabilidade são vigas estruturadoras da realidade do homem, e, também, para ele, a existência precede a essência, na medida em que o homem só se realiza através da existência e o desvelamento da sua essência está subordinada à sua realização.

           Por tudo o que foi dito, a busca constante de si mesmo, a autoconstrução, o caminhar em direção à realização é o que entendo por autenticidade no sentido sartreano, pois se é verdade que para Sartre a autenticidade é adquirida de vez, em bloco, não é menos verdadeiro que ele considera que é preciso inventá-la a cada minuto novo, a cada nova situação, do mesmo modo que o homem se realiza, no mundo, de minuto a minuto a cada escolha.  É importante considerar, nesta análise, que a autenticidade não apenas livra o homem de ser inautêntico, de não realizar o seu projeto, como também, lhe confere a responsabilidade pelo seu modo de agir e de construir –se como pessoa.

        Todavia, compreender a autenticidade vinculada ao modo de agir, de se autoconstruir, também favorece o desenvolvimento do egoísmo, do individualismo, uma vez que, se ele não pode acusar Deus, a família e o Estado pelas consequências de suas escolhas, ele se desobriga de ajudar, de colaborar com o outro, porque vê nas escolhas do outro, os seus desejos de realizar sua essência e entende que não deve interferir. O amor solidário poderia virar uma opressão.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

DEUS, SEGUNDO SPINOZA.

“... Deus é o único ser em que a essência coincide com a existência. Isso não acontece com os outros seres. É a causa última de tudo, e as coisas estão em Deus. Essa é uma noção panteísta. E Deus é perfeito. Conhece a si e a tudo objetivamente. As coisas só tem essências na medida em são atributos de Deus. Spinoza desenvolverá isto no Ética.A parte divina do ser é a essência. A essência, a potência, a existência e a idéia só se diferenciam mas coisas criadas. A existência e a essência, nas criaturas humanas,diferem uma da outra por causa da razão. Spinoza chama de afecções aquilo que Descartes chama de atributos. Os entes são afecções de Deus. Dependem dele. Spinoza queria que víssemos as coisas sob o ponto de vista da eternidade. Devemos considerar o mundo objetivo em si, fora das noções subjetivas. Eternidade é o atributo sob o qual concebemos a existência de Deus, como diz nos Pensamentos metafísicos. Eternidade é a junção de essência e existência. O tempo pertence à razão, é um modo de pensar a pluraridade também, pois tudo é Deus, e ele é Uno.
Como Descartes, Spinoza fala que temos a noção clara do que é verdade, pois ela é certa e suprime toda a dúvida. Spinoza fala que o bem e o mal são pareceres, que só existem nas relações. Mas reconhece como bom e na Ética, diz que certas coisas nos são agradáveis, e nos esforçamos para que elas sejam frequentes. Mas uma coisa tomada em si não nem boa nem má.
Deus é imutável, porque não pode mudar e ser outro Deus. Na natureza tudo são substâncias e seus modos. Deus é simples, a grande substância. Spinoza refuta as distinções do Aristotelismo sobre Deus.
A vida pode ser de dois modos: com uma alma unida ao corpo, e apenas corporal. Tudo está vivo, porque tudo está em Deus e ele é vivo. Spinoza era contra a visão antropocêntrica da divindade. Deus conhece as coisas que criou. Dessa forma conhece os pecados. Mas os pecados só existem na mente humana. Assim, Deus não ama nem odeia os homens. Mas tem seus decretos. É por decreto que ele incita e encoraja os homens.
A onipotência de Deus é dividida em absoluta e ordenada, ordinária e extraordinária. A ordinária é aquela que dá ordem e conserva o mundo. A extraordinária vai contra essa ordem, como no caso dos milagres. Além de ter criado o mundo, Deus o conserva a cada instante.
Apesar de admitir que a potência de Deus também pode destruir, Spinoza afirma que a alma humana é imortal. Pois uma coisa incorpórea não pode destruir-se, nem pode ser destruída por uma coisa criada.
Deus tem muitas leis que estão acima do intelecto humano, e quando esse as vê, parecem milagres. Deus está acima da natureza percebida pela razão. A vontade humana é o seu intelecto.
As riquezas, quando buscadas, absorvem todo o ser do homem, diz Spinoza no Tratado da Correção do Intelecto.O homem gosta de paixão e dos prazeres, mas a eles sobrevém a tristeza. Os prazeres riquezas e honras devem ser um meio, não um fim. Devem existir apenas no necessário para manter a boa saúde.
Spinoza achou quatro tipos de percepção:
A primeira é arbitrária; a segunda vem da experiência; na terceira a essência de uma coisa é tomada pela de outra. Por exemplo, quando se acha que o universal sempre é acompanhado de uma propriedade. Não é adequada. A última percepção é a da essência.
Para o melhor modo de perceber, temos de ver quais os meios para conseguirmos nosso fim .
1º temos de conhecer a natureza das coisa e a nossa, para aperfeiçoá-la.
2º temos de deduzir as diferenças e as concordâncias das coisas.
3º temos de ver o que essas coisas poder sofrer.
4º temos de associar isso com a natureza e a potência das coisas.
Assim Spinoza, com um estilo que lembra o de Bacon, descreve seu método para melhor percebemos. E chega a conclusão que a melhor percepção é a da essência.
Para começar a se corrigir o intelecto precisamos “continuar conforme a norma de alguma idéia existente e verdadeira e investigar segundo suas leis certas.” Devemos saber distinguir a idéia verdadeira dentre as idéias falsas. Durante seus escritos, Spinoza imagina objeções à sua argumentação (que seriam feitas pelos leitores) e responde à elas. Enfrenta o adversário no campo do adversário. Assim é com filósofos e outros teólogos. Também fala contra os ignorantes, que ele chama de vulgo, ou os não-iniciados. O vulgo não consegue entender a filosofia porque não sabe o que lhe sucede, está sujeito às marés das paixões, e por isso cheio de preconceitos.
Spinoza diz que temos mente, em maior parte, idéias verdadeiras (apesar de existirem os entes da Razão, que são falsos). Pois não podemos supor uma idéia falsa como verdadeira. Não devemos considerar como  verdadeiras coisas da imaginação, que estão no intelecto. Spinoza se contrasta a Descartes, dizendo que devemos considerar como verdadeiras as coisas da natureza, pois não existe nenhum Deus enganador.
Spinoza fala da memória, mostrando que separamos as coisas por categorias e que se imaginamos um item dessa categoria em separado, visualizamos bem os detalhes, mas ao misturarmos o que estamos lembrando com outras memórias da mesma categoria, o pensamento se torna confuso. A memória é a “sensação das impressões do cérebro junto com o pensamento de uma determinada duração da sensação”.
O Livro “Ética demonstrada pelo método geométrico” tem uma estrutura clássica, baseado no modelo do matemático Euclides. Dessa forma, temos definição, axioma, preposição demonstração, escólio e corolário. Com esse método, Spinoza queria refutar outros. Esse método por muitos é considerado chato e difícil. Como diz Will Durant, não é para ser lido, mas estudado.
Uma coisa é finita quando podemos limitá-la por outra semelhante. A substância é independente, em si. Há três termos básicos no livro: substância, modo e atributo. O atributo é o que o intelecto percebe da substância. Como vimos, o intelecto precisa ser corrigido para não ser limitante. Deus é absolutamente infinito. Deus é uma substância que não remete a ninguém, exceto à ela mesma é que possui inúmeros atributos. Cada atributo tem infinitos modos.
A liberdade é um estado de ser, quando se existe por si, e necessário quando determinado por outras coisas. A eternidade transcende o tempo, é verdade eterna sem começo nem fim. Essa noção recorre a Platão. Toda causa tem um efeito. Deus é causa primordial que tem inúmeros efeitos. A diversidade de substância é infinita, cada uma é única.
Deus é imanente ao mundo. Para Descartes é transcendente. Existe necessariamente, pois existir é ter potência. E se há potência há alguém para irradiá-la. Na consciência fora de Deus, como Spinoza já expôs nos Pensamentos Metafísicos a existência não envolve a essência. Deus tem intelecto no ato, não em potência. Muitos consideram que Spinoza diz que Deus não tem intelecto, mas Spinoza coloca que o intelecto de Deus são suas ações.
Os homens agem sem conhecer as causas de seus atos. As coisas são atributos e afecções de Deus. O corpo exprime determinadamente parte da essência de Deus, na extensão. A alma é uma coisa pensante (nesse ponto concorda com Descartes, mas ao colocar a alma como substância não). A duração é a continuação da existência. Deus pensa, é extenso, tem idéia da sua essência e do que se segue à ela. As coisas estão compreendidas na essência da idéia infinita de Deus. Ele é a causa de tudo, substância incriada, onipotente e onisciente.
As coisas ficam marcadas na alma, além do intelecto. A memória é uma rede de representações associativas dos objetos. Deus conhece a alma. E a alma conhece à Deus. O pensamento é um atributo divino. A alma não conhece a si mesma, e conhece sem adequação o corpo. A alma não tem vontade nem é livre. Todas as idéias que se referem à Deus são verdadeiras. A mente humana é disposta de tal forma que pode funcionar ordenadamente. Com certo número de imagens, expressando esse número, há “embaralhamento”. Quem tem uma idéia verdadeira, o sabe sem dúvida. Spinoza, desenvolvendo seu lado racionalista diz que a razão percebe a coisa em si e a eternidade, que são comuns à todas as coisas. A mente humana é uma parte do intelecto infinito de Deus. Conhecer Deus eterno e infinito nos ensina a nos conduzirmos perante o dinheiro, coisas fora de nós, suportar a vida, não desprezar, não expor ninguém ao ridículo, não odiar. A moral de Spinoza parte de sua metafísica.
O corpo humano pode ser afetado de diversas maneiras, e sua potência aumentada e diminuída. A alma pode ser passiva ou ativa. As idéias adequadas existem em Deus, são ativas. O corpo humano é mais engenhoso do que as máquinas.
... Spinoza influenciou muito a filosofia posterior. Hume cita-o. Não gozou de muita reputação , mas sim desprezo, até que Lessing afirmou não existir outra filosofia senão a de Spinoza. Junto com Fichte e Kant, foi fundamental para Hegel e Schelliing. Nietzsche admirava-o, apesar de discordar. O spinozismo foi inicialmente rejeitado, mas depois, no século XIX foi reabilitado. Influenciou Marx e Freud, que tinham uma visão naturalista do mundo.”
Fonte:
Consciencia.org.- Filosofia e Ciências Humanas
http://www.consciencia.org/ 
Acesso em 03/01/2012- 15:48h.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

BOÉCIO (480-525)

Boécio acreditava que a cultura latina do seu tempo estava em crise e buscou na preservação e difusão da cultura grega a solução para essa fase difícil que passava o conhecimento romano. Para fazer com que os latinos conhecessem a cultura grega Boécio planejou traduzir para o latim as obras de Aristóteles e Platão, mas conseguiu traduzir somente alguns livros.
Para o filósofo, os seres universais como O Belo, O homem, O Universo, existem somente enquanto idéias em nosso intelecto. Eles são portanto imateriais pois são abstrações que nós criamos para entender a realidade. No mundo material o belo existe somente como atributo de coisas singulares e é através dessas coisas singulares que podemos abstrair, formar uma idéia do Belo universal.
Sendo a filosofia o amor à sabedoria e causa suficiente de si mesma, ela é também a busca pelo conhecimento de Deus, pois ele é a sabedoria absoluta. E é nessa sabedoria absoluta que devemos buscar a felicidade e não nas coisas terrenas. Deus é a felicidade e o máximo bem. O Uno, Deus e o Bem são para Boécio a mesma coisa.
Para responder a pergunta da origem do mal, já que o mundo é dirigido por Deus, Boécio utiliza a providência divina e diz que está fora do nosso entendimento percebermos todos os desígnios de Deus. Todas as coisas são feitas para atingir o bem, e não o mal. O mal é um erro de análise feito por pessoas de pouco conhecimento. Elas buscam o bem, mas por um cálculo falho, por um exame imperfeito causado pela falta de conhecimento, elas fazem o mal.
 Boécio

Outra questão que preocupou o filósofo foi a do destino e da liberdade. Se Deus tem um destino para os seres humanos esse destino destrói a liberdade de sermos quem quisermos ser e fazermos o que quisermos fazer. Para Boécio Deus realmente sabe tudo o que vai acontecer, mas não existe a necessidade de que tudo o que ele sabe que possa acontecer aconteça realmente. Para Deus não existe passado ou futuro, mas um constante presente e um conhecimento completo de tudo que aconteceu ou pode acontecer.
Sobre a música Boécio distingue três gêneros: a música cósmica, que os homens não percebem, pois é uma música gerada pelos astros do universo; a música humana, que é a mescla do movimento de nossa alma e do nosso corpo e que só poderemos ouvir através de um exame profundo do nosso interior; e por último a música prática que é a música criada pela vibração dos instrumentos musicais e pela voz.
Sentenças:
- A música é parte de nós e enobrece ou degrada o nosso comportamento.
- O homem é um animal bípede e racional.
- O homem é um mundo em miniatura.
- Se Deus existe de onde vem o mal? E se não existe de onde vem o bem?
- De todos os infortúnios da fortuna, de ter sido feliz é a mais infeliz tipo de desventura.
- Quem pode julgar os amantes? O amor é uma lei para si mesmo.
- Nada é mais fugaz do que a forma exterior, sua aparência muda como as flores do campo.
- Quem caiu foi porque não soube se sustentar em seus passos.
- O homem justo paga a culpa do injusto.

Fonte:
Acesso em 16/11/2011

domingo, 27 de março de 2011

A Liberdade em Merleau-Ponty.

Para Merleau-Ponty, a liberdade não é uma dádiva, mas sim uma conquista, realizada pelo homem no mundo (através da ação do homem no mundo). Não se pode dizer que há uma liberdade absoluta, a liberdade é a possibilidade de superar uma situação de fato. “Nascer é ao mesmo tempo nascer do mundo e nascer no mundo.
O mundo está já constituído, mas também nunca completamente constituído” (Fenomenologia, pg. 608). Nossa liberdade vem a ser quando nós nascemos no mundo. Quando nascemos somos “jogados” no mundo, entramos na esfera do mundo, que é um campo aberto de possibilidades (a qualquer momento a nosso dispor), o que nos permite a liberdade. Entretanto o homem não nasce totalmente livre. O homem “nasce no mundo e nasce do mundo”, o mundo está constituído, mas também nunca está totalmente constituído. Assim o homem precisa se fazer neste mundo. Pela sua esfera, social, cultural e geográfica, são impostos limites a sua liberdade. Ao mesmo tempo em que nascendo no mundo se abre um vasto campo de possibilidades ao homem, esse mesmo mundo impõe limites à liberdade.
O homem nasce aberto ao mundo, com um campo de possibilidades disponíveis, mas ao mesmo tempo ele é limitado por esse mesmo mundo. Assim não há determinismo, e nem escolha absoluta. É impossível que o homem seja livre em algumas ações e determinado em outras. O homem nunca é somente coisa e nunca somente consciência pura. O homem não pode ser determinado do exterior, porque para que algo pudesse determinar o homem seria necessário que ele fosse uma coisa. Mas “… nunca há determinismo e nunca há escolha absoluta, nunca sou uma coisa e nunca sou consciência nua” (Fenomenologia, pág. 608). Assim é preciso que o homem se faça, ou melhor, se constitua nas suas relações com as coisas e com os outros homens. O homem convive, coexiste, assim ele se realiza como ser nessa própria coexistência. Nada do exterior pode determinar o homem, não que o homem não seja solicitado, mas ao contrário, porque de repente ele pode estar fora de si, e aberto ao mundo. O homem pode se ultrapassar, não somente pelo fato de estar no mundo como coisa, mas pelo fato de ser no mundo, se fazer no mundo e estar aberto ao mundo.
O homem não é determinado do exterior, porque os motivos não pesam em sua decisão, mas sim a decisão e que empresta sua força. A decisão faz aparecer os motivos. Assim quando o homem desiste de alguma coisa os motivos parecem perder a força e até mesmo desaparecer.
Por exemplo, em um dia alguém pode pensar em ir ao cinema, porém alguns motivos aparentemente o(a) impedem como o vento sul (frio), e ainda com o automóvel estragado, o cansaço, e por isso não vai ao cinema. Estes são os motivos que o aparentemente o(a) impedem de sair. Mas em outro dia, a mesma pessoa está decidida a ir ao cinema, mesmo com as mesmas condições e motivos acima, acrescentando chuva forte e fria e uma forte dor de cabeça, não a impedem de ir ao cinema. É neste sentido que a decisão (ir ao cinema) empresta sua força, e os motivos que mesmo iguais ou maiores não o impediram de ir ao cinema.
O homem está como que emaranhado às coisas e aos outros, assim nada pode tornar o homem livre para tudo. A idéia de liberdade absoluta é abolida pela idéia de situação. A existência do homem se dá com a síntese do Em si e do Para si. Não tendo como separar as duas. Tudo que o homem é, seu passado, sua conduta, temperamento, são verdadeiros desde que sejam considerados como momentos de seu ser total, ou seja, sem que se possa dizer que é ele quem dá sentido às coisas, ou que recebe delas. Este sentido se dá na interação do seu ser com as coisas. O homem é uma estrutura psicológica e histórica. Estando no mundo ele “recebe” uma maneira de existir. Assim todos os seus atos e pensamentos estão vinculados a essa estrutura. Entretanto a liberdade não se dá, apesar ou sobre as motivações, mas por meio delas. Aqui esta estrutura que é o homem, não limita seu acesso ao mundo, mas, ao contrário é o meio que faz o homem comunicar-se com ele. É só assumindo a sua situação, social e natural, é que o homem poderá ter a liberdade.
Desta maneira o homem não é livre porque escolhe (decide) absolutamente, ele só pode fazer a escolha a partir de algo que já existe. A sua escolha está condicionada. Por exemplo: Somos homens e por isso precisamos nos alimentar. Estamos “condenados” a sermos homens, mas podemos escolher comer ou não comer. O homem é livre ao fazer algo com a situação, dado que está na situação sempre, já existe o compromisso sempre.
Pode-se tentar criar um exemplo: Uma pessoa que devido a um acidente tornou-se impossibilitada de se expressar através da fala, busca a pintura como um “refúgio” e uma maneira que ela pode expressar seus sentimentos e idéias acaba se tornando um(a) grande pintor(a), essa pessoa é livre porque construiu algo com a ausência da fala (voz), conseguiu contornar um obstáculo dado pelo mundo. Tem-se assim a liberdade de criação, é um novo sentido dado e que se constitui um acontecimento.
Entretanto a consciência não é formada por uma seqüência de instantes e acontecimentos, é perseguida pelo “fantasma” do instante, mas que precisa constantemente ser rompido por um ato de liberdade.
“… o homem é só um laço de relações apenas as relações contam para o homem.” (Fenomenologia, pág. 612)



Pedro de Freitas Júnior
(Bacharel em Filosofia pela UFSC e Especialista em Filosofia Clínica pelo Instituto Packter)

Bibliografia:
MERLEAU-PONTY, Maurice A fenomenologia da Percepção. 2ª edição – São Paulo: Martins Fontes, 1999

Fonte:

http://www.acafic.com.br/site/a-liberdade-em-merleau-ponty/

OBRA DE ARTE

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Amores na bela Capital Catarinense.