A vida é bela. É preciso viver. |
Eu precisava
escrever um artigo comparativo entre as concepções de palingenesias platônica e kardeciana,
mas as ideias para iniciá-lo não surgiam me deixando bastante aborrecida e apreensiva, uma vez que o tempo
não espera o Tempo da Inspiração chegar.
Diante da
impossibildiade de mudar a situação, tomei o barco da imaginação e rumei para a
Grécia do século V. Se, para mim viajar
significa prazer, viajar para a Grécia significa reviver. Tenho, certamente, um
pezinho de alma naquelas terras.
Desembarquei em
Atenas no momento em que começava mais um de seus festivais. Acompanhei a
procissão em homenagem a Dionísio cantando e dançando com a platéia.
No teatro eu não
conseguia distinguir os atores em suas máscaras engomadas, suas roupas
acolchoadas e seus discursos que prendiam como correntes e criavam
um misto de expectativa e medo de que aquele frenesi terminasse e a
realidade voltasse a colocar todos no chão. Uma loucura e eu estava alí vivendo-a
intensamente!
É preciso ser
muito forte para que a estonteante beleza das estátuas gregas não cumpram o seu
papel de hipnotizar o seu observador; de deixá-lo pregado no chão diante de seu olhar
pétreo e distante como o de alguém que não está nem aí para a sua adoração...
Não é este o meu caso.
Fiquei alí rendendo homenagens a Fidias,
Míron e seus colegas até que as guerras
fratricidas, a derrota, a humilhação me
despertaram e me trouxeram de volta ao mundo real e aos sofrimentos desse povo
na atualidade.
A fome, o desemprego e a miséria rondando
suas casas, felizmente, não conseguem reduzir a coragem e o orgulho do povo grego que, desta vez, luta unido, contra os graves problemas relacionados às políticas interna e externa, às questões
econômicas e sociais que insistem em abater-lhes o ânimo.
A força de Esparta e a sensibildiade de Atenas
se fundem naqueles corações e os tornam, apesar de toda a dor, confiantes.
E, para homenagear-lhes
caros amigos, a paciencia de ouvir-me, escolho,
entre os gregos de hoje o romantismo de Hatzigiannis .