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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Montagne e a auto estima – 1/3.

Seguirão a este, mais dois videos sobre a autoestima, intermediados por artigos sobre diferentes temas.

O QUE É CIÊNCIA?


                                           Howard Keel Kathryn Grayson Red Skelton Marge Champion (1952)

Conjunto de saber definido, metodicamente interligado por princípios e leis. Por isso, também se pode dizer que a ciência é um sistema de relações. A ciência tem, portanto, por objectivo o conhecimento certo. Para atingir este objectivo, emprega-se métodos adequados à natureza do objecto de cada ciência.
A ciência pode designar um conhecimento teórico [matemática, por exemplo] bem como uma habilidade prática. O termo ciência pode significar mais, geralmente, o conjunto das ciências (matemática, astronomia, química, biologia, as ciências humanas...)
A história das ciências revela que a matemática foi a primeira a aparecer [antiguidade grega e mesmo egípcia], e as ciências humanas, as últimas; se as considerarmos pelo seu objecto, a matemática parece ser a ciência mais simples, enquanto que as ciências humanas parecem ser as mais complexas.
É habitual distinguir as ciências da natureza das ciências do homem [fundadas por Dilthey, na Alemanha, e por Augusto Comte, em França]: as primeiras são «analíticas», e o seu objectivo é dar uma expressão matemática às «leis», ou relações constantes entre os fenómenos; as segundas são «compreensivas» e relevam do sentimento e não da medida objectiva.
As ciências da natureza distinguem-se da Filosofia, uma vez que a sua vocação é a de conhecer a matéria, enquanto que a da Filosofia é a de conhecer o espírito (Bergson); as ciências humanas são como que o caminho entre as ciências da natureza e a Filosofia propriamente dita.
Feita esta breve abordagem da ciência, registe-se que o espírito científico é a predisposição do pensamento para as ciências, isto é, para um conhecimento objectivo e universal, a que alguns denominam espírito positivo. O espírito científico recusa-se a confiar nas impressões subjectivas, na tradição (crenças, explicações teológicas ou metafísicas): identifica-se com o espírito crítico, mas aplicado a um objectivo real (os fenómenos da natureza). O seu ideal é a substituição da percepção das coisas pelo conhecimento das suas leis, isto é, as «relações constantes» entre fenómenos.
As ciências não visam apenas a acumular dados. A sua principal função é explicar os fenómenos do seu domínio por meio de hipóteses, teorias, princípios ou leis. O primeiro passo, neste trabalho de interpretação, é a formulação de uma hipótese, que não passa de uma interpretação provisória, isto é, uma conjectura ou suposição feita no sentido de explicar os dados obtidos.
Um exemplo: supormos por hipótese, a existência de uma relação constante entre dois ou mais factos observados.
Quando uma hipótese se apoia em observações ou em considerações racionais, converte-se numa teoria. E, finalmente, se foi verificada, isto é, satisfatoriamente comprovada, a hipótese eleva-se à categoria de lei, se é de carácter experimental, ou de princípio ou doutrina, se está baseada em argumentos racionais.
As ciências particulares têm um lugar, um objecto próprio e uma incumbência especial, que consiste em determinar as causas próximas e formular as leis particulares.
Enfim, ao estudo filosófico das ciências é habitual dar-se o nome de Epistemologia (António Pinela, Reflexões).

Fonte: EuroSophia

Montagne e a auto estima - 2/3.


Michel Eyquem de Montaigne - 1533.

Michel Eyquem de Montaigne (Saint-Michel-de-Montaigne, 28 de fevereiro de 1533 — Saint-Michel-de-Montaigne, 13 de setembro de 1592) foi um escritor e ensaista francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus "Ensaios", analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objecto de estudo. É considerado um céptico e humanista.
Montaigne começou a sua educação com o seu pai. Este tinha um espírito por um lado vigilante e metódico e por outro aberto às novidades. Após estes estudos enveredou pelo Direito. Exerceu a função de magistrado primeiro em Périgoux (de 1554 a 1570) depois em Bordéus onde travou profunda amizade com La Boetie.
Retirou-se para o seu castelo quando tinha 34 anos para se dedicar ao estudo e à reflexão. Levou nove anos para redigir os dois primeiros livros dos Essais. Depois viajou por toda a Europa durante dois anos (1580-1581). Faz o relato desta viagem no livro Journal de Voyage, que só foi publicado pela primeira vez em 1774.
Foi presidente da Câmara em Bordéus durante quatro anos. Depois, regressou ao seu castelo e continuou a corrigir e a escrever os Essais, tendo em vista o estilo parisiense de exposição doutrinária. Os seus Ensaios compreendem três volumes (três livros). Os seus Ensaios vieram a público em três versões: Os dois primeiros em 1580 e 1588. Na edição de 1588, aparece o terceiro volume. Em 1595, publica-se uma edição póstuma destes três livros com novos acrescentos.
Os Essais são um autorretrato. O autorretrato de um homem, mais do que o autorretrato do filósofo. Montaigne apresenta-se-nos em toda a sua complexidade e variedade humanas. Procura também encontrar em si o que é singular. Mas ao fazer esse estudo de auto-observação acabou por observar também o Homem no seu todo. Por isso, não nos é de espantar que neles ocorram reflexões tanto sobre os temas mais clássicos e elevados ao lado de pensamentos sobre a flatulência. Montaigne é assim um livre pensador, é um pensador sobre o Humano, sobre as suas diversidades e características. E é um pensador que se dedica aos temas que mais lhe apetecem, vai pensando ao sabor dos seus interesses e caprichos.
Se por um lado se interessa sobremaneira pela Antiguidade Clássica, esta não é totalmente passadista ou saudosista. O que lhe interessa nos autores antigos, especialmente os latinos mas também gregos, é encontrar máximas e reflexões que o ajudem na sua vida diária e na sua auto-descoberta. Montaigne tenta assim compreender-se, através da introspecção, e tenta assim compreender os Homens.
Montaigne não tem um sistema. Não é um moralista nem um doutrinador. Mas não sendo moralista, não tendo um sistema de conduta, uma moral com princípios rígidos, é um pensador ético. Procura indagar o que está certo ou errado na conduta humana. Propõe-se mais estudar pelos seus ensaios certos assuntos do que dar respostas. No fundo, Montaigne está naquele grupo de pensadores que estão a perguntar em vez de responder e é na sua incerteza em dar respostas que surge um certo cepticismo em Montaigne. Como não está interessado em dar respostas apriorísticas tem uma certa reserva em relação a misticismos e crenças. É de notar um certo alheamento em relação ao Cristianismo e às lutas de religião que se viviam em França. Embora não deixe de refletir em assuntos como a destruição das novas índias pelos Espanhóis. Ou seja, as suas reflexões visam os clássicos e a sua própria contemporaneidade. Tanto fala de um episódio de Cipião como fala de algum acontecimento do seu século como fala de um qualquer seu episódio doméstico.
O facto de ter introduzido uma outra forma de pensar através de ensaios, fez com que o próprio pensamento humano encontrasse uma forma mais legítima de abordar o real. A verdade absoluta deixa de estar ao alcance do homem, sendo, doravante, possível tão-somente uma verdade (?) por aproximações.
Registre-se que Michel foi tio pelo lado materno de Santa Joana de Lestonnac.

Montagne e a auto estima - 3/3.

terça-feira, 5 de junho de 2012

CARAVAGGIO

                                                                   Amor vincit omnia", Caravaggio, 1602 c

ARTE : CARAVAGGIO


Em cartaz a partir do dia 22 de maio, a Casa Fiat de Cultura apresenta "Caravaggio e seus seguidores", maior exposição já realizada na América do Sul sobre o grande precursor do barroco europeu, o pintor italiano Caravaggio.
A mostra reúne obras de Caravaggio e dos chamados "Caravaggescos", artistas seguidores do gênio que revolucionou a arte do seu tempo. Responsável pela comunicação da Casa Fiat de Cultura, a agência Fala! produziu o comercial teaser que será veiculado na TV Globo, entre outras peças publicitárias da exposição.

FICHA TÉCNICA
Cliente: Casa Fiat de Cultura
Agência: FALA!
Atendimento: Rodrigo Siqueira
Direção de Arte: Luciano Augusto
Mídia: Wemington Ferreira
Motion Design: Luciano Augusto
Aprovação pelo cliente: Ana Vilela

segunda-feira, 4 de junho de 2012

FILOSOFIA DA RELIGIÃO

Reflexões sobre as Vidas de Paulo e  Estevão

                                                                       Suely Monteiro
              Releio de vez em quando o livro  Paulo e Estevão, de Emmanuel, para  abastecer a alma de humildade.
             O entrelaçamento dessas vidas me comove. Penso na grandiosidade de Deus que une à  "vitima"  o "verdugo", ensinando-nos que o acesso ao Seu reino se faz pelos caminhos do perdão, da cooperação e do amor.
            Choro que nem criança a cada dor que um e outro sofre, e a partir deles, me ponho a refletir nas diferenças entre o cristianismo primitivo e o  atual, ou dizendo de outra maneira, nas diferenças entre os cristãos primitivos e os atuais que mais se parecem com os antigos fariseus, tão distantes estão da vivência pura do Evangelho....

            Com Paulo, Estevão e os primeiros apóstolos,  buscava-se implantar o reino de Deus no coração dos homens tornando-os mais espirituais, para servir ao Cristo. "Disputava-se" a honra de servi-Lo, e se preciso, de morrer por Ele.

           Hoje, apesar de alguns progressos alcançados, usa-se o Cristo como instrumento para engrandecer o reino dos homens. O perdão, a cooperação e o amor, tornaram-se elementos de retórica nos ambientes religiosos ou nas reuniões de grande acesso público, nas redes sociais, sem que a sua prática seja levada a efeito, no recanto silencioso do lar, entre os familiares quando, muitas vezes, o "fervoroso" cristão se mostra um verdadeiro déspota, humilhando e ferindo os mais fracos.

          Paulo e Estevão são convites à renovação interior. Eles nos alertam para a necessidade de retirarmos as escamas que mantem nossos olhos fechados à verdadeira espiritualidade que se faz no reconhecimento da irmandade de todos, independentemente de raça, crença e culto.

         Procuro nos textos e não encontro Jesus fazendo distinções de quem quer que seja, instigando, ainda que sutilmente, a separação entre as pessoas com base em que determinada crença é mais verdadeira do que a outra.   Pelo contrário, vejo-O abraçando igualmente os que lhe cruzam o caminho; respeitando, pacientemente,  o livre arbítrio de cada um, embora  convidando a todos   a  renovar a vida segundo um único mandamento: " Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo."

           Refletir sobre a importância deste mandamento é importante,  na medida em que esta reflexão nos propicie elementos para nos afastarmos dos equívocos provocados pelo orgulho e pelo egoísmo - as grandes chagas da humanidade -  e nos voltarmos, como os antigos apóstolos, ao exercício do amor integral que carreia em si, todas as condições necessárias para implantarrmos o reino de Deus em nossos corações e, assim, vivermos a paz, principalmente, quando as tormentas nos convidarem a testemunhar a fé que propagamos.

           Parece, à primeira vista, um programa fácil. Mas, engana-se quem assim o imagina. Vivemos mergulhados em ondas de pensamentos que nos assediam de todos os lados e de todas as formas, influenciando-nos nas decisões e obrigando-nos a uma vigilância constante para não nos conectarmos com aquelas que nos infelicitariam a alma.

           Falo das influências que nos chegam através das redes virtuais, dos programas de TV, de jornais e artigos que, sob a máscara de nos convidar a atuar em favor  da justiça, mas não fazem do que concitar a que voltemos a confundir justiça com vingança, a nos rebelar, gratuitamente, contra pessoas e situações que não conhecemos. 

           Somos convocados a julgar e o fazemos, algumas vezes,  levianamente, sem, pelo menos, ouvir as partes, quando melhor seria falar criteriosamente, restabelecendo os ânimos para uma avaliação mais cautelosa das situações expostas.

            Mas, minha página não é uma página de desânimo. Ao contrario, meu objetivo é solicitar que nos conectemos com aqueles que já fazem o melhor para implantar a paz em si mesmos e, consequentemente, irradiá-la aos outros.

             Se consideramos o Cristo como modelo de ação muito distante da nossa capacidade, busquemos aqueles que estão mais próximos, como Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco Candido Xavier,  Francisco de Assis, dentre outros.

           Conta Humberto de Campos que poucos minutos antes de Jesus expirar na Cruz, o céu se abriu e uma imensidão de anjos se aproximou. Uns cantavam suaves canções, outros pesavam-Lhe as feridas com unguentos, outros anotavam os nomes dos que lhes causaram as dores e outros tantos faziam muitas outras coisas no sentido de minorar as dores do Divino Cordeiro. Mas, lá no fundo, um anjo solitário percebeu que os lábios de Jesus estavam se movendo. Dirigiu-se a Ele, encostou seu ouvido nos lábios do Mestre e ouviu-Lhe o último pedido:

            "Vá socorrer Judas que acaba de suicidar!"

            É claro que não tenho a maestria do grande contista e muito menos estou repetindo na íntegra sua crônica.  Minha intenção é ressaltar que, guardadas as devidas diferenças, devemos seguir as pegadas do Mestre, perdoando aqueles que compartilham conosco as experiências, ajudando-os a recompor a paz, a serenidade e, algumas vezes a fé perdidas.

            Tornar-nos emissários de Deus,  como os antigos cristãos o foram, significa nos transformar humildemente, naqueles de quem Ele se serve para atender aos necessitados e aflitos que Lhe rogam socorro. 

           Servir ao outro em Seu nome, parece-me, também a melhor maneira de mostrar-Lhe que aceitamos  o convite que Ele nos fez a vários séculos:

             "Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". 
      
             Então, vamos juntos?!
            

          
    




                  EURÍPEDES E SOPHIA

                Suely Monteiro

                  A jovem entra na biblioteca e, aleatoriamente, toma um livro e se dirige com ele, a uma mesa. Só então lê o título: Genealogia da Moral, de F. Nietzsche. Abre-o ao acaso. Começa a ler e aprisionada pelo tema, não se dá conta da passagem do tempo. Avança, concentrada pelas páginas, acompanhando o autor em suas investigações a respeito dos valores morais e suas mudanças ao longo da história...
               Nietzsche faz duras críticas ao ascetismo,  que propugnava a renúncia ao prazer como forma de alcançar a elevação espiritual.  Resguarda-se de todos os Antigos  e acusa Platão de ser  é o maior inimigo da arte que a Europa jamais produziu. Para ele a arte é condição da natureza humana. É  através dela que o homem supera o niilismo.  A razão não é um guia seguro para o homem se orientar na sua busca de conhecimento, porque de alguma forma ela o obriga a seguir normas que não são de sua vontade e sem liberdade ele se torna  apenas um escravo.
            Mas, -  ela se perguntava internamente -   não estaria Nietzsche sendo imparcial e apressado no seu julgamento? A imagem que tinha de Platão não se ajustava muito à descrição, todavia, não tinha conhecimentos profundos e se sentia pouco à vontade em discordar do grande pensador moderno, ainda que no silêncio de sua alma.
           Ah! - suspirou sonhadora - como seria bom voltar no tempo, percorrer as  ruas de Atenas, conversar com o antigo pensador, ouvir-lhe suas razões e, de lá, depois de atendidos os seus objetivos em relação a ele,  tomar um avião  diretamente até a Alemanha moderna e, aí sim, dialogar com Nietzsche... 
             Mal havia terminado de formular seu desejo e aterrissou ao seu lado um jovem descontraído, e bastante atrevido, diga-se de passagem. Ele interrompe suas reflexões e a convida para um café.  Sem esperar resposta,  toma o livro de sua mão. Coloca-o de lado depois de ler o título  e sai arrastando-a para o barzinho da biblioteca,  saltitante  e falante como um personagem do ditirambo. Conta que a observava desde a hora que entrou na livraria e  que não resistiu à tentação de se aproximar, que não o interpretasse mal.
             Quase cantando anuncia-se como Eurípedes, poeta e estudante de Filosofia.  Fala-lhe sobre Nietzsche, empolgado, descrevendo-lhe, sucintamente sua obra.
          Mais tranquila, ela  o provoca com prazer: 
          - Ele tem uma rixa danada contra Platão!.
         Relaxe, não é só contra ele, não! Nietzsche era um inquieto e comprou briga, com Sócrates, Platão e até com o Cristianismo!
        No Nascimento da Tragédia, ele deixa bem claro, sua interpretação da cultura grega e o seu posicionamento em relação à Filosofia e o Cristianismo.
       Você conhece os dois grandes deuses, Apolo e Dionísio?
       - Sim, claro! -  ela respondeu.  Dionísio é o deus do êxtase, da música.
         Segundo Nietzsche, o homem dionisíaco tinha um modo de ser carregado de sentimento que se coadunava muito mais com a imagem da vida, da saúde e da juventude.
        O  homem apolíneo, ao contrário, lembra muito a escultura de Apolo: Belo, harmonioso, mas também, muito isolado. Através da consciência ele se determina um papel moderado e racional.  Mas, o mais instigante nisso , minha querida, é que apesar de todas essas diferenças, eles não se excluíam. Conviviam em harmonia formando dois lados de uma mesma face que se complementavam e davam força à tragédia grega, antes da Filosofia se imiscuir na relação, causar a ruptura entre eles e estragar tudo...
       Quer ver outra coisa?
       A cidade idealizada por Platão fechou as portas aos poetas, e você sabe por quê?
      - Por que Platão não gosta deles?
       Porque para Platão, a arte, do ponto de vista ontológico é uma mimese, ou seja, uma imitação de realidades sensíveis. Ora, se o sensível, para ele, é cópia do mundo inteligível, podemos concluir que a arte é cópia da cópia. E com a poesia não diferente, pois a poesia é arte. É uma cópia da cópia e, por isso se afasta do verdadeiro. Este afastamento pode conduzir ao engano, os educandos que dela  fizer uso, através dos poetas. E na cidade justa..
        Mas - ela o interrompeu, fazendo cara de muito inteligente e tentando ficar em cima do muro entre Platão e Nietzsche até poder se definir -, você não acha que a obra de Platão é mimética e que, a considerar esse seu raciocínio, ele estaria fazendo o mesmo que critica no outro, por exemplo, em Homero?
       - De fato, esta é uma questão controversa.  Mas eu penso, e conheço outras pessoas que pensam como eu, que a condenação de Platão a Homero integra o seu projeto de restabelecer, na sua cidade, uma Paidéia autêntica e politicamente justa.  A sua ideia era recuperar os valores preconizados pela poesia homérica, e,  mais precisamente, revitalizar o papel da própria poesia enquanto prática e discurso pedagógicos. 
Em si, a poesia não era má. Ela  necessitava de uma repaginada ... Faltava, no entendimento dele, as  bases filosóficas. Ela precisava ser  mais investigadora, você compreende?
          Caramba, eu nem me lembrava, mas, outro dia,  li um artigo bem interessante, que contribui com o que  você está dizendo – emendou ela -, pois o autor diz que a crítica de Platão aos poetas tem o sentido de discernir a verdadeira da falsa mimese. Ou, repetindo suas palavras: da boa ou má mimese, o que equivale mais ou menos, a fazer a distinção entre dois tipos de artistas , o ignorante de um lado e o esclarecido do outro.
          Ele diz, no seu texto, que a poesia tomada nela mesma, a que mimetiza a natureza sensível na sua aparência, estaria no gênero da má mimese, pois é praticada sem reflexão. Esta, Platão não quer na sua cidade.
           Mas tem livre passagem os poetas da boa mimese. Aqueles capazes de poetizar (gostou?) poesias intermediadas pelo pensamento dialético. Poesias voltadas para a Forma, mais próximas de realidade.
           Na verdade, Eurípedes, em minha opinião, a discussão acerca da poesia, independentemente do seu tipo, é muito mais uma oposição entre a poesia e a filosofia. Compreendo, agora, que Platão não descarta de todo a mimese, assim como não descarta de todo a poesia. Ele reconhece que ela é poderosa, até faz uso dela. E, é exatamente pelo seu poder que ela precisa ser usada por aqueles que sabem o que estão fazendo.
O espertinho estava preocupado mesmo era com a função ético-política da poesia na educação, -  ele complementou gracejando.
        Afinal de contas, não é muito diferente nos nossos dias e a cidade dele é bem parecida com a nossa, dirigida por políticos que se preocupam com a Educação, Saúde, Segurança e outros itens basiquinhos para a população.  Predominam em ambas o Belo, o Justo e o  Nobre  você não acha?  –  pergunta ele, fazendo novo gracejo, na tentativa de agradar a bela.
     - Virgem do Céu ! perdi a hora - ela gritou interrompendo-o.
     Vamos. Eu lhe dou uma carona, “mademoiselle” sem nome.
     - Oh eu me esqueci. Meu nome é Sophia.
    Sophia? Tá brincando comigo?!
     - Por que? Você prefere Medeia? - ela riu um riso estonteantemente belo.
    Oh  que Zeus me proteja de mais uma tragédia!


Obs.
Texto livremente baseado em:
SOUZA, J. M. R. de. PLATÃO E A CRÍTICA MIMÉTICA  Á MÍMESIS. Cadernos UFS – Filosofia, São Cristóvão: EdUFS, ano 5, v. 5, jan./jun. 2009.  Disponível em: <http://200.17.141.110/periodicos/cadernos_ufs_filosofia/revistas/ARQ_cadernos_5/jovelina.pdf>. Acesso em: 05/05/2012.

Filosofia02 Aula06 Francis Bacon

OBRA DE ARTE

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Amores na bela Capital Catarinense.