Platão concebe a existência de três elementos eternos, os quais caracterizam sua ontologia:
- idéias arquétipas,
- Demiurgo,
- matéria eterna.
De futuro o neoplatonismo, sobretudo o de Plotino, dará aos três elementos uma sequência dinâmica, com três processões, que serão adotadas pelos teólogos cristãos para racionalizar sua crença na multiplicidade trina das Pessoas divinas.
As idéias arquétipas, segundo Platão, são eternas, reais, universais; elas correspondem aos números arquétipos de que falam os pitagóricos, a partir dos quais Platão formulou sua doutrina.
Deus, enquanto organizador do mundo, é um demiurgo ( = artista, produtor). Atuando sobre a matéria eterna, imprime na mesma os arquétipos. Nascem desta maneira os indivíduos, os mais variados, como sombra das idéias eternas. Deus é conceituado com um artista, que se orienta por uma idéia preexistente. Repete-se aqui algo da mitologia, em que Deus surge como oleiro que faz, manejando com sabedoria, o barro, de onde sai o homem.
Difícil é dizer até aonde Platão se deixou levar por antropomorfismos. No futuro, o neoplatonismo de Plotino, juntará numa só entidade o Logos divino e as idéias exemplares. O exemplarismo divino será retomado por Santo Agostinho e Tomás de Aquino. No pensamento platônico Deus surge como primeiro motor (alma do universo) e como organizador do mundo (demiurgo).
A preocupação de explicar as causas das transformações do mundo já vem dos jônicos novos (a concórdia e a discórdia, em Heráclito, o amor e o ódio, em empédocles, o nous, em Anaxágoras. Neste último, a causa começa a ser concebida como princípio separado da matéria sobre a que atua, mas já sem os conceitos antropomórficos da velha mitologia.
Progride esta tendência filosófica de um Deus pessoal, com Sócrates e Platão.
"Tudo o que está em mutação, o está por ação daquele que o causa... Nada pode, separado daquele que o causa, assumir o devir" (Timeo 28 a).
Imagina-se Platão que deva haver um primeiro motor, ao qual denomina Alma do Mundo. Este primeiro motor, ainda não é examinado com subtilidade. Aristóteles, dirá, depois, que o primeiro motor deve ser motor imóvel e capaz de mover; se ele fosse móvel, precisaria de novo outro para movê-lo. Platão se contenta em indicar um motor com peculiaridade especial, que é a de ser alma, como se a alma não tivesse o mesmo problema...
Em vista de haver necessidade de haver um primeiro motor, este poderia ser uma alma que é;
- "motor e tem em si o princípio do movimento; esta alma pode, portanto, comunicar movimento sem o receber antes" (Leis, X).
- "Alma real, dirigida por uma inteligência real, que organizou tudo e governa todas as coisas" diz Platão no Timeu.
Entre todas as idéias reais, de Platão, a suprema é a do Bem. Há uma tendência do platonismo em identificar este bem supremo com a divindade; nesta condição, o bem, o demiurgo, a alma do mundo se reduziriam entre si. A separação seria apenas uma abstração, que o aspecto literário dos escritos de Platão mantémaparentemente, e que em Plotino é denominado o Uno .
O exemplarismo pitagórico e platônico foi assimilado pela filosofia cristã, mesmo pelo aristotelismo de Tomás de Aquino, que faz Deus ser o modelo exemplar de todas as criaturas. Platão não apresentou um Deus claramente como um Ser personificado, porque oferece os três elementos eternos separadamente (idéias reais, Demiurgo, matéria eterna). O platonismo futuro tenderá a fundir as idéias e o demiurgo.
A transcendência divina é outro aspecto típico do platonismo e que no futuro será radicalizada em Plotino, de tal maneira que o supremo ser é o Uno, do qual emana o Logos, no qual estão as idéias, ocorrendo o contato com a matéria através da Alma do Mundo.
Com referência à alma, diz Platão, que ela mora no corpo, como piloto no navio, isto é, sem se compor substancialmente com ela, conforme quererá Aristóteles.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage
127. Física. A filosofia natural de Platão e a sua concepção geral do mundo é inspirada nos pitagóricos.
Os corpos se compõem de matéria e forma. A matéria é um princípio indeterminado e eterno, que recebe suas determinações da forma.
Em Platão a matéria indeterminada possui uma quase determinação, ainda que sua determinação principal venha das formas.
O mesmo não acontecerá em Aristóteles, que estabelecerá uma noção de matéria, totalmente indeterminada e complementar. Estes dois pontos de vista continuarão através dos tempos dividindo as correntes filosóficas; de um lado o platonismo, que prossegue no neoplatonismo de Plotino e Agostinho e ainda no agostinianismo medieval e no escotismo; de outro, o aristotelismo, continuado, neste particular, pelo tomismo, medieval e moderno e em parte pelo suarezianismo.
As diferenças da forma darão aos corpos suas diferentes espécies substanciais. Acreditavam Platão e Aristóteles, que os quatro elementos água, ar, fogo, terra (assim classificados por Empédocles) eram especificamente distintos, o mesmo acontecendo com a carne, os ossos, as plantas, o pão, etc...
O mundo tem um eixo central, girando sobre si mesmo, tendo a terra no centro. É rodeado de esferas, como firmamentos sucessivos, como já ensinavam os pitagóricos.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage
128. Psicologia. A alma é espiritual, diz Platão, repetindo a Sócrates e Pitágoras. Convive com o corpo material, sem se associar como um composto de partes que se completam. Diferem como o piloto e o navio, - conforme comparação usada, - e em que a alma tem o comando do corpo.
Não sendo componente com o corpo, a alma vem de fora do mundo material. A encarnação se justifica, por necessidade de purificação de culpa anterior. A reminiscência de outras vidas é prova disto. Tais doutrinas as recebeu Platão da tradição órfica e pitagórica vigente no seu tempo e se conservam em parte até hoje.
Divide-se a alma em três partes, a racional, situada na cabeça, a passional, no peito, a apetitiva, no abdômen. Talvez se trate apenas de faculdades da mesma alma, conforme permitem entrever alguns textos, apesar de outros mais favoráveis à divisão real. Na hipótese da divisão, a alma racional seria a espiritual e imortal.
De acordo com o predomínio de uma das partes, os cidadão diferem entre si. Dali a divisão paralela em classes sociais: os políticos, os militares, os trabalhadores.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage
129. Filosofia moral. A ética de Platão é a do direito natural (contra os sofistas) e marcada pelo orfismo. Continua diretamente a ética socrática, dali prosseguindopara novos desenvolvimentos na área política e educacional.
O objetivo geral da vida é a felicidade, com uma hierarquia, na qual prevalecem as partes superiores da alma. Situam-se por via ascendente os prazeres inferiores, próprios à manutenção da vida e da espécie; os prazeres do coração, já menos fugazes; os prazeres buscados pela inteligência.
De outra parte, a união meramente extrínseca da alma com o corpo, dá à ética de Platão (como já a de Sócrates e antes ainda a dos órficos e pitagóricos) um feitio anti-naturalista e pouco grego. Para ela o filósofo é um "forasteiro" (Teeteto 174), que passa por esta vida sem se interessar pelo que se lhe apresenta.
Este ideal forasteiro se transferirá ao neoplatonismo de Plotino e confere em muitos aspectos com o cristianismo.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage
- idéias arquétipas,
- Demiurgo,
- matéria eterna.
De futuro o neoplatonismo, sobretudo o de Plotino, dará aos três elementos uma sequência dinâmica, com três processões, que serão adotadas pelos teólogos cristãos para racionalizar sua crença na multiplicidade trina das Pessoas divinas.
As idéias arquétipas, segundo Platão, são eternas, reais, universais; elas correspondem aos números arquétipos de que falam os pitagóricos, a partir dos quais Platão formulou sua doutrina.
Deus, enquanto organizador do mundo, é um demiurgo ( = artista, produtor). Atuando sobre a matéria eterna, imprime na mesma os arquétipos. Nascem desta maneira os indivíduos, os mais variados, como sombra das idéias eternas. Deus é conceituado com um artista, que se orienta por uma idéia preexistente. Repete-se aqui algo da mitologia, em que Deus surge como oleiro que faz, manejando com sabedoria, o barro, de onde sai o homem.
Difícil é dizer até aonde Platão se deixou levar por antropomorfismos. No futuro, o neoplatonismo de Plotino, juntará numa só entidade o Logos divino e as idéias exemplares. O exemplarismo divino será retomado por Santo Agostinho e Tomás de Aquino. No pensamento platônico Deus surge como primeiro motor (alma do universo) e como organizador do mundo (demiurgo).
A preocupação de explicar as causas das transformações do mundo já vem dos jônicos novos (a concórdia e a discórdia, em Heráclito, o amor e o ódio, em empédocles, o nous, em Anaxágoras. Neste último, a causa começa a ser concebida como princípio separado da matéria sobre a que atua, mas já sem os conceitos antropomórficos da velha mitologia.
Progride esta tendência filosófica de um Deus pessoal, com Sócrates e Platão.
"Tudo o que está em mutação, o está por ação daquele que o causa... Nada pode, separado daquele que o causa, assumir o devir" (Timeo 28 a).
Imagina-se Platão que deva haver um primeiro motor, ao qual denomina Alma do Mundo. Este primeiro motor, ainda não é examinado com subtilidade. Aristóteles, dirá, depois, que o primeiro motor deve ser motor imóvel e capaz de mover; se ele fosse móvel, precisaria de novo outro para movê-lo. Platão se contenta em indicar um motor com peculiaridade especial, que é a de ser alma, como se a alma não tivesse o mesmo problema...
Em vista de haver necessidade de haver um primeiro motor, este poderia ser uma alma que é;
- "motor e tem em si o princípio do movimento; esta alma pode, portanto, comunicar movimento sem o receber antes" (Leis, X).
- "Alma real, dirigida por uma inteligência real, que organizou tudo e governa todas as coisas" diz Platão no Timeu.
Entre todas as idéias reais, de Platão, a suprema é a do Bem. Há uma tendência do platonismo em identificar este bem supremo com a divindade; nesta condição, o bem, o demiurgo, a alma do mundo se reduziriam entre si. A separação seria apenas uma abstração, que o aspecto literário dos escritos de Platão mantémaparentemente, e que em Plotino é denominado o Uno .
O exemplarismo pitagórico e platônico foi assimilado pela filosofia cristã, mesmo pelo aristotelismo de Tomás de Aquino, que faz Deus ser o modelo exemplar de todas as criaturas. Platão não apresentou um Deus claramente como um Ser personificado, porque oferece os três elementos eternos separadamente (idéias reais, Demiurgo, matéria eterna). O platonismo futuro tenderá a fundir as idéias e o demiurgo.
A transcendência divina é outro aspecto típico do platonismo e que no futuro será radicalizada em Plotino, de tal maneira que o supremo ser é o Uno, do qual emana o Logos, no qual estão as idéias, ocorrendo o contato com a matéria através da Alma do Mundo.
Com referência à alma, diz Platão, que ela mora no corpo, como piloto no navio, isto é, sem se compor substancialmente com ela, conforme quererá Aristóteles.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
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127. Física. A filosofia natural de Platão e a sua concepção geral do mundo é inspirada nos pitagóricos.
Os corpos se compõem de matéria e forma. A matéria é um princípio indeterminado e eterno, que recebe suas determinações da forma.
Em Platão a matéria indeterminada possui uma quase determinação, ainda que sua determinação principal venha das formas.
O mesmo não acontecerá em Aristóteles, que estabelecerá uma noção de matéria, totalmente indeterminada e complementar. Estes dois pontos de vista continuarão através dos tempos dividindo as correntes filosóficas; de um lado o platonismo, que prossegue no neoplatonismo de Plotino e Agostinho e ainda no agostinianismo medieval e no escotismo; de outro, o aristotelismo, continuado, neste particular, pelo tomismo, medieval e moderno e em parte pelo suarezianismo.
As diferenças da forma darão aos corpos suas diferentes espécies substanciais. Acreditavam Platão e Aristóteles, que os quatro elementos água, ar, fogo, terra (assim classificados por Empédocles) eram especificamente distintos, o mesmo acontecendo com a carne, os ossos, as plantas, o pão, etc...
O mundo tem um eixo central, girando sobre si mesmo, tendo a terra no centro. É rodeado de esferas, como firmamentos sucessivos, como já ensinavam os pitagóricos.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
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128. Psicologia. A alma é espiritual, diz Platão, repetindo a Sócrates e Pitágoras. Convive com o corpo material, sem se associar como um composto de partes que se completam. Diferem como o piloto e o navio, - conforme comparação usada, - e em que a alma tem o comando do corpo.
Não sendo componente com o corpo, a alma vem de fora do mundo material. A encarnação se justifica, por necessidade de purificação de culpa anterior. A reminiscência de outras vidas é prova disto. Tais doutrinas as recebeu Platão da tradição órfica e pitagórica vigente no seu tempo e se conservam em parte até hoje.
Divide-se a alma em três partes, a racional, situada na cabeça, a passional, no peito, a apetitiva, no abdômen. Talvez se trate apenas de faculdades da mesma alma, conforme permitem entrever alguns textos, apesar de outros mais favoráveis à divisão real. Na hipótese da divisão, a alma racional seria a espiritual e imortal.
De acordo com o predomínio de uma das partes, os cidadão diferem entre si. Dali a divisão paralela em classes sociais: os políticos, os militares, os trabalhadores.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
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129. Filosofia moral. A ética de Platão é a do direito natural (contra os sofistas) e marcada pelo orfismo. Continua diretamente a ética socrática, dali prosseguindopara novos desenvolvimentos na área política e educacional.
O objetivo geral da vida é a felicidade, com uma hierarquia, na qual prevalecem as partes superiores da alma. Situam-se por via ascendente os prazeres inferiores, próprios à manutenção da vida e da espécie; os prazeres do coração, já menos fugazes; os prazeres buscados pela inteligência.
De outra parte, a união meramente extrínseca da alma com o corpo, dá à ética de Platão (como já a de Sócrates e antes ainda a dos órficos e pitagóricos) um feitio anti-naturalista e pouco grego. Para ela o filósofo é um "forasteiro" (Teeteto 174), que passa por esta vida sem se interessar pelo que se lhe apresenta.
Este ideal forasteiro se transferirá ao neoplatonismo de Plotino e confere em muitos aspectos com o cristianismo.
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