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sábado, 26 de junho de 2010

PRIMEIRO PERÍODO DA FILOSOFIA ANTIGA: ESCOLA JÔNICA

A Escola Jônica Nova prosseguiu os trabalhos dos filósofos milésios em diferentes outras cidades.
Quanto à Mileto, como já se disse, fora destruída em 494 a.C., depois de uma revolução, reprimida pelos persas.
Os novos representantes da Escola Jônica, por serem mais recentes, sofrem as influências de outras escolas.

Tematicamente a Escola Jônica Nova não se limitou ao estudo do princípio primordial das coisas.
Preocupou-se também com o exame das causas transformadoras da natureza, ou seja das leis naturais. Este último aspecto é importante em si mesmo e ainda porque o estudo das causas naturais afasta a visão animista, mágica e mitológica do universo.
Heráclito de Éfeso (c. 535-475 a.C.). Filósofo de língua grega, do período pré-socrático, da escola jônica nova, nascido em Éfeso, cidade da Jônia, Ásia Menor. Socialmente era da nobreza de Éfeso, que, em seu tempo, fora alijada do poder. Esta fato poderá explicar sua aversão à massa popular. Certamente um misantropo, ou ao menos um aristocrata cheio de originalidades, esta condição pessoal contribuiu para que em seu torno se criassem ficções biográficas, que não podemos hoje tomar como precisas. Nem mesmo a doutrina do mobilismo de todas as coisas, que o caracterizou, não teria sido tão radical.
Escreveu um livro Sobre a natureza (A , D Â N b F , T H ). Mas não se pode afirmar fosse este o título, porquanto foi um hábito posterior atribuir este mesmo título aos escritos dos filósofos antigos sobre o referido tema. O texto certamente existiu como provam os poucos fragmentos que dele restam.
Diante da mobilidade de todas as coisas, Heráclito elegeu o fogo, como sendo o elemento primordial de constituição da natureza.
O logos, concebido por Heráclito como uma lei natural ordenadora, a tudo comanda; esta ordenação se dá em forma dialética, cujas direções contrárias denominou antropomorficamente como sendo a concórdia e a discórdia. O fogo é indefinido, ao modo do ar de Anaximandro, a quem não inclui entre os que criticou.
Afirmando enfaticamente que "tudo flui e nada permanece" (B V < J " Õ , Ã 6 " Â @ Û * ¥ < : X < , 4 ), antecipou um dado importante da ciência moderna. A preocupação com a causa da mudança é também um elemento novo, pelo qual a escola jônica nova se distingue da anterior escola jônica antiga (Tales, Anaximandro, Anaxímenes), que cuidaram quase só dos elementos estruturais.
O mobilismo de Heráclito terá também na sua oposição o imobilismo da escola eleática e a imutabilidade dos átomos da escola atomista, bem como dos números arquétipos dos pitagóricos.
O fogo, e o logos que o dinamiza e ordena, oferece uma visão monista e hilozoista do mundo. Tudo é vivo e se move com inteligência, de onde a ordem do universo.
"Bem dizia Heráclito:
Homens são deuses e deuses são homens,
porque o Lógos é um só" (Hipólito, Refutações, IX, 10,6).

A mutabilidade das coisas também conduz ao probabilismo a respeito dos sentidos e à crença na razão. No Extremo Oriente, à este tempo, Laotse defendia concepção monista e mobilista semelhante.

Empédocles de Agrigento (c. 495-435 a.C.), primeiro filósofo nascido no Ocidente, na Sicília, é seguidor da filosofia jônica. Foi também poeta, orador, além de curandeiro, com fama de taumaturgo.
Concebeu uma cosmologia com 4 elementos, - água, ar, fogo e terra, - às quais chamou raízes (rizomata). Posteriormente outros falarão em elementos (stoicheiai).
Às duas forças naturais contrárias, denominou amor e ódio. Na linguagem mítica e antropomórfica, seriam dois deuses.
Como em Heráclito, todos os elementos são vivos.
O evolucionismo, já apregoado por Anaximandro, é explicado por Empédocles pela seleção dos mais aptos. É sugestivo este fragmento:
"E nasceram muitos com o rosto duplo e o peito duplo, bois com faces de homem ou busto humano com fisionomia de boi, formas mistas de machos e fêmeas, com membros peludos" (Frag. 61).

Comenta neste sentido Aristóteles, contrariando-o todavia:
"Sem dúvida, conservaram-se aqueles seres constituídos vantajosamente pelo azar, nos quais tudo aconteceu como se se produzisse com finalidade para algo; porém os que não o foram assim, pereceram e perecem, tal como disse Empédocles... Mas (conclui Aristóteles) é impossível que este fosse o modo ... " (Arist., Física, 199a 29).
Anaxágoras de Clazomena (c. 500-428 a.C.). Filósofo pré-socrático, de língua grega, nascido em Clazomene, Jônia (Ásia Menor). Usualmente classifica-se numa lista de três, após Heráclito e Empédocles, formando a Escola Jônica Nova.
Foi o primeiro filósofo jônico significativo a estabelecer-se em Atenas, ao tempo de Péricles, por volta 440 a.C., razão de sua importância, por haver assim influenciado a formação do pensamento de Sócrates e logo também de Platão e Aristóteles. Mas, por causa de suas doutrinas naturalistas, teve de fugir de volta para a Jônia, acusado de impiedade para com os deuses Suas doutrinas contrárias aos mitos, forçaram-no finalmente a retornar ao seu país, fundando uma escola em Lâmpsaco.
Escreveu um livro Sobre a natureza (A , D Â N b F , T H ), do qual restam fragmentos e referências inúmeras às suas doutrinas.
Como Heráclito e Empédocles, tratou Anaxágoras não somente dos componentes dos corpos, mas também das causas que operam as mudanças. Contra a doutrina unicista dos eleatas, Anaxágoras concebeu os corpos como sendo compostos de um número indefinido de partículas invariáveis e homogêneas, as homeomerias. A uma delas atribuiu inteligência (< @ Ø H ), a qual seria a ordenadora de tudo. A causa do movimento e da ordem seria a partícula inteligente, o nous.
"Estando todas as coisas reunidas, - disse Anaxágoras, - e em repouso por um tempo infinito, o nous introduziu o movimento e separou-as" (Arist., Física, VIII, 1. 250b 25).

Não mais concebeu as forças da natureza como opostas entre si, pela guerra e paz (Heráclito), amor e ódio (Empédocles); nem ao modo dos muitos contrários de Pitágoras.
As colocações de Anaxímenes são conciliatórias entre o mobilismo de Heráclito e o imobilismo dos eleatas, porque concebe as partículas como em si mesmas imutáveis, ao mesmo tempo que se compõem de maneira variada, resultando em consequência em seres muito diversos.
Os astros não são deuses, mas pedras incandescentes, conforme inferia de um meteorito então caído do céu .
Sobre a natureza exata do nous se tem discutido muito. De qualquer forma, como explicação racional do movimento, mereceu os encômios de Aristóteles. O nous representa o início da idéia de um Deus alcançado por via filosófica, diferente dos deuses antropomórficos populares. De qualquer maneira é a introdução do conceito do supra-sensível na filosofia.
Não substitui Anaxágoras totalmente as forças naturais pelo nous, porquanto reconhece a existência da força de gravidade. Este particular teórico, do filósofo de Clazomena, é significativo, porque nele apoia a formação do universo.
"Os corpos mais pesados, como a terra, tendem a colocar-se debaixo, e os mais leves em cima; o ar e a água no meio" (D. Laércio, II, 9 sobre Anaxágoras).
Epígonos da escola jônica. Com perduração no tempo, a Escola Jônica Nova terá alguns representantes no período seguinte, o socrático.
Hipon de Samos (5-o século a.C.). Filósofo e médico grego, citado como epígono da escola jônica, contemporâneo de Péricles (+429 a.C.). Como Pitágoras, que também foi de Samos, Hipon veio para o Ocidente, aqui talvez fazendo os estudos de medicina em Crotona, com os pitagóricos. Dos seus escritos resta apenas um fragmento nos Escólios homéricos, além das referências ao seu pensamento em vários autores.
Propôs a água como elemento primordial, prosseguindo, pois, os ensinamentos a este respeito de Homero e Tales de Mileto.
Ocupou-se Hipon também do homem, de acordo com a tendência humanística do período da ilustração grega. Estabeleceu o cérebro com sede da alma e centro da coordenação dos sentidos.
Filósofo monista, como todos os jônicos, foi como estes, dito ateísta. Sendo, entretanto, um monista, não é um ateu agnosticista.
Fonte: Fonte: Enciclopédia Simpozio

http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y013.htm#BM2216y018

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