III - DOUTRINAS DE PLATÃO:
De maneira geral, o platonismo é:
- Inteletualista (não sensista);
- Racionalista (não empirista);
- Racionalista radical, atingindo universais independentemente da experiência (não racionalista moderado, como Aristóteles);
- Ineista (das idéias universais);
- Trinitarista na visão geral do ser (idéias reais, demiurgo, mundo);
- Dualista (não reducionista da alma e corpo);
- Absolutista em política.
Por estas e outras razões teve Platão a aceitação relativamente fácil das religiões, por exemplo dos primeiros cristãos. Considere-se, que entre os primeiros cristãos, além da idéia da ressurreição final, havia os que, como Orígenes, admitiam a reencarnação dos espíritos, até a purificação final de todos, inclusive dos demônios, como definitivo triunfo do bem.
Divisão das ciências:
Ao tempo de Platão já andavam bastante distintas as ciências, ora mencionadas pelos dois gêneros teóricas e práticas; ora, pela divisão em dialética, física, ética. Aristóteles reformulará ligeiramente as divisões platônicas.
Dedicou-se Platão mais às ciências práticas, especialmente à política; manteve-se, por conseguinte, numa linha de conduta socrática. Esta tendência moral foi própria sobre tudo dos primeiros escritos do grupo chamados diálogos socráticos - Apologia, Criton, Hípias menor, Alcibíades, Laques, Carmides, Apologia de Sócrates, Criton.
Não obstante, é vasto o que Platão escreveu sobre ciências teóricas nos diálogos mais recentes, ainda que no decurso das exposições prevaleça ainda como global o prático. Por causa destas considerações teóricas acrescidas, Platão se manteve sempre vivo.
Nas suas considerações práticas, abordou ao mesmo tempo, e progressivamente, a lógica, a filosofia da linguagem e da arte, a cosmologia, a psicologia racional, a teoria do conhecimento e a ontologia. As ciências especulativas não alcançam subdistinção entre si, como sucederá em Aristóteles; este diferenciará claramente entre filosofia primeira e filosofia segunda, bem como as tratará em separado.
Gnosiologia dialética de Platão. A primeira parte da filosofia de Platão conhecida por Dialética (e seguida da Física e da Ética) trata de teoria do conhecimento ou gnosiologia, acompanhada de uma metodologia. Esta metodologia é, a rigor a dialética; os outros nomes aqui usados são entretanto de criação moderna. O próprio termo dialética adquiriu modernamente outras acepções.
O método dialético de Platão pressupõe toda uma teoria do conhecimento, em que se destacam a especificidade a inteligência e os universais reais, que ela capta, usando o referido método.
A especificidade da inteligência, distinta dos sentidos, foi defendida, como já em Sócrates, contra os sofistas. Mostrou Platão a especificidade da inteligência, apontando para o objeto muito especial, por ela encontrado e que não coincide com os objetos da vista, do ouvido, que são faculdades sensíveis. Desta sorte, diferênciou as faculdades pelo seu objeto formal próprio.
No Teeteto, diálogo do período médio, bem depois da fundação da Academia (387 a.C.), se diz:
"Convirás - diz Sócrates - em que, o que sentimos por meio de uma faculdade, não se pode sentir por meio de outra, e o que chega pelo ouvido não o podes sentir por meio da vista, assim como o que procede desta não pode chegar-te por via do ouvido" (Teeteto 185 a).
Passa a seguir ao diálogo que resulta em mostrar que o ser é o objeto formal ou essencial da inteligência, ser este que está contido em comum, tanto nos sons,como nas cores e em outra qualquer das qualidades sensíveis. O diálogo, posto no comando de Sócrates, segue:
"Com que se exerce a faculdade que te manifesta o que é comum a estes sensíveis, o que tu designas com os termos é e não é? Que órgãos designarás a todos estes comuns, por meio dos quais aquilo, que em nós percebe, pode distinguí-los? Teeteto: - Falas do ser e do não ser; da semelhança e dissemelhança, da identidade e das diferenças... Vejo que a alma por si mesma os distingue em todas as coisas" (Teeteto 185 c).
Prossegue Sócrates:
"És belo! Vês que a alma por si mesma percebe uma coisas e por meio dos órgãos do corpo outras... Em qual da duas ordens pões o ser? Porque é ele que está acima de tudo (o mais extenso)?
Teeteto: - O ponho entre os objetos que a alma se esforça em alcançar por si mesma" (Teeteto 186 e).
Os objetos da inteligência, ou seja das idéias alcançadas diretamente, sem os sentidos pelo meio, são em primeiro lugar os universais reais, como depois os caracterizará Platão ou universais arquétipos porque também servem de modelo para as coisas sensíveis.
Não se contentou Platão em admitir somente a universalidade do ser real; também as demais noções, como as propriedades, são universais reais, como sejam o uno, a substância, a verdade, a justiça, o bem, belo etc., tudo mais ou menos ao modo pitagórico dos números.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage
Dedicou-se Platão mais às ciências práticas, especialmente à política; manteve-se, por conseguinte, numa linha de conduta socrática. Esta tendência moral foi própria sobre tudo dos primeiros escritos do grupo chamados diálogos socráticos - Apologia, Criton, Hípias menor, Alcibíades, Laques, Carmides, Apologia de Sócrates, Criton.
Não obstante, é vasto o que Platão escreveu sobre ciências teóricas nos diálogos mais recentes, ainda que no decurso das exposições prevaleça ainda como global o prático. Por causa destas considerações teóricas acrescidas, Platão se manteve sempre vivo.
Nas suas considerações práticas, abordou ao mesmo tempo, e progressivamente, a lógica, a filosofia da linguagem e da arte, a cosmologia, a psicologia racional, a teoria do conhecimento e a ontologia. As ciências especulativas não alcançam subdistinção entre si, como sucederá em Aristóteles; este diferenciará claramente entre filosofia primeira e filosofia segunda, bem como as tratará em separado.
Gnosiologia dialética de Platão. A primeira parte da filosofia de Platão conhecida por Dialética (e seguida da Física e da Ética) trata de teoria do conhecimento ou gnosiologia, acompanhada de uma metodologia. Esta metodologia é, a rigor a dialética; os outros nomes aqui usados são entretanto de criação moderna. O próprio termo dialética adquiriu modernamente outras acepções.
O método dialético de Platão pressupõe toda uma teoria do conhecimento, em que se destacam a especificidade a inteligência e os universais reais, que ela capta, usando o referido método.
A especificidade da inteligência, distinta dos sentidos, foi defendida, como já em Sócrates, contra os sofistas. Mostrou Platão a especificidade da inteligência, apontando para o objeto muito especial, por ela encontrado e que não coincide com os objetos da vista, do ouvido, que são faculdades sensíveis. Desta sorte, diferênciou as faculdades pelo seu objeto formal próprio.
No Teeteto, diálogo do período médio, bem depois da fundação da Academia (387 a.C.), se diz:
"Convirás - diz Sócrates - em que, o que sentimos por meio de uma faculdade, não se pode sentir por meio de outra, e o que chega pelo ouvido não o podes sentir por meio da vista, assim como o que procede desta não pode chegar-te por via do ouvido" (Teeteto 185 a).
Passa a seguir ao diálogo que resulta em mostrar que o ser é o objeto formal ou essencial da inteligência, ser este que está contido em comum, tanto nos sons,como nas cores e em outra qualquer das qualidades sensíveis. O diálogo, posto no comando de Sócrates, segue:
"Com que se exerce a faculdade que te manifesta o que é comum a estes sensíveis, o que tu designas com os termos é e não é? Que órgãos designarás a todos estes comuns, por meio dos quais aquilo, que em nós percebe, pode distinguí-los? Teeteto: - Falas do ser e do não ser; da semelhança e dissemelhança, da identidade e das diferenças... Vejo que a alma por si mesma os distingue em todas as coisas" (Teeteto 185 c).
Prossegue Sócrates:
"És belo! Vês que a alma por si mesma percebe uma coisas e por meio dos órgãos do corpo outras... Em qual da duas ordens pões o ser? Porque é ele que está acima de tudo (o mais extenso)?
Teeteto: - O ponho entre os objetos que a alma se esforça em alcançar por si mesma" (Teeteto 186 e).
Os objetos da inteligência, ou seja das idéias alcançadas diretamente, sem os sentidos pelo meio, são em primeiro lugar os universais reais, como depois os caracterizará Platão ou universais arquétipos porque também servem de modelo para as coisas sensíveis.
Não se contentou Platão em admitir somente a universalidade do ser real; também as demais noções, como as propriedades, são universais reais, como sejam o uno, a substância, a verdade, a justiça, o bem, belo etc., tudo mais ou menos ao modo pitagórico dos números.
Fonte: Enciclopédia Simpozio
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/novo/2216y098.htm#TopOfPage
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