Suely Monteiro
Minha avó materna era uma excelente contadora de estórias.
Sentando-nos aos seus pés, preenchia nossas horas com belos contos que algumas vezes tinham a finalidade de nos ensinar alguma regra familiar, mas na maioria delas, era somente uma forma de estar conosco, decorando as prateleiras de nossas mentes com belíssimos exemplares de sabedoria em frascos de ludicidade.
Herdei dela o gosto pelos contos e quando minha filha nasceu nos entretinhamos à beira dos maravilhosos jardins dos palácios das belas princesas , aventurávamos pelos sombrios bosques dos animais ferozes, escondíamos dos ladrões nas grutas de Ali Babá e viajávamos pelo mundo em tapetes voadores.
Minha filha e eu, hoje, voamos pelo mundo espremidas na barriga de um monstro de asas de ferro, que nos mantém sentadas e amarradas pela cintura para evitar, certamente, que pulemos amarelinha nas nuvens de seus céus.
Para afugentar o tédio, enganamos o poderoso deus Kronos ouvindo imagens que falam num livro de vidro ou lendo num livro sem páginas. Muito diferente de antigamente, mas muito bom também...
Foi num desses livros que li o texto que divido com vocês hoje:
Sentando-nos aos seus pés, preenchia nossas horas com belos contos que algumas vezes tinham a finalidade de nos ensinar alguma regra familiar, mas na maioria delas, era somente uma forma de estar conosco, decorando as prateleiras de nossas mentes com belíssimos exemplares de sabedoria em frascos de ludicidade.
Herdei dela o gosto pelos contos e quando minha filha nasceu nos entretinhamos à beira dos maravilhosos jardins dos palácios das belas princesas , aventurávamos pelos sombrios bosques dos animais ferozes, escondíamos dos ladrões nas grutas de Ali Babá e viajávamos pelo mundo em tapetes voadores.
Minha filha e eu, hoje, voamos pelo mundo espremidas na barriga de um monstro de asas de ferro, que nos mantém sentadas e amarradas pela cintura para evitar, certamente, que pulemos amarelinha nas nuvens de seus céus.
Para afugentar o tédio, enganamos o poderoso deus Kronos ouvindo imagens que falam num livro de vidro ou lendo num livro sem páginas. Muito diferente de antigamente, mas muito bom também...
Foi num desses livros que li o texto que divido com vocês hoje:
“Franz Kafka, conta a história, certa vez encontrou uma menininha no parque onde ele caminhava diariamente. Ela estava chorando. Tinha perdido sua boneca e estava desolada. Kafka ofereceu ajuda para procurar pela boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte no mesmo lugar.
Incapaz de encontrar a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a garotinha quando se encontraram. “Por favor, não se lamente por mim, parti numa viagem para ver o mundo. Escreveu para você das minhas aventuras”.
Esse foi o início de muitas cartas. Quando ele e a garotinha se encontravam ele lia essas cartas compostas cuidadosamente com as aventuras imaginadas da amada boneca. A garotinha se confortava.
Quando os encontros chegaram ao fim, Kafka presenteou a menina com uma boneca.
Ela era obviamente diferente da boneca original.
Uma carta anexa explicava: “minhas viagens me transformaram…”.
Muitos anos depois, a garota agora crescida encontrou uma carta enfiada numa abertura escondida da querida boneca substituta.
Em resumo, dizia: “Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”.
May Benatar, no artigo “Kafka and the Doll: The Pervasiveness of Loss” (publicado no Huffington Post).
Nota : Recebi este texto por email. Não possuo outras referencias.
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