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domingo, 8 de julho de 2012

POEMA DE SAFO SOBREO CIÚME,


Parece-me igual aos deuses o homem que, diante de ti e próximo,escuta a tua doce voz e o teu riso amorável.
Isso faz-me tumultuar o coração no peito. Na verdade, basta-me ver-te para quea voz me falte, a língua se me fenda e um repentino fogo subtil alastre sob a minha pele, os olhos se me escureçam, os ouvidos me zumbam, o suor me inunde, um arrepio me percorra toda.
Fico mais verde do que a erva. Sinto que vou morrer.Mas tudo é suportável, desde que humilde.

FOTOGRAFIA

Domingo de frio e sol no Sul da Ilha de Florianópolis em Santa Catarina.
Um encontro, um olhar e um amor que vem se renovando, diariamente,
ao longo dos anos.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

A Responsabildiade Individual na Garantia do Estado Democrático


                 A Responsabilidade Individual na Garantia do Estado Democrático

                                                                                                                         Suely Monteiro

                O contrato social é um pacto, um veículo de livre transferência dos direitos dos indivíduos ao soberano ou a um grupo de pessoas, com base na garantia de segurança.  É a base do Estado Moderno.

                Sua linha norteadora advém das filosofias de Hobbes e de Locke, ou seja, do Absolutismo e do Liberalismo, tomando características mais ou menos diferenciadas conforme a tendência para seguir um ou outro pensador.

               Hobbes fundamenta sua teoria no convencionalismo ético e no pessimismo antropológico, caminhando na contramão de Locke que é mais confiante em sua visão do homem.

               Enquanto Hobbes concebe o cidadão, no estado civil, como despido de qualquer dos direitos naturais que tinha antes, conservando somente os direitos civis, que estão à disposição do soberano para a melhor manutenção da paz, Locke diz que os direitos naturais seguem existindo, representando seu conteúdo um limite natural para a soberania e sua efetivação o fim último do governo.

                Hobbes pensa a partir do individuo. O todo é concebido como uma solução provisória. Para ele, a luta por reconhecimento e poder continua sendo fundamental nas relações humanas, não apenas no âmbito econômico, mas também, no âmbito psicológico. Para ele, isto é factível de verificar nas relações em comunidades, entre cônjuges e entre pais e filhos.

                  Todavia, para além do fato de priorizar esta ou aquela visão é importante lembrar que os aprimoramentos de ambas as filosofias propiciaram, ao longo dos séculos, várias mudanças no cenário político, favorecendo o surgimento da democracia.

                 No que toca ao Brasil, a inserção da expressão Estado Democrático de Direito na Constituição de 1988, orientou o constituinte para uma visão menos individualista de Estado, provocando maior participação dos componentes individuais, em uma perspectiva ascendente ( Zimmermann, 2002, pg. 109), citado por  Julia Maurmann Ximenes.

                 É bom que tenha ocorrido desta maneira. Todavia, não é o suficiente.

                 O que sobressai no momento atual é o fato de que o cidadão brasileiro comum ao depositar o seu voto na urna não se sente seguro de que seus direitos serão defendidos, protegidos.

                   A igualdade e a segurança, garantias presumidas em Lei, estão distantes de alcançar o “status” de realidade. As minorias continuam não sendo contempladas nas resoluções tomadas e a insatisfação com os abusos nas políticas governamentais brotam em manifestações que, muitas vezes, a força poderosa do Estado contém, mas não elimina, pois não tem poder de resolução das questões que as originaram.

                    As longas filas para as consultas, a deficiência de moradia, os medos que invadem os corações daqueles que precisam sair de casa cedo ou voltar tarde e a educação à beira da falência são provas incontestes de que muita coisa precisa ser feita  e de que o cidadão precisa estar cada vez mais, motivado para participar, ativamente, de ações que ajudem a mudar o rumo da sociedade constituída, porém com outras estratégias.

               Parece mais do que provado que a violência não tem força para coibir abusos ou garantir mudanças promissoras. Vivemos em  sociedade e devemos respeito uns aos outros. 

              Em ano eleitoral, analisar bem  as fichas dos candidatos, antes de decidir em quem votar,  é um caminho que  ajudará a coibir  alguns  abusos e, consequentemente, concorrerá para avançar na concretização das promessas que fomentaram o pacto social. É, também, um ato que imprimirá na sociedade a marca de nossa participação responsável no processo do seu engrandecimento.

           A braços com a paz!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

ARTE: NEOCLASSICISMO






Banhista de Valpinçon, de Jean Auguste Dominique Ingres, em 1808

                   O neoclassicismo exigia  apuramento das técnicas de desenhos, com a utilização de traçados simples; compreensão profunda  da maneira de equilibrar as cores, uma vez que as imagens deveriam  exprimir inclusive a textura das coisas;  o desenho se sobrepõe , hierarquicamente a cor, dando à pintura uma aparência de escultura . 
                 O quadro em questão mostra claramente estas características e ajuda a identificar a época.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Perspectiva ontológica cartesiana


                                                                                    Suely Monteiro
                    Descartes introduz em sua epistemologia, uma perspectiva ontológica, deslocando o questionamento sobre o Objeto que se mostra a uma razão capaz de captar a ordem efetiva das coisas para o Sujeito que volitivamente se direciona para o Objeto na intenção de captar essa ordem. 
                    Este deslocamento é o Principio da Consciência de Si ou Principio da Subjetividade e, a partir dele, Descartes formulará outro traço determinante do pensamento moderno que é o dualismo entre o eu e o mundo exterior, corpo e alma, mantendo uma participação de Deus, Substância infinita que funda o ser da substância extensa e da substancia pensante, em nós.
                   Em Descartes a racionalidade do eu e a racionalidade do mundo exterior estão relacionadas, ou seja, são idênticas e existe uma estrutura racional nos dois mundos que pela matematização (conceituação em fórmulas racionais) do mundo exterior ele pode conceber a realidade como um sistema de pensamentos fundidos na consciência. É o Idealismo. 
                  Essa convicção filosófica Idealista norteará quase toda a filosofia moderna e, mesmo com algumas críticas que se faz a Descartes na contemporaneidade, é preciso ter, sempre, em mente que o Racionalismo e o Mecanicismo advindos de suas descobertas de uma realidade primeira se tornaram a base da nova ciência e ajudaram na propulsão do progresso.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Arte: Rita Hayworth Is Stayin' Alive,


Bela montagem feita com a música Embalos do Sábado à Noite, dos Bee Gees e diversos filmes musicais com Rita Hayworth, Fred Astaire, Gene Kelly e outros. Vale a pena ver, ou ver de novo!

terça-feira, 26 de junho de 2012

AYAN RAND - 1920.

Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), mostrando uma visão com conhecimento de causa:
"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você;
quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada".


Colaboração Vilma Mattos Pinto

sábado, 23 de junho de 2012

Reflexões Psico-filosóficas sobre "O Grito", de Munch e "Construção Mole com Feijões Cozidos", de Dali.

                                                                                                                               Suely Monteiro
                         A primeira vez que vi O Grito, do norueguês Edvard Munch, eu achei horrível. Tive uma péssima impressão e imaginei se alguém teria coragem de comprar e, em caso afirmativo, pendurar numa residência uma obra com um aspecto tão infeliz.
                         Impressão pior eu tive do quadro Construção Mole com Feijões Cozidos, do pintor espanhol Salvador Dalí.
                        Eu estava acostumada a um tipo de arte mais representativa do ideal de beleza grego.
                        Nas poucas visitas que fiz aos museus europeus eu me deixava enternecer diante daquelas obras gigantescas, perfeitas.
                        Não visitava outros salões e estilos.  Estava satisfeita.  Não despertara, ainda, para o universo imenso e diversificado que é o mundo da Arte. Agia como o peixinho que, por nunca ter saído do lago, imaginava ser ele o centro do mundo. Eu não conhecia e, portanto, não sabia “ler” os vários dialetos da alma.
                        Um dia eu estava fazendo fisioterapia, com a janela aberta e de repente olhei para o céu muito azul com nuvens brancas.
                        Relembrei meus anos antigos quando deitava na grama com minhas irmãs e, juntas, ficávamos lendo o grande livro de desenho de Deus.
                        Comovida, desviei os olhos para a floresta (moro próximo à mata atlântica) e, desta vez, observei que o Desenhista das nuvens fazia desenhos na floresta e que estes eram muitas vezes torcidos, de cores fortes, com traçados variados, tamanhos distintos e alguns muito feios conviviam de maneira harmoniosa com outros muito bonitos...
                      Naquele instante comecei a pensar no significado do feio e do belo, na importância do diferente, e na minha ingenuidade pensei que essas diferenças na natureza podiam sim refletir os diferentes momentos “psicológicos” do Criador.
                           Hoje, passados muitos anos, me vejo escrevendo sobre o Expressionismo como uma arte que reflete um momento especial da humanidade, seu estado psicológico e que, neste sentido, algumas vezes se reveste de uma deselegante e chocante beleza.

                           Assim pensando, olho novamente os quadros de Munch e Salvador Dalí e não sinto o mesmo impacto. Consigo ler as cores fortes, as formas deformadas, contorcidas e desesperadas. Consigo entender um pouco o sentimento que animou os artistas enquanto pintavam suas dores, suas visões do mundo e suas maneiras de reagir aos fatos.

                            Nietzsche, que estudou profundamente a cultura grega, fala que a arte se desenvolveu da dicotomia entre os aspectos apolíneo e dionisíaco que permeavam o mundo cultural grego. Mas o que significa isto?  De maneira sucinta e apressada eu diria que Apolo era a representação grega do ideal do Belo e Dionísio, a representação da força da natureza em sua mais pungente forma.  
                          Em O Grito o artista deixa vir à tona essa força poderosa que irrompe abruptamente de sua alma. Ele não tenta esconder a angústia sob máscaras, ao contrário, revela-a em sua plenitude.             
                         Os traços e cores fortes, as formas deformadas podem sim ser vistos como o esforço que a natureza das coisas faz para chegar à superfície, a vontade de se impor à vida, típico do caráter dionisíaco.
                         O Grito é um pedido de ajuda?                   
                         É um lancinante choro de desesperança?
                         É um dialeto da revolta?
                        Para mim pode ser tudo isto, pois este quadro, tanto quanto o quadro Construção Mole com Feijões Cozidos, de Salvador Dalí, suscita em mim muito mais perguntas do que apresenta respostas.  Todavia, do quadro de Dalí, a morte, parece-me, salta, deixando seu aspecto lúgubre ressaltado pelo quase total monocronismo em que se expressa. Ao contrário do que, na minha visão, ocorre na obra de Munch, a pulsão de vida freudiana esvaiu-se da figura desguarnecida no quadro de Dali.

terça-feira, 19 de junho de 2012

MODERNIDADE, MODERNISMO E MODERNIZAÇÃO

                                                                                                                                          Suely Monteiro
                        Filha do Iluminismo e da Revolução Francesa, a Modernidade nasce com a incumbência de realizar o sonho de uma sociedade feliz fundada nos parâmetros da razão, da livre escolha, da ciência e da tecnologia.  A humanidade anseia por novos rumos libertadores. Está cansada da submissão à Igreja. Quer constituir novas instituições mais imanentes que lhe  proporcionem a visão imediata do seu poder de ação. Investe na Ciência, na Tecnologia e ganha horizonte nunca antes experimentados. Sorridente e confiante em seu poder de ação e resolução, a Modernidade lança-se com toda a força de sua jovialidade ao desbravamento do insondável, do inimaginável, do impossível.
                        Entrega-se às Artes e gera o Modernismo, movimento que se volta primeiramente para a Estética e mais tarde, para a Ética, imiscuindo-se, também, na política com o objetivo de fomentar uma sociedade exemplarmente estabelecida nos rigores das leis, do direito e do respeito ao outro.
                      Ambiciosa, ansiando entrar para a História, a Modernidade insufla em sua filha predileta, o desejo de conseguir  maior penetração na sociedade que ela quer transformar. E a Modernização se encarrega de atender o desejo da mãe, especializando-se em desenvolver processos técnicos e econômicos, marcados pela avidez de renovações em tempos cada vez menores.
Máquinas engenhosas, sistemas de telefonia cada vez mais sofisticados, impulsos na navegação, grandes avanços na ciência, proporcionados por invenções que facilitam o diagnóstico e os tratamentos. Nos setores da administração, a cada dia novas técnicas de aprimoramento das relações. As redes sociais ganham espaço e conquistam lugares de destaque em todos os setores da sociedade. Nos transportes e nas indústrias, inovações surpreendentes que reduzem distâncias. O mundo em suas mãos vira uma aldeia: aldeia global.
                     O sucesso da Modernização é rápido e graças a ela o mundo se modifica, elevando alguns setores, rebaixando e embrutecendo outros, gerando medos e forte sentimento de obsoletismo que  se alastra como uma praga.
                     As pessoas passaram a ser valorizadas pelos bens que possuem e por seus poders de penetração e  persuasão. Com isto  exacerba-se  o individualismo e, com ele, a indiferença pelo outro, pelo ser.
                    As dores, as alegrias e os sucessos só ganham importância no âmbito do eu.           
                   O “nós” ainda aparece, mas nas tragédias, nas catástrofes sociais que envolvem multidões e, somente por pouco tempo, para logo serem esquecidas e superadas por outra notícia na primeira coluna do jornal.
                    
                     Amparados pela autonomização, a Modernização e o Modernismo seguem seus caminhos, produzindo tecnologias, beleza e conforto. indiferentes às suas origens.
                     Mas,  como fica  a Modernidade no meio disto tudo? 
                    Ora,  enquanto para alguns essa senhora está sofrendo os estertores da morte, para outros, ela morreu faz tempo.  Não percebemos porque nos mantemos indiferentes,  ilhados em nós mesmos, deixando que a vida , e tudo o que ela contém,  corra  a nossa revelia.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A ARTE DE JEAN- HONORÉ FRAGONARD


Nasceu em Grasse, Alpes-Maritimesna frança, filho de um luveiro. Boucher reconheceu os dotes do jovem, mas decidiu não gastar seu tempo no desenvolvimento da formação dele, enviando-o à ateliê de Jean-Baptiste-Siméon Chardin. Fragonard estudou durante seis meses sob a tutela do grande iluminista e, em seguida, retornou mais preparado para Boucher, cujo estilo ele logo adquiriu tão completo que o comandante confiou-lhe a execução de réplicas de suas pinturas.
Depois, transferiu-se para Roma (1756), onde se empolgou com a obra de i Battista Tiepolo. Protegido do abade e amante das artes Richard de Saint-Non, viajaram pela Itália pesquisando as obras dos grandes mestres até que ambos fixaram residência em Paris (1761). Sua consagração veio com a apresentação no Salão de Paris (1765) com o enorme quadro de tema trágico, O sumo sacerdote Coreso sacrificando-se para salvar Calirroé, que foi adquirido pelo rei Luís XV.
Entrou para a a Academia Real (1765) e casou-se (1769) com Marie-Anne Gérard, e novamente viajou para a Itália, onde pintou uma série de desenhos de vistas e paisagens. Retornando a Paris (1773), reduziu sua pintura de paisagens com pequenas figuras, passando a se dedicar a reprodução de cenas domésticas e sentimentais.
Fonte: Wikipédia- acesso em 14/06/2012.
Artista: Jean-Honore Fragonard
Título: O Concurso Musical
Data: c. 1754
Técnica: Óleo sobre tela
Dimensões:
74 x 62 cm

Localização Atual: Wallace Collection (London, United Kingdom)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Vida Marvada - Rolando Boldrin



Recolham dessa alma, para a sua, a poesia que enquanto canto, encanta!

O Jardineiro Fiel e o Imperativo Categórico Kantiano : Reflexões oportunas ante a Rio+20.

                                                                                                              Suely Monteiro
                 O filme é uma forma delicada, sensível e inteligente que Fernando Meirelles encontrou para, não somente denunciar o descaso dos governos que parecem estar mancomunados ou ignorando a  ação das grandes empresas nos países subdesenvolvidos, mas sobretudo, para conscientizar o povo de seu poder de fazer alguma coisa para coibir esses abusos. O móvel romântico da película é um casal, ele , Justin Quayle ( Ralph Fiennes) diplomata do baixo escalão e ela, Tessa (Rachel Weisz),  uma ativista social, que se muda para a África (Quênia), onde ela descobrirá uma máfia de laboratórios que acoberta ação utilitarista de testagens de drogas contra a tuberculose sob difusa campanha de ajuda humanitária no tratamento de portadores do vírus HIV.

               Apesar de ser diplomata, o marido a principio, não parece muito envolvido com as questões sociais, ao contrário da mulher que leva avante um plano de desvendar e indiciar os implicados na ação, contando, para isto, com a ajuda de um médico negro Arnold Bluhm ( Hubert Koundé), ali radicado. 

             Impetuosa, vigorosa na crítica ela, tem sua vida na África caracterizada pela identificação com o povo, tanto assim, que ao engravidar vai ter o filho no mesmo lugar que as mulheres negras. Perde o filho. Conhece uma jovem de quinze anos que estava morrendo vitimada pelo uso da droga, amamenta sua criança  e, ao deixar o hospital,  se envolve, ainda mais, na elaboração de um relatório para combater a conspiração contra os africanos indefesos.

              Encaminha o relatório ao governo; como não recebe resposta, procura um amigo do marido responsável pela ação do governo britânico naquele pais,  e pede ajuda para saber a resposta de seu relatório, prometendo-lhe uma noite de amor em troca da leitura do documento. Ele permite e ela rouba a carta que é comprometedora. Assim, ela  que incomoda  tanto o Alto Comando Britânico a que o marido estava vinculado, quanto às empresas que fabricam e testa a droga aparece assassinada, juntamente com o médico. 

              Ao marido é dada as noticias da morte de ambos e de que ela era amante do médico.

              A trama começa a ganhar “vida” logo após o diplomata descobrir nos objetos pessoais da esposa um bilhete do amigo do casal em que ele faz alusão, não somente ao amor que sente por ela, mas ao fato dela lhe ter subtraído alguma coisa muito importante e valiosa que “se caísse em mãos alheias poderia acabar com a carreira dele”. É um golpe muito forte. Inicia  busca de provas da sua infidelidade e, aos poucos vai conhecendo a mulher, sua causa, seus dilemas, seus silêncios que tem como finalidade mantê-lo afastado de suas atividades e não comprometê-lo junto ao governo, a calúnia de que foi vítima, uma vez que o médico era gay e só escondia o fato, porque na África o homossexualismo  é crime.

           À medida que vai desvelando a mulher, concomitantemente, vai se envolvendo na mesma causa e dando continuidade ao trabalho que ela iniciou.  Viaja por vários países em busca de prova para incriminar  e coibir a ação das empresas. Consegue, encaminha-a através da ajuda de um piloto ao advogado da mulher e logo em seguida é, também, assassinado. Todavia, no seu velório o advogado lê a carta diante da imprensa e de grande número de pessoas.
                                                                   

          Este filme contem espaço para várias  abordagens filosóficas, mas duas são extremamente visíveis aos meus olhos de iniciante e, especialmente devem ser tratadas no momento em que discutimos na Rio+20, questões envolvendo possibillidades de melhorias de vida em toda a Terra.

a)    a Ética Utilitarista, principalmente, no que diz respeito às ações dos laboratórios e dos governos britânico e africano. Algumas falas chamaram minha atenção, a primeira ,quando , Sandy, o amigo,  se dirige a Justin,  e fala: “ não seja ingênuo , você sabe da conveniência do acordo com estes laboratórios que renderiam mais de l500 empregos” e, logo em seguida,  “eles matavam pessoas com vidas em riscos . ”

     As 62 mortes eram muito poucas, comparadas ao lucro financeiro e de vidas que a droga proporcionaria. Eles se consideravam que suas ações deveriam produzir o maior bem para o maior número de pessoas. E, por bem, entende-se além da saúde (a cura da tuberculose), mas o econômico, ou seja, “l500 empregos”. O objetivo deveria ser alcançado a qualquer custo. Os empregados seguiam à risca as ordens, retirando pessoas do programa, “limpando o terreno”. Existe aí um caráter supra-individual movendo as ações. Importa a felicidade do maior número de pessoas. A ética tentando ser  elevada à categoria de ciência e, claro, se esbarrando nas dificuldades em conciliar os diferentes interesses e necessidades.


b)    A segunda leitura pauta nos imperativos categóricos kantianos e se configura,na conduta de Tessa, mas principalmente, na conduta do marido, Justin.

        É muito mais através dele que, no meu entendimento, o filme enfoca a ética moralista kantiana, e o imperativo categórico ficará bem demarcado em suas condutas.  Ele, sim, representa o modelo de moral, de ética que Kant descreve; ele é o jardineiro fiel, aquele que viveu de modo intenso a lei moral, com cunho universalista, suas ações valem tanto para ele como para todas as pessoas. Justin dá uma pequena mostra da forma de agir:

        Num determinado trecho do filme surge a seguinte oferta: “ em qualquer lugar sempre haverá a possibilidade de um pequeno consulado, pare com isto enquanto é tempo,ouça o conselho de um amigo” (Imperativo hipotético), mas ele nem responde. Continua sua peregrinação, convicto de que é assim que deve agir, por que o imperativo que o guia é categórico é uma ordem formal que nunca está condicionada a situações ou a particularidades.

       Sua razão lhe diz que assim deve ser e ele se submete a ela, livremente. Sua autonomia está subordinada ao  critério de universalidade.  Como em Kant, Justin identifica boa vontade e razão. Sua razão o conduz pelo mundo em busca de provas, que finalmente ele consegue, porque para ele, a moral tem valor em si mesma. Seu único fim é a própria natureza racional do homem.


Suas atitudes visavam o interesse de todos,. Pagou o preço ao perder a vida em favor da dignidade humana. Realizou a sua essência, pois sua ética estava vinculada ao eu puro; sua missão,  o respeito incondicional e categórico à dignidade e à vida humana.



Ficha técnica


  • Nome: O Jardineiro Fiel
  • Nome Original: The Constant Gardener
  • Cor filmagem: Colorida
  • Origem: EUA
  • Ano de produção: 2005
  • Gênero: Suspense
  • Duração: 129 min
  • Classificação: 14 anos
  • Direção: Fernando Meirelles
  • Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, Hubert Koundé
  • Roteiro : Jeffrey Caine  

OBRA DE ARTE

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Amores na bela Capital Catarinense.